Daniel.Depois que Isabelly sair correndo do meu quarto, Cris simplesmente me encarou com raiva e saiu logo atrás dela sem dizer nada. Puxo uma respiração profunda e olho o brinquedo montado pelo chão. Um trem antigo correndo a todo vapor pelos trilhos e túneis. O controlo remoto está largado perto de uma pequena árvore artificial. É realmente um brinquedo fascinante. Penso. Solto outra respiração audível e olho para o cômodo sentindo-me desolado e invadido de uma forma brutal. É como se a minha alma tivesse sido rasgada ao meio e todas as suas doces lembranças violadas. Eles nunca entenderão que esse espaço sempre foi e será só meu e dela. O meu mundo particular onde vivo os melhores momentos com ela. Deveria ser imaculado, intocado, por isso nunca permiti que mulher alguma entrasse aqui. Esfrego o rosto entre uma respiração e outra. Mas bastou aquela mulher petulante entrar no meu caminho, para invadir o meu espaço sem a minha permissão. Garota atrevida, petulante e birrenta. Pego o
Daniel— Débora, pode nos deixar a sós? — peço entrando no quarto. Ela assente e sai. Cris permanece deitado de bruços na cama e olhando pela janela com as mãozinhas por baixo do queixo. Forço um sorriso pra ele. — E aí rapaz, como você está? — Início uma conversa, mas ele permanece na mesma posição e não me responde. — Eu estive pensando, o que você acha de um banho de piscina? — Ele se vira para mim, mas permanece sério.— No clube? — meu sorriso se amplia.— Por que em um clube se temos uma piscina grande aqui só pra nós dois? — Ele volta a se deitar e olhar pela janela. Bufo mentalmente e me sento ao seu lado.— Não tem graça. — Cris resmunga.— Bom, nesse caso podemos ir a um clube já que você quer tanto. — Dou de ombros. Cris se senta na cama e abre um sorriso grande como eu gosto e só com esse gesto eu já ganhei o meu dia.— Squach. — diz.— O que?— Vamos para o Squach.— Tá, tudo bem. Vai se vestir, eu vou preparar algumas coisas pra levar. — O menino pula para fora da cama e
Daniel — Eu não queria agir daquela maneira com você, Isa. Eu juro que não, mas me senti invadido...— Você ainda a ama? — Sua indagação me deixa sem ação, então eu me afasto para olhá-la.— Sim... quer dizer... eu não sei, Isa. Eu... não sei! — Seus olhos dançam fitando-me.— Isso não é amor, Daniel, é obsessão e é doentio — diz com raiva, porém, a sua voz está embargada, e a formação de algumas lágrimas não derramadas fazem os seus olhos brilharem. — Ela te deixou! — Exclama e eu me pergunto de onde porra ela tirou essa sandice. — Ela te abandonou com uma criança pequena. Como pode amá-la por todos esses anos?— Você não sabe do que está falando, Isabelly! — rosno ríspido, mas em tom baixo. A garota me encara silenciosa e eles tentam me desnudar, me invadir, descobrir os meus segredos.— Então me conte. Diga-me que estou enganada. Eu estou cansada de ser tratada como uma flor delicada em um momento e no outro sou tratada como um capacho seu. — Ouvir isso da sua boca me mata por den
Bônus de Christopher Ávila.Desde que nasci escuto minha avó dizer que o meu pai me ama, que ele tem muitos problemas e que por isso nunca se aproximou de mim. Eu tenho só seis anos, não vivi muita coisa na vida, mas posso dizer que esperei a minha vida inteira por um pouco da sua atenção, um pouquinho do seu tempo para mim, uma palavra, um olhar de pai... Quando conheci a Sorvetinho na sorveteria, ela foi um amor comigo mesmo não me conhecendo e eu pensei que nunca mais a veria de novo. Até porque eu a escutei dizer que o meu pai era um ogro. Não sei o que isso quer dizer, mas achei engraçado ouvi-la chamá-lo assim. A Sorvetinho é bem brava e rela responde ao meu pai como uma pirralha birrenta. Vovô me explicou que ogro é um monstro malvado que só existe nos filmes de fantasia. Eu não acho que ele seja um monstro. Penso que o meu papai precisa de carinho, porque ele sente muita falta da mamãe. A mamãe era muito bonita. Eu sei por que eu consegui uma foto dela para mim. Um dia quando
Isabelly Mãos trêmulas, pernas bambas, coração agitado e angustiado no peito. Foi exatamente assim que saí do banheiro do balneário, mas acima de tudo, mantive-me firme em cima do salto e com uma pouse elegante, a final de contas ninguém precisava saber o que realmente aconteceu lá dentro. Se estou satisfeita de ter descoberto os seus segredos mais obscuros? Estou satisfeitíssima! Principalmente de saber que Daniel não é tão indiferente assim a mim. O que me incomoda é constatar que ele também mexe comigo. Seria tão simples nos entregarmos e darmos uma chance aos nossos corações quebrados, porém, antes de qualquer passo ele precisa aceitar que precisa de ajuda e não serei eu o seu bote salva vidas. Não, ele precisa da ajuda de um profissional. Seis longos anos. Penso enquanto caminho até a minha amiga e o seu marido. Seis anos vivendo um amor impossível, amando uma pessoa que nem está mais entre nós, um fantasma. De forma alguma isso é normal. Eu sei o que vi em Minas diante daquele
Daniel.Depois de uma conversa muito complicada trancados dentro de um banheiro e de um acordo nada convencional, ponho os meu os meus óculos de sol, pego a minha bebida e volto a me sentar na cadeira pegando o meu livro como se nada de anormal tivesse acontecido. Entretanto, sinto os olhos dos meus pais sobre mim, mas não digo nada e tento me concentrar na leitura.— Não vai nos dizer o que foi tudo aquilo? — Seu Dam inquire, mas dou de ombros. Dizer o que? Que me senti ameaçado por um merdinha que está se insinuando para a garota que de alguma forma, que eu não sei como, estou interessado? Ou que me senti atraído, enlouquecido e quase que faminto de desejo de tê-la ali mesmo e do jeito que eu quero? Ou talvez eu deva lhes contar que acabei de fechar um acordo maluco de procurar a porra de um psiquiatra em troca de ter uma mulher birrenta e atrevida para mim? Não mesmo. Melhor deixar quieto, não quero criar expectativas para eles e nem para o Cris. Porque se algo der errado apenas eu
Daniel— Não antes de conversarmos. — Interrompo-o, fazendo-o parar. Ele puxa a respiração, deixa os ombros caírem, se vira para mim e assente. — Sente-se Jonas, não vou tomar muito do seu tempo — ordeno e ele o faz.__ Como é o seu relacionamento com a senhorita Sampaio? — pergunto diretamente e ele ergue as sobrancelhas confuso. — É simples janeiro Jonas, me conte o que você sente por ela.— Desculpe, senhor Ávila, mas isso não lhe diz respeito. — O homem rebate nervoso e isso me diz muito sobre ele.— Você gosta dela. — Afirmo. Ele abre e fecha a boca, mas não diz nada. — Eu te pedi uma vez e vou repetir só mais essa vez, Jonas. Fique longe dela!— Não pode me pedir isso, Daniel! — E pela primeira vez na vida o meu assessor resolve me enfrentar sem titubear. Rio por dentro. É, ele realmente gosta da Isa e pelo que vejo se sentiu ameaçado por mim. — A Belly e eu nos conhecemos desde sempre, convivemos desde a adolescência e fizemos faculdade juntos. É uma amizade de anos e eu só me a
Isabelly— Onde ele está? — questiono assim que dona Sara abre a porta pra mim.— Isabelly? O que faz aqui a uma hora dessas, menina? — O Daniel me ligou, ele disse que o Cris precisa de mim. — Ela suspira, mas abre um pequeno sorriso.— Estão no quarto do Daniel. — Senhor Dam informa e sem pensar duas vezes vou para a casa de Daniel, entro e sigo para as escadas. Logo estou dentro do longo corredor e vou para a última. Respiro fundo e bato levemente na madeira. Não demora muito e um homem lindamente preocupado abrir a porta. Nossos olhos se encontram e ele engole em seco.— Que bom que veio, Isa. — O apelido sai com suavidade da sua boca e me causa pequenos arrepios, mas resolvo não dar importância a essa reação e sem lhe responder, eu entro no quarto e vejo que o brinquedo continua lá do jeito que deixei. Meus olhos correm imediatamente para a cama e vejo o pequeno Cris adormecido. Largo a minha bolsa em cima de uma poltrona e caminho ao seu encontro. Calmamente eu me sento ao seu