capitulo 4

Aurora não podia negar que a situação estava ficando cada vez mais surreal. A proposta de Enrico Mancini era insana, mas ele não estava ali para brincar. Ele a havia encurralado, e a única maneira de salvar seu pai era jogar o jogo dele. Mas isso não significava que ela fosse deixar de ser astuta.

Ela encarou o homem à sua frente, sem perder a postura, enquanto o contrato ainda estava sobre a mesa, com a tinta fresca de sua assinatura. O estômago de Aurora revirava com a ideia de se submeter àqueles termos, mas havia uma coisa que ela sabia melhor do que ninguém: nem tudo era o que parecia. E, ao que parecia, Enrico Mancini não era apenas um lunático. Ele era astuto, mas ela também sabia jogar o jogo.

— Senhorita Vidal.. -  Enrico começou com um olhar astuto, mas arrogante.— O contrato está assinado. Agora, temos um acordo.

Aurora levantou o olhar devagar, observando-o com uma expressão que misturava desafio e uma leve frustração. Ele podia ter o poder agora, mas ela não se entregaria tão facilmente.

—Sim, - ela respondeu, com a voz calma, mas decidida. —O acordo está assinado. Mas você sabe, eu não sou exatamente do tipo que se deixa dominar assim tão facilmente.

Enrico arqueou uma sobrancelha, uma expressão que mesclava curiosidade e diversão. 

— Eu acho que isso é o que veremos, não é mesmo, senhorita?

Ela levantou-se e caminhou até a janela, observando o movimento lá fora. A casa em que estavam era uma propriedade de luxo, mas isolada o suficiente para tornar o ambiente mais opressor. Ela precisava de espaço para pensar, respirar. Sentia-se como uma leoa encurralada, e Enrico parecia ser o caçador que a observava com prazer.

— Ouça…-Aurora disse, voltando-se para ele com um olhar calculista. —Eu sei que você tem suas exigências, mas precisamos fazer algumas adições a este contrato. Afinal, o senhor é um homem de negócios, não é? Vai entender que todo acordo precisa de um equilíbrio justo.

Enrico riu, o som ressoando pela sala, quase como se fosse uma gargalhada de quem se sentia no controle. Era totalmente desprovida de humor verdeiro. 

— Eu não vejo como isso possa ser uma negociação, senhorita Vidal. Você já assinou.

— Eu sei. -respondeu Aurora —Mas veja bem, há algo que você não levou em conta. Eu não sou só uma mulher disposta a… servir a seus desejos. Eu também sou enfermeira, tenho uma profissão e serei obrigada a desistir de um bom emprego que inclusive faz pouco que consegui. E, sendo bem sincera, meu pai precisa de mais recursos para o seu tratamento. Então, qual é o valor que você está disposto a oferecer por minha… disponibilidade?

Enrico parou, o sorriso vacilando por um momento. A mulher à sua frente era mais louca do que ele imaginava. Ele não havia previsto que ela viria com uma contra-oferta, ainda mais com esse tipo de lógica.

— Você está pedindo mais dinheiro para que seu pai receba tratamento médico? Isso é... inesperado. -ele disse, com a voz mais baixa, como se estivesse ponderando a oferta.

— Exatamente -  Aurora respondeu, cruzando os braços com confiança. — Você quer ter controle sobre mim? Então, mostre que está disposto a investir de verdade. Se seu objetivo é destruir o que resta do meu pai ok, talvez eu esteja de mãos atadas quanto a isso. Senhor, seu contrato já deixa claro o que você espera, mas vamos ser realistas: sinceramente, eu não estou disposta a ser uma peça em um jogo sem retorno.

Enrico ficou em silêncio por um momento, avaliando as palavras dela, e por um breve instante, Aurora percebeu que ele estava impressionado. Ela sabia que tinha tocado um ponto sensível: ele queria poder, mas precisava dela para que tudo funcionasse. 

— Você realmente pensa que pode negociar comigo?- Enrico disse finalmente, seu tom agora mais frio, mas com uma leve admiração no fundo. —Você está sendo mais audaciosa do que deveria nessa situação.

— Eu não estou pedindo demais, senhor Mancini - Aurora respondeu, a confiança em sua voz crescendo. — Estou pedindo apenas o que é justo. Me deixe cuidar do meu pai enquanto ainda há tempo, e me faça um favor: não faça da nossa situação um pesadelo pior do que ja esta sendo, porque aí, sim, talvez as coisas ficarão difíceis para você.

Ele a observou por um momento, a expressão indecifrável. Aurora sabia que ela estava caminhando numa linha tênue entre ser excessivamente ousada ou simplesmente inteligente demais para ele. Mas sua postura não vacilou.

—Está bem - Enrico disse finalmente, com um meio sorriso que transparecia uma mistura de satisfação e desafio. — Vamos adicionar as cláusulas que você pediu. A quantia para o tratamento do seu pai será incluída. Não é algo que faço de bom grado, mas você conseguiu me convencer. No entanto - ele continuou, inclinando-se para frente - não se esqueça de quem está no comando aqui. Este contrato é claro: você estará disponível para mim a qualquer hora, em qualquer lugar, por um mês.

Aurora assentiu, mantendo o olhar fixo nele. Não havia dúvida em sua mente: ela não seria passiva. Ela só tinha que jogar o jogo dele com mais inteligência e paciência. 

— Perfeito - ela disse, sem conseguir esconder o tom de alívio.— Mas saiba que talvez eu torne as coisas um pouco difíceis para você!

Enrico percebeu seu vacilo, mas a faísca de desafio em seus olhos não passou despercebida. Aurora sabia que o jogo estava apenas começando.

— Eu vou adorar vê-la tentar- ele respondeu, com um sorriso enigmático. — Mas lembre-se, senhorita Vidal, quem tem as cartas, sou eu.

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