Isabelly
— V- vocês se co-conhecem? — Brito gagueja uma pergunta. Ele deve estar em pânico. Isso sempre acontece quando ele está nervoso ou em pânico. Contudo, eu não consigo tirar os meus olhos de cima do ogro a minha frente. Sério, o homem é estupidamente lindo, gostoso, forte, elegante e esses olhos? Caramba, são os mais lindos que já vi! A boca tem um tom de vermelho que chega a dar vontade de morder. Droga, e esses cabelos? Negros, lisos e cheios. As minhas mãos coçam de vontade de tocá-los, de puxá-los e… Opa! Freio aí, dona Isabelly! Freio e foco!— O que você faz aqui? — O ogro rosna de maneira rude e sem tirar seus olhos de mim. Entretanto, enfrento o seu olhar.— Desculpe, senhor Ávila! Essa é Isabelly, a nova administradora da sua conta. — Seus olhos demostram a surpresa ao receber tal informação. Seus olhos verdes-escuros passeiam rapidamente por meu corpo, começando na cabeça até os pés e voltam todo o trajeto encontrando os meus olhos outra vez.— Imagino que trouxe um currículo? — indaga petulante e estende uma mão em um pedido frio e autoritário. Respiro fundo e abro a minha bolsa tirando o documento exigido pelo ogro, o entrego em mãos e ele começa a ler, folheando as páginas. É isso aí seu ogro estupido, filho da mãe, eu sou a melhor que você terá nesse mercado! — ralho mentalmente, com muita arrogância. Mas a minha vontade é de jogar cada palavra na sua cara escrota. Ele leva alguns segundos e quando termina, olha para mim. — Isabelly, não é? — diz de modo profissional.— Para o senhor, eu sou senhorita Sampaio, senhor Ávila — respondo petulante.— É claro. Sente-se. Brito traga um café para nós dois e traga a conta também, quero mostrar para a senhorita Sampaio como eu quero e os erros que foram cometidos. Quero ver se corrigimos isso antes do marketing ficar pronto.— Sim senhor, voltarei em alguns minutos.— Então você fez o seu MBA nos Estados Unidos? — inquire interessado.— É o que tem no meu currículo, certo? — retruco e ele assente.— Senhorita Sampaio, creio que começamos de um jeito nada amistoso. Ontem na sorveteria...— Não se preocupe, senhor Ávila. O que acontece fora dessas paredes fica lá fora, aqui eu sou Isabelly Sampaio, uma profissional em administração. — O corto.— Eu sei. Claro é o certo, mas não quero que a senhorita me veja como...— Um ogro? Um homem arrogante e estupido? Acho que é o seu normal, senhor Ávila, porque aqui nessa sala o senhor não demostrou outra coisa. — Ele faz um gesto para falar alguma coisa, mas é interrompido por Brito ao entrar e lhe entregar os documentos que pediu.— Obrigado Jonas, por favor sente-se! — pede entregando uma pasta para mim e outra para Brito. — Senhorita Sampaio esse é um lançamento da Drink's Drive. Um vinho de uma safra totalmente diferenciada, uma mistura das melhores uvas do nosso vinhedo, o marketing será o meu maior investimento. Esse vinho tem um sabor requintado e será um dos mais caros do mercado. O problema é que ele foi divulgado antes do marketing ficar pronto e lógico, o seu lançamento que será em um festival daqui a uns vinte dias. O que eu quero é que você cubra essa fissura que foi feita no marketing do meu produto, quero novas ideias para que ele visto e reconhecido como O Produto De Ouro. Quero que ele chame a atenção dos grandes empresários, que se torne a potência do mercado, entende? Da maneira que o outro administrador fez parece que estamos falando de um vinho de mesa qualquer e isso pode deixar a qualidade do meu produto muito abaixa. — Enquanto ele fala, eu leio todo o histórico do produto. As uvas foram injetadas de modo científico, trazendo uma nova espécie da fruta e de acordo com o relatório científico ela traz um sabor diferenciado. Observo a marca, o logotipo criado para o produto e o design da garrafa. Tudo de alta qualidade. — Entendeu o que eu quero? — Assinto tirando os olhos do papel.— Entendi. Não será difícil trabalhar nessa conta. O seu produto é realmente muito bom. — Ele sorri pela primeira vez para mim e meu Deus, que sorriso da porra! Garanto que se ele não fosse esse ogro de carteirinha, deixaria qualquer mulher desavisada aos seus pés.— Você precisa experimentar — Desperto para o seu comentário. — Como? — inquiro perdida na conversa.— O vinho, você precisa experimentar.— Ah, quem sabe outro dia, senhor Ávila.— Claro. Na próxima reunião, tudo bem para você?— Claro.— Ótimo! Podemos nos falar daqui a três dias?— Três dias? Ah... tá, pode ser. — Ele se levanta e me estende a mão.— Então até lá, senhorita! Eu ficarei aguardando os resultados. — Me levanto e seguro a sua mão em um aperto firme, que faz o meu corpo inteiro se arrepiar. Vale salientar que o homem tem um aperto forte e quente. E caramba, a mão do homem é tão grande que praticamente engoliu a minha e inexplicavelmente a minha respiração fica presa nos pulmões. No entanto, tento não deixar transparecer o quanto esse gesto mexeu comigo.— Até lá, senhor Ávila! — grasno e solto rapidamente a sua mão como se ela queimasse a minha pele. Pego a minha bolsa a ajeito em meu ombro e depois a pasta com a nova conta. Sem tirar seus olhos dos meus ele dá uma nova ordem ao Brito.— Jonas, leve-a até a porta, por favor!— Sim, senhor Ávila.— Boa tarde, senhorita! — Pela primeira vez ele fala cordial.— Boa tarde, senhor Ávila! — Viro-me para sair da sala na companhia do meu amigo, mas sinto os seus olhos ainda sobre mim. Do lado de fora da sala volto a respirar normalmente, não sei o porquê, mas me senti mexida por um simples toque de mãos.— Obrigado, Isabelly! Você salvou a minha vida e o meu emprego. E obrigado por ter falado na cara daquele imbecil tudo o que todos nós não temos coragem. Você foi uma leoa! — Sorrio balançando a cabeça de forma negativa.— Entenda que você é apenas um funcionário Jonas e não um capacho do seu chefe, mas isso não te impede de expressar o seu desagrado ou qualquer pensamento.— E perder a minha mina de ouro? Ficou louca? Sabe onde eu vou encontrar outro trabalho que me pague o que ganho aqui? — Dou de ombros.— Você que sabe, fica a dica. — Abraço o meu amigo e beijo o seu rosto, entrando no elevador em seguida.Daniel.— Oi, Alex! — falo mal-humorado para o meu amigo.— Uau, o dia mal amanheceu e você já está com esse humor canino?— Como está Amanda? — Ignoro o seu comentário irônico. Alex Village é uma cara formidável, eu o conheço a mais de sete anos. Na verdade, nos conhecemos em mais um daqueles eventos da alta sociedade onde grandes empresários de vários ramos se encontram e trocam experiências, ou acabou se associando a outros setores. Através dele conheci Nick o irmão de Amanda que além de ser um excelente profissional na área de fotografias também trabalha para mim.— Vai me contar por que está assim? — inquire.— Acabei de fazer uma nova contratação.— O novo administrador para Drin'ks Drive?— Isso.— E não gostou da nova contratação?— Gostei até mais do que deveria.— Não entendi, onde está o problema?— Ela é atrevida demais para o meu gosto.— Ela? — Faço um gesto positivo para ele e o idiota gargalha bem na minha cara. Bufo contrariado.— O problema é que a conheci por aciden
DanielDois dias depois…Olho para o relógio com impaciência mais uma vez. Odeio atrasos e odeio ainda mais ter que esperar! O garçom vem pela segunda vez a mesa e pergunta se desejo fazer o meu pedido.— Ainda não, estou aguardando uma pessoa e assim que ela chegar faremos os pedidos — digo com um tom seco. O rapaz assente e se afasta da mesa sem graça. No mesmo instante a uma mulher com um vestido branco e colado ao corpo entra no estabelecimento. Observo atentamente a barra do vestido acima do joelho, deixando a mostra as pernas lindas e torneadas. Meus olhos sobem pelo seu corpo e paro nos cabelos soltos, caindo como uma cascata dourada pouco abaixo dos seus ombros. Os óculos escuros escondem o azul dos seus olhos e ela caminha em minha direção. Contudo, não pude deixar de observar o quanto está ofegante e os seus seios sobem e descem com uma respiração descompassada. Ela se senta à minha frente e tira os seus óculos, me olha nos olhos e antes que diga qualquer coisa eu falo:— Es
Isabelly.Sentir seu corpo duro e firme bater contra o meu e suas mãos grandes, e quentes apertar a minha cintura. A sua respiração quente afagou a minha pele e Deus, sinto que estou derretendo de tão quente que estou ficando. Por fim, o perfume cítrico invadiu os meus sentidos, fazendo o meu coração bater mais forte dentro do meu peito. Suas írises azuis parecem querer desvendar a minha alma. Isso é aterrorizante, embora eu nem tenha tantos segredos assim. Contudo, ofego quando os seus olhos encontram a minha boca e se mantém ali por longos e desejosos segundos. Eu não deveria, não posso na verdade, mas devo confessar, nesse momento estou ávida por um beijo seu que está prestes a acontecer. Droga, Amanda, você está noiva e deveria se afastar! A voz da razão aponta, mas, a merda toda é que eu quero muito esse beijo, quero sentir o seu gosto na minha boca, na minha língua. Ou, Deus, que maluquice é essa que eu estou pensando? Rogo mentalmente. No entanto, somos interrompidos por uma bu
Isabelly Eu entendo que o meu noivo é um homem extremamente ocupado e entendo a sua dificuldade em conversar, em se abrir. Entendo o fato de ele ser um cara importante, sempre solicitado, mas porra, parece que só existe eu nessa relação, parece que só eu me preocupo com o contato, o carinho, a atenção e essa droga de jantar! Respiro fundo e largo o telefone em cima da minha mesa. Eu realmente espero que esteja lá Greg, porque com certeza toda a família estará e se você não aparecer, será a maior de todas as decepções da minha vida. Penso. Saio do meu escritório quando tudo já está escuro e dirijo pelo trânsito caótico do Rio, me sentindo frustrada. Longos minutos depois, estou no meu apartamento. No banheiro, livro-me das minhas roupas e tomo um banho demorado. Debaixo d’água, os meus pensamentos são invadidos por um certo senhor ogro e droga, ainda consigo sentir o seu hálito quente em minha pele, a boca sedenta pelo beijo não dado, o seu toque firme nas minhas carnes.— Ou, merda!
Daniel— Maluca, neurótica! — Resmungo enquanto volto dentro do restaurante. Rio sem vontade. — Só pode ser uma louca pensar que eu fiz aquilo de propósito. — Pago a conta e vou para o meu carro. Dirijo direto para a vinícola, pois preciso acompanhar de perto o andamento das coisas por lá. Em meia hora estou passando com meu carro por uma comprida estrada de barro ladeada por incontáveis vinhedos dos dois lados. Uma imensidão em hectares de pés de uvas que vão além de onde a vista consegue alcançar. Fito com muito orgulho essa conquista e penso que ela só existe por causa dela... Susy. Foi através da minha esposa que adquiri o bom gosto pelo vinho. Ela sim, era expert em degustar os melhores e foi por isso que investi no ramo dos vinhos. Comprei as terras, contratei lavradores e instalei a vinícola apenas para presenteá-la em nosso aniversário de casamento. O que me machuca é saber que ela nem chegou a conhecer esse lugar, isso só ia acontecer um mês depois do nascimento do Cris, mas
Daniel Memórias...— Estamos aqui reunidos para nos despedir dessa pessoa maravilhosa, que com certeza fará muita falta em nossas vidas. Susy Ávila, boa filha, boa esposa... — A voz do pastor se faz ouvir ao ar livre no meio do cemitério, mas não escuto o que ele diz, apenas os murmúrios me incomodam. Não tenho como ouvir com uma dor massacrando o meu peito, me arrancando as lágrimas não cessaram. Não tenho mais nada para pôr para fora, estou vazio, completamente oco. Os meus olhos estão o tempo todo fixos no caixão, que está descendo lentamente a sepultura. É a hora da despedida e eu juro que não estou preparado para isso. Respiro fundo algumas vezes, mas o ar não vem. Eu não sou capaz, é como se estivesse indo com ela para aquele maldito buraco. Aperto com força a rosa espinhosa, ela machuca a minha mão, penetra a minha pele, mas a ardência em nada se compara a essa dor que estou sentindo agora. Meu pai dá dois tapinhas em meu ombro e eu desperto para ir ao nosso último encontro. A
Daniel A mansão Albuquerque é imensamente linda como eu imaginava. Em sua decoração predomina alguns quadros abstratos, cores fortes e alegres, estatuetas e móveis modernos. Nick tinha razão, tem uma quantidade considerável de empresários de vários ramos aqui e vejo a possibilidade de fechar bons negócios nesse lugar. Assim que entramos na casa somos recebidos pelo casal de anfitriões Mônica e Marcos Albuquerque, e claro, o homem é um dos sócios majoritários da rede de hotéis de luxo com quem terei todo o prazer de negociar. De onde estou fito o menino inquieto e a babá tentando acalmá-lo. Decido ir até eles, pois não posso perder essa chance por nada desse mundo.— Débora? — A garota ruiva, de olhos castanhos e estatura mediana ergue o seu olhar para mim. — Leve o garoto para brincar com as outras crianças lá fora — peço.— Certo, Daniel. — Daniel? Quem lhe deu essa liberdade? Me pergunto, porém, não contesto. A garota me abre um sorriso travesso antes de me dar as costas, segura a
IsabellyAcordo no dia seguinte com uma puta dor de cabeça. Meu quarto está totalmente inundado pela luz do sol, que me faz gemer dolorosamente. Forço-me a abrir os olhos que estão pesados e as lembranças da noite passada me invade a mente sem piedade alguma....— Para onde você quer ir? — Amanda perguntou enquanto dirigia. Levo o gargalo da garrafa a boca e tomo um gole grande da bebida.— Tanto faz, me leva para qualquer lugar. — Viro a garrafa outra vez e o líquido queimando em minha garganta e meu estômago vazio.— Que tal a orla, podemos nos sentar e conversar um pouco — sugere. Faço não com a cabeça.— Não. Eu quero dançar — digo e ela sorri.— Então vamos dançar! — fala animada e acelera o carro.Em questão de minutos chegamos ao centro da cidade e logo Amanda estacionou o carro em frente a danceteria. Pela fila que tinha do lado de fora, imaginei que a casa estivesse lotada e eu não errei na minha dedução. Assim que entramos eu fui direto para a pista de dança, seguindo o rit