Isabelly
— Terra para Belly! Isabelly, pelo amor de Deus!
— O quê?
— Faz tempo que estou falando com você, e você não me escuta! Onde está com a cabeça?
— Onde acha que ela está? — Rio e minha amiga revira os olhos.
— Estou indo, você vem?
— Vou, mas estou indo para casa dos meus pais. Prometi para eles que jantaria em casa essa noite.
***
Jantar na casa dos meus pais me deixa um tanto dividida. Entendam, eu os amo de paixão, porém, me reunir com a família Albuquerque tem sido um martírio para a minha vida pessoal.
— Mãe, por favor não vamos mais falar sobre isso de novo, está bem?
— Isabelly, não é fugindo do assunto que você vai mudar as coisas! — Ela insiste.
— Mãe, o Greg e eu nos damos muito bem do jeito que as coisas estão.
— Até quando? Filha, eu só quero o seu bem!
— Tudo bem, eu vou falar com ele e marcar um jantar aqui em casa. Melhorou? Você vai poder conversar com ele, tirar todas as suas dúvidas, mas por hora podemos encerrar esse assunto?
— Podemos. Por enquanto, dona Isabelly Sampaio de Albuquerque ou até ele inventar outra desculpa esfarrapada para não comparecer ao jantar.
Entenderam o que eu quis dizer?
— Pai!? — imploro pelo seu socorro, pois ele está calado até o momento.
Marcos Albuquerque é um homem muito passivo, tranquilo e observador. Foi com essas qualidades que ele avançou no mercado de hotéis de luxo em vários países. Exatamente isso que vocês entenderam. Ele é dono do Caravelas & Cia, uma grande rede de construção de hotéis de luxo. Já dona Mônica Sampaio Albuquerque é o gênio em pessoa. Ela é uma mulher ativa, possessiva e sagaz, sempre atenta aos perigos que a vida impõe aos seus. Mônica é uma leoa faminta e raivosa, e quando algum predador se aproxima das suas crias - nesse caso, o Greg é um Deus nos acuda.
— Desculpe, filha, mas nesse caso a sua mãe está certa. — Reviro os olhos impaciente. — Desde que estão juntos Greg só veio aqui uma única vez e com hora marcada para sair. E ainda tem o fato de não sabermos exatamente nada sobre o seu noivo. Quem é ele? Quem são seus familiares, os seus amigos? Nós não sabemos de nada, filhas.
— Entendi, isso é um complô, certo? — retruco revoltada. — Eu vou falar com o Greg e ele virá para esse bendito jantar, e vocês poderão matar toda e qualquer curiosidade sobre ele. Será que agora podemos jantar em paz? — inquiro deixando claro o meu desagrado.
— Com certeza, filha. — Meu pai responde.
Para a minha felicidade, ninguém mais toca no assunto Greg durante o jantar, o que agradeço de todo o coração. Eu não entendo. Será que apenas eu vejo a pessoa maravilhosa que o meu noivo é? Meus pais, minhas amigas, todos estão sempre me imprensando contra uma parede, sempre querendo informações sobre ele. Não era para EU estar preocupada com esses detalhes? Será que eles não entendem que somos felizes do jeito que as coisas estão? Meu celular toca em algum lugar da casa, despertando-me dos meus pensamentos e peço licença a todos na mesa. Abro um sorriso gigante quando vejo que é Jonas Brito, um colega de longas datas.
— Fala, Brito. Você anda bem sumido, hein.
— Belly, você precisa me salvar! — Arqueio as sobrancelhas.
— Hum, boa noite para você também!
— É sério, porra!
— Está bom, quem está morrendo?
— Preciso que administre uma conta das empresas Drink`s Drive para mim.
— Como assim, Brito? Você sabe que eu não posso…
— Belly, quantas vezes te pedi alguma coisa? — Me interrompe impaciente. Suspiro.
— Hum, deixe-me ver... — O provoco.
— Nunca, porra! Eu que sempre resolvi as suas merdas na faculdade — ralha.
— Ok, Brito! É só que eu acabei de fechar um contrato com uma conta de uma empresa francesa, que está abrindo uma filial aqui no Brasil. Ela é muito grande e eu…
— Ok. Quanto você está recebendo por essa conta? — questiona.
— Acredite, mais do que eu gostaria.
— Eu pago o dobro — rosna. Franzo a testa.
— Mas, você nem sabe quanto é!
— Não importa, caralho! Eu pago o que for, mas tem que ser você. Se eu colocar outro imbecil para administrar essa conta estarei no olho da rua, entende? E ainda tem o fato de que você quer levar seu nome para o topo, certo? — Puxo o ar e solto o ar pela boca.
— Certo.
— Então essa é a sua chance de ouro, garota. Não vai aparecer outra igual nem tão cedo na sua vida, Isabelly Sampaio.
— Nossa, ok! Quando você pode levá-la até o meu escritório?
— Não posso e não vou levá-la para o seu escritório.
— O quê? E como quer que eu faça isso?
— Você terá que ir até o Drink`s Drive. O senhor Ávila falará com você pessoalmente.
— Tudo bem, mas eu quero o triplo do valor do francês.
— O quê? A caso enlouqueceu, mulher?!
— Você disse: eu pago o que for. E eu quero o triplo.
— Puta que pariu, Belly, já pensou em ser vendedora de ações? Iria arrancar muito dinheiro dos trouxas.
— O triplo ou nada, Brito — retruco
— Está bem, porra, você venceu! O triplo, mas não me decepcione, Isabelly Sampaio. O meu emprego depende de você. — Um sorriso presunçoso se espalha pelo meu rosto.
— Até parece que não me conhece, Brito.
— Até amanhã, Belly! Mandarei o endereço para o seu e-mail. Bom jantar! — Franzo o cenho.
— Como sabe do… — Ele desliga sem esperar eu terminar a indagação. Com um suspiro guardo o celular no bolso do meu jeans e volto para mesa, porém, me despeço dos meus pais e irmão.
— Como assim já vai, filha? — Mamãe indaga. — Você nem terminou o seu jantar direito.
— Desculpe, mãe, mas tenho um compromisso amanhã bem cedo e não quero chegar muito tarde em casa. Eu amo vocês! — digo, soltando beijinhos para todos no ar e vou imediatamente pegar a minha bolsa e depois, para o meu carro.
Daniel Olho para o maldito jornal outra vez e não acredito no comentário que o cretino fez durante a entrevista. Puto da vida, jogo o papel em cima da minha mesa e a porta do meu escritório se abre no mesmo instante. Jonas Brito, meu assessor adentra a minha sala e seus olhos cautelosos me encaram por trás da armação dos óculos de grau, acompanhando cada gesto meu, ainda sentado em minha cadeira de couro negro. Enquanto giro-a lentamente de um lado para o outro e o meu dedo indicador roça a barba por fazer, demonstrando a minha paciência que já está no limite.— Mandou me chamar, senhor Ávila? — O tom de voz cauteloso, me faz fechar as mãos em punho.— Sente-se! — ordeno com um tom seco e duro. O rapaz engole em seco e se senta na cadeira de frente da minha mesa, sem desgrudar os seus olhos de cima de mim. Ele sabe que não tolero erros e principalmente, sabe o quanto sou exigente com os meus empregados.— Aconteceu alguma coisa, senhor? — inquire com voz levemente trêmula. Em respos
Daniel— Senhor Ávila, eu faço o meu trabalho de modo impecável. Nunca tive qualquer reclamação sobre meus atos e nunca perdi dinheiro para nenhuma das empresas que representei, então…— Foda-se as empresas que representou ou representa, Moris! A minha empresa eu administro como eu quero e você está demitido! — Vocifero, virando as costas para sair da sala.— Não pode me demitir, Daniel Ávila! — Ele rosna, me fazendo olhar para sua cara de puta. Sorrio.— Eu não só posso, como já o demiti, senhor Moris. Por favor, passe no setor de RH para receber as suas contas. Eu não o quero aqui na minha empresa nem mais minuto! E você, —Aponto para Jonas que até o momento não disse uma palavra. — Tem vinte e quatro horas para encontrar outro administrador para essa conta, e vê se não erra dessa vez, Jonas, ou será o próximo a ir para o olho da rua! — Saio batendo a porta da sala de reuniões e volto imediatamente para o meu escritório.— Senhor Ávila, me desculpe importuná-lo, mas…— O que você q
Isabelly Não acredito que Jonas me convenceu a fazer isso! Resmungo internamente. Se ele sonhasse o quanto estou sobrecarregada com as contas das empresas japonesas e da França, e agora mais essa! Bufo e me sento na cadeira da mesa de sempre na minha sorveteria preferida e peço o meu habitual sorvete de baunilha que eu amo! Enquanto aguardo o meu pedido, olho rapidamente através da janela de vidro transparente de onde posso observar as pessoas nas ruas. Olho as horas em meu relógio de pulso e vejo que já passa das sete da noite. Irritada, tiro o celular de dentro da minha bolsa para ligar para o meu noivo desconectado do mundo. Para a minha completa frustração, a ligação cai direto na caixa postal.— Onde está você? — Decido deixar uma mensagem, mantenho a minha voz calma. Contudo, a minha paciência já estou no meu limite com suas gafes e atrasos. Enfim, mesmo após um dia corrido no escritório, marquei com o Greg aqui na sorveteria às seis e vinte, e até agora nada. Nenhuma mensagem,
Isabelly — Desculpe, Belly! Eu juro que tentei chegar a tempo, mas fiquei preso em uma reunião que só acabou a poucos minutos. Onde você está, amor? — O seu tom carinho me faz suspirar e me repreendo pela explosão sem cabimento, a final, ele não tem culpa.— Estou em casa! — respondo mais calma agora e me acomodo no sofá camurçado, vermelho púrpura.— Estou te ligando para avisar que não poderei ir para sua casa hoje. Te vejo amanhã? — O quê? Como assim?— Greg, nós precisamos conversar! — insisto. Ele solta uma respiração audível do outro lado.— Amanhã, querida, eu prometo! — Puxo uma respiração consternada e tento me conformar.— Promete que não passa de amanhã, Greg?— Eu prometo! Olha só, vou pedir para minha secretária cancelar qualquer compromisso de amanhã. Melhor assim? — Inevitavelmente abro um grande sorriso.— Bem melhor assim, meu amor!— Até amanhã! Eu te ligo, tudo bem?— Vou ficar esperando. Eu te amo, Greg!— Eu também. — E encerra a ligação junto com a nossa convers
Isabelly — V- vocês se co-conhecem? — Brito gagueja uma pergunta. Ele deve estar em pânico. Isso sempre acontece quando ele está nervoso ou em pânico. Contudo, eu não consigo tirar os meus olhos de cima do ogro a minha frente. Sério, o homem é estupidamente lindo, gostoso, forte, elegante e esses olhos? Caramba, são os mais lindos que já vi! A boca tem um tom de vermelho que chega a dar vontade de morder. Droga, e esses cabelos? Negros, lisos e cheios. As minhas mãos coçam de vontade de tocá-los, de puxá-los e… Opa! Freio aí, dona Isabelly! Freio e foco!— O que você faz aqui? — O ogro rosna de maneira rude e sem tirar seus olhos de mim. Entretanto, enfrento o seu olhar.— Desculpe, senhor Ávila! Essa é Isabelly, a nova administradora da sua conta. — Seus olhos demostram a surpresa ao receber tal informação. Seus olhos verdes-escuros passeiam rapidamente por meu corpo, começando na cabeça até os pés e voltam todo o trajeto encontrando os meus olhos outra vez.— Imagino que trouxe um
Daniel.— Oi, Alex! — falo mal-humorado para o meu amigo.— Uau, o dia mal amanheceu e você já está com esse humor canino?— Como está Amanda? — Ignoro o seu comentário irônico. Alex Village é uma cara formidável, eu o conheço a mais de sete anos. Na verdade, nos conhecemos em mais um daqueles eventos da alta sociedade onde grandes empresários de vários ramos se encontram e trocam experiências, ou acabou se associando a outros setores. Através dele conheci Nick o irmão de Amanda que além de ser um excelente profissional na área de fotografias também trabalha para mim.— Vai me contar por que está assim? — inquire.— Acabei de fazer uma nova contratação.— O novo administrador para Drin'ks Drive?— Isso.— E não gostou da nova contratação?— Gostei até mais do que deveria.— Não entendi, onde está o problema?— Ela é atrevida demais para o meu gosto.— Ela? — Faço um gesto positivo para ele e o idiota gargalha bem na minha cara. Bufo contrariado.— O problema é que a conheci por aciden
DanielDois dias depois…Olho para o relógio com impaciência mais uma vez. Odeio atrasos e odeio ainda mais ter que esperar! O garçom vem pela segunda vez a mesa e pergunta se desejo fazer o meu pedido.— Ainda não, estou aguardando uma pessoa e assim que ela chegar faremos os pedidos — digo com um tom seco. O rapaz assente e se afasta da mesa sem graça. No mesmo instante a uma mulher com um vestido branco e colado ao corpo entra no estabelecimento. Observo atentamente a barra do vestido acima do joelho, deixando a mostra as pernas lindas e torneadas. Meus olhos sobem pelo seu corpo e paro nos cabelos soltos, caindo como uma cascata dourada pouco abaixo dos seus ombros. Os óculos escuros escondem o azul dos seus olhos e ela caminha em minha direção. Contudo, não pude deixar de observar o quanto está ofegante e os seus seios sobem e descem com uma respiração descompassada. Ela se senta à minha frente e tira os seus óculos, me olha nos olhos e antes que diga qualquer coisa eu falo:— Es
Isabelly.Sentir seu corpo duro e firme bater contra o meu e suas mãos grandes, e quentes apertar a minha cintura. A sua respiração quente afagou a minha pele e Deus, sinto que estou derretendo de tão quente que estou ficando. Por fim, o perfume cítrico invadiu os meus sentidos, fazendo o meu coração bater mais forte dentro do meu peito. Suas írises azuis parecem querer desvendar a minha alma. Isso é aterrorizante, embora eu nem tenha tantos segredos assim. Contudo, ofego quando os seus olhos encontram a minha boca e se mantém ali por longos e desejosos segundos. Eu não deveria, não posso na verdade, mas devo confessar, nesse momento estou ávida por um beijo seu que está prestes a acontecer. Droga, Amanda, você está noiva e deveria se afastar! A voz da razão aponta, mas, a merda toda é que eu quero muito esse beijo, quero sentir o seu gosto na minha boca, na minha língua. Ou, Deus, que maluquice é essa que eu estou pensando? Rogo mentalmente. No entanto, somos interrompidos por uma bu