Prólogo 2

04 JAN 2023 - RÚSSIA

Deslealdade! Por vezes acho que é esta a sensação sempre que vou sentir, algumas vezes é cometida pelos homens que prestaram o juramento de lealdade ao seu líder, mas mesmo assim acabam por cometer esse erro. Só que nada me tinha preparado para descobrir que a minha irmãzinha, aquela que julguei ter sido raptada afinal foi dada a casamento a um homem 17 anos mais velho enquanto minha menininha tinha acabado de fazer 14 anos.

Vittorino Esposito, meu pai sempre soube que a família da Calábria é uma das piores, sem escrúpulos e os homens são piores que animais dividem suas esposas sem nem querer saber a opinião e vontade das mesmas, todas as mulheres que vi dessa família andam cabisbaixas e com receio de tudo e todos à sua volta.

Sei que minha mãe sofreu mesmo que sempre tenha tentado ser espancado no lugar dela ou até de Camilla antes desta ter desaparecido, sempre me culpei porque nesse dia nossa mãe estava cuidando de mim depois ter sido machucado por meu próprio pai, agora encontrar informações que o homem que devia ter protegido nós três foi a nossa maior dor, dá-me ainda mais vontade de o puxar da cova e o matar com as minhas próprias mãos, infelizmente não consegui fazer quando era ainda vivo, já que prometi à minha mãe nunca atentar contra a vida do miserável.

— Como vamos reaver a minha menina? — Questiona minha mãe chorando, dona Martina mesmo com 65 anos conserva a jovialidade que tanto meu pai, Cesare Rossi tentou acabar com a presença dele, só que o sorriso e alegria dela mantiveram-se mesmo com todo o que aquele monstro fazia com ela.

— Vou encontrá-la e trazer para nós, nem que para isso precise começar uma guerra. — Respondo acenando a cabeça para Fradique, o único da família que se manteve comigo e minha mãe depois de Cesare ter falecido de causas naturais, Fradique é meu primo, o próprio também não teve muita sorte com o pai que terminou morto pelas mãos do próprio filho.

— Nós vamos trazer, Camilla. Só precisa esperar um pouco até percebermos o porquê de Cesare entregar a filha ainda pequena a um homem como Vittorino. — Fala em tom de promessa sendo abraçado por minha mãe que o criou como um filho junto a mim e Camilla, mesmo que escondido do pai dele e do meu.

— Tenho certeza de que vocês vão conseguir, meus filhos. — Diz chorando. — Só quero a minha menina protegida dentro dos meus braços.

— Mãe, sabes que não posso entrar na Calábria e trazer Camilla do nada comigo, mas prometo que vou fazer tudo para a trazer em segurança para casa, de onde nunca deveria ter saído. — Prometo puxando a mulher que sempre se esforçou para manter uma parte humana tanto dentro de mim como em Fradique no meio de tanto sangue e traição.

— É melhor esperar lá fora enquanto telefonamos para Vittorino Esposito. — Pede meu primo, sabendo que se algo der errado minha mãe não vai conseguir ficar em silêncio e vai agravar a situação em que nos deparamos depois desta descoberta.

Quase um ano que Cesare morreu e até então descobrimos podridão do seu tempo em que era o Don, aquele que ninguém ia contra e todos aceitavam sem pensar nas consequências, porque ficar contra significava a morte, ninguém enfrentava Cesare Rossi e no dia seguinte respirava.

— Achas que vai atender? — Questiona Fradique teclado rapidamente para fazer o rastreamento da chamada.

— Vamos ver isso agora. — Digo tocando no botão de chamar do meu iPhone preto.

— Mansão da família Esposito, em que posso ajudar? — Questiona uma voz feminina do outro lado em italiano.

— Lorenzo Rossi, quero falar com minha irmã, Camilla. — Falo mantendo a calma, mesmo que seja difícil após descobrir ou de idealizar o que uma menina da idade dela deve estar a sofrer nas mãos de um homem como aquele a quem foi dada em casamento.

— Lamento, mas não será possível.

— Você sabe com quem está falando? — Deixo a civilização de lado, demonstrando que não estou disposto a ser desafiado. — Quero Camilla no telemóvel imediatamente, mulher!

— Desculpe, senhor Rossi, mas como disse não será possível sua irmã, ela saiu de casa há mais de três meses e nunca mais voltou.

— Está me dizendo que minha irmã desapareceu? — Questiono atirando-me para o sofá com choque da informação que recebo, por um momento pensei que ia ser fácil voltar a comunicar-me com Camilla.

— Sim, não devia dar informação, mas foi isso que nós funcionários descobrimos, a senhora Camilla abandonou o marido. — Diz desligando rapidamente, contudo consigo escutar a voz masculina do outro lado da linha questionar quem era na ligação.

— O que foi? — Questiona Fradique analisando-me, encho o copo de whisky, entornando o líquido ardente pela garganta abaixo sem pensar duas vezes. — Enzo?

— Minha irmã desapareceu da mansão Esposito.

— Achas que foi mesmo desaparecimento? — Questiona com receio no olhar, mesmo que assim como eu saiba bem esconder as emoções.

— Espero bem que minha irmã se encontre segura onde quer que esteja, porque senão Vittorino e toda a família Esposito irão pagar de uma forma que ninguém se vai esquecer. — Garanto ao encarar a pequena fotografia que mantenho na mesa, onde estou com a nossa mãe e Camilla ainda pequena.

— Podes ter certeza disso. — Assegura Fradique enquanto puxo o telemóvel do meu bolso das calças com o toque de mensagem. — Deixa-me adivinhar, é a mulher de cabelos loiros e olhos verdes fatais que acabou de enviar mensagem?

— Vai te foder! — Resmungo ao desbloquear o telemóvel. — Merda, só isto para me deixar ainda mais enfurecido. — Resmungo ao ler duas vezes para entender que o meu final de semana que foi programado desde dezembro acabou de ir para o inferno.

— Espero que hoje ninguém cruze o teu caminho ou vai haver um banho de sangue. — Declara Fradique fechando o portátil após teclar mais alguma coisa no mesmo. — O que foi, irmão?

— Ela acabou de cancelar qualquer encontro até lá sei quando. — Digo em tom de reclamação, aquela mulher enfeitiçou-me de tal forma que me deixou maravilhado, só que da mesma maneira que entrou na minha vida tem o semelhante talento de desaparecer por dias ou até meses sem um contato comigo.

— Como consegues ficar com ela só? — Questiona, claro que ia perguntar algo do género já que é um cafajeste incorrigível.

— Porque assim como não quero que ela tenha outros homens, preciso oferecer fidelidade da mesma maneira. Além do mais, ambos fizemos teste em uma clínica da escolha dela na Europa. — Explico antes de atender à chamada de um dos meus subordinados, este é o intermediário que me auxilia na negociação com os estrangeiros que não falam italiano ou inglês. — O que há Leon?

— Senhor, o chefe irlandês só conclui o acordo com o senhor presente. — Informa calmamente, se há alguém que é bom sob pressão é este homem quatro anos mais velho que eu e meu primo, Leon é a calmaria em figura humana.

— Onde?

— Milão, Senhor. O senhor Harris está na cidade para a formatura da filha mais velha e quer conversar pessoalmente com o senhor.

— Avisa que estarei lá amanhã, 13h00 em ponto sem um minuto de atraso ou o negócio já era. — Notifico desligando a chamada, sei que ia a Milão para me encontrar com a minha garota, contudo já que cancelou vou aproveitar e ir a negócios.

— Sabes que o velho Harris só quer ver-te para pressionar aquela merda de união entre vocês, por meio do casamento de ti com Anne. — Comenta, Fradique agora em minha frente sentado no sofá com um copo de vodka na mão, às vezes acho que o meu primo tem descendência russa só assim para conseguir beber algo tão horrível como essa bebida destilada.

— Sei, mas não estou interessado a não serem os milhões que vamos receber pelas armas que o velho deseja ter em suas mãos.

— Ainda bem, porque se casasses com alguma mulher como Anne, tua mãe é capaz de castrar-te só para aquela peste não ter filhos. — Diz sorrindo, contudo não posso negar que tem razão, a jovem é mesquinha, tanto que sei que só está a formar-se porque o pai tem a faculdade ou neste caso os professore pagos para ignorarem as faltas de presença e a escassez de estudo da jovem de cabelos castanhos.

— Por isso tenho a coisa perfeita para que o velho não me aborreça por muito tempo. — Digo removendo uma pequena caixa de veludo de dentro da gaveta superior.

— Que merda é essa? Um anel?

— Isso mesmo, se o velho Harris começar com os planos de casamento vou mostrar a minha mão com a aliança de compromisso. — Digo com um sorriso no rosto, não só por imaginar o susto do homem ao ver que o monstro arranjou uma mulher para manter ao lado dele por livre e vontade própria como pela expressão assustada que meu primo faz neste exato momento ao notar que há mais uma aliança no interior da caixa.

— Para quem é esta aliança mais fina? — Questiona indicando a mesma sem a tocar como se fosse queimar-se se assim o fizer com o indicador.

— Para a mulher que acabou de dar-me um fora sem um dia de retorno.

— Estás a falar a sério? — Questiona, a brincadeira terminou, pois, senta à minha frente colocando os braços cruzados contra o seu peito.

— Sim, ela é única. — Afirmo ao relembrar dos nossos momentos inesquecíveis.

— Só que não sabes quem ela é de verdade. — Contesta frustrando-me ainda mais do que estou desde a mensagem e depois da chamada sem informação sobre a minha irmã.

— Queres parar com esta conversa? — Questiono enfurecido sabendo que o mesmo tem razão, desde a primeira vez que tento descobrir algo mais sobre a mulher só encontro coisas básicas e nada de concreto.

— Não estou a falar nada que não seja verdade, o que sabes sobre ela? — Interroga, sei que instiga, contudo no fundo está apreensivo já que sempre que vou encontrar-me com ela nunca levo escolta.

— Trabalha como consultora em hotelaria e restauração, viajando pelo mundo inteiro. — Explico inclinando-me na cadeira. — Nunca envia mensagens a não ser para marcarmos o dia em que nos vamos encontrar.

— Sei para o que marcam. — Diz com um sorriso irritante nos lábios. — Vamos nos preparar?

— Vou conversar com a mãe, depois buscar a mala. — Respondo ao abrir a porta do escritório.

— Dez minutos e faço a minha. — Diz subindo as escadas para seguir em direção ao seu quarto.

— Mãe? — Chamo-a ao entrar no jardim de inverno, onde agora passa a maior parte de o tempo depois do meu pai ter falecido, mandei construí-lo exatamente como sempre sonhou.

— Meu filho. — Fala com carinho, sentando-se na cadeira de balanço chamando-me para sentar ao lado dela. — O que há? É com a minha menina?

— Sim, infelizmente não consegui informações ou conversar com ela, mas não vou parar de procurar. — Falo encarando as rosas brancas que dona Martina tem orgulho em cuidar.

— Sei que vai ser difícil, só não quero ter vocês dois em perigo.

— Não vamos, agora preciso que a senhora fique aqui na mansão e não saia nem que seja com os soldados. Fradique vai comigo, mas volta em dois dias, se quiser sair vai ter que esperar até ele voltar. — Falo, porém, minha mãe sabe que é um pedido importante no meio em que vivemos um descuido pode fazer com que sejamos capturados ou pior.

— E tu, filho? — Questiona com um sorriso lindo em seu rosto.

— Vou ficar por Milão só mais dois dias que Fradique. — Digo segurando na mão dela com carinho.

— Sei o motivo disso… vais esperar aquela menina com quem te relacionas por alguns dias? — Questiona, sem necessidade porque se há alguém que conhece muito bem a minha pessoa é ela, aquela que limpava os rastros de sangue principalmente das minhas costas.

— Não sei, mas vou tentar. — Digo dando uma risada com a carinha que minha mãe faz por saber que vou ficar mais alguns dias afastado. — Preciso de ir, mãe.

— Vão ter cuidado, não vão? — Questiona tanto para mim como para meu primo.

— Vamos. — Respondo assim como Fradique que sorri ao ser abraçado pela mulher pequena.

— Tens certeza que não queres que fique nem um segurança contigo? — Questiona ao entrarmos no jato pessoal.

— Sim, não quero que os homens saibam do que faço ou dela. — Respondo inclinando-me no banco de tecido para puxar da mochila meu tablet para verificar a negociação com o idiota do Harris.

— Que seja então. — Resmunga Fradique em simultâneo que começa a dar sorriso para a assistente de voo.

Durante o voo lembro de Adira, de seus olhos chamativos, do seu sorriso. Nós nos conhecemos de uma forma muito inusitada, ela saía de uma empresa à qual eu entrava sem nem olhar para as pessoas à minha volta e acabamos esbarrando um no outro. Com um sorriso e um pedido de desculpas em forma de café já que fiz cair o copo que ela trazia na mão, seguiu um jantar, depois outro e outro, quando vi já estava envolvido com ela sem a conseguir esquecer por um dia sequer, mesmo ficando meses sem a contemplar.

Do aeroporto seguimos para um hotel no centro que têm segurança extra, e os homens que vieram por precaução, ficam no mesmo andar já que não deixo mais nenhum cliente pernoitar no mesmo lugar que eu e meu primo. Fradique decide descer para jantar enquanto fico pelo quarto decidindo se faço uma visita para o idiota do gerente que pensa ser inteligente ou envio Matteo para enviar um aviso.

— Lorenzo, controla-te em frente de Harris. — Avisa assim que entro no veículo blindado, é a primeira vez que o encontro desde ontem porque o infeliz desapareceu depois de ter saído para jantar.

— Porque estás a falar isso? — Questiono batendo a porta com força em demasia.

— Leon avisou que Anne está com o pai no local marcado. — Fala deixando-me enfurecido só por perceber que vou precisar aturar aquela garota falsificada.

— Mas que droga. — Resmungo batendo várias vezes com a cabeça no banco.

— Controla-te. — Pede Fradique assim que avistamos do lado exterior os dois, pai e filha assim como meu soldado: Leon os acompanhando um pouco mais à frente nos aguardando para não ter que ficar em conversa com Harris e Anne.

— Enzinho. — A voz irritante de Anne chega até nós antes mesmo de eu e Fradique sairmos do carro, deixa-me mais furioso por Harris continuar com a mania de trazer Anne para os negócios entre nós quando devia ser algo o mais discreto possível.

— Cala-te! — Ordeno ao notar que a jovem se prepara para correr em minha direção, possivelmente atirar-se para os meus braços como da última vez. — Não quero escutar novamente a tua voz.

— Mas… só quero dar um beijinho no meu futuro marido. — Diz abaixando a voz como uma verdadeira submissa.

— Não me faças é perder a cabeça contigo, se o teu pai não te controla, faço eu. — Respondo colocando as mãos nos bolsos das calças do terno.

— Desculpe, Don Rossi. — Pede Harris parecendo mais pálido do que o normal, o suor começa a cair por sua testa mesmo que esteja o clima frio. — Minha filha, ainda não sabe que deve ficar calada em algumas alturas, prometo que irá ser uma verdadeira submissa.

— Não quero uma mulher, não quando já tenho uma. — Falo mostrando a mão direita onde está a aliança para acabar com o seu maldito plano de casamento.

— Duvido que alguma mulher seja mais linda do que eu ou que tenha um corpo como o meu. — Diz Anne cheia de si, totalmente esnobe.

— Não quero ouvir nem mais uma palavra, ou vais almoçar a tua própria língua junto da do teu pai. — Aviso fazendo-a dar um passo para ficar atrás do pai.

— Por favor, Don Rossi, vamos fazer o negócio e cada um seguir o seu caminho. — Pede Harris limpando o suor com o lenço de pano, pela primeira vez o homem entende que não estou para brincadeiras.

— 100 milhões de dólares pelas 200 armas semiautomáticas, todas irão ter com os seus homens ao porto de Dublin, precisa só acertar a data com Leon. É pegar ou largar? — Questiono colocando novamente a mão direita no bolso.

— Aceito. — Fala dando sinal para um dos homens que estava mais afastado de nós aproximar-se com um tablet. — Feita a transferência. — Declara, ao que volto meu olhar na direção de Fradique para saber se o dinheiro chegou ou se o velho pensa que é esperto em tentar passar-me alguma rasteira.

— Feita. — Garante Fradique assim que digita algo no telemóvel, possivelmente verificando a conta em Singapura.

— Leon vai entrar em contato consigo em menos de três dias para acordar o dia e hora em que o material vai chegar a Dublin. — Profiro virando as costas para voltar para o carro.

— Enzinho… — Chama novamente Anne, mas a ignoro antes que deixe o sangue dela derramado pelo chão do estacionamento abandonado.

— É Enzinho, a garota parece estar com vontade de sugar-te até ao limite. — Comenta meu primo entrando pela outra porta para os bancos traseiros, já que os dois seguranças que nos escoltam nem saíram do carro.

— Não me chateies, vamos para o hotel. — Resmungo, dando um cachaço nele que dá uma gargalhada, os dois homens sabem que não devem se intrometer nas minhas conversas e seguem com a cabeça voltada para a frente.

— Tens certeza de que vais ficar por mais alguns dias aqui? — Questiona depois de ficar dois dias comigo mesmo com tudo ajustado com Harris.

— Preciso que voltes, minha mãe sempre vai à capela no dia 11 de cada mês não a quero sozinha com um segurança.

— Mas, hoje é ainda 8. — Resmunga, sei que o motivo é de o filho da mãe ter encontrado rabo de saia em uma das funcionárias do bar do hotel.

— Deixa de ser cafajeste e vai arrumar a tua mala. — Ordeno o impulsionando para fora do meu quarto.

— Olha quem fala, o homem que vai à procura de uma mulher que o ignora. — Diz, só que nem dar um soco se quer posso porque o idiota fecha a porta do meu quarto o mais rápido que consegue. — Agora, sem brincadeira se gostas dela vais ter que lutar, irmãozinho.

— Idiota. — Resmungo quando fecho a porta novamente.

— Cuidado, por favor. Qualquer coisa telefona imediatamente. — Ordena mesmo que o chefe seja eu.

— Enzo? — A mulher do outro lado da linha faz o meu coração estremecer como nunca uma outra mulher conseguiu tal efeito, só com a voz de Adira. — Estou por Milão queres encontrar-te comigo, sei que é em cima da hora, mas…

— Claro que sim. — Interrompo-a mesmo que não devesse demonstrar tanto interesse.

— Podes, vir ter comigo?

— Ou vens ter comigo estou no Hotel da Vinci, no centro. — Informo escutando a respiração dela do outro lado da chamada.

— Daqui a vinte minutos. — Diz desligando sem deixar-me falar nem mais alguma palavra.

— Adira! — Murmúrio assim que encaro ao abrir a porta com ansiedade. —Que saudades, mulher. — Resmungo a puxando para o interior do quarto e atacando sua boca em seguida.

— Lorenzo! — Reclama, poucas vezes me chama por meu nome completo.

— O que foi, não queres? — Questiono já excitado, só que nunca vou tentar algo contra a vontade dela ou de outra mulher.

— Não, é isso... só não apertes meu corpo tanto contra o teu. — Pede respirando lentamente.

— O que se passa? — Questiono alarmado, nunca se preocupou com o meu toque mais pesado.

— Nada. — Garante inclinando-me com a mão na minha nuca para me beijar novamente.

— Que merda é esta, Adira? — Questiono de madrugada, depois de termos nos perdido em nossos corpos, a ânsia do desejo não me deixou tomar cuidado com o machucado que noto neste momento, que a mulher em meus braços tentou esconder de mim com maquilhagem.

— Nada, só um simples machucado. — Responde virando de barriga para cima, sei que é uma tentativa de distrair-me. — Enzo?

— Quero ver o machucado sem a m*****a maquilhagem. — Protesto voltando com uma toalha molhada do banheiro me ajoelhando na cama para limpar com cuidado.

— Não é nada. — Resmunga tentando afastar-se da minha mão.

— Se não fosse, não estavas tentando fugir da minha mão. — Respondo passando com um pouco mais de força para limpar completamente, a cada passada observo o negro do machucado do lado direito nas costelas. — Como foi isso?

— Assalto na Bélgica. — Fala de olhos fechados quando toco em seus cabelos compridos.

— Queres algo para a dor?

— Não, só sentir o teu corpo perto do meu. — Pede com um sorriso ainda mantendo os olhos fechados, nua e completamente deliciosa.

— Sempre. — Garanto deitando ao seu lado e puxando-a para os meus braços. — Adira, o que achas de ires comigo para a Itália?

— Enzo, já conversamos, não posso. Só vou ficar aqui até amanhã, tenho que ir para a França antes do dia 10. — Responde, mas esconde o rosto no peito, nunca tinha ficado sem a t-shirt em frente de uma mulher, mas com Adira foi natural e nem uma pergunta sequer da sua parte.

— Adira? Quando vou conhecer a tua família assim como tu a minha? — Questiono sentindo-me incomodado por nunca ter pensando em apresentar uma mulher à minha mãe, mas com Adira sim e é ela que não tem o mesmo desejo.

— Podemos conversar sobre isso depois, estou com sono.

— Vou fingir que acredito. — Digo irritado, por saber o que vai acontecer quando acordar. — Adira? — Chamo ao despertar depois das 09 da manhã e não encontro a mulher com quem passei a noite. — Droga!

— O que é Enzo, precisas de ajuda? — Questiona Fradique assim que me preparo para sair do hotel.

— Liga para o piloto, pede para estar preparado para levantar voo imediatamente. — Falo saindo do quarto para descer e fazer check-out do hotel.

— O que se passou? — Questiona agitado do outro lado da chamada.

— Nada só quero voltar para casa. — Respondo puxando a mala comigo em direção ao elevador.

— Conversamos em casa, primo. — Garante como sempre Fradique sabe esperar por meu tempo, era com ele sempre que conversava e desabafava sobre os maus-tratos de Cesare e ele comigo, também.

Infelizmente, preciso ficar durante outros dois dias em Milão por um problema técnico no avião, dia 12, o dia que mais queria estar presente em casa, estou agora dentro do avião. Penso que assustei Adira, mas por outro lado tenho a certeza que é a mulher da minha vida, só que tenho a convicção que me está a esconder alguma coisa importante.

Quando o jatinho pousa, decido passar pela empresa de arquitetora para buscar alguns documentos para verificá-los antes de autorizar mais alguns empreendimentos. Só que o que nunca pensei foi encontrar aquela que procuro, que tanto chorei escondido por sua perda do lado de dentro do portão da mansão da família, de onde nunca deveria ter saído.

— Camilla! — Grito saindo do carro sem que este pare por completo.

— Irmão… meu querido irmão. — Chora quando a puxo para os meus braços, mas afasto-me assim que sinto uma mão pequena e muito fria no meu rosto.

— Como? — Questiono olhando para Camilla, a menina que sorria e dançava por todo o lado, agora sem o brilho e sorriso, mas com uma bebé no colo.

— É minha com o monstro do Vittorino. — Diz chorando em meus braços.

— Vamos entrar, a mãe e Fradique não vão nem acreditar. —Digo esforçando-me para não chorar, não que tenha algum problema pessoal com isso, no entanto meus seguranças irão pensar em enfraquecimento deixando Camilla de novo desprotegida. — Quero saber de tudo sobre a Família Esposito, vão pagar por todo o mal que te fizeram e não adianta fingirmos que não sofreste porque mesmo depois de tantos anos ainda te conheço pelo olhar, pequena.

— Enzo, não podes fazer isso, eles são cruéis. — Informa temerosa, prendendo em excesso a bebé em seus braços.

— Cuidado com a menina. Agora como entraste aqui?

— Eu…

— Minha filha, minha menina! — O grito da nossa mãe faz com que minha irmã se cale e não explique como conseguiu entrar aqui não só na ilha como na mansão por causa dos seguranças.

— Mamãe… — O choro dolorido de Camilla faz-me reagir e pegar pela primeira vez na bebé que ainda nem sei o nome.

— Vamos, meu amor… vamos para dentro. — Expõe dona Martina puxando minha irmã para o interior da casa.

— Porque não disseste que ias atrás dela? — Questiona Fradique espreitando o rosto da bebé que está adormecida.

— Não foi eu, elas estavam do lado de dentro dos portões. — Respondo entrando também assim como meu primo, mas com o pensamento de descobrir não só o que minha irmã passou como conseguiu entrar na mansão sem os seguranças a terem notado. — A família Esposito vai pagar por todo o mal que fizeram com a minha irmã.

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