Conversando com o senhor Robert em nossa reunião, pude perceber o quanto ele era interessado em nossas terras e que tinha ideias maravilhosas e novas técnicas de plantio que já eram usadas em suas terras e, segundo ele, tinha lhes dado muito lucro nos últimos anos.
Não entendia muito do assunto, mas Frederico, meu conselheiro que cuidava - e muito bem - dessa parte, estava comigo na reunião e ajudou-me a entender melhor.
— Rainha Malena, Vossa Majestade nem pode imaginar o quanto ficaria feliz em ter a permissão para lhe ajudar com minhas novas ideias. Se lhes forem úteis, estou à inteira disposição para lhe oferecer ajuda e juntos prosperarmos ainda mais.
— Nossas plantações já são muito produtivas, Senhor Robert, mas melhorar é sempre bom. Estou aberta a ouvir suas ideias e se forem coerentes podemos, sim, trabalhar juntos. O que acha dos projetos apresentados, Senhor Frederico? — Ele estudava atentamente os papéis que havia lhe entregado.
— Excelentes, Vossa Majestade! Tão bons e tão simples que não sei como não tivemos essas ideias antes.
— O senhor pode me explicar, por favor, para que eu possa entender do que se trata? — pedi a Frederico, pois queria ficar ciente de que realmente seria um bom negócio trabalharmos com o Senhor Robert.
Ambos me explicaram alguns detalhes e fiquei impressionada com as ideias. Frederico tinha razão, eram soluções bem simples e não dava para acreditar como não tínhamos pensado nelas antes. Entendi também que, apesar de parecerem simples, eram bem trabalhosas. Seria preciso muito estudo e planejamento para colocá-las em prática.
O Senhor Robert nos contou que foram necessárias muitas experiências e que até chegar ao resultado atual, foi necessário assumir certo prejuízo para avançar nos estudos e tudo dar certo, mas que agora ele mantinha esse esquema de plantação em suas terras, sua produção era alta e estava muito satisfeito com o resultado.
Parecia também muito empolgado para trabalhar conosco.
— Quando ouvi as histórias sobre o seu país, Vossa Majestade, não pude deixar de pensar em vir lhe oferecer meus serviços. Ouvi muito falar sobre a imensa extensão de terras e sobre sua produtividade, além de saber que o vosso reino estava muito bem representado por uma jovem e competente rainha que com certeza estaria aberta a novas ideias.
— Aprecio muito a sua coragem em querer desbravar assim dessa maneira novas possibilidades e agradeço por ter confiado suas ideias a mim e a meu reino. Será um imenso prazer receber ao senhor e sua família para trabalharmos juntos com suas sábias ideias. Mas suas terras onde ficam e porque as largou lá? Há alguém cuidando de tudo para o senhor? Desculpe-me por tantas perguntas, preciso fazê-las, quero entender melhor a vida de sua família para podermos trabalhar juntos.
— Sem problemas Vossa Majestade. Tem todo o direito de perguntar e suas dúvidas são sensatas. Minhas terras ficam em Tamina, minha família possui por lá uma boa e produtiva extensão de plantações e pomares. Tenho um irmão que herdou a herança comigo e ficou cuidando de tudo para nós. O meu maior desejo sempre foi ser mais um pesquisador do que trabalhar realmente nas terras, ao contrário de meu irmão, John Forense que prefere trabalhar nelas. Ele e seus filhos são excelentes na mão de obra. Devido a essa minha imensa vontade de estudar, implantar novas ideias em outros lugares, resolvi vir para cá com minha família, além de poder dar uma maior oportunidade a minhas filhas também, visto que já estão em tempo de se casarem e temos um pretendente dessa região para a mais velha.
— Oh! Entendi perfeitamente seus objetivos e anseios. Agradeço a clareza e sinceridade e admiro muito também o vosso desejo de saber mais e trabalhar em outros lugares, além de sua preocupação com o futuro de suas filhas. Fico muito feliz que tenham vindo e sinto que será uma união muito produtiva.
— Eu é que fico muito feliz, Vossa Alteza, e agradeço muito por aceitar e nos dar essa oportunidade.
— Frederico lhe dará tudo o que precisa, tenho certeza que vocês trabalharão muito bem juntos.
Ambos concordaram e assim começou a amizade com aquela família tão simpática. O futuro nos reservava grandes surpresas. Mesmo sem esperar, eles transformariam minha vida e de nosso reino de maneiras inimagináveis.
A vida nos reserva coisas que não esperamos e muitas vezes não entendemos a princípio, com o passar do tempo, pensamos em como seria se trilhássemos outros caminhos. Cada vez mais tinha a certeza de que nada acontece por acaso e tudo tem uma razão de ser e existir em nossas vidas.
No dia do convescote, quando cheguei ao jardim, elas já me esperavam. A felicidade estava estampada em seus sorrisos. Gostei muito delas pela simplicidade e simpatia. Estavam muito bonitas e bem vestidas. Agnes, com um vestido florido em tons de verde, e Bethany, com um lindo vestido lilás. O meu vestido era azul, escolhido por minhas amas, gostava dele e combinava muito bem com a ocasião. Minhas amas eram incríveis!Ao me verem, fizeram reverências e as cumprimentei:— Boa tarde, Agnes, Bethany. Como estão passando nesse lindo dia?— Estamos bem, Vossa Majestade, e felizes pelo seu convite! — respondeu Bethany, encantada.— Felizes em lhe fazer companhia nesse convescote. Vossa Majestade, como tem passado? — completou Agnes.— Muito bem também! Obrigada!Senti que elas gostavam de mim, assim como eu delas. Conversamos bastante durante nosso lanche e compartilhamos algumas experiências. Elas me contaram sobre como viviam em Tamina, a infância das duas e algumas aventuras de crianças e
Com certeza, eu o conhecia muito bem e não podia entender o que estava acontecendo. Como ele poderia aceitar que sua família escolhesse uma noiva para se casar? Não entendia, porque aquilo não combinava com Aron, e não conseguia respostas para aquelas perguntas. Assim, continuava sem entender e sem acreditar que aquilo era possível.Após aquela revelação, fiquei aturdida e não consegui me concentrar em mais nenhuma conversa. Usei a desculpa de que precisava voltar ao castelo para um compromisso e fui embora. Minha cabeça girava, meus sentidos estavam bagunçados e uma dor muito forte apertava meu coração.No dia seguinte, em nosso treinamento, encontrei com Aron no lugar de sempre e mal consegui lhe dar bom dia. Minhas primeiras palavras a ele foram:— Conheci sua futura noiva, tomamos um chá ontem à tarde — falei, olhando bem em seus olhos para ter certeza de qual seria sua reação.— Já fiquei sabendo, ela me disse que havia conhecido a rainha e se tornado amiga dela em pouco tempo. C
Após exatos três meses, chegou o dia em que perderia Aron para sempre, o dia de seu casamento com Agnes. É claro que participei de todos os preparativos com a noiva. Ele quase não falava no assunto e, apesar de nos vermos todos os dias, não conversávamos sobre isso.Recebi o convite de Agnes para abençoar o casamento e não pude recusar. Após a cerimônia com o Bispo, ela desejava que sua união fosse abençoada pela rainha, como era de costume nos casamentos da realeza.Se meu pai fosse vivo e eu me casasse, ele, como Rei, deveria dar as bênçãos ao meu casamento. Dizia a lenda que, se isso não acontecesse, a união seria amaldiçoada. Agnes não queria correr esse risco e dizia:— Além de toda essa tradição, sou amiga da rainha, o que vale a benção duplamente, não é mesmo? Triplamente, melhor dizendo, já que meu noivo também é vosso amigo.— Sim, com certeza! Farei as honras da benção com todo prazer, minha amiga — disse com sinceridade, apesar de todo sofrimento preso em minha alma e em me
Enfim, entrava na capela do castelo para presenciar a cerimônia de casamento. Fui anunciada com todas as honras e sentei-me no trono real, que ficava no altar ao lado da cadeira do Bispo, Dom Ângelo III, nosso sacerdote e amigo da família há um bom tempo. Convidei-o algumas semanas antes para realizar a cerimônia e, apesar de relutar um pouco, acabou aceitando.— Vossa Graça entende que sou designado para cerimônias da realeza, não é mesmo? — O Bispo demonstrava um pouco de impaciência.— Sim, Vossa Eminência. Entendo perfeitamente, mas trata-se do casamento de grandes amigos da nobreza e estou cedendo os espaços do castelo para cerimônia e baile, então, seria muito importante se Dom Ângelo fizesse a celebração e atendesse a um pedido de Vossa Rainha.Tentava convencê-lo, o que foi até fácil, considerando a teimosia persistente em todas as conversas com ele, desde a época de meu pai. O rei sempre contava histórias sobre como o Bispo era difícil de lidar.— Sinceramente, esperava estar
— Como você está, Malena? Como se sente? — perguntou Aron, assim que começamos a dança.— Bem. Sinto-me bem. Porque a pergunta?— Percebi que não estava bem na hora da benção, fiquei assustado e preocupado que estivesse doente, pensei que não conseguiria abençoar nosso casamento.— Claro que não! Daria a bênção a vocês mesmo que estivesse doente, mesmo que estivesse de cama. Fique tranquilo, estou bem. Creio ter sido apenas um mal-estar devido ao calor.— Não fale isso nem de brincadeira. Sua saúde é muito importante, deve ser muito bem cuidada. Tem certeza que está realmente bem? Não está me escondendo nada?— Claro que não! O que poderia lhe esconder? — A não ser o fato de que lhe amo, não lhe escondo mais nada. — Estou ótima! Foi apenas um mal súbito, já passou!— Que bom! Então fico mais tranquilo. Estava bem quente lá dentro mesmo. Aqui fora está mais fresco e você me parece melhor.— Sim, estou sim! E você? Como se sente agora que está casado?— Bem, me sinto bem! Por enquanto n
Quando a viagem de núpcias acabou, voltamos ao treinamento e aos chás da tarde. Meus dias eram cheios de compromissos, não era fácil governar um reino. Tudo, absolutamente tudo, dependia de uma decisão da Rainha e deveria passar pelo meu conhecimento e consentimento. Por isso, treinar e conversar com minha amiga à tarde era o que mais me distraía e ajudava a seguir em frente.Aron me ajudava a treinar e a não esquecer tudo que me ensinou. Não era fácil estar com ele todos os dias; mesmo dizendo a mim mesma que tinha enterrado aquele amor, estar em sua presença era perturbador. Tentava não pensar demais enquanto estávamos juntos e buscava ser a amiga de sempre, mas era muito difícil.Dois meses depois, Agnes veio para o chá da tarde radiante e não se aguentava de tanta felicidade:— Tenho uma grande notícia para lhe dar, minha amiga. Tenho certeza que ficará muito feliz!— Percebo que deve ser muito importante essa notícia, você está mais feliz hoje do que qualquer outro dia. O que hou
Aqueles meses, apesar de intensos, passaram muito rápido. Entre enjoos e desejos, a barriga ficou cada vez maior, as mudanças de comportamento, o bebê se movimentando, as dores no corpo, o cansaço do final da gestação e lá estava eu, apreciando cada momento daquela preparação para a vida, como se fossem meus momentos. Acompanhava com minha amiga, ajudava-a e amava tanto aquele bebê que meu coração transbordava de alegria. Eu o amava não só pelo fato de ser um “pedacinho” de Aron, como também pela amizade que construíra com Agnes e pela maravilhosa sensação de fazer parte da vida deles, e poder estar presente naqueles momentos tão sublimes. A hora do parto estava chegando, já haviam se passado as luas necessárias para o nascimento do bebê, a melhor parteira do reino estava à disposição de Agnes a todo o momento e nosso curandeiro, Abdus, também permanecia atento, caso precisássemos de alguma intervenção. Separei um dos melhores aposentos do castelo para ela dar à luz. Ar
Quando chegamos ao quarto, tudo já estava bem limpo, Agnes não estava acordada e o bebê era enlaçado e protegido pelo seu braço. Era um menino, lindo e forte! Abdus nos informou que, após uma intervenção, ela acordou e assim conseguiram realizar o parto, porém houve muito sangramento e em muitos momentos eles pensaram que ambos não resistiriam. Naquele momento, estavam bem, o bebê já havia mamado e dormia como um anjo. Ela também parecia muito angelical, contudo sua palidez me deixou preocupada. — Abdus, quero que me conte tudo o que aconteceu e não me esconda nada! Certo? — Sim, Vossa Majestade! Tenho mesmo uma coisa muito importante para lhe contar! — Aquela afirmação me deu arrepios, sabia pelo seu tom de voz que não era uma coisa boa. Aron deitou-se na cama com os dois e beijou a testa de Agnes, que acordou sorrindo. — Olha meu amor, nosso pequeno nasceu. Ele é lindo demais! — ela falava, pausadamente, com a voz fraca e trêmula. — Sim, querid