A amante comprada do CEO mafioso
A amante comprada do CEO mafioso
Por: Suelen R. Noguez
capítulo 1

Enrico se recostou na cadeira de couro escuro do escritório, iluminado apenas pela luz suave que vinha da janela, criando um ambiente sombrio, refletindo o clima da conversa. Seu olhar estava fixo nos papéis que Lucius havia colocado sobre a mesa, como se já estivesse antevendo a vingança se concretizando diante de seus olhos. Ele esfregou as mãos, uma sensação de prazer quase palpável nas pontas dos dedos.

Lucius, por outro lado, parecia cada vez mais desconfortável, os óculos escorregando sobre o nariz enquanto ele tentava não demonstrar a crescente indignação. Sabia o quanto Enrico era capaz de fazer para atingir seus objetivos, mas aquilo ia além de qualquer coisa que ele já havia imaginado. O tom de voz de Enrico era calmo, mas havia um gelo nas palavras que deixava claro que a decisão estava tomada. No fundo, Lucius também sabia que seria tolo em tentar dissuadi-lo, mas o peso da ética ainda o incomodava.

— Eu entendo que você esteja arrasado por tudo o que aconteceu, Enrico. Mas há limites. De novo, você vai se rebaixar a isso? Usar a filha do Carcamano... Isso é demais, até para você.

Enrico o encarou com um sorriso cruel, seus olhos brilhando com uma mistura de fúria contida e prazer antecipado.

— Você não entende, Lucius. Eu não estou apenas vingando o meu nome ou o meu dinheiro. Estou vingando a honra da nossa família, da nossa organização. Carcamano foi um traidor. Ele destruiu anos de trabalho, e pior, ele nos fez parecer fracos na frente de todos os outros. Isso vai ser um exemplo para qualquer um que pense em cruzar nosso caminho.

Lucius respirou fundo, tentando manter a compostura. Ele sabia como Enrico era quando estava determinado a algo, mas a frieza e o desdém em sua voz agora o chocavam. Ele não era ingênuo, sabia que Enrico não se importava com moralidades, mas esse nível de crueldade era algo que ele não havia imaginado.

— Mas... a garota, Enrico... você realmente acha que ela merece isso? Ela... não tem nada a ver com o que aconteceu. Está apenas no meio de um jogo que ela nem sequer conhece.

Enrico deu uma risada baixa, quase desdenhosa, antes de se inclinar para frente, seus olhos fixando-se em Lucius com um brilho perturbador.

— Ela vai aprender do jeito mais difícil, Lucius. E ele também vai aprender. Quando eu terminar com ela, Carcamano vai se arrastar até o fim de seus dias, consumido pela vergonha e pela impotência. Ele vai saber o que é perder tudo que ele considera valioso.

Lucius balançou a cabeça, mais frustrado com a falta de arrependimento de Enrico do que com a ideia em si. Ele sabia que o cliente nunca iria recuar, mas, mesmo assim, não podia deixar de expressar sua preocupação.

— Eu não posso te ajudar com isso, Enrico. Meu papel é redigir contratos, não manipular vidas. Eu redigi o contrato que você pediu, mas, sinceramente, acho que você está indo longe demais. O que você está fazendo não é mais sobre justiça... é sobre destruir uma vida por um prazer pessoal.

Enrico levantou-se, seus olhos agora mais sombrios do que nunca, como se cada palavra de Lucius fosse uma provocação a mais que ele tinha que desmentir.

— Você pode me dar conselhos morais, Lucius, mas sabe o que é mais importante? O poder. O poder de controlar as pessoas, de fazer elas se submeterem às suas vontades. Você me ajudou até aqui, mas é hora de parar de questionar o que está em jogo. Você me conhece. Eu não sou de perder, e essa... essa é a chance que eu esperei por tanto tempo. Agora, me ajude a fechar esse maldito acordo. Ou eu te deixo de lado também.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Lucius olhou para o contrato na mesa, uma sensação de desconforto invadindo-lhe as entranhas. Ele sabia que Enrico estava certo, no fundo: ele era um homem que nunca havia perdido, e quem ousasse desafiá-lo pagaria o preço. Mas, ainda assim, a ideia de usar aquela jovem mulher como peça de vingança o repelia. Ele não sabia mais como se sentia em relação à sua amizade com Enrico, mas uma coisa estava clara: estava sendo arrastado para um abismo moral do qual não conseguiria sair.

Finalmente, Lucius suspirou, recolhendo os papéis com uma resignação silenciosa. Ele sabia que, uma vez assinado o contrato, não haveria como voltar atrás. Ele passaria a ser cúmplice de algo que não conseguia compreender completamente, mas que sabia que o deixaria marcado para sempre.

— Você vai acabar se arrependendo disso, Enrico.

Enrico, já voltando a caminhar em direção à porta, olhou por cima do ombro, com aquele sorriso de quem já sabe que venceu.

— Arrependido? Não, Lucius. Vou dormir tranquilo, sabendo que fiz o que precisava fazer. O que realmente importa é que Carcamano vai morrer sabendo que ele perdeu tudo. E você... você vai fazer o que for preciso para que isso aconteça.

Lucius não respondeu, apenas observou Enrico sair pela porta, com a sensação de que estava perdendo algo mais do que sua moralidade naquele momento. 

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