A Secretária e o CEO
A Secretária e o CEO
Por: Emmeline Carter
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**Capítulo 1**

CLAIRE

O escritório da Donovan & Co. sempre me pareceu um mundo à parte. Com suas paredes de vidro que iam do chão ao teto e o estilo moderno que exalava poder, o lugar me intimidava e me encantava ao mesmo tempo. Eu tinha batalhado muito para chegar até aqui, para ter uma chance de trabalhar ao lado de Lucas Donovan, mas nunca imaginei que ele teria tanto poder sobre meu coração.

Desde que comecei a trabalhar como sua secretária, algo em mim mudou. Era impossível ignorar sua presença. Ele entrava na sala, e o ar parecia ficar pesado, como se tudo girasse ao seu redor. Lucas tinha uma confiança que quase beirava a arrogância — e talvez fosse isso mesmo, mas essa combinação de poder e indiferença só fazia com que ele parecesse ainda mais... atraente. Alto, com ombros largos e uma voz que exigia atenção, Lucas dominava o ambiente com uma facilidade impressionante. E eu o observava a uma distância segura, sempre profissional, sempre discreta. Ele nunca soube do quanto eu o admirava, do quanto minha vida girava ao redor dos seus pequenos sorrisos ou olhares rápidos em minha direção.

Talvez fosse loucura, talvez fosse tolice. Eu era apenas uma secretária, alguém que ele mal notava, uma sombra no canto de seu escritório luxuoso. Mas havia algo em Lucas que me atraía como um ímã. Era como se eu estivesse condenada a gostar dele, mesmo sabendo que nunca passaria disso.

Meu coração batia forte a cada vez que ele se aproximava, e as palavras educadas que trocávamos escondiam o turbilhão de emoções que eu reprimia diariamente. Muitas vezes, me peguei imaginando como seria se ele me visse como algo além de sua secretária. Mas eu sabia que ele só tinha olhos para mulheres que se encaixavam perfeitamente em seus padrões de beleza. Mulheres magras, impecavelmente vestidas, com corpos esculpidos em academias de luxo.

No entanto, naquela tarde, algo mudou.

Enquanto digitava alguns documentos, uma voz chamou minha atenção. Era Lucas, conversando com um dos sócios ao lado da minha mesa. A conversa era casual, leve, mas havia algo no tom dele que me fez prestar atenção.

— …não tenho paciência para mulher que não se cuida. Mulheres bonitas são aquelas que sabem manter o peso. As outras… bem, nem deveriam tentar.

As palavras atingiram meu coração como uma lâmina afiada. Eu congelei, sentindo o rosto esquentar de vergonha. Era claro que ele não estava falando diretamente de mim, mas aquelas palavras ressoaram dentro de mim como uma verdade absoluta. Era assim que ele pensava. Para ele, eu não passava de uma secretária invisível e fora dos padrões. Engoli em seco, sentindo uma pontada de dor e humilhação.

Por que isso doía tanto? Eu sempre soube que ele jamais se interessaria por alguém como eu. Ainda assim, ouvir isso dele me fazia sentir uma tola, como se todo aquele sentimento que guardei em segredo fosse patético, insignificante. Tentei me concentrar nos papéis à minha frente, mas as palavras dele continuavam ecoando na minha mente, dolorosas e impossíveis de ignorar.

“O que você esperava, Claire?”, pensei comigo mesma, reprimindo uma lágrima que ameaçava escapar. Sempre soube que ele era um mulherengo, um homem que valorizava aparências. Ainda assim, de alguma forma, uma parte de mim — talvez a mais ingênua — tinha esperança de que ele pudesse enxergar algo mais em mim.

Eu passei o resto do dia tentando disfarçar, fingindo que o comentário não me afetara. Fingi não ouvir os risos, a leveza na voz dele, enquanto falava com o sócio, alheio ao efeito devastador que suas palavras tiveram em mim. A cada segundo, a dor e a vergonha cresciam, como um peso insuportável em meu peito. Eu queria chorar, gritar, mas mantive a cabeça erguida. Não iria mostrar fraqueza, não iria deixar que ele visse o quanto aquilo me machucara.

Quando o expediente finalmente terminou, minha vontade era de desaparecer, de me enfiar em casa e esquecer que um dia tive algum tipo de esperança. No entanto, enquanto caminhava para a saída, uma ideia inesperada tomou conta de mim. Em vez de me esconder, de fugir para o conforto da minha cama e me afogar em autopiedade, eu queria fazer algo diferente. Eu queria me sentir... livre.

Dançar. Dançar sempre foi minha válvula de escape. Em meio aos movimentos, eu podia me esquecer de tudo — das inseguranças, das palavras cruéis, das expectativas que nunca se realizavam. Eu conhecia uma boate discreta onde sabia que ninguém do escritório me veria. Lá, eu poderia ser outra pessoa, alguém que não se importava com os padrões de beleza ou com as opiniões alheias.

De pé diante do espelho do meu quarto, me preparei para sair. Vesti um top preto que abraçava minhas curvas e uma saia justa. Olhei para o meu reflexo e, por um momento, uma mulher confiante me encarava de volta. Aquela noite, eu não seria apenas Claire, a secretária invisível. Eu seria quem eu quisesse ser.

Me sentei na beirada da cama e deslizei um batom vermelho pelos lábios, sentindo uma onda de empoderamento tomar conta de mim. A maquiagem leve realçava meus olhos, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti bonita. Eu era dona de mim, e ninguém — nem mesmo Lucas Donovan — poderia tirar isso de mim.

Desci as escadas do meu prédio com o coração acelerado. Sentia uma mistura de ansiedade e empolgação, uma coragem que há muito não experimentava. O caminho até a boate era curto, mas cada passo parecia um afastamento da Claire de todos os dias, da mulher que escondia seus sentimentos e aceitava tudo em silêncio.

Quando cheguei à entrada da boate, o som da música vibrante preenchia o ar, e a iluminação baixa me envolveu em um clima de liberdade. Ali, ninguém sabia quem eu era, e eu estava pronta para aproveitar cada segundo.

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