— Realmente, eles eram muito amigos e talvez meu pai tenha sido muito bom em relevar tamanho erro, que não foi conveniente para meu reino. Devido a isso, tenho que lhe pedir para fazer as correções necessárias. — Você está querendo dizer que devo abrir mão dessas terras e da maior parte do maior rio que tenho em meu reino? — perguntei incrédula. — Sim, seria muito justo e estaria reparando um grande erro que não consigo entender porque aconteceu? Ficamos os três olhando para Estevam. Por alguns instantes, um silêncio perturbador tomou conta do ambiente até que Elmos se pronunciou. — Vossa Majestade, creio ser o mais correto conversarmos em uma reunião com todo o Conselho e resolvermos essa situação da melhor forma possível! — Com toda razão, tenho certeza que será o mais correto mesmo — afirmei, dirigindo meu olhar para Estevam, que se levantou pedindo licença. — Imaginei que fariam isso e que não sairia daqui hoje com uma decisão. Tenho a certeza de q
O lado de fora parecia muito melhor do que o de dentro. A tarde estava linda. O céu estava bem azul com poucas nuvens e o sol ainda brilhava forte, apesar de estarmos no meio da tarde. O ar já estava mais fresco, com brisa de outono, mas ainda era muito agradável. Fiquei surpresa em não ver Agnes e Bethany no jardim junto como o pequeno Serafim, como faziam quase todos os dias. — Pensei que estariam aqui fora com o pequeno. Decerto vieram, mas já resolveram se recolher, afinal está esfriando, não é mesmo? — Creio que sim. Está com frio? — Aron perguntou-me e sem esperar pela resposta tirou seu casaco e envolveu-me com ele. Suas mãos seguraram meus ombros e quando levantei meu rosto para agradecê-lo, seu olhar estava perdido e não sabia pelo que procurava. Aqueles lindos olhos procuravam por algo, parecia que percorriam todo o meu rosto, querendo encontrar algo e quando parou em meus lábios logo fugiram novamente e acharam o meu olhar. Com um balançar de cabeça
Chegava o dia da tão esperada reunião e eu me encontrava muito ansiosa e apreensiva. Tentava imaginar que tudo se resolveria da melhor forma possível, mas algo dentro de mim não acreditava naquilo. Não sabia o que esperar daquele encontro e aquela sensação de desconforto me deixava inquieta e irritada. Cheguei antes de todos na sala de reunião, ela estava quente e aconchegante. Sentei-me em minha poltrona e fiquei imaginando que logo aquela sala estaria cheia, vozes ecoariam por ali e uma decisão muito importante seria tomada. Não demorou muito tempo para que isso acontecesse. Elmos e Aron foram os primeiros a entrar e, quando viram que eu já estava presente, ficaram surpresos. Logo em seguida, foi anunciada a chegada de Estevam e dessa vez sua mãe veio junto. Não consegui medir, naquele momento, se a presença dela era algo bom ou ruim, apenas aceitei e esperei pelo que viria, afinal não tinha outra opção. — Que bom tê-los aqui novamente. Bem-vindo, Rei Estevam, e seja bem-v
Não podia acreditar que Estevam estava concordando com aquilo! Cheguei até imaginar se eles não estavam combinados desde o princípio. Se fosse, ele mentia muito bem, pois também parecia muito surpreso com a ideia de sua mãe. O que me deixava curiosa e furiosa era a prontidão com que ele, logo após, concordou com ela. Rainha Eugênia continuava seu discurso: — Imagina como seria maravilhoso! Nossas famílias sempre foram amigas e com certeza seus pais também abençoariam essa união, de onde estiverem, assim como eu já abençoo. — Nesse ponto a senhora está certa, minha mãe. Ficaria tudo resolvido mesmo de minha parte, ou melhor dizendo, de nossa parte. Juntaríamos as terras, os reinos e… — Esperem! Não acredito que vocês estão aqui, na minha sala, na minha frente, querendo resolver a minha vida, sem que eu possa opinar e estar de acordo — interrompi Estevam que já estava indo longe demais. — Calma, querida! Tenho certeza que meu filho só estava pensando alto e avaliando
Agora, pensando no que estava acontecendo e nesse repentino interesse de Estevam por mim, que não me parece mais tão repentino assim, passo a crer que ele realmente sentia ciúmes e não era só da minha amizade. Talvez ele percebesse que eu gostava de Aron de uma forma diferente e desejava que eu gostasse dele da mesma forma. Se pudesse mandar em meu coração, com certeza seria bem mais fácil amar Estevam, mas não podemos ditar as regras para os sentimentos, infelizmente não! Estava sentada em minha cama, saboreando meu café da manhã. Tinha escolhido ficar por ali, em meus aposentos, até o momento do treinamento. Precisava ficar sozinha e clarear as ideias. Pensamentos que não pararam a noite inteira. Pensava na proposta de Estevam e de sua mãe e na conversa que tive com Elmos após aquela reunião. — Vossa majestade deve considerar a oferta, seria muito oportuna essa união. Juntar os reinos, os países, os povos… Acabaria de vez com toda essa confusão e ficaria tudo resolvido. Vo
— Claro que não! Gosto muito de Estevam, mas não dessa maneira. Sempre o tive como um amigo, assim como você. Além disso, nunca tive nenhum tipo de interesse por ele e não será agora que terei, com certeza! — Certeza mesmo? Às vezes podemos confundir nossos sentimentos e pensarmos que temos certeza quando, na verdade, não temos. Por favor, sabes que nunca gostei muito de Estevam, não nos compare, nunca! — Ele parecia muito aborrecido. — Sim, sei bem disso! Tenho certeza que é recíproco e de que ele também nunca gostou muito de você, apesar de eu nunca compreender esse antagonismo. — Não sei explicar, só nunca nos entendemos mesmo! Tolerava-o em respeito à sua amizade e sei que ele fazia o mesmo. Confesso que quando o vi por aqui, fiquei incomodado com sua presença e até agora sinto que ele causará muitos danos, independente de vossa decisão. — Ainda não me decidi, Aron! Sei que o aconselhamento que todos me deram é verdadeiro e coerente, mas não consigo ainda conceber
ARON Voltei para o estábulo a fim de levar os cavalos para descansar. Enquanto estava livrando-os das selas, não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido. Todos aqueles anos em que reprimi minha paixão, meu amor por minha Princesa, por minha Rainha, tinham sido em vão, pois agora havia descoberto que ela me correspondia. Não sabia explicar desde quando isso acontecia, afinal não dissemos palavra alguma, não conseguimos proclamar nosso amor, no entanto estávamos certos de todo aquele sentimento apenas pelo que nossos olhos nos revelaram. Havia deixado todo aquele sentimento de lado por causa dos conselhos de meu pai. Não conseguia esquecer-me da conversa quando voltei de viagem após meus estudos. — Meu querido filho, seu retorno me traz muita felicidade, porém tenho percebido que você não me parece feliz por estar de volta. O que está acontecendo? — Estou muito feliz sim meu pai, todavia um pouco confuso com alguns sentimentos que não sabia q
MALENA Como poderíamos continuar nossa amizade após aquele dia e com aquela quase declaração? Muitas coisas me deixavam confusa. Há quanto tempo Aron correspondia aos meus sentimentos? Não podia imaginar! Tinha certeza de que ele gostava muito de mim como uma amiga que conhecia há muito tempo, mas depois do que aconteceu, já não sabia mais. Não podia ignorar aquele olhar, aquela declaração de amor sem palavras, aquele sorriso, aquele beijo reprimido, não podia ignorar toda aquela energia que nos tomou naquele instante, em que nos esquecemos de tudo e de todos, em que ocultamos as circunstâncias em que vivemos, a nossa atual situação de vida e as pessoas que nos cercam. O tempo que pedi para dar a resposta a Estevam havia chegado ao fim e dentro de mim permanecia a incerteza. Pensando com o coração, não queria aceitar de forma alguma, principalmente agora que sabia dos sentimentos de Aron. Entretanto, ao mesmo tempo, quando pensava com a razão, percebia que não havi