“O vento frio sopra o cheiro de morte para mim. Ela era chamada de Princesa, mas não vejo nenhum azul no seu sangue derramado aos meus pés, só mais vermelho como o de todo mundo. A Princesa das Princesas. Isso certamente chamará a atenção. Não tem problema, este era o objetivo: que eles soubessem que eu estou de volta. O vento sopra gelado, mas não há problema: sou o filho do vento norte, nada é mais gelado que minha alma. Sou o Grande Lobo Mau. O vento uiva em meus ouvidos, eu uivo com ele.” Muito antes das versões da Disney, o que nós chamamos de “contos infantis” eram fábulas e parábolas carregadas com um tom bem mais sombrio do que podemos imaginar. “A Sombra do Predador” é uma história que visa retomar esse lado assustador dos velhos contos. Cada elemento apresentado no livro é uma releitura de uma das fábulas clássicas, mas com o devido ar noir. Nossa história é um romance policial que narra a caçada atrás de um serial killer que todos acreditavam morto. Ele ressurge para uma nova onda de matanças, como se saído tanto do passado, quanto dos piores pesadelos de toda uma cidade. Juntos, o detetive particular T. M. Reynard e a agente especial Hua Mulan vão tentar responder a eterna pergunta: quem tem medo do Lobo Mau?
Ler maisAntes mesmo de abrir a porta, Mulan já conseguia escutar o nosso bate-boca.- Eu já disse que não quero – Sherazade falou com firmeza. Ela mantinha a discussão enquanto terminava de se maquiar. Estava linda usando um vestido de gala. - Qual é, Zade? – eu retrucava. – Seu nome merece estar naquela porta.- A gente já teve essa conversa sei lá quantas vezes! Toda vez que eu salvo sua vida é a mesma coisa! Ter o nome naquela maldita porta é ter um alv
Marie estava com a arma em mãos, mas eu sabia que ela não me mataria até contar a sua história. Assim como ela sabia que eu não tentaria nada até saber a história dela. Nós dois percorremos um grande caminho até ali e estávamos ansiosos para ter aquele ponto final feito de maneira correta.Então ela sentou confortavelmente, me encarou (sem a menor dúvida que era dona de toda minha atenção) e começou a contar sua história:Eu não pretendo me delongar demais com o Gênesis nessa história, já que estamos aqui p
Eu corria pelos túneis. Sabia quase instintivamente aonde ir, porque já tinha passado por aqueles lugares um milhão de vezes. O um milhão de vezes em que revisitei o caso do Grande Lobo Mau para ver o que tinha deixado escapar. Não era um caso de “se tinha deixado escapar algo”. Eu obviamente tinha, mas nunca soube o quê, até Mulan puxar aquela máscara e tudo me acertar. Eu ainda não sabia a história toda, mas iria descobrir e estava literalmente em sua trilha.Eu corria sozinho. Mulan não iria nunca admitir, mas o (ou melhor “a”, ela falou de si no feminino o tempo todo, como não percebi?) Grande Lobo Mau a tinha realmente ferido. Ela não conseguiria co
Quando Mulan puxou a máscara, uma longa cabeleira ruiva saiu dali de baixo. Antes mesmo de poder olhar o rosto, eu reconheci o tom da tintura vermelha. Aqueles olhos azuis... De repente eu percebia porque eles eram tão familiares.- “Baby” Bonnie Hood?! – Swine deixou escapar, profundamente estupefato.- B. B. Hood? – até Mulan parou por um segundo. – A secretária? Por um instante ela nos encarou sem a máscara, com um orgulho altivo. Mas como o alarme continuava a
A porta pareceu levar uma eternidade para se abrir e, nesse tempo, todos seguramos o ar: eu, Peter Swine, Shere Khan, até mesmo o Crocodilo... Cacete, parecia que o maldito universo tinha segurado o fôlego.Mas o universo voltou a respirar e, como uma baforada de um hálito de merda, a porta se abriu. E ali estava ele, meu pior pesadelo personificado.Estava exatamente como na última noite em que o encontrei: luvas pretas, coturnos, uma jaqueta de couro (estilo motoqueiro). Tudo preto menos uma máscara, daquelas de esqui, vermelha. Naquela noite estava muito ocupado salvando Belle para reparar nele, mas agora podia
Eles me surraram por bastante tempo. Saltwater era realmente muito bom no que fazia, e eu fiquei um bom tempo servindo de saco de pancada pra ele. Tempo suficiente para reparar no ambiente.Por mais que Wally Saltwater me batesse incansavelmente, era claro que ele não retirava nenhum prazer daquilo (mas também nenhum incômodo). Ele só fazia o que tinha que fazer. Bem friamente. Isso não era nenhuma novidade, o Crocodilo era sempre assim.Quem desfrutava a sensação era Peter Swine. Ou pelo menos tentava. Por mais que aquilo fosse a realização de uma fantasia, Swine estava obviamente muit
Eu já devia estar esperando por isso depois da semana que passamos.Com Galahad e Mulan na liderança, as forças policiais da cidade atacaram cada operação de Shere Kahn e Pedro Swine. A coisa ficou incrivelmente mais eficiente graças à grande parcela dos policiais corruptos ajudando. Eficiente de verdade.Ali e seus homens selecionados ficavam do lado de Swine vinte e quatro horas por dia, atrapalhando qualquer coisa que ele pudesse tentar.Além disso, Jiminy se saiu melhor
Era o primeiro dia daquela semana que eu sabia que ia ser o caos. E a prova suprema estava ali na minha frente: o salão estava coalhado dos líderes do crime organizado. Muita gente tinha mexido os palitos para que aquilo acontecesse: o grande organizador tinha sido O’Malley (falem o que quiser, mas aquele bastardo ruivo nunca perdeu a manhã), mas a ele se juntaram Rosa Carmim, Jim Hook, Esmeralda, Tramp... E eu ia ficar devendo uma boa quantidade de favores depois daquela noite.Na minha mesa estavam sentados O Doutor, líder interino da família Neves desde a morte de Branca; Rainha Grimhilde, normalmente c
Nós entramos no recinto de modo a chamar atenção. Não Sherazade, ela ficou ao lado da porta assim que nós entramos. Ela não queria ter papel naquela peça.Era isso que fazíamos: dávamos um show para eles. Eu, Mulan e, o mais importante, Merlin, caminhávamos a passos firmes até os três lugares vazios na enorme mesa. Nas outras cadeiras estavam cada policial que comandava uma unidade em Willingham City e região. Sentamos. Eu fiquei à