Clara quase gritou.— Você viu a namorada do meu irmão?! Ela é bonita? Você está satisfeita?— A menina é boa, principalmente porque seu irmão gosta dela. — Alícia respondeu.— Então ela vai vir hoje? — Clara perguntou.— Ainda não liguei. — Alícia respondeu.— Mãe, você tem que ligar antes, precisa dar tempo para menina se preparar! — Clara disse.Alícia pensou por um momento e concordou.— Tá, vou ligar agora.Ela foi lavar as mãos e entrou na sala.Clara, querendo muito ver a futura cunhada, estava super animada. Pegou o celular e ajudou a discar o número.— Aqui, mãe! — Clara até colocou o celular bem perto da orelha da mãe.Alícia deu uma olhada na filha e pegou o celular.A ligação foi atendida.— Jorge, traga sua namorada para jantar hoje à noite.Jorge sabia que Isabela estava ocupada nos últimos dias e não tinha tempo, além disso, o relacionamento deles ainda estava se desenvolvendo, então não era o momento de levar ela para casa. Ele ainda não tinha falado para Isabela sobre
Isabela baixou a cabeça e perguntou:— O que é isso?Alícia sorriu e respondeu:— Tem uma exposição de arte depois de amanhã, você vai estar livre?Isabela já havia recusado o convite para ir à casa dela. Se recusasse aquilo também, ficaria mal-vista.Ela deixou as coisas de lado, pegou com as duas mãos e disse:— Obrigada, Sra. Alícia.— Então, depois de amanhã, às três da tarde, te busco aqui no portão, tá? — Alícia a olhou com expectativa.— Tá bom. — Isabela assentiu.— Então, vai logo, não vou atrapalhar mais vocês. — Alícia sorriu de uma forma ardilosa.Na cabeça dela, Isabela e Jorge estavam praticamente morando juntos.Se antes ter encontrado ela na casa dele foi uma coincidência, ver ela novamente no condomínio, comprando várias coisas para a casa, já indicava que eles de fato estavam morando juntos. Não era mais coincidência nem uma suposição da sua parte.Isabela sentiu que havia algo estranho na fala de Alícia, mas não deu muita atenção.Talvez tenha entendido errado ou ela
Isabela deixou escapar um riso sarcástico vindo da garganta.— Eu nunca pensei em voltar com você. Mas já imaginei mil formas de me vingar. Ontem mesmo eu sonhei com isso. Sonhei que você tinha morrido, e você estava tão horrível, os membros desfeitos, as vísceras espalhadas... Ri tanto e acordei. Você sabe o quanto eu fiquei desapontada por ser só um sonho?A expressão de Sandro mudou de forma a cada palavra, alternava entre pálido e avermelhado.Os cantos dos lábios tremiam.— Se me xingar te faz sentir melhor, vai em frente, eu aceito. — Sandro ainda não parecia entender a realidade.Ele ainda achava que, se fosse sincero e pedisse desculpas, poderia haver algum tipo de reconciliação.Isabela riu, mas de raiva.— Você está rindo do quê? Eu não acredito que, depois do nosso divórcio, você não tenha ficado triste, não tenha ficado abalada ou não tenha chorado. Não venha negar, eu vi com meus próprios olhos. Então, vamos parar de nos torturar, né? — Sandro falou com um tom firme.Isabe
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane