— Não é assim... — Jorge estava prestes a explicar, quando o som de um celular tocando interrompeu suas palavras.Ele franziu ligeiramente a testa. Pegou o celular e, antes de apertar o botão de atender, disse para Isabela:— Me espere um minuto.Mas Isabela não obedeceu, aproveitando que ele estava distraído, saiu de seu braço e disse: — Não se esqueça de tomar o remédio.E, como um coelho assustado, abriu a porta e saiu correndo.Jorge franziu ainda mais a testa. Atendeu a ligação com voz claramente irritada:— O que foi?Clara ficou sem reação por um momento.Quem havia feito algo para irritar ele daquele jeito? Por que estava falando com tanta grosseria?— Nossos pais estão te chamamando em casa. — Disse Clara.— Disseram por quê? — Jorge perguntou.— Eu não sei. — Clara respondeu, mexendo os dedos nervosamente.Embora o incidente na festa de noivado já tivesse passado, ela sentia que seus pais ainda estavam insatisfeitos com Sandro e a família Marques.Ela imaginava que a causa d
Jorge olhou para Clara por um bom tempo e respondeu com voz profunda:— É linda.Os olhos de Clara brilharam.— Sério? Quando você vai trazer ela para casa? — Perguntou ela.Alícia, com sua postura elegante e um sorriso suave no rosto, olhou para o filho com expectativa. — Jorge, já que você está namorando, traga para a gente conhecer. Se ela topar, já marca o casamento! — Alícia estava feliz com o fato de o filho ter uma namorada. — Não temos exigências sobre a menina, o importante é que você goste dela.Ela entendia bem o temperamento do filho. Quando Jorge se decidia por algo, ninguém conseguia mudar sua opinião.Claro que ela também queria que a futura nora e o filho tivessem uma boa posição na sociedade, mas sabia que, no fundo, sentimentos como aquele não dependiam de status ou riqueza.Ela acreditava que o amor tinha a ver com destino.Alícia sempre imaginou que sua filha casaria com um rapaz perfeito de boa família, alguém excelente, capaz de combinar com ela.Mas Clara, para
— Agora estou ocupado. — Sandro respondeu secamente.Mal terminou a frase, desligou na cara dela.Clara olhou para a tela do celular, incrédula. Foi assim que ele desligou a ligação dela?Ela ficou olhando fixamente para o aparelho, furiosa, e o atirou com raiva!Mas Sandro jamais veria aquela explosão de fúria dela.Sandro, com a voz fria, disse:— Já saiu tão rápido?Pela forma como ele falou, parecia que ele achava que Milena tinha passado pouco tempo lá dentro.— Dr. Sandro, não seja assim comigo. — Milena, com os olhos vermelhos, correu até ele e abraçou sua cintura. — Você sabe o quanto eu sinto sua falta?Ela era mestre em fazer o papel de vítima.Com seu olhar inocente e aqueles olhos grandes e molhados, sempre parecia frágil e encantadora.Sandro afastou suas mãos com força.— Milena, por sua causa, a Isabela se divorciou de mim. Você sabe o quanto eu te odeio agora?— Eu nunca imaginei que a Isabela fosse se divorciar de você... — Milena parecia apavorada. — Eu posso explicar
Clara se levantou e entrou no closet para escolher uma roupa, mas, por mais que olhasse, achou que nada ali estava bonito.Ela experimentou várias peças até que encontrou uma que gostou.Afinal, como Sandro finalmente tinha sido gentil com ela, não podia deixar de aparecer bonita diante dele.Acordou cedo, fez a maquiagem e se arrumou toda.Desceu as escadas, e Alícia gritou chamando ela para o café da manhã, mas ela disse que tinha compromisso e saiu.Alícia ficou observando a filha sair, soltando um suspiro. Na noite anterior, ela tinha tentado convencer o filho a ficar em casa, dizendo que fazia tempo que ele não estava ali. E ele, com um pouco de relutância, acabou ficando.De manhã, no entanto, ele não comeu nada e saiu rapidamente.A filha também era daquele jeito.Nem namoro deveria ser motivo para sair tão cedo."Os jovens de hoje em dia, quando estão apaixonados, realmente são intensos.", Alícia pensou consigo mesma.Clara dirigia, com uma expressão ansiosa no rosto.Jorge tam
Tomas acenou com a cabeça e começou:— Aconteceu ontem à noite, porque trabalho com comida de noite e fecho mais tarde. Eu lembro que era por volta das onze horas, quando chegaram três homens, pediram lagosta grelhada e cerveja. Na mesa ao lado, estavam duas meninas. Elas terminaram de comer e foram embora, mas, na saída, uma delas acabou esbarrando em um dos homens. Eles pediram desculpas, e na hora eu não estava lá, então não sei se ela pediu desculpas ou não. De qualquer forma, eles começaram a discutir.Ele esfregou o rosto, tentando se lembrar:— Eles estavam brigando alto e empurrando as duas meninas. Eu fiquei preocupado, porque elas poderiam se machucar. Como sou o dono do lugar, e não queria que isso afetasse o meu negócio, então fui tentar apartar a briga. Mas aqueles três homens eram muito agressivos. Não importava o quanto eu me desculpasse, não adiantava nada. Eles empurraram as meninas, e uma delas caiu sobre uma mesa que ainda estava bagunçada. A outra menina, tentando d
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q