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O diabo me chamou para dançar. (Para Ele!)

A advertência de Cam desperta minha curiosidade, mas também me deixa cautelosa. Eu já havia ouvido em algum lugar que não se deve se fazer notar pelo diabo, e o que fazer quando seu olhar cruza com o dele? Ignore-o. O quanto você puder. Eu me afastei, seguindo com Camille para uma mesa onde estavam alguns conhecidos dela, mas a sensação de ser observada não me deixava. Das sombras, coberto de tatuagens, envolto em fumaça, ele permanece lá, e talvez possa me ver, mais do que eu gostaria.

Decidi ir para o ambiente do piso inferior da boate, juntando-me a Cam na pista de dança. Enquanto me movia ao ritmo da música, sentia os olhares famintos de outros homens voltados para mim. Uma sensação arrepiante percorria minha pele, misturando-se com a embriaguez da bebida e a batida pulsante da música. Eu adoro música, adoro dança, então tratei de ignorar a timidez inicial pensando que ninguém poderia ficar entre mim e algo que eu goste tanto. Dançar era uma forma de escape, uma maneira de esquecer temporariamente todos os meus problemas. Entre um gole e outro, perdi-me na energia frenética da pista, sorrindo para Cam e ignorando o mundo ao meu redor.

No entanto, uma presença persistente perturbava minha tranquilidade. Eu tinha a incômoda sensação de que alguém me observava. Meus instintos me levaram a virar a cabeça bruscamente, buscando o foco dessa sensação que começava a me irritar. Não muito longe de onde estou, vejo o misterioso homem tatuado, aquele que Cam havia me advertido para evitar. Rapidamente, desvio o olhar e retorno à minha bebida, tentando me distrair com a presença de outro sujeito próximo a nós.

É evidente que a noite está repleta de abordagens diretas por parte dos homens. Cam havia mencionado que esse lugar era propício para encontros, mas ao contrário dela, que parece sempre disponível, eu não tenho tanta desenvoltura para me envolver com alguém. Não os julgo, simplesmente não é meu estilo. Quando percebo que Cam estava envolvida em uma conversa com um cara bonito desde que chegamos, um pouco mais intimista, decido me afastar discretamente em direção ao bar.

Peço uma nova bebida, evitando o olhar do homem tatuado, e quase esbarro com ele ao me virar. Fico momentaneamente sem palavras. Sua beleza é inegável, com um sorriso enigmático nos lábios e um cigarro entre os dedos. Uma onda de desorientação tomou conta de mim.

— Oi — consigo falar, sentindo-me desajeitada.

— Oi — ele responde, seu sorriso se alargando levemente.

Eu não sei como reagir. Ele parece querer ler meus pensamentos enquanto me olha de uma maneira intensa e inapropriada, e eu não consigo desviar os olhos dele. Ele é o diabo, afinal. E esse aviso parece voltar a minha mente agora que ele está próximo, como uma tentação, lembrando-me que devo ficar longe dele. Há algo magnético nele, algo perigosamente atraente e excitante.

— Você quer dançar? — ele pergunta, com a voz rouca e suave.

Concordo com a cabeça, incapaz de proferir uma palavra sequer. Ele se aproxima ainda mais, suficientemente próximo para que eu possa sentir seu perfume envolvendo-me junto ao balcão.

— Você se importaria se eu apenas te observasse? — ele indaga, em um tom sedutor.

Não sei o que me deixa mais perplexa, se é a maneira como ele fala ou o quão absurda é a ideia em si.

— Cara, eu nem te conheço — digo, sem desviar o olhar.

— Ben Carter — ele se apresenta formalmente, estendendo a mão. Ao tocar sua mão, senti um calor morno e quase familiar percorrer meu corpo, distraindo-me por um instante.

— Grace — respondo, hesitando se devo mencionar meu sobrenome ou não. Acabo cedendo segundos depois e acrescento: “Sinclair”.

—Ugh—ele diz casualmente, dando um passo para trás. — Claro que é você — ironiza. Ben pede uma cerveja ao bartender e volta sua atenção para mim. — Devo retirar minha proposta e me curvar?

— Ouviu falar de mim? — Não que isso seja impossível, mas quais as chances de alguém que eu não me lembro de ter visto antes, ligar o nome a pessoa imediatamente, ainda mais em uma ocasião como essa?

— Talvez — ele chega mais perto — e quanto a me curvar?

— Costuma pedir às garotas para dançarem para você? — perguntei, incerta se deveria ficar lisonjeada ou constrangida com sua resposta anterior. Havia algo na voz sensual de Ben Carter e em sua presença intrigante que me dizia que ele não estava mentindo. Era exatamente o tipo de pessoa que fazia esse tipo de pedido.

— Você sabe como é, eu simplesmente não consigo resistir à tentação quando vejo uma garota linda como você — responde ele, com um sorriso sugestivo.

Não posso evitar soltar uma risada breve e nervosa. Afinal, que tipo de cara faz isso? Ao mesmo tempo, sinto uma mistura de fascínio e apreensão em relação a Ben. Há algo perigoso e magnético nele, algo que desperta uma curiosidade inquietante em meu interior.

— Você é um caso interessante, Ben Carter-digo, tentando manter uma postura confiante. — Mas, não pense que estou pronta para dançar para você. Talvez você precise conquistar esse privilégio.

Um brilho travesso reluziu nos olhos de Ben, alimentando meu desejo proibido. Eu podia sentir a eletricidade entre nós enquanto ele aceitava o desafio silencioso que eu lancei. Naquele momento, eu sabia que havia entrado em um terreno perigoso e incerto, um território habitado pelo próprio diabo.

A música envolvente continuava a pulsar pela pista de dança, criando uma trilha sonora para o jogo de sedução que se desenrolava entre nós. Nossos olhares se encontravam em um duelo de desejo e cautela, cada movimento carregado de tensão. Eu sabia que não estava preparada para o que viria a seguir, mas a atração queimava em meu interior.

No entanto, não tinha a intenção de permitir que esse flerte fosse além dessa noite. Santa Barbara é uma cidade grande o suficiente para nos perdermos um do outro no meio da multidão. Eu duvidava que o interesse de Ben durasse mais do que algumas horas. Se eu estivesse disponível para as seduções de homens como ele, não teria dúvidas de que, naquela noite, Ben Carter seria meu guia pelos caminhos escuros da paixão. Mas eu preferia a segurança da pista de dança, seguindo o aviso amigável de Cam enquanto me afastava do enigmático homem tatuado.

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