— Eu ainda não tinha vindo nesse restaurante - A voz animada de sua mãe fez a garota sorrir como nunca. Sentou em seu lugar colocando a bolsa em outra cadeira. — Eu adorei Madeline, parecem àqueles lugares chiques de cinema.
— Sabia que ia gostar. As meninas falam muito desse lugar na faculdade então resolvi trazer minha querida mãe aqui, já que conseguir marcar um horário com ela.
— Não diga algo assim. As coisas no salão andam agitadas, mas sempre terei tempo para minha única filha. Não se preocupe.
— Tudo bem. A faculdade também tem me tomado bastante tempo. Aproveitando que estamos aqui, quero contar algo a você.
— Ah meu Deus! Você encontrou um namorado? - A outra negou, e riu — Já sei, encontrou aquele garoto da lanchonete?
— Ah isso também não, mas está na minha lista de coisas para fazer antes de morrer - As duas riram — Na verdade, queria dizer que assim que me formar em dois meses, quero viajar pelo mundo. É um sonho.
— Me convidou para almoçar apenas para dizer que irá passar mais tempo longe de mim? Não me parece uma coisa boa a se fazer com minha pessoa. - Sorriu feliz, afinal, como mãe, Grace Macallister deveria sentir orgulho e incentivar sua filha a ser feliz. — Quando seu pai morreu eu tive medo de não poder dar tudo que você precisa, então me casei de novo e… Estou viúva outra vez. Mas vendo-a assim, tenho certeza que fiz um bom trabalho.
— Mas é claro que você fez um bom trabalho. Agora vamos comer.
Almoçaram tranquilamente contando todos os outros assuntos que sempre se esqueciam de comentar em casa. Moravam juntas, mas o tempo era curto para se encontraram, afinal, Madeline dava duro para terminar a faculdade ao mesmo tempo em que trabalhava em uma lanchonete qualquer e sua mãe era dona de um salão de beleza de luxo no centro da cidade, um dos mais caros e mais requisitados pelas mulheres da sociedade de Valcolink.
Quando tudo terminou as suas saíram do restaurante ainda sorrindo e falando sobre garotos e o que ela devia fazer. Arrumar um namorado, ter alguém ao seu lado era um lado bom da vida… Ao menos Grace achava assim.
Atravessaram as ruas chegando ao lugar que estacionaram o carro, mas antes de chegar ao mesmo um homem parou as duas de supetão. Ambas as mulheres se assustaram com a rapidez e deram alguns passos para trás. O homem era alto, forte, com seus braços longos cobertos por tatuagens grossas e negras se destacando na pele branca como o céu. Madeline olhou ao redor pretendendo gritar, o coração já estava parando na boca, certamente seriam assaltadas, as ruas de Valcolink nunca mais foram às mesmas desde a mudança da presidência.
— Calminha… Garotas - Pediu o homem trazendo a atenção das duas em sua direção. — E não precisa gritar criança. - Olhou para Madeline e sorriu, voltando a Grace que não entendeu nada. — E nem você, Grace Macallister. - A pronuncia do seu sobrenome de casada e o que mais tentava esconder, fez a mais velha prender a respiração por um momento.
Ela sabia que algo como aquilo podia acontecer na sua vida, mas sempre imaginou estar sozinha para quando sua morte viesse com toda a certeza no mundo.
O homem sorriu vendo o desespero nos olhos de Grace. Tirou o cigarro que prendia entre os lábios jogando no chão e apagou o fogo baixo com o pé direito. Os pensamentos de Grace foram de correr o mais breve possível, era apenas um homem, não era? Não… Não era. Assim que deu um passo para trás puxando sua filha junto, ambas avistaram mais alguns homens se aproximando, todos com aquele sorriso malicioso em seus lábios e um olhar marcante, daqueles que devorariam tudo e todos, incluindo elas duas.
— O que você quer? - Quis saber, passou a frente de sua filha jogando-a para trás, não deixaria que nada atingisse sua filha, nada daquela vida suja. Empinou o nariz mostrando que não estava com medo, embora por dentro seu coração estivesse avisando de que teria um infarto a qualquer momento. — Não o conhecemos. então pode nos deixar em paz. - Ordenou.
— Não. Você não me conhece. Nem a sua filha linda - sorriu para Madeline que além de não entender nada, podia sentir o aperto em suas mãos por sua mãe. — Mas vocês conhecem Christophe Macallister, certo? - Madeline estreitou os olhos inclinando a cabeça para o lado a fim de encarar o homem à frente.
Ela conhecia aquele nome, sempre conheceu. Era seu meio-irmão mais velho, aquele que Grace evitava mencionar, e quando o fazia, era sempre para dizer que antes de ir embora, ele prometeu que protegeria sua irmãzinha de onde estivesse. Fazia muito tempo que o tinha visto pessoalmente, e sendo sincera, nem lembrava mais de seu rosto, do seu sorriso, nem mesmo da voz, nem sabia se estava vivo ou morto. Nunca tivera um contato para que tivesse notícias.
— Queremos saber onde ele está nesse momento. - O homem a frente colocou as mãos na cintura deixando os outros cercarem as mulheres. Seu chefe havia dito que elas falariam logo, uma pressão apenas e elas gritariam o lugar onde aquele cara estaria se escondendo.
— Não o conhecemos. Então não tem como saber onde esse sujeito se encontra. - O homem riu, chegou a gargalhar colocando as mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta de couro. Todas as ações deixavam Grace ainda mais nervosa, temendo pela vida de sua filha. — Por favor, nos deixe ir embora agora.
— Ir embora? Você quer ir embora sem me dizer o que quero? Não estou aqui brincando, senhora Macallister. - Se aproximou mais e dessa vez, Grace não se mexeu. — Seu filho é um grande babac4. E ele vai morrer cedo o tarde, só precisamos saber onde ele está e finalmente teremos a nossa vingança. - Ela engoliu a seco — Então é melhor você dizer onde ele está, ou a bala que eu mandaria entre os olhos dele, eu colocarei entre os da sua filha.
— Não faça isso - Pediu rapidamente se colocando completamente em frente à filha — Não sabemos onde ele está. Não há como falarmos com ele, e há muito não temos noticias. Não participamos desse mundo.
— Acho que as coisas estão começando a se desenrolar. Duas frases atrás não sabiam quem era. Agora conhece, mas não sabe onde estar? - Mikael, o homem parado em frente às mulheres, olhou para um dos homens e logo sorriu para elas novamente. — Vamos dar uma volta. Todos nós.
— Espera! Espera! - Grace avançou contra o homem segurando seus braços — Levem apenas a mim, eu sou a única responsável por qualquer coisa que tenha a ver com esse mundo. Ela não tem nada a ver com isso.
Outro sorriso se formou nos lábios grossos do homem. Se fosse a outra ocasião, ou se não dependesse apenas dele, talvez, só talvez, ele pudesse atender ao pedido da mulher que chorava implorando para que fosse a única a ser levada. Mas o caso que aconteceu dias atrás era grave e isso caberia perfeitamente num sequestro para que todo mundo soubesse, especialmente Christopher, porque ele iria aparecer, cedo ou tarde.
— Nesse mundo, senhora Macallister, os mais fracos são aqueles que possuem alguém importante que possa perder de uma hora para a outra. - Avisou antes de puxar o rosto de Grace para mais perto encarando seus olhos verdes como os da filha. — E vocês é o ponto fraco de Christopher. - Riu alto junto dos outros presentes.
Dentro daquele carro que balançava de um lado para o outro, tudo que Grace conseguia pensar era em Madeline ao seu lado.Podia sentir seu cheiro, a mão gelada agarrada na sua, mas não conseguia vê-la, visto que em sua cabeça havia um saco negro colocado antes de entrarem no carro que foram ordenadas. Com as mãos amarradas para trás e a boca fechada por uma fita branca, ficou difícil de pedir ajuda, ou gritar o mais alto que podia.E depois de muito pensar, achou melhor seguir as regras que foram lhe ditas durante a viagem, afinal, tinham razão quando falou sobre ter uma pessoa especial, em que faríamos de tudo para proteger não importava o que. Essa pessoa para si era Madeline, sua filha. Christopher sabia lidar com qualquer coisa que viesse a seu rumo, afinal, tomou o título de gângster perigoso ultrapassando os limites de seu pai, e chegando a um nível que ninguém nesse mundo podia o parar.E foi por isso que se afastou de tudo e de todos, crendo ser o melhor para sua família, mas a
— Não toquem na minha filha, eu imploro. Faça… Faça qualquer coisa comigo, mas não toquem… nela - gaguejou, a imagem de Madeline sendo maltrata por qualquer pessoa no mundo lhe deixou sem ar, enjoada. A garota era frágil, nunca havia mesmo tentando sair ou ficado com algum garoto por medo de ser imperfeita demais para qualquer um.— Tudo isso pode ser resolvido. Quero que me diga onde está o seu filho. - Grace piscou algumas vezes e encarou o homem.— Eu… Eu não sei onde o Christopher está. - Contou deixando mais lágrimas banharem seu rosto. — Há muito tempo ele se foi. Não nos falamos, eu não faço ideia de onde ele se encontra.— Não é o que suas contas no banco dizem. - Gael sorriu de canto ao receber um tablet e virou para Grace que não olhou de primeira — Ele banca você, seu salão, até a faculdade da irmãzinha.— Não, ele não faz isso. - A voz doce de Madeline assustou até mesmo Gael que olhou para o lado. Os lábios rosados entreabertos o desespero estampado naqueles olhos tão int
Com o pedido já pronto, Gael tornou a seguir seu caminho deixando que seus homens fizessem o que mais queriam com a garota, ou não. Sinceramente, não lhe importava. Seguiu para o quarto do casarão onde fazia sua morada junto dos homens que o seguiam a todo custo. O quarto era grande espaçoso e com outro quarto secreto atrás de um quadro antigo e caro. Caminhou pelo estreito corredor oculto do guardo por alguns minutos até chegar à sua porta preferida. O cômodo era bem iluminado como um salão no meio de um museu. Era seu lugar preferido no mundo.As paredes eram enfeitadas pelas armas de seus inimigos que conseguiu enfrentar e ganhar em todos os anos dentro daquele mundo sujo e criminoso. Seguiu confiante e sorridente até a arma que era o seu maior destaque, a arma de James Macallister, o homem a qual teve medo e ódio no começo, mas que depois de uma luta justa e tiros em inúmeras direções ele saiu vitorioso.Arrependia-se de não ter assassinato o garoto que viera com ele naquela época
Todas as pessoas que entraram com Kim e Liam se entreolharam abismadas. Todos naquele lugar ficaram espantados, ninguém além de Kim e Liam sabia da existência de alguém da família do loiro além dele próprio e do pai que foi assassinado. Quando recuperou o ar e metade da visão perdida… Encarou o moreno novamente.— E a filha dela, minha irmã? - Liam engoliu a seco, não tinha palavras certas para contar o que estava acontecendo naquela cidade, mas faria qualquer coisa para ele entender que não era sua culpa. Não foi sua culpa. A demora em responder fez Christopher voltar a lhe erguer pela gola da camisa o jogando contra a mesa — CONTA ONDE ESTÁ A MINHA IRMÃ? CACETE! EU VOU MATAR VOCÊ.— O Gael, Gael… Ele… Ela está viva. - Christopher estreitou os olhos parando em cima de Liam que tentou se proteger. — Ela está viva, está em um beco, no meio da cidade de Valcolink algemada com o corpo da mãe. - Christopher o soltou se afastando da mesma hora, seus olhos ficaram embaçados pelas lágrimas s
O volume baixo da música tocada ao seu redor era tão pequeno que mal se podia ouvir.As janelas grandes que iam do teto ao chão estavam abertas trazendo de fora uma brisa fria e com isso, as cortinas entravam cada vez mais no quarto deixando aquele silêncio mínimo mais confortável do que o de costume. O cheiro gostoso daquele lugar era o mais perfeito do mundo, claro que, depois de sentir algo tão desumano quanto o odor de um cadáver em decomposição, qualquer coisa que viesse era bom.Christopher engoliu a seco quando trouxe seus olhos azuis brilhos de fora daquele quarto, para cima da cama onde jazia sua irmã mais nova deitada dentre os lençóis de lã em tons de branco e rosa, assim como o quarto em que se encontrava. Decorado com as cores mais bonitas para uma flor machucada do deserto, mas não deixava sua beleza ir embora nem um segundo.A última vez que viu Madeline, sua irmã tinha mais ou menos dezesseis anos. Estava saindo da formatura ao lado de suas amigas que nem notou sua pre
— Talvez eu tenha puxado aos genes do nosso pai. - Christopher ficou sério e ela também, ambos se encararam friamente e pareciam se entender perfeitamente com aquele olhar duro. — Onde está o que restou do corpo da minha mãe? - Levantou um braço procurando pela algema e agradeceu mentalmente por não está mais com aquilo.— Kim a enterrou no final da praia, onde sempre enterramos nossas pessoas queridas. Quando estiver melhor, mandarei que levem você até lá.— Praia? Valcolink não tem praias.— Você está Seant, na minha casa. - Madeline não demonstrou reação alguma. — Não pisará mais em Valcolink, nunca mais.— Eu tenho uma vida lá, você sabia? Eu faço faculdade e trabalho, ou trabalhava naquela cafeteria perto do salão da mamãe... - Christopher assentiu — O que acontecerá com o salão da mamãe?— Mandei uma pessoa para lá cuidar de tudo. E de novo, não quero que volte para lá. Seant é a minha cidade, e se quiser continuar sua faculdade aqui, pode fazer. Até trago os professores bem aq
Mas o que mais ele queria? Um aumento? Um aumento por fazer seu trabalho? Mais fácil ele não receber nada que ter um aumento concedido por Christopher.Entre ficar na sala com aquela mulher e subir para buscar encontrar seu chefe, preferia subir e enfrentar Christopher. Subiu os degraus com calma escutando as outras empregadas servir a grande senhora daquele lugar. Esperava que um dia aquela garota sumisse da vida de Christopher, porque o tanto que era enjoada e cínica lhe doía na alma. É claro que o Chris não era um dos homens mais corretos do mundo, mas ao menos uma mulher fiel deveria estar em sua cama, e não uma prostitit4 que achou no bordel e trouxe para dentro de casa.Andou pelo corredor com o coração mão. Não queria interromper nenhum momento entre os irmãos, mas estava no meio de seus trabalhos, arrumar as confusões que Christopher arranjava por toda sua vida. Parou em frente a porta escutando a voz de Christopher contar como fora que a trouxe até Seant o que não era uma his
Quando começou a descer as escadas, escutou primeiramente à voz da equipe que conhecia muito bem e adorava, porém, a mantinha longe fazendo trabalhos de longas datas em que seu pai não terminou quando vivo, mas ele fazia questão de terminar colocando todos os pingos nos “is”. Caminhou pelos corredores chegando a sua sala e achando seus quase melhores amigos.— Christopher - A primeira a correr em sua direção para lhe abraçar foi sua prima, Karen Logan. Caiu em seus braços lhe dando um beijo molhado em sua bochecha antes de se afastar e sorri sem nenhum pingo de vergonha, mesmo sabendo o quanto a namorada de aquele ser humano morri4. — Estava morrendo de saudade. Graças aos deuses nos chamou de volta. - Riu maliciosa agarrando sua camisa — Estava com saudade também do seu corpo, e eu poderia me aproveitar dele dessa vez?— Não… - Ele sorriu de canto notando os olhares de Sierra e Karen se afastou dando espaço para a outra integrante da equipe que vinha com um sorriso grande em sua dire