Meu Conselho era composto por dez homens, todos eles com uma posição de destaque no reino. Alguns eram amigos de minha família há muitos anos. Elmos era um deles e, além de conselheiro, era meu secretário, foi meu tutor, amigo da família e um segundo pai para mim. Percival era Duque e possuía muitas terras na região, produtivas e que serviam ao reino. Lorde Hamilton era sempre contra todas as minhas opiniões e deixava bem claro não aprovar que uma mulher fosse líder de um reino. Enfatizava a necessidade de um Rei para controlar uma Rainha, e não a mesma reinando sozinha. Não ia contra seus princípios, e suas ideias eram retrógradas. Conde Fitzgerald o seguia e sempre apoiava Lorde Hamilton. Eram muito amigos, possuíam negócios juntos e concordavam quase sempre em tudo, eram irredutíveis.Duque Soresen, ao contrário, sempre gentil e fiel à coroa, foi muito amigo de meu avô e de meu pai também, apoiava-me e acreditava em mim. Dizia que eu era melhor que todos eles juntos e que
Tudo parecia estar tão bem e tão perfeito que temia que algo atrapalhasse toda aquela felicidade. Nossos treinamentos continuavam. Aron me dizia que não estava mais me ensinando, e sim que apenas praticávamos para chegarmos à perfeição e estávamos bem perto, segundo ele. Meus amigos e meu afilhado moravam comigo no castelo e podia vê-los sempre que quisesse. A felicidade era tanta em tê-los por perto e poder mimá-los que em alguns instantes até me esquecia do meu amor e pensava que ele estava aos poucos se transformando em uma linda amizade. Em uma bela tarde, estávamos reunidos para nosso chá no jardim, conversava com minhas amigas Agnes e Bethany, enquanto o pequeno Serafim brincava ao nosso redor. Percebi uma movimentação estranha e logo em seguida recebi uma correspondência urgente. — Vossa Majestade, perdoe-me por lhe interromper em seu momento de descanso, mas assim que vi essa carta tive a certeza de que era importante. Há um aviso de urgência nela. — Elmos estava
Lá estávamos nós, após dois dias, aguardando o Rei Estevam para o chá da tarde. Escolhi recebê-lo na sala de chás, um dos lugares mais aconchegantes do castelo. A sala estava muito bem decorada com algumas mesas pequenas e poltronas vermelhas confortáveis. Cortinas nos tons verde, marrom e tapetes por toda a sala, além da lareira que aquecia o ambiente, pois o inverno já se aproximava e estávamos em um dia um pouco frio e bem nebuloso. Esperava que, ao nos encontrarmos pessoalmente, nossa amizade de infância aflorasse e que fosse possível resolvermos tudo sem problemas. Quando ele chegou, eu já o aguardava em uma das mesas que estava posta com muitas guloseimas para nossa degustação. Vestia um traje de outono, o mais recente confeccionado por minhas costureiras, na cor amarela com detalhes em rosa. Minha ama achou encantador e me disse que conquistaria o coração de qualquer homem que quisesse vestida daquele jeito, entretanto sabia que aquilo não era possível, pois quem
— Realmente, eles eram muito amigos e talvez meu pai tenha sido muito bom em relevar tamanho erro, que não foi conveniente para meu reino. Devido a isso, tenho que lhe pedir para fazer as correções necessárias. — Você está querendo dizer que devo abrir mão dessas terras e da maior parte do maior rio que tenho em meu reino? — perguntei incrédula. — Sim, seria muito justo e estaria reparando um grande erro que não consigo entender porque aconteceu? Ficamos os três olhando para Estevam. Por alguns instantes, um silêncio perturbador tomou conta do ambiente até que Elmos se pronunciou. — Vossa Majestade, creio ser o mais correto conversarmos em uma reunião com todo o Conselho e resolvermos essa situação da melhor forma possível! — Com toda razão, tenho certeza que será o mais correto mesmo — afirmei, dirigindo meu olhar para Estevam, que se levantou pedindo licença. — Imaginei que fariam isso e que não sairia daqui hoje com uma decisão. Tenho a certeza de q
O lado de fora parecia muito melhor do que o de dentro. A tarde estava linda. O céu estava bem azul com poucas nuvens e o sol ainda brilhava forte, apesar de estarmos no meio da tarde. O ar já estava mais fresco, com brisa de outono, mas ainda era muito agradável. Fiquei surpresa em não ver Agnes e Bethany no jardim junto como o pequeno Serafim, como faziam quase todos os dias. — Pensei que estariam aqui fora com o pequeno. Decerto vieram, mas já resolveram se recolher, afinal está esfriando, não é mesmo? — Creio que sim. Está com frio? — Aron perguntou-me e sem esperar pela resposta tirou seu casaco e envolveu-me com ele. Suas mãos seguraram meus ombros e quando levantei meu rosto para agradecê-lo, seu olhar estava perdido e não sabia pelo que procurava. Aqueles lindos olhos procuravam por algo, parecia que percorriam todo o meu rosto, querendo encontrar algo e quando parou em meus lábios logo fugiram novamente e acharam o meu olhar. Com um balançar de cabeça
Chegava o dia da tão esperada reunião e eu me encontrava muito ansiosa e apreensiva. Tentava imaginar que tudo se resolveria da melhor forma possível, mas algo dentro de mim não acreditava naquilo. Não sabia o que esperar daquele encontro e aquela sensação de desconforto me deixava inquieta e irritada. Cheguei antes de todos na sala de reunião, ela estava quente e aconchegante. Sentei-me em minha poltrona e fiquei imaginando que logo aquela sala estaria cheia, vozes ecoariam por ali e uma decisão muito importante seria tomada. Não demorou muito tempo para que isso acontecesse. Elmos e Aron foram os primeiros a entrar e, quando viram que eu já estava presente, ficaram surpresos. Logo em seguida, foi anunciada a chegada de Estevam e dessa vez sua mãe veio junto. Não consegui medir, naquele momento, se a presença dela era algo bom ou ruim, apenas aceitei e esperei pelo que viria, afinal não tinha outra opção. — Que bom tê-los aqui novamente. Bem-vindo, Rei Estevam, e seja bem-v
Não podia acreditar que Estevam estava concordando com aquilo! Cheguei até imaginar se eles não estavam combinados desde o princípio. Se fosse, ele mentia muito bem, pois também parecia muito surpreso com a ideia de sua mãe. O que me deixava curiosa e furiosa era a prontidão com que ele, logo após, concordou com ela. Rainha Eugênia continuava seu discurso: — Imagina como seria maravilhoso! Nossas famílias sempre foram amigas e com certeza seus pais também abençoariam essa união, de onde estiverem, assim como eu já abençoo. — Nesse ponto a senhora está certa, minha mãe. Ficaria tudo resolvido mesmo de minha parte, ou melhor dizendo, de nossa parte. Juntaríamos as terras, os reinos e… — Esperem! Não acredito que vocês estão aqui, na minha sala, na minha frente, querendo resolver a minha vida, sem que eu possa opinar e estar de acordo — interrompi Estevam que já estava indo longe demais. — Calma, querida! Tenho certeza que meu filho só estava pensando alto e avaliando
Agora, pensando no que estava acontecendo e nesse repentino interesse de Estevam por mim, que não me parece mais tão repentino assim, passo a crer que ele realmente sentia ciúmes e não era só da minha amizade. Talvez ele percebesse que eu gostava de Aron de uma forma diferente e desejava que eu gostasse dele da mesma forma. Se pudesse mandar em meu coração, com certeza seria bem mais fácil amar Estevam, mas não podemos ditar as regras para os sentimentos, infelizmente não! Estava sentada em minha cama, saboreando meu café da manhã. Tinha escolhido ficar por ali, em meus aposentos, até o momento do treinamento. Precisava ficar sozinha e clarear as ideias. Pensamentos que não pararam a noite inteira. Pensava na proposta de Estevam e de sua mãe e na conversa que tive com Elmos após aquela reunião. — Vossa majestade deve considerar a oferta, seria muito oportuna essa união. Juntar os reinos, os países, os povos… Acabaria de vez com toda essa confusão e ficaria tudo resolvido. Vo