CLAIREAquela noite havia sido exaustiva em todos os sentidos. Depois do incidente na festa, ainda tentei manter o foco e me afastar de Lucas o máximo possível. Eu precisava de um tempo para processar tudo, entender o que realmente estava acontecendo entre nós. Mas, mal havia tirado os sapatos e relaxado no sofá, ouvi uma batida na porta.Franzi a testa, surpresa. Quem poderia ser àquela hora? Levantei-me e caminhei até a porta, com o coração acelerado e uma leve sensação de inquietação. Ao abrir, me deparei com Lucas, visivelmente alterado, o cheiro de álcool misturando-se ao perfume amadeirado que sempre usava. Seus olhos estavam levemente vermelhos, mas ele parecia determinado, apesar do estado.— Lucas? O que está fazendo aqui? — Perguntei, surpresa e com a voz baixa.Ele se apoiou no batente, com um sorriso fraco.— Peguei seu endereço na empresa. Achei que... precisava conversar. — Ele murmurou, com um tom arrastado, mas firme.Senti meu coração apertar ao vê-lo ali, tão vulnerá
CLAIRENa manhã seguinte, quando acordei e fui para a sala, Lucas ainda estava lá, adormecido no sofá. Parecia tranquilo, uma paz que eu raramente via em seu rosto. Os traços normalmente rígidos estavam relaxados, e, por um momento, fiquei perdida naquela imagem, pensando no homem que havia revelado uma parte tão frágil de si na noite anterior.Quando finalmente abri a porta da cozinha, o som o despertou. Ele piscou, confuso, mas logo percebeu onde estava e levantou-se, passando a mão pelo rosto. Seu olhar encontrou o meu, e pude ver um leve rubor em seu rosto, uma expressão que, vinda de Lucas, era quase chocante.— Bom dia. — Murmurou, com a voz ainda rouca.— Bom dia. — Respondi, oferecendo um sorriso contido. — Fiz café, se quiser.Ele assentiu, e percebi uma hesitação enquanto caminhava até a cozinha, quase como se estivesse constrangido. Eu me movi até a cafeteira e servi uma xícara para ele, tentando ignorar o nervosismo crescente dentro de mim.— Desculpe aparecer assim ontem.
CLAIREOs dias que se seguiram foram um teste de resistência emocional para mim. Após aquela conversa com Lucas em sua sala, sentia que algo havia mudado. Ele agora estava mais próximo, mais atento, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ainda carregava suas dúvidas e medos.Tentei manter as coisas profissionais, mas cada vez que ele passava por minha mesa, cada vez que seu olhar pousava sobre mim, eu sentia uma onda de emoções contraditórias. Era como se ele tentasse me entender, e, ao mesmo tempo, se esforçasse para manter uma distância segura.Em uma sexta-feira à noite, quando já estava arrumando minhas coisas para sair, Lucas apareceu ao lado da minha mesa, com um olhar determinado.— Claire, tem planos para hoje à noite? — Ele perguntou, o tom de voz casual, mas havia algo em seus olhos que me deixava nervosa.Hesitei, surpresa com o convite inesperado.— Na verdade, não… — Respondi, tentando parecer indiferente.Ele sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo gentil e enigmático.— Ót
CLAIREA semana que se seguiu ao beijo foi, no mínimo, confusa. Eu me esforçava para manter o foco no trabalho, mas a lembrança de Lucas, de seus olhos intensos e do toque suave de seus lábios, estava constantemente em minha mente. Evitei confrontá-lo sobre o assunto, preferindo lidar com meus próprios sentimentos, mas a ideia de que algo estava mudando entre nós era inegável.No entanto, Lucas parecia estar um passo à frente. Em uma tarde de sexta-feira, ele se aproximou da minha mesa com um sorriso contido, os olhos brilhando de uma maneira que indicava que algo estava por vir.— Claire, tenho uma proposta de trabalho para você. — Ele disse, mantendo a expressão profissional, mas havia um toque de malícia no tom.Levantei a cabeça, intrigada.— E o que seria, senhor Donovan? — Perguntei, tentando manter a compostura.Ele sorriu, inclinando-se levemente sobre a mesa.— Precisamos fazer uma reunião com alguns parceiros no novo resort de Bellshore. É uma oportunidade para discutir o pr
CLAIREO sol estava brilhando intensamente na manhã seguinte, e o mar parecia ainda mais azul e cristalino do que na noite anterior. Depois de nosso jantar, mal consegui dormir. A tensão e o carinho que eu sentia por Lucas estavam cada vez mais evidentes, e eu não sabia por quanto tempo mais conseguiria manter as coisas sob controle.Às dez da manhã, Lucas me enviou uma mensagem, informando que organizara um passeio de barco para impressionar os investidores e mostrar o lado luxuoso do projeto. Eu não imaginava o quanto esse passeio mudaria as coisas entre nós.Me encontrei com Lucas e os investidores no cais, onde um iate branco e elegante nos aguardava. Ele me lançou um sorriso caloroso ao me ver, e eu me aproximei, tentando manter a compostura.— Preparada para uma manhã no mar? — Ele perguntou, com um brilho divertido nos olhos.Assenti, tentando esconder a ansiedade. Embarcamos no iate, e enquanto Lucas explicava o projeto de expansão para os investidores, eu observei cada movime
CLAIREA noite caiu rapidamente, e o céu estava coberto de estrelas quando Lucas me enviou uma mensagem. Ele queria jantar em um lugar mais reservado do resort, e, pelo tom da mensagem, percebi que ele estava levando o convite a sério. Coloquei um vestido elegante, mas simples, tentando manter a discrição, embora o nervosismo fosse evidente. Não sabia ao certo o que esperar daquela noite, mas sabia que ela seria decisiva para nós dois.Quando cheguei ao restaurante, ele já estava esperando, com um sorriso que parecia iluminar todo o ambiente. Lucas estava visivelmente mais relaxado, sem o peso do CEO meticuloso e calculista que eu conhecia tão bem. Ele se levantou e puxou a cadeira para mim, e, por um instante, senti como se fôssemos apenas duas pessoas comuns, longe do escritório e de toda a pressão que nos cercava.— Você está linda, Claire. — Ele murmurou, com um olhar intenso que me fez corar.— Obrigada, Lucas. — Respondi, tentando disfarçar o nervosismo.O jantar começou com uma
CLAIREQuando voltamos ao escritório, a atmosfera parecia diferente. Mesmo sem dizer uma palavra, os olhares curiosos dos colegas e o burburinho de conversas que paravam quando eu passava me faziam sentir desconfortável. O retorno após a viagem havia criado uma tensão invisível, como se todos ao redor soubessem de algo e esperassem por uma confirmação.Lucas, no entanto, parecia imune a tudo isso. Ele seguia com a mesma confiança de sempre, mergulhado nos compromissos e nas reuniões, mas de vez em quando me lançava um olhar furtivo que me lembrava do que tínhamos compartilhado no resort. O contraste entre o que sentíamos e o ambiente ao nosso redor era cada vez mais difícil de ignorar.No final de uma manhã movimentada, enquanto revisava alguns relatórios em minha mesa, fui surpreendida por um comentário sussurrado entre dois colegas que passavam:— Claire estava com ele o tempo todo naquela viagem. Será que finalmente alguém conseguiu domar o chefe? — Um deles disse, com um riso mali
CLAIRENaquela manhã, depois da conversa com Lucas, a decisão de recusar seu convite para trabalhar diretamente com ele ainda estava me pesando. Sabia que ele só queria me proteger, mas também tinha plena consciência de que precisava me provar sozinha, enfrentando os olhares e as palavras maldosas que surgiam ao redor. Seria fácil aceitar o refúgio seguro que ele oferecia, mas algo dentro de mim insistia em manter minha independência.As horas passavam lentamente, e, ao longo do dia, senti o peso dos olhares e dos cochichos de alguns colegas. No entanto, permaneci firme, concentrando-me em cada tarefa, recusando-me a dar espaço para a insegurança. Estava determinada a mostrar a todos — e a mim mesma — que poderia me manter forte.À tarde, quando eu estava revisando um relatório, fui surpreendida pela assistente de Lucas.— Claire, ele pediu para que você vá ao auditório. — Disse, com um sorriso amistoso.Franzi a testa, surpresa. Eu sabia que o auditório era reservado para grandes reu