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**Capítulo 7**

CLAIRE

A cada dia, a sensação de que Lucas estava mais atento a mim se intensificava. Ele parecia me observar com uma curiosidade que não existia antes. Seu olhar permanecia mais tempo do que o habitual, como se estivesse procurando algo que ainda não conseguia ver claramente. E isso me deixava em constante alerta.

Tentei manter minha rotina o mais normal possível. Todas as manhãs eu chegava cedo, organizava os documentos e preparava o café dele, assim como sempre fizera. Mas a ansiedade me consumia. A qualquer momento, ele poderia conectar as peças e perceber que a dançarina que o intrigava era, na verdade, sua própria secretária.

Certa tarde, enquanto preparava um relatório, ouvi passos se aproximando, e então Lucas parou ao lado da minha mesa.

— Claire, preciso discutir alguns pontos com você. Pode ir à minha sala? — Sua voz era firme, mas havia um tom de curiosidade que me deixou desconfortável.

Eu assenti, pegando meu bloco de notas, e o segui até sua sala, onde ele indicou que eu me sentasse. Lucas se acomodou atrás da mesa e começou a falar sobre as novas diretrizes para a próxima reunião de equipe, mas, a cada palavra, sua atenção parecia mais em mim do que no que realmente dizia. Me senti desconcertada sob aquele olhar, lutando para manter a compostura.

— Claire — ele disse, após uma breve pausa, com os olhos fixos nos meus —, você parece um pouco distante ultimamente. Está tudo bem?

Senti meu coração bater mais rápido. Ele estava me pressionando, ainda que de forma sutil. Respirei fundo e forcei um sorriso.

— Sim, senhor. Está tudo bem. Talvez eu apenas precise de um pouco mais de descanso — menti, esperando que ele aceitasse a resposta.

Ele assentiu, mas o olhar atento ainda estava lá, avaliando cada detalhe. Quando finalmente me liberou, senti um alívio imediato ao sair de sua sala. Mas a tensão não desapareceu. Eu precisava ser cuidadosa, cada vez mais cuidadosa.

Naquela noite, hesitei em ir à boate. Uma parte de mim queria evitar, apenas para me sentir segura, mas outra parte... queria ver Lucas lá. Queria sentir o poder de mantê-lo no escuro, de ser alguém que ele desejava sem saber quem realmente era.

Quando entrei no camarim e coloquei o figurino para o show, um vestido negro que abraçava minhas curvas, senti a onda de adrenalina. No palco, eu era outra pessoa. Não precisava ser a secretária discreta e invisível; eu podia ser quem quisesse. E essa liberdade me alimentava de um jeito que não conseguia explicar.

Assim que comecei a dançar, vi Lucas na multidão, observando cada movimento. Ele estava imóvel, quase hipnotizado, e uma pontada de prazer percorreu meu corpo ao perceber o efeito que tinha sobre ele. Eu sabia que ele estava ali apenas por minha causa. E, enquanto dançava, olhei diretamente em seus olhos, como um desafio silencioso, sabendo que ele não poderia resistir.

Quando terminei, desapareci para o camarim, meu coração batendo acelerado. Quase esperei que ele tentasse me encontrar, mas, dessa vez, ele parecia mais cauteloso, o olhar fixo em mim até o último segundo. Essa sensação de controle me deixava ansiosa, e, ao mesmo tempo, me fazia sentir poderosa.

Depois do show, decidi sair pela porta dos fundos, tentando evitar qualquer possibilidade de contato direto. Mas, ao dobrar a esquina, dei de cara com ele. Lucas estava encostado na parede, me esperando. Senti o pânico se espalhar, mas mantive a expressão calma.

— Então, finalmente nos encontramos. — A voz dele era baixa, quase um sussurro, mas havia uma intensidade nos olhos que me fez hesitar.

Pensei em sair correndo, mas forcei um sorriso enigmático e deixei que ele visse apenas o que eu queria mostrar.

— Acho que você está me confundindo com outra pessoa. — Minha voz saiu firme, e eu mantive o olhar fixo nele, desafiando-o a provar o contrário.

Ele riu de leve, mas não parecia convencido. Havia algo predador em sua postura, um interesse perigoso que fazia meu corpo inteiro reagir. Por um instante, fiquei presa naquele jogo silencioso, onde ele me encarava como se pudesse ver além da fachada.

Finalmente, ele deu um passo para trás, deixando-me um espaço para passar.

— Até breve, então — ele murmurou, com um sorriso enigmático.

Assenti, sentindo o sangue correr quente em minhas veias. Sem olhar para trás, caminhei rapidamente pela rua, com a sensação de que aquele encontro fora um aviso — um sinal de que ele estava mais perto do que eu queria admitir.

No dia seguinte, ao entrar no escritório, me senti mais vulnerável do que nunca. Lucas me observava de longe, mas, dessa vez, não tentou disfarçar. Ele sabia que havia algo, um segredo que eu não queria que ele descobrisse, e estava decidido a encontrar as respostas.

Eu sabia que precisava ser mais cuidadosa, talvez até considerar parar de dançar por um tempo. Mas, no fundo, algo em mim ansiava por continuar. A ideia de ser desejada por ele, mesmo sem ele saber quem eu realmente era, trazia uma sensação de poder que eu não estava pronta para abrir mão.

Mas, enquanto Lucas continuava me observando, percebi que o tempo estava se esgotando. Era apenas uma questão de tempo até que ele juntasse as peças. E, quando isso acontecesse, tudo mudaria.

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