Uma mulher elegante em um terninho permite nossa entrada. Passamos por um pequeno corredor com iluminação suave antes de entramos, em um outro ambiente. Há mesas aqui, um bar, o local é sofisticado sem parecer pretensioso. Nos acomodamos enquanto uma garçonete se aproxima, sorrindo discretamente e se coloca a nossa disposição. Cam pede cervejas para nós, e quando a moça se afasta ela respira fundo e tenta relaxar.
— O que foi aquilo?
— Eu tinha esquecido completamente essa palhaçada—ela diz—tem um pessoal que celebra a colheita. São ligados aos principais vinhedos da Califórnia. E todo ano é essa palhaçada.
— O que é a ceifa, Cam?
— É só uma bobagem mística que alguns fanáticos insistem em encenar todo ano —ouço a voz de Ben próximo a nós, me surpreendendo, e logo depois olho para ele —você está bem? Aquele idiota te machucou?
— Estou bem — falo, ainda surpresa com a presença dele aqui — quem era aquele cara?
— Ninguém que vale o seu tempo — ele parece querer encerrar o assunto - você tem algo do tipo um para raio de confusão, Sinclair.
Camille pede licença depois de acenar para alguém do outro lado do ambiente, e antes de ir até lá diz a Ben que vai ficar de olho nele e pisca para mim, sinto um leve estremecimento enquanto ela se afasta e ele senta-se ao meu lado, com o encosto da cadeira para frente. Ben bebe um longo gole de sua cerveja enquanto tento não olhar para ele. Por um momento penso que não posso julgar as garotas o cercando porque onde quer que ele vá, Ben é o tipo difícil de ignorar. Ele termina sua bebida, e olha para mim.
Ele levanta, e se coloca atrás de mim, para afastar a cadeira, indicando que devo acompanhá-lo — Vem, vamos lá fora.
Respiro fundo, sentindo uma mistura de emoções ao seguir Ben para fora do ambiente. Ainda estou um pouco atordoada com o que aconteceu na pista de dança e a presença intensa de Ben apenas adiciona mais turbulência aos meus pensamentos.
Encontramos um canto tranquilo no lado de fora do local, onde a agitação da festa é apenas um eco distante. O ar fresco e a brisa noturna acalmam meus sentidos, enquanto me apoio contra a parede, tentando reunir meus pensamentos.
— Você não me parece bem, Grace — diz Ben, com um toque de preocupação em sua voz.— Tudo aconteceu tão rápido.... Aquele homem.... Quem era ele? — pergunto, ainda abalada pelo incidente.
Ben parece hesitar por um momento antes de responder: — Aquele cara faz parte de um grupo ligado aos principais vinhedos da Califórnia. Eles têm essa crença estranha, uma espécie de ritual místico relacionado à colheita, mas eles são mais conhecidos como ''a Ceifa'.— A Ceifa? O que isso significa? — indago, intrigada.
— É um pessoal estranho, que mistura de fanatismo e tradição. Eles acreditam que, participando desse ritual anual, podem garantir a prosperidade e a qualidade dos vinhedos. É tudo muito bizarro, e eles tendem a se envolver em confusões como essa— explica Ben, com um olhar sério.
—Sinto que deveríamos ter ficado longe de tudo isso.... Eles estavam nos observando, não era apenas impressão — comento, relembrando o olhar inquietante que o homem da Ceifa lançou sobre nós.
— Sim, é possível que eles tivessem alguma intenção sinistra. Mas fico aliviado de ter visto a tempo — diz ele, com um olhar reconfortante.
— Você... você nos protegeu lá dentro. Eu vi você empurrando aquele homem e intervindo — revelo, lembrando-me do momento em que as luzes se apagaram - e ainda teve a noite do acidente — eu faço uma pausa, pensando que nem o agradeci por aquela noite — e teve a situação do acidente também, eu já devia ter te agradecido por isso.
Ele dá de ombros, tentando parecer desinteressado: — Noa caso do acidente, não fiz mais do que minha obrigação — ele chega mais perto, e posso sentir seu perfume — e sobre hoje, apenas não suportei ver alguém te incomodando.
—Oh.... — sinto meu rosto corando.
— Só eu posso fazer isso.... — ele se apoia na parede com a mão direita, ficando mais próximo de mim.
— Pare com isso, eu só quero agradecê-lo — sinto-me cercada contra a parede.
— Tem um jeito melhor de me agradecer.
Sua presença é envolvente, e a atração entre nós é inegável. Nossos olhares se encontram, e eu me sinto encurralada.
Sem dizer uma palavra, ele se inclina levemente em minha direção, e meu coração dispara com a expectativa do que está prestes a acontecer. Nossos lábios se tocam de leve, e me sinto estremecer enquanto Ben me toma em seus braços, o beijo é ardente e irresistível, suas mãos deslizam por minha cintura, puxando-me para mais perto dele, enquanto sua língua explora minha boca, de um jeito quase indecente.
Sinto um calor surgindo em minhas bochechas quando nossos lábios se afastam, Ben afrouxa seus braços ao meu redor mas não me solta. Ele parece incerto por um instante, mas depois diz: — Eu deveria levar você para casa.— Não é preciso.
— Não estou pedindo a sua permissão, Sinclair.
Minutos depois, Ben e eu saímos da boate juntos. Por um momento eu hesito em subir em sua moto mas ele me como se eu não pudesse duvidar de sua palavra, que chegaria em casa segura e bem acompanhada. Envolvo meus braços ao redor da sua cintura enquanto a moto acelera, e o vento noturno sopra em meu rosto. Ele escolhe um trajeto mais longo antes de me deixar em casa, e quando Ben passa pelos portões da casa Sinclair, penso que poderíamos ter demorado um pouco mais. Em frente à minha casa, ele desliga a moto, por um instante, e em seguida eu desço, e me volto para Ben.
—Obrigada pela carona—digo, tentando parecer casual, mas desvio o olhar quando ele me encara.
Ben olha diretamente nos meus olhos, e seus lábios se curvam em um sorriso travesso. - Não precisa agradecer. Foi um prazer.Ele parece prestes a dizer algo mais, mas o silêncio entre nós é quebrado por luzes se acendendo no interior da minha casa. Meu pai deve estar acordado, e não quero que ele me vejam chegando acompanhada por Ben.
—Acho que é melhor eu entrar—murmuro, sentindo-me repentinamente desconfortável com a situação. —Como quiser—ele responde, mas algo em sua expressão me diz que ele não vai embora tão facilmente. Antes de me afastar, ele segura meu braço suavemente e por um momento, nossos olhares se encontram em um silencioso entendimento. —Boa noite, Grace—ele diz, sua voz é suave, e até mesmo calorosa.—Boa noite, Ben—respondo, sentindo meu coração acelerado.
Ele aguarda na moto enquanto eu entro em casa, e o ouço se afastando enquanto vou em direção a escada, apressando o passo para evitar as perguntas de Matt Sinclair. E pelo menos nisso, tenho sucesso. Custo a dormir, mesmo depois que Camille chega e me conta sobre o cara que está interessada. Tento afastar os pensamentos dele da minha mente, mas é difícil resistir à tentação. A noite foi intensa, e as emoções que ele desperta em mim são poderosas e avisos silenciosos do meu coração, me alertando que eu deveria manter distância de um homem que pode acabar quebrando-o em pedaços.
O sol estava começando a se pôr quando meu pai, Matt Sinclair, me chamou em seu escritório. Ainda era difícil para mim não me sentir como uma adolescente prestes a ser repreendida, mesmo sendo uma mulher adulta. Mas algo me dizia que não seria uma conversa casual.Respirei fundo e bati na porta antes de entrar. Meu pai estava sentado atrás de sua grande escrivaninha de mogno, com uma expressão séria no rosto. Ele era um homem alto e imponente, com cabelos começando a ficar grisalhos bem cuidados e olhos azuis penetrantes que eram um reflexo dos meus.— Grace, por favor, sente-se — ele diz, apontando para a cadeira em frente à sua mesa.Tento disfarçar meu nervosismo ao me acomodar. Sei que ele está preocupado comigo, especialmente depois de saber que voltei para casa com Ben, alguém que eu soube que ele claramente não aprova desde a noite que passei no hospital, por algum motivo, havia um clima estranho entre os dois. — O que houve, pai? — pergunto, tentando parecer calma.— Eu vi vo
O final da tarde ilumina o meu luxuoso escritório no alto de um prédio em Santa Barbara. A vista panorâmica da cidade era de tirar o fôlego, mas meus olhos estavam fixos nos relatórios financeiros que eu analisava, até o momento. Como investidor e empresário, esse é o meu mundo, o lugar onde eu me sinto verdadeiramente realizado, e pelo qual comecei a lutar ainda muito jovem.Atrás da minha imponente mesa de madeira escura, eu me inclino sobre os gráficos e números, buscando identificar as melhores oportunidades para meus clientes e para os meus próprios investimentos. Os números mostravam que tudo está indo bem, que os negócios estão prosperando, e isso me traz uma sensação de satisfação, tenho orgulho do meu trabalho.O telefone toca, interrompendo minha imersão no trabalho. Atendo com um tom profissional, mas também com a simpatia que sempre cultivava em minhas relações de negócios.— Ben Carter falando.— Sr. Carter, aqui é David da equipe de análise. Temos os relatórios finais do
Montando na moto, acelero pelas ruas de Santa Barbara em direção ao "Maré Alta". O restaurante é um dos empreendimentos mais bem-sucedidos que tenho, e Bianca sabia disso quando escolheu esse local para seus planos.Ao chegar, estaciono a moto e caminho em direção ao restaurante. Passo pelos clientes, que olham curiosos para mim. Muitos deles sabem que eu sou o dono, mas para outros, sou apenas mais um cliente como tantos outros.Ao entrar, vejo Grace conversando com Matt, os três poderiam fazer as vezes de família feliz, se não fosse a ambição de Bianca. Grace me nota e seus olhos brilham com um toque de surpresa e alegria. Ela não disfarça o quanto está feliz em me ver, enquanto Matt enxerga apenas o playboy que em algum momento vai partir o coração de sua garotinha em pedaços, e eu não me importo de manter esse papel se isso a mantiver distante.— Grace — chamo, cumprimentando-a com um sorriso malicioso.— Ben — ela responde, um pouco desconcertada.— Bem-vindos ao Maré Alta, estão
O encontro com Grace tinha deixado uma marca em mim, uma sensação que eu não estou acostumado a experimentar. Enquanto a observava se afastar, eu soube que aquilo poderia se tornar algo mais, mas me mantenho firme na minha decisão de não me envolver emocionalmente. Mulheres como Grace não precisam de alguém como eu, e eu não estou disposto a arriscar.Volto para o escritório do restaurante, deixando meus pensamentos de lado e me concentrando no trabalho. Aproveito para dar uma olhada nos relatórios financeiros como disse a Clary que faria, enquanto jantávamos.Enquanto estou imerso na papelada, a porta do escritório se abre, e uma figura familiar entra. É Veronica, uma mulher com quem tenho uma relação casual há algum tempo. Ela tem uma beleza exuberante, cabelos escuros e olhos penetrantes. É o tipo de mulher que não tenho problema nenhum em manter por perto, já que sabemos exatamente o que queremos um do outro.— Olá, Ben. Pensei que estivesse ocupado, mas resolvi aparecer — ela diz
Olho rapidamente no relógio enquanto ligo para Cam, estou no meu quarto, um tanto ansiosa, sentada na cama com o celular apoiado em um suporte, e logo ela não se demora a atender a chamada de vídeo. Ela é minha confidente e então, enquanto prepara um chá, ouve tudo sobre o encontro inesperado com Ben Carter, no restaurante, e como isso escalou rapidamente para que eu conhecesse Clary, e fosse convidada por ambos para ir ao pub recém inaugurado. Camille é espirituosa, cheia de energia, mas também tem uma desconfiança clara em relação a ele. Desde o momento em que nos conhecemos, ela me alertou sobre a fama de playboy e mulherengo de Ben, chegando a dizer que ele era o próprio diabo e que eu deveria tomar cuidado.— Grace, estou morrendo de curiosidade! Como assim você vai sair com o Ben Carter? Isso é inacreditável! — exclamou Camille, segurando a xícara de chá enquanto falava com entusiasmo. — Não que qualquer cara que tenha o privilégio de poder levá-la para sair não seja um homem de
As mensagens no meu celular continuam a pipocar, mas eu ignoro todas elas. Nesse momento, só existe uma pessoa em minha mente: Grace Sinclair. E claro, minha imprudência ao tentar remediar a situação e beijá-la publicamente. A reunião segue adiante, mas minha concentração está abalada. Tento me manter focado no novo empreendimento que estou apresentando, mas a imagem do beijo que aconteceu entre mim e Grace não sai de minha mente. Ela estava indo embora, e imediatamente eu vi a chance de me infiltrar na família, e principalmente de criar situações que possam me livrar das ameaças de Bianca indo com ela. E eu a beijei. Por mais que eu tente me mostrar indiferente, a verdade é que o beijo foi muito mais do que eu esperava. Enquanto os outros participantes da reunião falam, viro a tela do celular para baixo, evitando ver as notificações incessantes que chegam. Sinto uma mistura de euforia e agitação dentro de mim, como se tivesse provocado um enxame de abelhas furiosas e não soubesse
Chego à casa de Camille e sou recebida pelo alegre golden retriever da família Berti. Seu rabo balança freneticamente, e ele me cumprimenta com entusiasmo enquanto eu acaricio suas orelhas macias. Camille aparece logo em seguida, com um sorriso caloroso no rosto.— Grace! Que bom que você veio! — ela me abraça apertado, e eu me sinto instantaneamente em casa.Entramos juntas na casa, e aquela sensação de acolhimento familiar toma conta de mim. Camille e eu somos amigas desde a infância, e a casa dela sempre foi como uma extensão da minha. Seu pai, advogado e grande amigo do meu pai, sempre nos recebeu de braços abertos.— Mamãe está na sala, venha, ela vai adorar te ver! — Camille me leva até a sala, onde a mãe dela está sentada, lendo um livro.A Sra. Berti olha para cima ao nos ver, e seu rosto se ilumina com um sorriso caloroso.— Grace querida, como você está bonita! É um prazer tê-la aqui — ela se levanta e me abraça gentilmente.— Obrigada, Sra. Berti. É sempre um prazer estar n
Estou no pub, no balcão, bebendo uma cerveja gelada. O ambiente é aconchegante, e a música suave contribui para relaxar um pouco. Está anoitecendo e o clima está agradável. Decidi tirar o paletó, afrouxar a gravata para ficar mais à vontade. Preciso de um momento de tranquilidade depois de um dia agitado.Mas, apesar da aparência descontraída, sinto uma pontada de irritação. Algumas garotas foram extremamente inconvenientes nas mensagens que recebi hoje. Não que isso seja uma novidade, mas hoje parece que elas se superaram. Comentários maldosos, cantadas baratas, e algumas até enviaram fotos sem o menor pudor. Não que eu não receba nudes, apesar de nunca pedir, mas parece que se estabeleceu um competição, como se fosse apenas porque querem mostrar que podem ser mais interessantes do que Grace. É frustrante ter que lidar com esse tipo de comportamento, e me pergunto o que se passa na cabeça delas para agirem assim.Escolhi o pub para o encontro com Grace porque o proprietário, meu am