Era muito difícil viver longe de tudo que era meu. Nunca pensei que sentiria falta da alcateia, mas me enganei, pois eu sentia muita falta. Nos seis meses posteriores à minha saída da alcateia, ainda me encontrava bastante machucada. Minhas noites ainda eram assombradas pela imagem de Talita deitada no chão daquela floresta coberta de sangue; evitava dormir ao máximo só para não ter aqueles pesadelos. Sentia falta do meu irmão Túlio a cada segundo do dia. Queria ter tido a oportunidade de ter trazido comigo pelo menos meus livros no dia em que saí da alcateia, mas, pelo que eu conhecia do meu pai, sabia que ele descontou a raiva e a desilusão por perder sua filha preferida nos meus livros. Ele tentaria me fazer sentir pelo menos um pouco da dor que ele sentiu. Só que não haveria dor pior do que ver sua irmã ser morta à sua frente e você não poder salvá-la. Um ano e meio depois, eu já morava em um pequeno apartamento. Ele era bem pequeno, mas aconchegante. Tinha poucos móveis, mas era
Minha ficha demorou a cair, e mesmo eu correndo atrás de Tamara, ainda não consegui impedir que ela fosse embora para longe da nossa alcateia. Ainda vi o exato momento em que ela se despediu do guarda que estava de mãos dadas com ela no dia em que a vi na cela. Em um momento de desespero por estar perdendo sua companheira, meu lobo sentiu o cheiro de Tamara nele e o agarrou pelo pescoço. — Você é um guardinha de merda atrevido, hein? — Minha voz saiu misturada com a do meu lobo. Naquele momento, eu já nem sabia quem estava no controle do meu corpo, se era eu ou ele. — Vou cortar sua mão fora; você jamais deveria ter encostado na minha companheira. — O que diabos você acha que está fazendo? — Ouvi a voz de Túlio ao meu lado. Virei meu rosto para ele, mas não larguei o pescoço do rapaz que abraçou a minha Lua. — Ele não tem culpa da ida dela; muito pelo contrário, o único culpado aqui é você. Ela foi embora para longe de você, longe da nossa família. Eu odeio você, odeio minha famíli
Estávamos de portas fechadas no escritório de Rosana e aproveitamos a hora do almoço para ver o resultado da prova da faculdade e descobrir se eu fui aprovada ou reprovada. Nunca tinha ficado tão nervosa, ansiando por algo igual àquele momento. Fiquei atônita quando abri o site da mesma faculdade que Rosana fez e vi meu nome entre muitos nomes na lista de aprovados. Rosana, que estava ao meu lado, gritou de alegria enquanto eu ficava no mesmo lugar, sem esboçar nenhuma reação. Fiquei me perguntando se tudo aquilo era real e fui despertada com um belisco em meu braço direito. Não doeu, mas serviu para me trazer de volta à terra. Ela estava de braços abertos, esperando que eu reagisse e a abraçasse. Levantei-me e corri até o seu abraço. — Nunca duvidei da sua capacidade! — Ela gritava emocionada. — Obrigada! Isso só foi possível por sua causa. — Não fale isso, Tamara, você é a única que merece cada mérito por suas conquistas. — Ela foi interrompida com a porta do seu escritório sen
O restaurante para o qual Ian me levou era sofisticado, mas nada muito chique, o que me agradou bastante. O caminho até o restaurante foi divertido; por um momento, pensei que, após o quase beijo entre nós dois, o clima ficaria pesado, porém me enganei. Ian soube deixar o clima bem leve. Achei que seria impossível eu ficar tão confortável ao lado de outra pessoa que não fosse Rosana, meu irmão e Eliot; entretanto, com Ian foi diferente. Ele conseguiu me fazer querer viver algo novo ainda mais. — Espero que este local esteja ao seu agrado, dama bonita! — Ian puxou a cadeira para eu sentar. — A primeira vez que vim a este restaurante, me lembrei de você. — De mim? — Ele se sentou à minha frente. — Por que de mim? — Porque, desde o dia em que te conheci, não consigo parar de pensar em você. — Minha alma gelou. — Então, todo o meu dia é pensando em você. — Você consegue ser bem direto quando quer. — Desculpe! — Ele me encarava. — Te desculpar? Por quê? — Fiquei sem entender o m
Tinha certeza de que a deusa Selene estava ao meu lado, pois ela atendeu ao meu pedido. Não foi fácil trilhar o caminho que percorri em busca de cura para a loba da minha companheira e trazê-la de volta para mim. O lugar de Tamara é ao meu lado, e nada nem ninguém conseguirá me impedir de alcançar o meu objetivo: ter o seu brilho na minha vida. Esses dezoito meses, setenta e oito semanas longe dela fizeram com que os planos que eu tinha organizado para uma vida inteira fossem por água abaixo. Tamara foi a única pessoa que me fez ver que eu poderia continuar a viver sem ter o título de alfa. Eu entreguei a alcateia ao meu pai novamente, e mesmo ele dizendo que ficaria no meu lugar temporariamente, até eu me erguer, deixei bem claro para ele que só voltaria a ser alfa com minha Lua ao meu lado. Será que é difícil para as pessoas que me cercavam entenderem que eu não tinha mais vida sem Tamara? Se bem que eu os entendo, pois fui o que mais demorei para entender a importância que ela tin
Avisei apenas meu pai sobre a pequena viagem que eu iria fazer; não revelei o motivo da viagem. Ele me pediu muito para eu abrir mão de Tamara, pois eu já tinha feito muito mal a ela. Meu pai tentou me avisar que ela não era mais minha companheira e que o sentimento que eu sentia por ela era apenas porque ela estava fora do meu controle. Então, como explicar minha vida ter ido totalmente para fora dos trilhos? Era como se até respirar tivesse se tornado difícil. Ninguém poderia me dizer o que eu deveria fazer quando se tratava da minha companheira. A viagem foi muito rápida; antes mesmo do anoitecer, eu já estava em frente ao endereço que praticamente roubei de Luís. Vi o exato momento em que ela entrou no prédio com uma mulher que eu nunca tinha visto. A mulher ao lado de Tamara falava muito, mas o que aumentou minha ira contra ela não foi ela não permitir que eu ouvisse a voz da minha companheira, e sim ela insinuar que o encontro que Tamara poderia ter terminaria em um namoro. A m
Após o breve resumo de como foi minha noite de encontro com Ian, minha amiga foi embora e mal deu tempo de tirar a roupa que eu estava. Eu mal tinha tirado minha jaqueta quando ouvi a porta e, como tinha certeza de que seria Rosana, fui até a porta sem a jaqueta. — Você sempre volta. — Abri a porta, sem nem mesmo olhar para a pessoa, mas o que me surpreendeu foi a pessoa que estava à minha frente, e não era Rosana. — Alfa? — Será que eu deveria chamá-lo assim mesmo após ter cortado o laço com a sua alcateia? — O que traz você aqui? Está tudo bem com Túlio? — Ele continuou me olhando como se procurasse as palavras certas. — Então? — Não. — Sua voz saiu rouca, então ele limpou a garganta. — Quero dizer, está tudo bem, mas eu precisava falar com você. — Ele deu a entender que queria entrar em minha casa, porém eu não permiti. — Eu não tenho nada a conversar com você. — Me coloquei à frente da porta. Jonathan desceu seu olhar por meu corpo. — Deixei bem claro quando saí da alcateia,
No momento em que a porta se abriu e o corpo de Tamara se materializou na minha frente, meus olhos percorreram cada centímetro dela. Tamara estava com a mesma roupa que usara em seu encontro, só que, naquele momento, ela estava sem a jaqueta, o que deixou o decote dos seus seios à mostra para quem quisesse ver. O cheiro daquele idiota exalava dela, como se fosse o seu próprio cheiro. Rocco rosnou. Ele queria arrancar as roupas do corpo dela com a intenção de tirar o cheiro dele do corpo da nossa companheira. Meus olhos desciam e subiam por seu corpo quando ouvi sua voz, já sem paciência. — Então? — Sua voz subiu alguns tons. — O que ela perguntou mesmo? — indaguei ao meu lobo. — Ela está pensando que o motivo de sua visita é porque aconteceu algo com seu irmão. — Não. — Esse não era para ser dirigido ao meu lobo, mas percebi que eram meus pensamentos. Limpei minha garganta. — Quer dizer, está tudo bem, mas eu precisava falar com você. — Caminhei em sua direção e ela se colocou