A Secretária e o CEO
A Secretária e o CEO
Por: Emmeline Carter
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**Capítulo 1**

CLAIRE

O escritório da Donovan & Co. sempre foi um lugar que me intimidava, mas também me fascinava. As paredes de vidro, que se estendiam do chão ao teto, davam ao ambiente uma sensação de imensidão, como se o mundo lá fora fosse pequeno demais diante da grandiosidade daquele espaço. Tudo naquele escritório parecia pensado para exalar poder: o design moderno, o mobiliário minimalista, até o som dos passos sobre o piso polido, como uma música de sucesso tocando sem parar. Era o tipo de lugar onde as pessoas não eram apenas bem-sucedidas — elas eram imponentes.

Eu nunca imaginei que algum dia faria parte daquele universo. Como alguém tão comum, sem qualquer traço de grandeza, teria alguma chance de entrar naquele círculo? Mas eu batalhei muito para chegar ali. Passei noites em claro estudando, lidando com frustrações e momentos de dúvida. Tudo para conquistar a chance de trabalhar ao lado de Lucas Donovan. E, no fundo, eu sabia que era ele quem mais me motivava. A oportunidade de trabalhar com alguém tão brilhante, tão… poderoso, era uma chance única. Mas, mal sabia eu, que, ao conquistar o meu lugar naquele escritório, também estaria me entregando sem querer a uma paixão avassaladora e proibida.

Desde o momento em que comecei a trabalhar como sua secretária, algo em mim mudou. Eu não conseguia mais ser a mesma pessoa. Lucas parecia dominar cada aspecto do meu mundo, embora nunca soubesse disso. Cada vez que ele passava pela minha mesa, algo no meu peito acelerava. E era impossível ignorá-lo. Ele não era apenas um chefe exigente, mas um homem cuja presença invadia todos os cantos do escritório. Seu modo de andar, sua postura rígida e confiante, a maneira como sua voz, profunda e quase arrogante, moldava cada conversa — tudo nele exalava uma energia irresistível, e, de alguma forma, eu me via consumida por ela.

Eu me pegava observando-o, quase sem perceber, enquanto ele discutia com os outros sócios, ou durante aquelas reuniões intermináveis em que sua autoridade parecia definir o ritmo de tudo ao seu redor. Lucas Donovan não tinha apenas poder sobre a empresa. Ele tinha poder sobre o ar que respirávamos. Seu olhar penetrante fazia qualquer um se calar, e sua confiança inabalável o tornava ainda mais atraente. Eu sabia que, no fundo, ele jamais veria alguém como eu — uma simples secretária, alguém que ele mal notava, uma sombra no canto de seu império de vidro e aço.

Mas, mesmo sabendo disso, eu me vi perdendo o controle. Era uma atração que ia além da simples admiração. Cada palavra que ele dizia parecia reverberar dentro de mim, como se tivesse o poder de mexer com algo muito profundo. E eu me via cada vez mais submissa à sua presença. Sua indiferença era quase magnética — quanto mais ele parecia distante, mais eu me aproximava emocionalmente, tentando decifrar cada gesto seu, cada olhar fugaz que me atravessava.

E então, houve aquele dia. Aquele momento que mudou tudo.

Eu estava sentada à minha mesa, digitando alguns documentos, tentando me manter o mais distante possível de tudo o que acontecia ao meu redor, quando a conversa entre Lucas e um dos sócios começou. As palavras que ele dizia me atingiram como um golpe frio, quase como uma lâmina cortando minha carne. Ele estava falando sobre mulheres, e, de repente, aquelas palavras começaram a invadir minha mente, tomar o controle de tudo.

— Não tenho paciência para mulher que não se cuida. Mulheres bonitas são aquelas que sabem manter o peso. As outras… bem, nem deveriam tentar.

As palavras de Lucas ressoaram em minha cabeça como um eco distante, mas agudo, como se ele estivesse falando diretamente para mim. Eu congelei. O rosto aqueceu com a vergonha, e um nó se formou na minha garganta. Era claro que ele não estava falando sobre mim. Eu não era o tipo de mulher que ele notava, não era o tipo que ele desejava. Eu, com minhas inseguranças, com meu corpo longe dos padrões de perfeição que ele tanto valorizava. Eu era invisível para ele. Sempre soubera disso, mas ouvir aquelas palavras, ditas com tanta certeza, me fez sentir algo que eu não sabia como definir. Uma dor crua, uma humilhação profunda.

Por que isso me afetava tanto? Sempre soubera que ele nunca me olharia como algo mais do que uma simples funcionária. Mas, ao ouvir sua opinião sobre o tipo de mulher que ele considerava bonita, algo dentro de mim se quebrou. Eu me senti ridícula. Todas aquelas horas em que, secretamente, me pegava admirando-o, desejando estar em seus braços, foram sumariamente desvalorizadas por aquelas palavras. Era como se, naquele instante, todos os sentimentos que eu guardava em segredo tivessem sido jogados no lixo.

Mas o que mais doía não era apenas o que ele pensava. Era o fato de que eu me importava. Eu me importava com sua opinião, com o modo como ele me via, como se toda a minha autoimagem dependesse do que ele pensava de mim. Eu me senti pequena, menos do que nada.

Eu tentei ignorar as palavras, disfarçar o impacto que elas causaram, mas não consegui. Quando o expediente terminou, o peso daquelas palavras ainda estava sobre mim. Quase como uma marca que não podia ser apagada. Eu queria desaparecer, fugir de tudo aquilo. Mas, então, uma ideia inesperada surgiu, como um grito desesperado dentro de mim. Eu não queria ser a Claire que se escondia atrás de seus sentimentos não correspondidos. Eu queria ser outra pessoa, uma mulher que não se importava com padrões ou com o que Lucas pensava sobre mim.

E foi aí que decidi fazer algo totalmente diferente. Algo que nunca imaginei que teria coragem. Eu ia sair. Eu ia dançar.

Sempre que dançava, eu me sentia livre. Era como se o corpo tomasse conta da minha mente, deixando para trás toda a insegurança e a dor. Na pista de dança, eu poderia ser quem eu quisesse ser, sem julgamentos, sem medo. Não precisava ser a Claire que se escondia atrás de seus sentimentos não correspondidos. Eu seria outra, mais forte, mais confiante.

Coloquei o top preto que abraçava minhas curvas e a saia justa, e, ao me olhar no espelho, pela primeira vez, vi uma mulher diferente. Eu não era mais uma secretária invisível. Eu era eu, e isso era tudo o que eu precisava para me sentir completa. Apliquei o batom vermelho com uma sensação de empoderamento que há muito não sentia, como se cada movimento, cada gesto, estivesse me moldando para uma versão melhor de mim mesma. Eu não me importava mais com o que Lucas pensava. Eu não precisava da aprovação dele. Eu precisava de mim mesma.

Quando desci as escadas, o coração batia forte, e a adrenalina me consumia. O caminho até a boate parecia curto, mas, ao mesmo tempo, cada passo que dava me afastava da Claire tímida, insegura e apaixonada, e me aproximava da mulher que eu queria ser. Eu não sabia o que o futuro me reservava, mas aquela noite, pelo menos, seria minha.

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