**Capítulo 9**LUCASMinha obsessão estava crescendo. Não havia outra palavra para descrever o que eu sentia. Cada vez que via a dançarina, cada vez que sentia a energia dela no palco, eu queria mais. Queria descobrir quem ela era, o que a fazia viver aquela vida dupla — se é que era isso mesmo. E a cada noite passada na boate, saía de lá mais obcecado e frustrado.Na manhã seguinte ao nosso encontro na saída da boate, cheguei ao escritório determinado a juntar as peças, a encontrar algum indício. Eu sabia que minha insistência estava começando a afetar Claire, mas não conseguia parar. Por algum motivo, eu sentia que a resposta estava próxima, ao alcance das minhas mãos, mas faltava algo.Claire estava como sempre, organizada e profissional. No entanto, o nervosismo era palpável. Eu a observava com mais atenção do que nunca, notando detalhes que antes haviam passado despercebidos: o modo como desviava o olhar ao sentir minha presença, a tensão nos ombros, e até mesmo a forma como mant
**Capítulo 10**LUCASNa manhã seguinte, Claire entrou no escritório com um ar diferente, uma espécie de tensão que era quase tangível. Eu sabia que estava deixando-a desconfortável, mas era inevitável. Cada passo dela parecia cuidadoso, como se estivesse sempre alerta, sempre escondendo algo. E eu não conseguia evitar a sensação de que a dançarina e minha secretária eram a mesma pessoa.Passei o dia tentando me concentrar nos relatórios que se acumulavam em minha mesa, mas meus pensamentos sempre voltavam para Claire. Precisava descobrir a verdade, e isso estava me consumindo. Meus dias eram um jogo de observação, tentando capturar cada detalhe que pudesse me levar à resposta.No final da tarde, uma oportunidade inesperada surgiu. Fui chamado para uma reunião de última hora e, precisando de apoio, pedi que Claire me acompanhasse para tomar notas. A reunião acabou sendo breve, e, enquanto voltávamos para o escritório, decidi puxar conversa.— Claire, você já sentiu como se estivesse v
CLAIREAs palavras de Lucas ainda ecoavam em minha mente. A insistência dele em descobrir o que eu escondia parecia uma pressão constante, uma sombra que me acompanhava a cada passo. Eu sabia que ele estava perto, perto demais para o meu próprio conforto. E a ideia de que ele pudesse descobrir meu segredo estava se tornando insuportável.Aquela manhã foi um verdadeiro desafio. Cada movimento meu parecia estar sob o olhar atento de Lucas, como se ele estivesse esperando que eu cometesse um deslize. Estava claro que ele não acreditava em nada do que eu dissera na noite anterior. Ele continuaria tentando me desmascarar, e, a cada dia, a tarefa de esconder minha identidade se tornava mais difícil.Sentei-me à mesa, tentando me concentrar nos documentos à minha frente, mas minha mente vagava. Já era quase impossível focar no trabalho com a constante vigilância de Lucas. Eu precisava fazer algo. Talvez devesse simplesmente desistir e sair da boate, deixar de dançar e encerrar aquele capítul
CLAIREEra uma quarta-feira tranquila, até Lucas aparecer ao lado da minha mesa, surpreendendo-me com um convite inesperado.— Claire, tenho uma proposta. — Ele começou, com um sorriso calculado. — Vamos jantar amanhã para discutir o andamento do projeto.Meu coração deu um salto. O “jantar” sugerido parecia mais uma armadilha do que uma reunião casual, e a data era um problema. Naquela noite eu tinha uma apresentação na boate. Faltavam poucos minutos para o show, então não havia como escapar sem chamar atenção. Precisava de um plano e rápido.— Claro, senhor Donovan, estarei à disposição. — Minha voz soou calma, mas, por dentro, as engrenagens do desespero já começavam a girar.Assim que Lucas se afastou, corri para o telefone e liguei para a única pessoa que poderia me salvar daquela situação: Nina, minha amiga de longa data e dançarina profissional. Ela era tão apaixonada pelo palco quanto eu e, por sorte, tínhamos corpos parecidos. E Nina sempre adorou participar das minhas “loucu
CLAIRENa manhã seguinte ao jantar, entrei no escritório com uma sensação de vitória que não experimentava há muito tempo. Meu plano com Nina fora um sucesso, e, pelo menos por enquanto, Lucas parecia ter deixado de lado suas suspeitas sobre mim.Sentei-me à mesa e organizei os papéis do dia, sentindo o olhar de Lucas sobre mim quando ele entrou no escritório. Por um momento, nossos olhares se encontraram, e ele me ofereceu um sorriso que me fez respirar mais tranquila. Parecia que minha estratégia havia funcionado perfeitamente, afinal.Mas a paz durou pouco. No meio da manhã, ele se aproximou, segurando um relatório e com um olhar levemente provocador.— Claire, podemos conversar? — Ele perguntou, gesticulando para a sala de reuniões.Assenti, tentando manter a expressão neutra enquanto o seguia. Entramos na sala, e ele fechou a porta, o que só aumentou minha ansiedade. Lucas colocou o relatório sobre a mesa e sentou-se, indicando que eu fizesse o mesmo.— Queria agradecer por ontem
CLAIREAs horas passaram lentamente naquela tarde. O escritório estava praticamente vazio, com todos os funcionários já saindo para o fim de semana. Eu permanecia ali, revisando os últimos relatórios do dia, quando Lucas entrou, sua presença dominando o espaço como sempre. Senti meu corpo reagir imediatamente, uma mistura de tensão e algo que eu me recusava a nomear.— Claire, sei que já está tarde, mas preciso que revise este último documento. — Ele disse, entregando-me um envelope grosso.Assenti, aceitando o envelope e começando a revisar os papéis, sentindo a proximidade dele. Estávamos sozinhos, e o silêncio no escritório só parecia intensificar tudo. A cada segundo, sentia o ar entre nós mais denso, como se algo estivesse prestes a acontecer.Enquanto eu lia, Lucas continuava parado ao meu lado, observando-me atentamente. Quando terminei a última página, ele estendeu a mão para pegar os papéis, mas, em um breve momento, nossos dedos se tocaram. O toque foi breve, mas o suficient
CLAIRENa manhã seguinte, ao chegar no escritório, percebi que Lucas estava um pouco mais calado. Sua expressão era impassível, mas eu podia notar uma leve rigidez em seus gestos, como se também estivesse processando tudo o que havia acontecido na noite anterior. Tentei manter minha rotina, evitando pensar no beijo e no que ele poderia significar, mas era impossível esquecer a intensidade daquele momento.Enquanto organizava alguns documentos, ouvi risadas na sala ao lado. A voz de **Dominic**, amigo de longa data de Lucas, ecoava no corredor.— Então, Lucas, agora você é o senhor Gentileza? — Dominic disse em tom de provocação. — Que aconteceu? Está até tratando a secretária gordinha com toda essa atenção? Isso é coisa de quem bebeu demais.A risada debochada de Dominic fez meu coração se apertar. Quis acreditar que Lucas responderia, que talvez o corrigisse, mas em vez disso, ele apenas suspirou e respondeu:— Não seja idiota, Dominic. Isso foi apenas gentileza. — A resposta dele so
CLAIREO dia seguinte foi mais difícil do que eu imaginava. Tentei colocar uma máscara de indiferença, evitar contato visual e me manter ocupada, mas a verdade era que cada palavra de Lucas e Dominic ainda ecoava em minha mente. Sabia que deveria me acostumar, que, no fim das contas, eu era apenas uma funcionária para ele. Ainda assim, cada vez que ele passava por minha mesa, meu coração batia mais rápido, dividido entre a tristeza e a raiva.Durante a manhã, mantive-me ocupada em minha mesa, tentando me concentrar nos documentos à minha frente. Não queria levantar a cabeça e encontrar o olhar de Lucas. Sentia que ele me observava de sua sala, como se estivesse tentando entender o que havia mudado. Mas eu não estava pronta para encará-lo. Precisava de um tempo para entender o que sentia e o que fazer com isso.Em uma tentativa de esquecer, decidi me perder nas tarefas do dia. Esforcei-me para ignorar o tumulto emocional que me atormentava, mas o peso das palavras que ouvira continuava