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**Capítulo 2**

LUCAS

A noite estava quente e abafada quando entrei na boate. Dominic, um dos meus poucos amigos fora do ambiente corporativo, estava ao meu lado, puxando-me para o balcão do bar como se fosse a única saída para um dia exaustivo. Eu não era o tipo de homem que frequentava boates. Mulheres, claro, eram parte da minha rotina — desde que fosse algo simples, rápido, e sem complicações. A vida já era complexa o bastante para que eu perdesse tempo me dedicando a romances ou a situações emocionais. Mas, por alguma razão, naquele dia, aceitei o convite de Dominic para "desligar a mente" um pouco.

— Vai te fazer bem, Lucas. Você precisa se soltar de vez em quando — disse Dominic, enquanto entregava ao barman uma nota generosa e pedia duas doses de uísque.

Aceitei o copo que ele me ofereceu, dando um gole enquanto observava a movimentação ao redor. O ambiente estava cheio, as luzes alternando entre tons vermelhos e azuis, o que dava ao lugar um ar de mistério. Eu não conhecia ninguém ali, e isso, de certo modo, era um alívio. Sem os olhares curiosos e os sorrisos forçados que normalmente recebia no ambiente de trabalho, eu podia apenas... estar ali.

— Você já esteve aqui antes? — perguntei a Dominic, enquanto o via sorrir de canto e acenar com a cabeça.

— Digamos que é um dos meus lugares favoritos. E tem uma razão para isso. — Ele olhou em direção ao palco no centro da boate, onde luzes mais fortes agora estavam focadas.

Olhei na mesma direção, curioso. A música mudou, um som mais intenso e ritmado começou a tocar, e a multidão se moveu para observar o palco. Com o copo em mãos, me aproximei para ver o que era tão interessante. Foi então que ela apareceu.

Uma mulher entrou no palco, vestida com um top preto que brilhava sob as luzes e uma saia curta que destacava suas curvas generosas. O cabelo caía sobre os ombros, e ela andava com uma confiança e uma presença que prendiam a atenção de todos no salão. Eu fiquei imóvel, incapaz de desviar o olhar. Ela se aproximou do pole e começou a dançar, movendo-se com uma graça inesperada, cada movimento calculado e poderoso.

Algo em mim despertou de uma forma que eu não sabia que era possível. Eu não conseguia tirar os olhos dela. Os movimentos hipnóticos, o modo como seu corpo se movia ao som da música... tudo nela exalava uma beleza crua, algo que parecia ser parte dela. Ela girava ao redor do pole com uma sensualidade que parecia natural, sem forçar, como se fosse algo tão fácil quanto respirar.

Dominic, percebendo meu interesse, sorriu satisfeito.

— Então, o que acha? — ele perguntou, inclinando-se para falar em meu ouvido, já que a música estava alta demais para uma conversa normal.

Eu tentei disfarçar meu interesse, mas era inútil. Eu estava fascinado.

— Ela é... impressionante — admiti, sentindo algo que eu raramente experimentava: admiração. Não por uma mulher em si, mas por como ela se movia, por aquela confiança inabalável que exibia sem esforço.

Ela continuava dançando, seu corpo contornando o pole com uma fluidez que era difícil de descrever. A cada movimento, parecia que ela me puxava para mais perto, como se aquele fosse um convite, uma provocação. Algo nela me fazia querer saber mais, entender o que a tornava tão magnética.

Por um instante, meus olhos se cruzaram com os dela. Um arrepio percorreu minha pele, e me senti ridículo por reagir daquela forma. Eu era Lucas Donovan, um CEO acostumado a obter o que queria, mas ali, naquele momento, parecia um adolescente deslumbrado pela primeira vez.

Eu me virei para Dominic, tentando recuperar o controle sobre meus pensamentos.

— Quem é ela? — perguntei, tentando soar casual.

Dominic deu de ombros, um sorriso malicioso no rosto.

— Ninguém sabe. Ela aparece de vez em quando, sempre no mesmo horário, faz seu show e vai embora sem trocar uma palavra com ninguém.

Aquilo só tornava tudo ainda mais intrigante. Uma mulher tão atraente, com uma presença tão marcante, e que mantinha o mistério. Algo dentro de mim acendeu — uma necessidade de conhecê-la, de descobrir quem ela era por trás daquela máscara de indiferença.

Continuei a observá-la, cada movimento gravado em minha memória. O modo como ela girava, a expressão intensa em seu rosto, como se estivesse contando uma história silenciosa. Por um instante, me perguntei como seria ela fora daquele palco, se mantinha a mesma confiança, se era alguém que sabia o próprio valor.

O show terminou, e a boate explodiu em aplausos e assobios, mas ela simplesmente saiu do palco, sem olhar para trás. Eu senti uma pontada de frustração. Ela havia aparecido e desaparecido como uma miragem, e agora, a imagem dela parecia cravada em minha mente.

Enquanto Dominic voltava ao bar para pegar outra bebida, permaneci ali, ainda com o olhar preso no palco vazio, tentando entender por que aquela mulher me afetava tanto. Eu havia conhecido muitas mulheres, cada uma mais bonita que a outra, mas ela... ela era diferente. Não por sua aparência, mas pelo modo como me fez sentir — curioso, inquieto, e, acima de tudo, intrigado.

Dominic voltou com dois copos e me entregou um, percebendo minha expressão.

— Relaxa, Lucas. Tenho certeza de que você a verá de novo. — Ele riu e deu um gole em sua bebida.

Eu balancei a cabeça, ainda perdido em meus próprios pensamentos. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu tivesse a chance de vê-la novamente. E, da próxima vez, eu não perderia a oportunidade de descobrir quem ela realmente era.

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