Daniel
Dois dias depois…Olho para o relógio com impaciência mais uma vez. Odeio atrasos e odeio ainda mais ter que esperar! O garçom vem pela segunda vez a mesa e pergunta se desejo fazer o meu pedido.— Ainda não, estou aguardando uma pessoa e assim que ela chegar faremos os pedidos — digo com um tom seco. O rapaz assente e se afasta da mesa sem graça. No mesmo instante a uma mulher com um vestido branco e colado ao corpo entra no estabelecimento. Observo atentamente a barra do vestido acima do joelho, deixando a mostra as pernas lindas e torneadas. Meus olhos sobem pelo seu corpo e paro nos cabelos soltos, caindo como uma cascata dourada pouco abaixo dos seus ombros. Os óculos escuros escondem o azul dos seus olhos e ela caminha em minha direção. Contudo, não pude deixar de observar o quanto está ofegante e os seus seios sobem e descem com uma respiração descompassada. Ela se senta à minha frente e tira os seus óculos, me olha nos olhos e antes que diga qualquer coisa eu falo:— Está atrasada, senhorita Sampaio! — digo a encarando.— Peço desculpas, senhor Ávila, fiquei presa em uma reunião com um grupo da França e a reunião acabou por extrapolar o meu horário e...— Precisa organizar melhor os seus horários senhorita, eu sou um homem extremamente ocupado e não posso ficar esperando a sua boa vontade! — Ela abre ainda mais os olhos azuis em espanto, mas logo os estreita em misto de raiva e surpresa.— Não voltará a acontecer, senhor Ávila, eu garanto! — diz tirando a pasta de sua bolsa e me entrega. O garçom volta a mesa.— Deseja fazer o pedido agora? — inquire.— Sim, eu quero um lombo ao molho madeira, uma salada e o seu melhor vinho, por favor!— Sim, senhor e a senhorita? — Ele olha para a petulante que está atenta ao celular.— Ah não, só uma água mesmo. Eu não tenho tempo agora para...— Já passa de uma da tarde, senhorita Sampaio. Tem certeza de que não vai almoçar?— Como estava dizendo. — Ela me olha atravessado e depois volta a falar com o garçom, porém, com os olhos fixos na tela do celular. — Não vou fazer o meu pedido, eu tenho mais uma reunião daqui a meia hora, então...— Não acha que está sendo relapsa demais com a sua alimentação? — ralho com impertinência. Ela volta a tirar os olhos do maldito celular e me encara de volta.— Não se preocupe, senhor Ávila, eu como qualquer coisa no caminho. Traga a minha água, por favor! — pede.— Um suco de frutas para ela, rapaz — imponho. — Já que não vai almoçar pelo menos beba algo nutritivo. — Ela bufa audivelmente.— Tudo bem, traga um suco. — Ela acata o meu pedido e o rapaz sai. Em silêncio, abro a pasta e confesso que estou impressionado com as ideias que a atrevida tem. Ela realmente nasceu para isso. Penso quando encerro a leitura do projeto e no mesmo instante os nossos pedidos chegam. Novamente o garçom se retira e eu olho para a mulher a minha frente.— Gostei das ideias, senhorita Sampaio. Elas são diferentes de tudo o que já me apresentaram durante todo esse tempo que estou no mercado. — A garota me abre um sorriso pela primeira e ele é... lindo. Devo admitir que ela fica ainda mais bonita com ele no rosto.— Obrigada! — diz mais relaxada. — E até já sei como resolver a questão da péssima entrevista do seu antigo administrador. — Interessado, eu arqueio as sobrancelhas.— Ah é? E como fará isso? — questiono, passando o guardanapo na boca em seguida e um sorriso travesso vem logo em seguida.— Não costumo revelar os meus segredos, senhor Ávila. — E lá está sua petulância de novo.— Senhorita Sampaio, eu não gosto de surpresas. O último que tentou me surpreender foi parar no olho da rua — rosno firme e o seu sorriso morre imediatamente. Isso mesmo sua petulantezinha, baixa essa crista e veja quem é que manda aqui. Sorrio por dentro.— Bom, nesse caso, o senhor terá que engolir mais uma surpresa, mas não se preocupe, irei surpreendê-lo e um jeito que jamais se arrependerá de ter me contratado. — O QUÊ?— Sampaio, não se atreva! — rosno entre dentes. Essa garota tem o dom de me tirar do sério e com um sorriso ainda mais atrevido ela rebate:— O segredo é a alma do negócio, senhor Ávila. Nunca ouviu falar nessa frase? — A indagação petulante faz o meu sangue ferver e quando penso em rebater, o seu celular começa a vibrar sobre a mesa. Ela olha a tela e puxa a respiração.— Não vai atender? — Não. O meu noivo pode esperar até o final da nossa reunião. — Franzo o cenho.— Há quanto tempo estão noivos?— Quase quarenta dias. — Assinto.— Por mim pode atender, acho que já conversamos o suficiente por hoje e vou aguardar essa sua "surpresa" e espero que seja bem agradável.— Eu sei o que estou fazendo, senhor Ávila, não se preocupe com nada. — O celular volta a vibrar e ela se põe de pé. — Eu tenho que ir e passar bem, senhor Ávila! — diz e me ponho de pé no mesmo instante.— Eu a acompanho, Sampaio. — Não precisa. — Ela ralha e sai me dando as costas. Petulante de merda! Rosno mentalmente e apresso os meus passos para alcançá-la na porta.— Eu faço questão de acompanhá-la até o seu carro — insisto quando chegamos a calçada. A mulher para em um rompante quase me fazendo esbarrar contra o seu corpo e me encara de frente.— Senhor Ávila, eu não preciso que me acompanhe a lugar algum. Sou bem consciente de onde ir e vir. — E do jeito que se virou para mim, ela volta a caminhar para o seu carro. Contudo, não percebe quando um ciclista vem quase que em cima dela. Um instinto protetor me acomete e a puxo bruscamente de volta, fazendo-a colidir violentamente contra o meu corpo e a mantenho segura ali. Imediatamente o seu perfume invade as minhas narinas e sou completamente absorvido por uma sensação estranha. Por algum motivo me pego inclinando levemente a minha cabeça, fecho os meus olhos e aspiro ainda mais o seu cheiro, sentindo a minha cabeça girar e o meu coração b**er forte demais dentro do meu peito, e consequentemente o sangue ferve. Contudo, ela se afasta um pouco e eu abro os meus olhos encontrando os seus. Droga, a sua respiração morna b**e com leveza no meu rosto e automaticamente as minhas mãos apertam a sua cintura. Trinco fortemente o maxilar quando o meu olhar cai para sua boca e eu me sinto atraído por ela. Uma vontade louca de beijá-la, de tomá-la para mim. Porra, o que ela faria se eu? Engulo em seco e me inclino para mais perto. Meu coração agora b**e enlouquecido quando Isabelly fecha os olhos e a sua boca fica entreabre. É inevitável, eu tenho que provar o seu sabor, saber se essa boca é tão macia quanto aparenta. Deus! Suplico, fechando os meus olhos e roço os meus lábios nos seus. Sua respiração fica ainda mais ofegante e está me deixando maluco. Eu só me senti assim uma única vez e com a minha esposa. Pensar em Suzy nesse momento me faz pensar no que eu estou fazendo e uma buzina estrondosa quebra toda e qualquer conexão entre nós. Isabelly se afasta e eu também. No entanto o olhar pesado da loira torna-se furioso e eu me pergunto se é para mim toda essa fúria.— O que você pensa que está fazendo, Ávila? — rosna entre dentes. — Salvando você — respondo o óbvio. Ela abre um sorriso debochado.—Salvando, é sério? Do que?— Será que não viu? Você quase foi atropelada por um ciclista! — Ela gargalha.— Sério, senhor Ávila? Da próxima vez invente uma desculpa melhor! — Essa insolente está insinuando que eu?— Você é louca! — grasno com voz alterada. Ela j**a a bolsa dentro do carro e entra em seguida. Liga o motor, mas antes de sair me mostra o dedo do meio. — Sua maluca! — grito e volto para o restaurante pisando duro.Isabelly.Sentir seu corpo duro e firme bater contra o meu e suas mãos grandes, e quentes apertar a minha cintura. A sua respiração quente afagou a minha pele e Deus, sinto que estou derretendo de tão quente que estou ficando. Por fim, o perfume cítrico invadiu os meus sentidos, fazendo o meu coração bater mais forte dentro do meu peito. Suas írises azuis parecem querer desvendar a minha alma. Isso é aterrorizante, embora eu nem tenha tantos segredos assim. Contudo, ofego quando os seus olhos encontram a minha boca e se mantém ali por longos e desejosos segundos. Eu não deveria, não posso na verdade, mas devo confessar, nesse momento estou ávida por um beijo seu que está prestes a acontecer. Droga, Amanda, você está noiva e deveria se afastar! A voz da razão aponta, mas, a merda toda é que eu quero muito esse beijo, quero sentir o seu gosto na minha boca, na minha língua. Ou, Deus, que maluquice é essa que eu estou pensando? Rogo mentalmente. No entanto, somos interrompidos por uma bu
Isabelly Eu entendo que o meu noivo é um homem extremamente ocupado e entendo a sua dificuldade em conversar, em se abrir. Entendo o fato de ele ser um cara importante, sempre solicitado, mas porra, parece que só existe eu nessa relação, parece que só eu me preocupo com o contato, o carinho, a atenção e essa droga de jantar! Respiro fundo e largo o telefone em cima da minha mesa. Eu realmente espero que esteja lá Greg, porque com certeza toda a família estará e se você não aparecer, será a maior de todas as decepções da minha vida. Penso. Saio do meu escritório quando tudo já está escuro e dirijo pelo trânsito caótico do Rio, me sentindo frustrada. Longos minutos depois, estou no meu apartamento. No banheiro, livro-me das minhas roupas e tomo um banho demorado. Debaixo d’água, os meus pensamentos são invadidos por um certo senhor ogro e droga, ainda consigo sentir o seu hálito quente em minha pele, a boca sedenta pelo beijo não dado, o seu toque firme nas minhas carnes.— Ou, merda!
Daniel— Maluca, neurótica! — Resmungo enquanto volto dentro do restaurante. Rio sem vontade. — Só pode ser uma louca pensar que eu fiz aquilo de propósito. — Pago a conta e vou para o meu carro. Dirijo direto para a vinícola, pois preciso acompanhar de perto o andamento das coisas por lá. Em meia hora estou passando com meu carro por uma comprida estrada de barro ladeada por incontáveis vinhedos dos dois lados. Uma imensidão em hectares de pés de uvas que vão além de onde a vista consegue alcançar. Fito com muito orgulho essa conquista e penso que ela só existe por causa dela... Susy. Foi através da minha esposa que adquiri o bom gosto pelo vinho. Ela sim, era expert em degustar os melhores e foi por isso que investi no ramo dos vinhos. Comprei as terras, contratei lavradores e instalei a vinícola apenas para presenteá-la em nosso aniversário de casamento. O que me machuca é saber que ela nem chegou a conhecer esse lugar, isso só ia acontecer um mês depois do nascimento do Cris, mas
Daniel Memórias...— Estamos aqui reunidos para nos despedir dessa pessoa maravilhosa, que com certeza fará muita falta em nossas vidas. Susy Ávila, boa filha, boa esposa... — A voz do pastor se faz ouvir ao ar livre no meio do cemitério, mas não escuto o que ele diz, apenas os murmúrios me incomodam. Não tenho como ouvir com uma dor massacrando o meu peito, me arrancando as lágrimas não cessaram. Não tenho mais nada para pôr para fora, estou vazio, completamente oco. Os meus olhos estão o tempo todo fixos no caixão, que está descendo lentamente a sepultura. É a hora da despedida e eu juro que não estou preparado para isso. Respiro fundo algumas vezes, mas o ar não vem. Eu não sou capaz, é como se estivesse indo com ela para aquele maldito buraco. Aperto com força a rosa espinhosa, ela machuca a minha mão, penetra a minha pele, mas a ardência em nada se compara a essa dor que estou sentindo agora. Meu pai dá dois tapinhas em meu ombro e eu desperto para ir ao nosso último encontro. A
Daniel A mansão Albuquerque é imensamente linda como eu imaginava. Em sua decoração predomina alguns quadros abstratos, cores fortes e alegres, estatuetas e móveis modernos. Nick tinha razão, tem uma quantidade considerável de empresários de vários ramos aqui e vejo a possibilidade de fechar bons negócios nesse lugar. Assim que entramos na casa somos recebidos pelo casal de anfitriões Mônica e Marcos Albuquerque, e claro, o homem é um dos sócios majoritários da rede de hotéis de luxo com quem terei todo o prazer de negociar. De onde estou fito o menino inquieto e a babá tentando acalmá-lo. Decido ir até eles, pois não posso perder essa chance por nada desse mundo.— Débora? — A garota ruiva, de olhos castanhos e estatura mediana ergue o seu olhar para mim. — Leve o garoto para brincar com as outras crianças lá fora — peço.— Certo, Daniel. — Daniel? Quem lhe deu essa liberdade? Me pergunto, porém, não contesto. A garota me abre um sorriso travesso antes de me dar as costas, segura a
IsabellyAcordo no dia seguinte com uma puta dor de cabeça. Meu quarto está totalmente inundado pela luz do sol, que me faz gemer dolorosamente. Forço-me a abrir os olhos que estão pesados e as lembranças da noite passada me invade a mente sem piedade alguma....— Para onde você quer ir? — Amanda perguntou enquanto dirigia. Levo o gargalo da garrafa a boca e tomo um gole grande da bebida.— Tanto faz, me leva para qualquer lugar. — Viro a garrafa outra vez e o líquido queimando em minha garganta e meu estômago vazio.— Que tal a orla, podemos nos sentar e conversar um pouco — sugere. Faço não com a cabeça.— Não. Eu quero dançar — digo e ela sorri.— Então vamos dançar! — fala animada e acelera o carro.Em questão de minutos chegamos ao centro da cidade e logo Amanda estacionou o carro em frente a danceteria. Pela fila que tinha do lado de fora, imaginei que a casa estivesse lotada e eu não errei na minha dedução. Assim que entramos eu fui direto para a pista de dança, seguindo o rit
Isabelly Eu sei que vocês devem estar pensando que eu deveria ser mais energética e cobrar mais desse homem, mas no fundo, ele está certo. Eu sempre soube do tipo de homem de negócios que ele é, isso ele nunca escondeu de mim. Começo a pensar se estou me tornando uma mulher carente e obcecada pelo meu noivo. E vamos e convenhamos, não é ele quem deve se adaptar a minha família e sim, eles precisam se adaptar a vida corrida do meu noivo. Devo admitir, é incrível como ele sabe me fazer esquecer que em poucas horas que eu estava na merda, arrasada, me sentido um nada. Greg tem um jeitinho especial de me encantar e a raiva que eu sentia a minutos atrás evaporou como fumaça. Eu o amo e ele é o meu tudo.— Está pensando em que? — Ele pergunta baixinho ao pé do meu ouvido, deixando alguns beijinhos estalados em meu pescoço. Me viro de frente para o meu noivo e ele me olha sério.— Em nós dois, em como podemos melhorar essa distância entre nós.— Será por pouco tempo, amor.— Promete?— Eu p
Isabelly Em meu apartamento Greg está especialmente atencioso, amoroso, romântico o típico homem que eu sempre esperei dele, mal entramos no AP e ele e me agarra e me beija, seu corpo guiando o meu para o quarto, dando um beijo sôfrego e possessivo, suas mãos me reivindicando, ele me deita na cama de vagar, tira as minhas roupas no mesmo ritmo, parece memorizar cada detalhe do meu corpo, cada pedacinho dele, então ele se livra das suas roupas e começa uma sucessão de carícias, de beijos, de sussurros, Greg me penetra sem pressa alguma, absorvendo cada sensação, me olhando nos olhos, ele suga , apalpa, beija parece uma devoção, uma adoração ao meu corpo, seus beijos parecem diferentes, mais exigentes, no quarto não se ouve promessa alguma , nem juras de amor, há apenas os sons dos nossos gemidos.— Eu te amo, Isabelly! — diz em tom de voz baixo e rouco, seus olhos me fitam cheios de lágrimas, é a primeira vez que me diz essas palavras com todas as letras, é a primeira vez que fala com