o Encontro criminoso

— Vou ao banheiro privado.

— Fique à vontade.

Respirando fundo, vou em direção ao corredor. Uma vez lá dentro. Em segundos, eu estava na curva em algum lugar nos fundos da casa, olhando para um conjunto de escadas que levavam a uma única porta.

Engolindo, com o coração batendo forte, eu subi.

Chegando ao patamar, caminhei até a porta aberta e entrei, corri para o banheiro me aliviar. Quando ouvi um som no quarto, respirei fundo, rapidamente, eu puxei a faca da bainha da coxa, ciente do pequeno machucado que havia deixado ali. Eu peguei a maçaneta, calçando os sapatos e abri. Inclinando o pescoço para dentro, eu olhei ao redor do quarto de hóspedes semiescuro.

Estava vazio.

Franzindo a testa, voltei para o banheiro me limpar. Quando terminei sai do banheiro quando a porta do outro lado do grande quarto se abriu antes que eu tivesse a chance de observar o ambiente.

Com o coração batendo forte, eu me agachei no canto, vendo Pablo Romano entrar no quarto, jogando o paletó na cama. Observei os suspensórios austeros contra a camisa branca, o tecido nítido desabotoado na gola, esticado em toda a ampla extensão do peito. Um peito muito musculoso. Eu apostei que ele também tinha abdominais.

Embora me odiasse por perceber, não podia negar que o homem era muito, muito atraente. Pena que ele era um bastardo para igualar.

O vi tirar o telefone do bolso da calça, percorrendo a tela, concentrando-se inteiramente no que estava vendo. Observando suas costas musculosas em sua direção, eu me endireitei nas sombras.

Era agora ou nunca.

Andando atrás dele, com a mão tremendo levemente com a faca em suas juntas pálidas, eu avancei, nem ousando respirar para não o alertar. Quase dois passos atrás dele, eu coloquei a faca nas costas dele, logo acima de onde seu coração deveria estar, e proferi o mais friamente possível.

— Você se mexe, você morre.

Vi seus músculos de suas costas enrijecerem, um por um, mesmo antes de falar. Isso me teria fascinado se eu não estivesse tão assustada e louca.

— Interessante.

Ele comentou, como se sua vida não estivesse a dois centímetros de carne nas minhas mãos trêmulas. Eu afirmei meu aperto.

— Largue o telefone e levante as mãos.

Ordenei, observando-o obedecer sem hesitar.

Sua voz quebrou o silêncio tenso.

— Como eu ainda não estou morto, presumo que você queira alguma coisa.

O tom de voz completamente tranquilo não fez nada para acalmar seus nervos. Por que ele não estava nem um pouco incomodado com isso?

Eu poderia cortá-lo em pedaços. Eu estou perdendo alguma coisa?

O suor brotou nas minhas costas, o rabo de cavalo coçando no couro cabeludo, mas eu me concentrei nas costas dele. Puxando uma segunda faca da outra coxa, eu empurrei contra o lado dele, contra o rim dele. Suas costas ficaram um pouco mais tensas, mas suas mãos não vacilaram, ficando completamente em pé.

— O que você quer?

Ele perguntou, o tom inabalável como as mãos.

Inalei profundamente, engoli em seco e falei.

— O que você está fazendo aqui?

— A intrusa aqui é você.

Cravei as lâminas um pouco mais fundo em advertência.

— Não finja que não sabe de nada, Sr. Romano. Eu sei que você não mora aqui.

Suas costas ficaram rígidas, minhas facas a um milímetro de cortar a pele.

— Você está me seguindo?

Houve silêncio por alguns instantes antes de ele inclinar a cabeça para a esquerda.

— Não.

Pisquei surpresa.

Não esperava que ele respondesse tão fácil. Isso aconteceu na fração de segundo de minha distração. Minhas costas bateram na parede ao lado da porta, a mão direita segurando a faca na parede, contida por um aperto forte. Sua mão esquerda com a faca veio contra minha própria garganta, controlada por um Pablo Romano muito mais forte e muito mais irritado.

Pisquei nos olhos dele seus olhos muito azuis e muito irritados atordoados com a mudança dos acontecimentos. Eu não estava preparada para isso.

Merda, eu não estava preparada para isso.

Engoli em seco.

A lâmina da minha própria faca apertada em minha própria mão, agarrada pela dele, bem no meu pescoço. Eu senti o metal frio ameaçar minha pele bronzeada. A segunda mão dele, grande e áspera, segurava a outra mão acima da cabeça, os dedos enrolados como algemas ao redor do meu pulso.

Senti seu corpo muito maior e musculoso pressionando o meu, seu peito quente contra meus seios, o perfume almiscarado de sua colônia invadindo meus sentidos, suas pernas retreinando as minhas, deixando-me completamente imóvel.

Engolindo, eu olhei nos olhos dele, endireitando minha espinha. Se eu tiver que morrer, eu não morreria como uma covarde, especialmente não nas mãos de alguém como ele.

Ele se inclinou para mais perto, seu rosto a poucos centímetros do meu, seus olhos frios e voz brutal enquanto falava.

— Este ponto, bem aqui.

Ele falou baixinho, pressionando a ponta da faca contra um ponto logo abaixo da mandíbula no pescoço inclinado.

— É um local fácil. Eu te acerto aqui e você morre antes que possa piscar.

Meu estômago revirou, mas eu cerrei os dentes, recusando-me a demonstrar medo, ouvindo silenciosamente enquanto ele movia a faca para o pulso palpitante perto do centro do pescoço.

— Este local. Você morre, mas não será limpo.

Meu coração trovejou de vingança no peito, as palmas das minhas mãos suando com o olhar nos olhos dele. Ele moveu a faca novamente para um local próximo à base do meu pescoço.

— E esse... Você sabe o que acontece se eu te cortar aqui?

Eu fiquei calada, apenas observando-o, sua voz provocadora, quase sedutora com a tentação da morte.

— Você sentirá dor.

Continuou ele, destemido.

— Sangrando até a morte. Você sentirá cada gota de sangue que sai do seu corpo.

A voz dele rolou sobre a minha pele.

— A morte virá, mas muito, muito mais tarde. E a dor será insuportável.

Ele segurou a faca firme no lugar, sua voz repentinamente gelada.

— Agora, se você não quiser isso, diga-me, o que está fazendo no meu quarto.

Pisquei para ele em confusão, antes que a ficha caísse. Ele não me reconheceu. Claro que não. Nós nunca realmente nos conhecemos e, como primeiros encontros, esse aqui foi muito insuficiente.

Molhando os lábios secos, sussurrei.

— Eu queria fazer xixi em paz.

Eu vi os olhos dele estreitarem um pouco.

— Ah, é?

Os meus olhos também se estreitaram, a raiva que fugiu diante do medo retornando com vingança.

— Sim, é, seu bastardo. Eu pousei hoje depois de passar horas na porra de um jato vindo da Itália, não descansei, vim para essa droga de festa onde meu marido fede puta de prostibulo e tenho que aturar tudo mundo como uma esposa troféu

Houve uma batida de silêncio, seus olhos pairando sobre as minhas feições antes que a surpresa brilhasse neles.

— Katherine Ricci?

Assenti, tomando cuidado com a lâmina na minha garganta. Ele me olhou de cima a baixo, os olhos demorando-se nos cabelos e nos meus lábios, absorvendo cada centímetro de me antes que seu olhar retornasse ao meu.

— Bem, bem, bem.

Ele murmurou, quase para si mesmo enquanto puxava a lâmina uma polegada, sua mandíbula desalinhada afrouxando agora que ele conhecia a minha identidade.

Abri a boca para pedir que ele retirasse a faca, quando a porta ao lado de nós bateu com força. Gritei um pouco de surpresa e ele soltou a mão acima da minha cabeça, colocando a mão livre sobre a minha boca.

Sério? O que ele achou que eu ia fazer? Gritar?

— Chefe, viu senhorita Katherine? Ela foi vista entrando na mansão.

Uma voz pesada falou do outro lado, com um leve sotaque no fundo.

Senti o chumbo assentar em meu intestino, meus olhos arregalando quando o olhar dele se fixou nos meus, sua sobrancelha direita subindo quando ele respondeu de volta.

— Não, eu não vi.

Os olhos dele nunca se afastaram dos meus.

— Eu vou descer em alguns minutos.

Ouvi os passos se afastando e depois de alguns segundos, a mão de minha boca recuou. O corpo dele não.

— Você se importaria de remover a faca?

Eu perguntei baixinho, meus olhos fixos nele.

A sobrancelha levantada entalhou ainda mais alto antes que ele se recostasse, a faca nunca se movendo uma polegada do lugar.

— Você deveria saber que não deve entrar aqui sozinha e desprotegida. E você nunca deveria se aproximar de um predador.

Apertei a mandíbula, a palma da mão coçando para colocar uma sobre ele e sua atitude condescendente.

— Eu queria um pouco de paz.

Ele ficou em silêncio por um longo segundo, antes de recuar, soltando os braços do meu corpo, mas tirando as facas de me, verificando-as.

— Vir aqui foi uma tolice, senhorita Ricci.

Ele falou baixinho, olhando para mim.

— Se seu marido a encontrar aqui no quarto comigo, você estaria morta. Você quer começar uma guerra?

Hipócrita demais?

Dei um passo mais perto dele, centímetros de espaço entre nossos corpos, encarando.

— De qualquer maneira, estarei morta, então não parece tolice.

Inalei profundamente, tentando argumentar com ele.

Houve um silêncio pesado por longos minutos, seus olhos me contemplando, fazendo-me me contorcer um pouco sob o escrutínio. Entregando-me faca depois de minutos que pareciam se alongar, ele falou;

— Debaixo da escada, há uma porta. Isso a levará para os jardins. Saia daqui antes que alguém a veja e o caos se instale. Estou em uma noite tranquila depois de meses, e a última coisa que quero fazer é limpar seu sangue.

Inalei profundamente, pegando as facas dele.

— Eu gostaria de ficar, por favor.

Pela primeira vez, vi algo mais cintilar em seus olhos. Ele apenas cruzou os braços sobre o peito, inclinando a cabeça para olhar para mim.

— Pegue a porta.

Suspirando, eu sabia que foi vencida. Não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Assentindo, aceitando o gosto amargo em minha boca, eu girei os calcanhares, a mão indo para a maçaneta da porta, sentindo os olhos dele nas minhas costas.

— Senhorita Ricci?

Eu virei o pescoço para olhar para ele, para ver os olhos dele brilhando com algo que fez seu coração pular e o estômago palpitar. Ele me encarou por um longo momento, antes de falar.

— Você me deve.

Eu pisquei em surpresa, sem entender.

— Desculpe?

Seu olhar ficou ainda mais intenso, seus olhos azuis me queimando.

— Você me deve.

Ele repetiu.

Os meus lábios torceram.

— Por que diabos?

— Pela sua vida.

Ele afirmou.

— Qualquer outro que não fosse eu, e você não estaria respirando.

Franzi a testa em confusão e vi meus lábios tremerem com isso, mesmo quando seus olhos me encaravam com aquele olhar que eu não conseguia explicar.

— Eu não sou um cavalheiro para lhe dar um passe livre.

Ele falou em voz baixa.

— Você está em dívida comigo.

E então, ele fechou o espaço entre eles. Engoli em seco, apertando a mão na maçaneta enquanto meu coração batia forte e eu inclinei a cabeça para trás para manter os olhos trancados. Ele me encarou por um longo momento, antes de se inclinar, os olhares nunca se mexendo, e sussurrou, sua respiração fantasmagórica sobre o meu rosto, seu perfume almiscarado agudo no nariz.

— E eu vou cobrar um dia.

Eu senti minha respiração falhar.

E então eu saí correndo do quarto.

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