Capítulo 10

No dia do convescote, quando cheguei ao jardim, elas já me esperavam. A felicidade estava estampada em seus sorrisos. Gostei muito delas pela simplicidade e simpatia. Estavam muito bonitas e bem vestidas. Agnes, com um vestido florido em tons de verde, e Bethany, com um lindo vestido lilás. O meu vestido era azul, escolhido por minhas amas, gostava dele e combinava muito bem com a ocasião. Minhas amas eram incríveis!

Ao me verem, fizeram reverências e as cumprimentei:

— Boa tarde, Agnes, Bethany. Como estão passando nesse lindo dia?

— Estamos bem, Vossa Majestade, e felizes pelo seu convite! — respondeu Bethany, encantada.

— Felizes em lhe fazer companhia nesse convescote. Vossa Majestade, como tem passado? — completou Agnes.

— Muito bem também! Obrigada!

Senti que elas gostavam de mim, assim como eu delas. Conversamos bastante durante nosso lanche e compartilhamos algumas experiências. Elas me contaram sobre como viviam em Tamina, a infância das duas e algumas aventuras de crianças e eu algumas experiências vividas como princesa que as faziam vibrar encantadas, principalmente Bethany que era mais nova e parecia ser mais sonhadora e romântica.

— Que coisa mais linda! Sempre sonhei em ser uma Princesa.

— Nem tudo é tão lindo assim, só contei a parte boa.

—  O que pode haver de ruim na vida de uma Princesa? — perguntou Agnes.

— Algumas experiências em que precisamos muito dos pais e eles estão ocupados para nos atender e a pior, com certeza, foi perdê-los e ter de enterrá-los.

— Oh! Meu Deus! Perdoe-me pela indelicadeza! Sabia desses fatos, mas esqueci-me por alguns momentos. Vossa Majestade, sou uma tola mesmo. — Agnes desculpava-se com tristeza e lamento em sua voz.

— Não há problema, Agnes! Já está desculpada. Não se preocupe com isso, entendo o que quis dizer. Podemos perfeitamente mudar de assunto, vamos falar sobre coisas boas. O que estão achando de Minsk?

— Adorando! Sua cidade é belíssima e muito acolhedora — respondeu Bethany com os olhos cheios de alegria.

— Minha irmã gostou muito da mudança, assim como eu. Lá em Tamina não tínhamos muitas distrações, com certeza gostamos muito mais de seu país — completou Agnes.

— Fico muito satisfeita em saber e serão sempre bem-vindas aqui no castelo. Quando quiserem vir me visitar, é só mandar um mensageiro avisar que reservo um tempo para recebê-las.

— Oh! Seremos amigas da Rainha? Isso é muita honra, Vossa Majestade! — exclamou Bethany.

— Não seja tola, minha irmã. Como pode pedir para ser amiga da Rainha? Quanta indelicadeza! Desculpe, Majestade, pela inocência de minha irmã. — Agnes tentava se desculpar, julgando que era um grande erro o que sua irmã estava dizendo.

— Fique tranquila, Agnes. Bethany tem toda a razão! Ficarei honrada em tê-las como amigas, se assim também quiserem, é claro.

— Com certeza! A honra será nossa — concordou Agnes.

— Viu só, Agnes, eu estava certa em pensar na amizade com a Rainha, ela também quer ser nossa amiga — Bethany confrontava a irmã como se eu não pudesse ouvi-las. Fiquei feliz e sorri para as duas.

— Bem, a princípio então, precisamos mudar algumas coisas para sermos amigas. — Ambas ficaram surpresas com minha afirmação.

— Sim, Vossa Majestade. O que a senhora preferir — respondeu Agnes, mesmo sem saber do que se tratava.

— Em primeiro lugar, amigas não se chamam de senhora, até mesmo porque não sou tão mais velha assim do que vocês. Em segundo lugar, amigas não precisam de tanta formalidade, vocês podem me chamar pelo meu nome, por favor.

— Mas, não seria indelicadeza de nossa parte? — perguntou Agnes.

— Claro que não, pois se é ela mesma quem está nos pedindo que seja assim.

— É isso mesmo, Bethany, sou eu mesma que peço para que seja assim! Fique tranquila, Agnes, entre amigas não há espaço para cerimônias.

— Então, que assim seja, Vossa… quer dizer, que assim seja, Rainha Malena.

— Somente Malena, assim como a chamo somente Agnes.

— Não leve minha irmã à mal, Malena, ela se acostumará bem rápido, tenho certeza!

— Sei que sim, Bethany, logo se acostumará.

— É que ela está um pouco nervosa. Em breve, irá conhecer seu pretendente para se casar, nosso pai que está arrumando tudo com a família dele — contava Bethany.

— Que interessante, seu pai comentou comigo sobre o assunto, mas o que você acha disso, Agnes? Está de acordo com seu pai, sobre ele escolher seu futuro esposo?

— Na verdade, não, mas não tive muita escolha. Meu pai deixou bem claro que devo me casar antes de completar meu décimo oitavo aniversário. O que acontecerá daqui a três meses!

— Bem, penso que vale a pena conhecê-lo então. Não sou muito a favor de casamentos arranjados, mas talvez vocês possam se apaixonar um pelo outro e acabar casando-se por amor, como aconteceu com meus pais. — Claro que ao ouvirem isso, fizeram-me contar tudo sobre a linda história de amor entre meu pai e minha mãe. Bethany suspirava com cada detalhe que eu contava e perguntava mais. Agnes, apesar de mais reservada, também parecia curiosa em saber os detalhes.

Foi assim que nos tornamos amigas. Sempre que podia, reservava um tempo para que pudéssemos tomar um chá ou fazer um passeio juntas, gostava de estar com elas e elas comigo. Após alguns dias de amizade, parecia que já nos conhecíamos a vida toda e aos poucos elas aprenderam a me tratar como amiga sem as formalidades devidas a uma rainha.

Um dia, Agnes veio sozinha, pois Bethany estava estudando e não podia se distrair. Agnes estava feliz e começou a me contar sobre o encontro com seu futuro noivo e marido. O jantar de apresentação em sua casa tinha sido na noite anterior e ela estava feliz, totalmente diferente dos outros dias, em que tinha dúvidas sobre aquele casamento arranjado.

— Ele é lindo, demais Malena. Você tinha razão. A história dos seus pais está se repetindo comigo. Estou completamente apaixonada por ele.

— Que bom, Agnes, fico feliz em saber disso. Assim você poderá se casar por amor e não simplesmente por negócios e nem para agradar a sua família. Isso é muito bom!

— E o melhor amiga, tenho certeza que ele também se interessou por mim. Conversamos um pouco. Ele fala muito bem, estudou fora e voltou a pouco para Minsk. Tivemos uma conversa muito interessante e, aliás, você o conhece. O pai dele trabalhou para o seu pai durante muitos anos e, pelo que entendi, ainda trabalha para você.

— É mesmo? Quem é ele afinal? — perguntei, temendo a resposta, pois, no fundo, desconfiava de quem se tratava, só não queria acreditar.

— O nome dele é Aron. Esse é o nome do meu futuro marido e já o meu grande amor! — Agnes suspirou.

— Aron? — perguntei incrédula e demorei alguns segundos para conseguir falar novamente — Conheço, sim… é claro que conheço!

Meu coração disparou e parecia que ia sair pela boca. Minhas mãos começaram a suar e uma inquietude tomou conta de todo o meu corpo. Não sabia mais como me comportar para que Agnes não percebesse. Ela não parava de falar sobre seu encontro com Aron e eu só queria gritar. 

Gritar pedindo para que parasse, para que não falasse mais nada, que eu não queria continuar ouvindo o que me contava.

O chão parecia haver sumido sob meus pés e aquela realidade tão absurda se transformou em mais um grande lamento, uma realidade fria e angustiante.

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