Capítulo 3

Quando saí de meus aposentos, ela me disse:

— Boa sorte, querida. Você será a mais bela e a melhor Rainha que esse reino já pôde ter. Que a paz e o amor estejam sempre em vosso coração. — Agradeci com um olhar, um aperto de mão e um beijo demorado em sua face macia e rosada. As palavras não saíram, e ficou um nó na garganta difícil de controlar, mas tinha de conseguir, não podia chorar naquele momento, estava a caminho da minha coroação.

Aproximando-me do salão principal, comecei a ouvir os convidados conversando e uma música suave tocada pelos músicos do castelo.

Meu pai costumava fazer muitas festas, minha mãe também gostava muito de comemorações e comigo não seria diferente. Tinha em meus planos, realizar muitos bailes e comemorar tudo que pudesse, em memória deles.

Parei na entrada, aguardando ser anunciada, como me foi orientado. Sem aviso, a música parou, os convidados silenciaram e foi anunciada a minha presença.

— Vossa Majestade, Princesa Malena Katherine Baldrick Nithercott! — fui conduzida a entrar no salão por Hamon, que além de amigo da minha família, era um cavalheiro nobre, um grande guerreiro.

Ele me levou até o altar, ajudou-me a parar em frente ao Bispo que me recebeu com uma oração e deu início a cerimônia.

A maior emoção para mim foi quando o Bispo abençoou a coroa que meu pai havia me dado de presente e a colocou sobre os meus cabelos. Tive que segurar o choro e a emoção, lembrando-me da noite do meu último aniversário com ele em vida. Aquela coroa era a melhor recordação que ganhei dele, não só pelo valor sentimental e familiar, mas também porque meu pai sabia o que poderia acontecer e estava me preparando para o que viesse. Em seguida, recebi o manto e o cedro, sentando-me na poltrona real.

O Bispo encerrou a cerimônia, dizendo:

— Vida longa a Rainha Malena Katherine Baldrick Nithercott! Rainha do reino de Minsk, Sua Alteza Real receba todas as bênçãos e tenha um longo reinado. Deus salve a Rainha! — e todos gritaram em resposta. 

— Deus Salve a Rainha! — Tudo terminou após muitos aplausos e felicitações. Recebi tantas reverências que ao final estava exausta de tanto agradecer.

A cerimônia foi seguida de um grande banquete, com música e dança em minha homenagem. A princípio, era muito estranho estar ali, naquela posição. Sentada no trono que antes fora de meu pai, e o de minha mãe vazio, ao meu lado. Saudade era uma das palavras que me vinha em mente para definir meu estado de espírito. Alegria também, é claro, mas com muitas dúvidas e incertezas. Teria que aprender a governar um reino, todos dependiam de mim agora e de minhas atitudes. Não seria fácil, entretanto estava disposta a lutar pela honra de meus pais e de meu povo.

Pensando nisso, já estava começando a imaginar como faria para aprender a lutar com a mesma desenvoltura de meu pai. Mesmo sendo mulher, não me conformaria em não fazer nada para seguir a tradição de meus antepassados, queria continuar os ensinamentos de meu pai e de meu avô, eles costumavam dizer que um rei devia saber lutar e enfrentar os perigos junto com seus guerreiros. Assim eles foram e assim eu também queria ser.

Já estava pensando na maneira de atingir meu objetivo, em como treinar e quem iria me orientar em meus treinamentos. Tinha uma ideia e precisava colocá-la em prática, mas não podia começar ali naquela noite. O momento era de festa e comemoração, teria de deixar meus planos para outra ocasião, que deveria ser breve. Ideias para outro dia, que seria um novo e diferente amanhecer.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo