CLAIRENa manhã seguinte ao jantar, entrei no escritório com uma sensação de vitória que não experimentava há muito tempo. Meu plano com Nina fora um sucesso, e, pelo menos por enquanto, Lucas parecia ter deixado de lado suas suspeitas sobre mim.Sentei-me à mesa e organizei os papéis do dia, sentindo o olhar de Lucas sobre mim quando ele entrou no escritório. Por um momento, nossos olhares se encontraram, e ele me ofereceu um sorriso que me fez respirar mais tranquila. Parecia que minha estratégia havia funcionado perfeitamente, afinal.Mas a paz durou pouco. No meio da manhã, ele se aproximou, segurando um relatório e com um olhar levemente provocador.— Claire, podemos conversar? — Ele perguntou, gesticulando para a sala de reuniões.Assenti, tentando manter a expressão neutra enquanto o seguia. Entramos na sala, e ele fechou a porta, o que só aumentou minha ansiedade. Lucas colocou o relatório sobre a mesa e sentou-se, indicando que eu fizesse o mesmo.— Queria agradecer por ontem
CLAIREAs horas passaram lentamente naquela tarde. O escritório estava praticamente vazio, com todos os funcionários já saindo para o fim de semana. Eu permanecia ali, revisando os últimos relatórios do dia, quando Lucas entrou, sua presença dominando o espaço como sempre. Senti meu corpo reagir imediatamente, uma mistura de tensão e algo que eu me recusava a nomear.— Claire, sei que já está tarde, mas preciso que revise este último documento. — Ele disse, entregando-me um envelope grosso.Assenti, aceitando o envelope e começando a revisar os papéis, sentindo a proximidade dele. Estávamos sozinhos, e o silêncio no escritório só parecia intensificar tudo. A cada segundo, sentia o ar entre nós mais denso, como se algo estivesse prestes a acontecer.Enquanto eu lia, Lucas continuava parado ao meu lado, observando-me atentamente. Quando terminei a última página, ele estendeu a mão para pegar os papéis, mas, em um breve momento, nossos dedos se tocaram. O toque foi breve, mas o suficient
CLAIRENa manhã seguinte, ao chegar no escritório, percebi que Lucas estava um pouco mais calado. Sua expressão era impassível, mas eu podia notar uma leve rigidez em seus gestos, como se também estivesse processando tudo o que havia acontecido na noite anterior. Tentei manter minha rotina, evitando pensar no beijo e no que ele poderia significar, mas era impossível esquecer a intensidade daquele momento.Enquanto organizava alguns documentos, ouvi risadas na sala ao lado. A voz de **Dominic**, amigo de longa data de Lucas, ecoava no corredor.— Então, Lucas, agora você é o senhor Gentileza? — Dominic disse em tom de provocação. — Que aconteceu? Está até tratando a secretária gordinha com toda essa atenção? Isso é coisa de quem bebeu demais.A risada debochada de Dominic fez meu coração se apertar. Quis acreditar que Lucas responderia, que talvez o corrigisse, mas em vez disso, ele apenas suspirou e respondeu:— Não seja idiota, Dominic. Isso foi apenas gentileza. — A resposta dele so
CLAIREO dia seguinte foi mais difícil do que eu imaginava. Tentei colocar uma máscara de indiferença, evitar contato visual e me manter ocupada, mas a verdade era que cada palavra de Lucas e Dominic ainda ecoava em minha mente. Sabia que deveria me acostumar, que, no fim das contas, eu era apenas uma funcionária para ele. Ainda assim, cada vez que ele passava por minha mesa, meu coração batia mais rápido, dividido entre a tristeza e a raiva.Durante a manhã, mantive-me ocupada em minha mesa, tentando me concentrar nos documentos à minha frente. Não queria levantar a cabeça e encontrar o olhar de Lucas. Sentia que ele me observava de sua sala, como se estivesse tentando entender o que havia mudado. Mas eu não estava pronta para encará-lo. Precisava de um tempo para entender o que sentia e o que fazer com isso.Em uma tentativa de esquecer, decidi me perder nas tarefas do dia. Esforcei-me para ignorar o tumulto emocional que me atormentava, mas o peso das palavras que ouvira continuava
CLAIREA semana passou lentamente, e a tensão entre Lucas e eu parecia crescer a cada dia. Desde nossa conversa em sua sala, sentia que ele tentava se aproximar, mas eu mantinha a distância, lembrando-me das palavras que ouvi sem ele saber. Mas, para meu azar, Lucas não parecia disposto a desistir tão facilmente.Naquela sexta-feira, enquanto eu organizava os documentos em minha mesa, ele se aproximou, com um brilho nos olhos que me deixou em alerta.— Claire, temos a festa beneficente da empresa amanhã à noite. — Ele anunciou, casual, mas com um olhar firme. — Seria bom que você estivesse lá.Franzi a testa, surpresa. Nunca antes ele havia me convidado para um evento desse tipo. Sempre pensei que minha presença não fosse necessária, já que eu era apenas sua secretária, a pessoa que mantinha tudo nos bastidores.— Pensei que essas festas fossem apenas para os executivos e os parceiros. — Respondi, tentando evitar a situação desconfortável.— E são. — Ele respondeu, mas então seu olhar
CLAIREA noite estava agradável e descontraída, e eu já começava a me sentir mais confortável no ambiente. Depois da dança com Lucas, senti uma confiança que nunca havia experimentado. A atenção que ele demonstrou e o modo como seus olhos brilhavam ao me olhar me fizeram acreditar, mesmo que só por um momento, que eu era alguém especial.Mas, enquanto Lucas se afastava para conversar com um grupo de investidores, um homem se aproximou, oferecendo um sorriso encantador. Era Andrew Taylor, um jovem empresário que eu havia visto em algumas revistas. Ele era dono de uma rede de hotéis de luxo e emanava uma aura confiante, com seu terno bem cortado e um sorriso que parecia iluminar o ambiente.— Boa noite. Posso me apresentar? Sou Andrew Taylor. — Ele estendeu a mão, os olhos brilhando com um interesse genuíno.— Claire… Claire Mitchell. — Respondi, um pouco tímida, apertando sua mão.— Prazer, Claire. Espero que não seja indelicado, mas você está absolutamente deslumbrante esta noite. — E
CLAIREAquela noite havia sido exaustiva em todos os sentidos. Depois do incidente na festa, ainda tentei manter o foco e me afastar de Lucas o máximo possível. Eu precisava de um tempo para processar tudo, entender o que realmente estava acontecendo entre nós. Mas, mal havia tirado os sapatos e relaxado no sofá, ouvi uma batida na porta.Franzi a testa, surpresa. Quem poderia ser àquela hora? Levantei-me e caminhei até a porta, com o coração acelerado e uma leve sensação de inquietação. Ao abrir, me deparei com Lucas, visivelmente alterado, o cheiro de álcool misturando-se ao perfume amadeirado que sempre usava. Seus olhos estavam levemente vermelhos, mas ele parecia determinado, apesar do estado.— Lucas? O que está fazendo aqui? — Perguntei, surpresa e com a voz baixa.Ele se apoiou no batente, com um sorriso fraco.— Peguei seu endereço na empresa. Achei que... precisava conversar. — Ele murmurou, com um tom arrastado, mas firme.Senti meu coração apertar ao vê-lo ali, tão vulnerá
CLAIRENa manhã seguinte, quando acordei e fui para a sala, Lucas ainda estava lá, adormecido no sofá. Parecia tranquilo, uma paz que eu raramente via em seu rosto. Os traços normalmente rígidos estavam relaxados, e, por um momento, fiquei perdida naquela imagem, pensando no homem que havia revelado uma parte tão frágil de si na noite anterior.Quando finalmente abri a porta da cozinha, o som o despertou. Ele piscou, confuso, mas logo percebeu onde estava e levantou-se, passando a mão pelo rosto. Seu olhar encontrou o meu, e pude ver um leve rubor em seu rosto, uma expressão que, vinda de Lucas, era quase chocante.— Bom dia. — Murmurou, com a voz ainda rouca.— Bom dia. — Respondi, oferecendo um sorriso contido. — Fiz café, se quiser.Ele assentiu, e percebi uma hesitação enquanto caminhava até a cozinha, quase como se estivesse constrangido. Eu me movi até a cafeteira e servi uma xícara para ele, tentando ignorar o nervosismo crescente dentro de mim.— Desculpe aparecer assim ontem.