Daniel.
— Oi, Alex! — falo mal-humorado para o meu amigo.— Uau, o dia mal amanheceu e você já está com esse humor canino?— Como está Amanda? — Ignoro o seu comentário irônico. Alex Village é uma cara formidável, eu o conheço a mais de sete anos. Na verdade, nos conhecemos em mais um daqueles eventos da alta sociedade onde grandes empresários de vários ramos se encontram e trocam experiências, ou acabou se associando a outros setores. Através dele conheci Nick o irmão de Amanda que além de ser um excelente profissional na área de fotografias também trabalha para mim.— Vai me contar por que está assim? — inquire.— Acabei de fazer uma nova contratação.— O novo administrador para Drin'ks Drive?— Isso.— E não gostou da nova contratação?— Gostei até mais do que deveria.— Não entendi, onde está o problema?— Ela é atrevida demais para o meu gosto.— Ela? — Faço um gesto positivo para ele e o idiota gargalha bem na minha cara. Bufo contrariado.— O problema é que a conheci por acidente ontem à noite quando fui obrigado a pegar o Cris em uma sorveteria.— E? — O idiota engole o riso, mas o mantém um sorriso besta na cara.— Enquanto eu pagava a conta o garoto se afastou de mim e eu fiquei como um louco a sua procura. O encontrei na mesa de uma garota conversando e claro que eu fiquei puto da vida. Merda, ninguém ensinou para o garoto que não se deve conversar com estranhos? — ralho e ele faz sinal para eu continuar. — O fato é que eu briguei com o garoto e...— O que não é novidade! — Alex comenta.— Vai me deixar falar?— Claro, Desculpe!— A filha da mãe ficou uma fera, me xingou de tudo o que pode e ainda me deixou falando sozinho, acredita nisso? — Alex solta uma gargalhada sem tamanho chamando a atenção de alguns clientes.— Olá, pessoal, perdi alguma coisa? — Nick fala assim que se acomoda à minha frente e encara um Alex vermelho de tanto rir.— Qual é a piada? — Ele pergunta e revoltado reviro os olhos.— Também gostar saber — ralho irritado.— Desculpa cara, mas não deu para segurar mesmo. Quer dizer que você encontrou alguém a sua altura? — Mais gargalhadas.— Alguém, de quem vocês estão falando? — Nick indaga ainda perdido na conversa.— Porra, Alex, dá para levar as coisas a sério? — Explodo e ele engole o riso. Respira fundo e pede desculpas mais uma vez.— Sério, pode continuar. Eu prometo não rir mais — bufo.— Eu espero! — resmungo. — Então, o pior disso tudo é que a tal garota é a mesma que Jonas conseguiu para cuidar da minha nova preciosidade. — Concluo.— E ela é bonita pelo menos? — questiona.— Linda cara! Mas o que tem de bonita tem de petulante. Acredita que ela exigiu que a chamasse pelo sobrenome? — Sério?— Pôs todos os pingos nos is de uma forma bem profissional, mas antes disso disse que eu era um ogro, arrogante e mal-humorado.— Filha da puta! — Nick fala abismado.— E aí, como se sentiu sendo desafiado por uma leoa?— Eu não fui desafiado, Alex — rebato exasperado. — Ela apenas impôs o que eu sempre imponho, então não há o que reclamar.— Então por que está reclamando? — Alex rebate segurando mais uma risada. Filho da mãe!— Eu não estou reclamando, só não gostei da petulância dela, a final, sou eu quem vai pagar o seu salário, certo?— Mas, isso não quer dizer que você tem que ser arrogante com os seus empregados, Dani. — Nick intervém.— Eu não estou sendo arrogante com meus funcionários, só exijo que seus trabalhos sejam perfeitos e pontuais. Isso é pedir demais?— Não, mas você as vezes deixa a desejar. — Alex ralha.— Sabe o que eu acho? Que você precisa de sexo, cara. Sério, você precisa extravasar um pouco, entende? — Rio do comentário petulante do meu amigo.— Garanto a você que em termos de sexo eu estou em dia meu, caro. Bom, vamos ao que nos interessa? Trouxe as fotos? — pergunto para o Nick.—Trouxe e elas ficaram perfeitas. — Ele diz.— Eu é que tenho que dizer isso, meu caro amigo. — Ele revira os olhos e me entrega uma pasta preta com as imagens de que preciso.— Até parece que não me conhece! — resmunga com orgulho. E ele tem razão. Olho cada foto minuciosamente e como sempre não tenho o que reclamar. Nick é perfeito no que faz.— Elas estão ótimas! Tem as imagens no cartão de memória que te dei?— Sim. — Ele tira o pequeno objeto do bolso do seu terno e me entrega.— Ótimo, quando chegar em casa passo para dona encrenca.— Quem?— A minha nova administradora.— Ah!— E aí? Vamos fazer uma noitada só dos garotos? — Alex sugere.— Eu não posso. Thalita anda meio enjoada esses dias e ainda tem o nosso garotão. Não vou deixá-la sozinha.— Eu também não posso. Minha mãe está com meu pai doente e eu tive que ficar com o Cris.— Você está cuidando do Cris?! — Alex pergunta boquiaberto. Mexo os ombros com desdém.— Não diretamente. Coloquei uma babá vinte e quatro horas por dia em cima dele, exceto quando está na escola, mas a minha mãe exigiu que saísse com ele pelo menos por uma hora. Vou levá-lo a um parque de diversões e Marina a babá poderá olhá-lo enquanto aproveito o espaço de tempo para trabalhar no meu laptop.— Ah, crueldade, Daniel. Ele é teu filho, cara! — Nick retruca.— E você acha que eu não sei disso?— Você devia se aproximar mais do garoto, Dani. — Alex diz sugestivo.— E você acha que já não tentei? Eu simplesmente não consigo, Alex, é mais forte do que eu!— Você devia procurar ajuda profissional cara, sério!— Eu não preciso de um profissional, Nick, eu só preciso de um tempo.— Tempo, Daniel, sério? Já se passaram seis longos anos, cara!— E você acha que eu sei disso? — rosno impaciente.— Você pode perder o seu garoto para sempre, Daniel e aí será tarde demais!— Não vou perdê-lo, ele está sendo muito bem cuidado e orientado.— Isso não é o suficiente, Daniel! — Nick rebate furioso.— Olha, eu tenho que ir. — Me levanto da cadeira imediatamente. — Sim, estou fugindo do assunto mais uma vez. Largo uma nota de cem em cima da mesa e pego a pasta que Nick me entregou. — A gente se ver, rapazes. — Saio do restaurante, deixando meus dois melhores amigos calados e estáticos com a minha atitude. Entro no carro e dou ordem para Enzo seguir direto para a empresa.DanielDois dias depois…Olho para o relógio com impaciência mais uma vez. Odeio atrasos e odeio ainda mais ter que esperar! O garçom vem pela segunda vez a mesa e pergunta se desejo fazer o meu pedido.— Ainda não, estou aguardando uma pessoa e assim que ela chegar faremos os pedidos — digo com um tom seco. O rapaz assente e se afasta da mesa sem graça. No mesmo instante a uma mulher com um vestido branco e colado ao corpo entra no estabelecimento. Observo atentamente a barra do vestido acima do joelho, deixando a mostra as pernas lindas e torneadas. Meus olhos sobem pelo seu corpo e paro nos cabelos soltos, caindo como uma cascata dourada pouco abaixo dos seus ombros. Os óculos escuros escondem o azul dos seus olhos e ela caminha em minha direção. Contudo, não pude deixar de observar o quanto está ofegante e os seus seios sobem e descem com uma respiração descompassada. Ela se senta à minha frente e tira os seus óculos, me olha nos olhos e antes que diga qualquer coisa eu falo:— Es
Isabelly.Sentir seu corpo duro e firme bater contra o meu e suas mãos grandes, e quentes apertar a minha cintura. A sua respiração quente afagou a minha pele e Deus, sinto que estou derretendo de tão quente que estou ficando. Por fim, o perfume cítrico invadiu os meus sentidos, fazendo o meu coração bater mais forte dentro do meu peito. Suas írises azuis parecem querer desvendar a minha alma. Isso é aterrorizante, embora eu nem tenha tantos segredos assim. Contudo, ofego quando os seus olhos encontram a minha boca e se mantém ali por longos e desejosos segundos. Eu não deveria, não posso na verdade, mas devo confessar, nesse momento estou ávida por um beijo seu que está prestes a acontecer. Droga, Amanda, você está noiva e deveria se afastar! A voz da razão aponta, mas, a merda toda é que eu quero muito esse beijo, quero sentir o seu gosto na minha boca, na minha língua. Ou, Deus, que maluquice é essa que eu estou pensando? Rogo mentalmente. No entanto, somos interrompidos por uma bu
Isabelly Eu entendo que o meu noivo é um homem extremamente ocupado e entendo a sua dificuldade em conversar, em se abrir. Entendo o fato de ele ser um cara importante, sempre solicitado, mas porra, parece que só existe eu nessa relação, parece que só eu me preocupo com o contato, o carinho, a atenção e essa droga de jantar! Respiro fundo e largo o telefone em cima da minha mesa. Eu realmente espero que esteja lá Greg, porque com certeza toda a família estará e se você não aparecer, será a maior de todas as decepções da minha vida. Penso. Saio do meu escritório quando tudo já está escuro e dirijo pelo trânsito caótico do Rio, me sentindo frustrada. Longos minutos depois, estou no meu apartamento. No banheiro, livro-me das minhas roupas e tomo um banho demorado. Debaixo d’água, os meus pensamentos são invadidos por um certo senhor ogro e droga, ainda consigo sentir o seu hálito quente em minha pele, a boca sedenta pelo beijo não dado, o seu toque firme nas minhas carnes.— Ou, merda!
Daniel— Maluca, neurótica! — Resmungo enquanto volto dentro do restaurante. Rio sem vontade. — Só pode ser uma louca pensar que eu fiz aquilo de propósito. — Pago a conta e vou para o meu carro. Dirijo direto para a vinícola, pois preciso acompanhar de perto o andamento das coisas por lá. Em meia hora estou passando com meu carro por uma comprida estrada de barro ladeada por incontáveis vinhedos dos dois lados. Uma imensidão em hectares de pés de uvas que vão além de onde a vista consegue alcançar. Fito com muito orgulho essa conquista e penso que ela só existe por causa dela... Susy. Foi através da minha esposa que adquiri o bom gosto pelo vinho. Ela sim, era expert em degustar os melhores e foi por isso que investi no ramo dos vinhos. Comprei as terras, contratei lavradores e instalei a vinícola apenas para presenteá-la em nosso aniversário de casamento. O que me machuca é saber que ela nem chegou a conhecer esse lugar, isso só ia acontecer um mês depois do nascimento do Cris, mas
Daniel Memórias...— Estamos aqui reunidos para nos despedir dessa pessoa maravilhosa, que com certeza fará muita falta em nossas vidas. Susy Ávila, boa filha, boa esposa... — A voz do pastor se faz ouvir ao ar livre no meio do cemitério, mas não escuto o que ele diz, apenas os murmúrios me incomodam. Não tenho como ouvir com uma dor massacrando o meu peito, me arrancando as lágrimas não cessaram. Não tenho mais nada para pôr para fora, estou vazio, completamente oco. Os meus olhos estão o tempo todo fixos no caixão, que está descendo lentamente a sepultura. É a hora da despedida e eu juro que não estou preparado para isso. Respiro fundo algumas vezes, mas o ar não vem. Eu não sou capaz, é como se estivesse indo com ela para aquele maldito buraco. Aperto com força a rosa espinhosa, ela machuca a minha mão, penetra a minha pele, mas a ardência em nada se compara a essa dor que estou sentindo agora. Meu pai dá dois tapinhas em meu ombro e eu desperto para ir ao nosso último encontro. A
Daniel A mansão Albuquerque é imensamente linda como eu imaginava. Em sua decoração predomina alguns quadros abstratos, cores fortes e alegres, estatuetas e móveis modernos. Nick tinha razão, tem uma quantidade considerável de empresários de vários ramos aqui e vejo a possibilidade de fechar bons negócios nesse lugar. Assim que entramos na casa somos recebidos pelo casal de anfitriões Mônica e Marcos Albuquerque, e claro, o homem é um dos sócios majoritários da rede de hotéis de luxo com quem terei todo o prazer de negociar. De onde estou fito o menino inquieto e a babá tentando acalmá-lo. Decido ir até eles, pois não posso perder essa chance por nada desse mundo.— Débora? — A garota ruiva, de olhos castanhos e estatura mediana ergue o seu olhar para mim. — Leve o garoto para brincar com as outras crianças lá fora — peço.— Certo, Daniel. — Daniel? Quem lhe deu essa liberdade? Me pergunto, porém, não contesto. A garota me abre um sorriso travesso antes de me dar as costas, segura a
IsabellyAcordo no dia seguinte com uma puta dor de cabeça. Meu quarto está totalmente inundado pela luz do sol, que me faz gemer dolorosamente. Forço-me a abrir os olhos que estão pesados e as lembranças da noite passada me invade a mente sem piedade alguma....— Para onde você quer ir? — Amanda perguntou enquanto dirigia. Levo o gargalo da garrafa a boca e tomo um gole grande da bebida.— Tanto faz, me leva para qualquer lugar. — Viro a garrafa outra vez e o líquido queimando em minha garganta e meu estômago vazio.— Que tal a orla, podemos nos sentar e conversar um pouco — sugere. Faço não com a cabeça.— Não. Eu quero dançar — digo e ela sorri.— Então vamos dançar! — fala animada e acelera o carro.Em questão de minutos chegamos ao centro da cidade e logo Amanda estacionou o carro em frente a danceteria. Pela fila que tinha do lado de fora, imaginei que a casa estivesse lotada e eu não errei na minha dedução. Assim que entramos eu fui direto para a pista de dança, seguindo o rit
Isabelly Eu sei que vocês devem estar pensando que eu deveria ser mais energética e cobrar mais desse homem, mas no fundo, ele está certo. Eu sempre soube do tipo de homem de negócios que ele é, isso ele nunca escondeu de mim. Começo a pensar se estou me tornando uma mulher carente e obcecada pelo meu noivo. E vamos e convenhamos, não é ele quem deve se adaptar a minha família e sim, eles precisam se adaptar a vida corrida do meu noivo. Devo admitir, é incrível como ele sabe me fazer esquecer que em poucas horas que eu estava na merda, arrasada, me sentido um nada. Greg tem um jeitinho especial de me encantar e a raiva que eu sentia a minutos atrás evaporou como fumaça. Eu o amo e ele é o meu tudo.— Está pensando em que? — Ele pergunta baixinho ao pé do meu ouvido, deixando alguns beijinhos estalados em meu pescoço. Me viro de frente para o meu noivo e ele me olha sério.— Em nós dois, em como podemos melhorar essa distância entre nós.— Será por pouco tempo, amor.— Promete?— Eu p