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6 - Ela Não é uma Garota Fragil e Quer Vingança

O volume baixo da música tocada ao seu redor era tão pequeno que mal se podia ouvir.

As janelas grandes que iam do teto ao chão estavam abertas trazendo de fora uma brisa fria e com isso, as cortinas entravam cada vez mais no quarto deixando aquele silêncio mínimo mais confortável do que o de costume. O cheiro gostoso daquele lugar era o mais perfeito do mundo, claro que, depois de sentir algo tão desumano quanto o odor de um cadáver em decomposição, qualquer coisa que viesse era bom.

Christopher engoliu a seco quando trouxe seus olhos azuis brilhos de fora daquele quarto, para cima da cama onde jazia sua irmã mais nova deitada dentre os lençóis de lã em tons de branco e rosa, assim como o quarto em que se encontrava. Decorado com as cores mais bonitas para uma flor machucada do deserto, mas não deixava sua beleza ir embora nem um segundo.

A última vez que viu Madeline, sua irmã tinha mais ou menos dezesseis anos. Estava saindo da formatura ao lado de suas amigas que nem notou sua presença. O cabelo loiro era um charme que vinha de James, isso com certeza. E aqueles olhos esverdeados cheio de felicidade e orgulho de si mesma vinha de Grace. Christopher suspirou outra vez se aproximando um pouco mais da cama a qual ela dormia, o enfermeiro fazia outra vez o curativo o rosto tampando aquela ferida tão horrível. Ficaria marcada naquele rosto jovem e tão frágil.

Apertou os punhos querendo socar tudo e todos, mas se aguentou. Desde que trouxe Madeline para sua mansão, a única coisa que fazia era sentar ao lado de seu leito, chorar pelas coisas que lhe aconteceram, velar seu sono olhando de um canto a outro esperando qualquer um que viesse lhe atacar. Prometeu a si tantas vezes que nada mais nesse mundo a machucaria.

— Ela vai ficar bem. - O enfermeiro levantou trazendo sua pequena maleta nas mãos. — A ferida no rosto deixará uma marca pequena. O corte foi profundo o suficiente para deixar uma cicatriz, mas como uma garota jovem com certeza irá aprender a esconder com maquiagem ou essas coisas que gostam de usar. - Riu de canto voltando os olhos para a menina — Eu sinto muito por sua irmã. Que eu também não sabia que você tinha. Tenho certeza que quem fez isso não pretendia matá-la, mas te chamar de alguma forma.

— E eles pagaram caro por ter feito isso a ela. - Disse calmo, mas sua voz era carregada de ódio e sede de vingança. — Não suma deste lugar. Preciso que venha vê-la quando acordar. Quero que cuide dela da melhor forma que conseguir, dinheiro não é problema.

— Você também está precisando dormir, Christopher. - O loiro passou pelo enfermeiro sem dar atenção ao que foi dito. Aproximou-se da cama e sentou sobre ela. As mãos grandes chegaram aos lençóis finos cobrindo o corpo pequeno e cheio de marcas. Será que em nenhum momento aqueles homens tiveram pena de machucar uma garota tão indefesa e fraca?

— Não me importo comigo agora - Foi o que disse. O enfermeiro entendeu saindo logo depois deixando o loiro sozinho outra vez.

Cruzou as pernas em cima do lençol velando outra vez o sono pesado daquela garota, viajou em seus pensamentos imaginando o que ela deve ter passado de tão ruim que nem notou quando as mãos delicadas de sua namorada pousaram sobre os ombros largos cobertos de tatuagens coloridas e músculos mais definidos. Christopher suspirou sabendo o quanto estava estressado.

— Sinto muito não ter ido dormir com você. - Mentiu. Não sentia nada no momento além de ódio e raiva.

— Está tudo bem agora. - Ela avisou sentando ao lado do namorado, encarou seu rosto dando-lhe um beijo terno, pequeno, cheio de saudade, e prolongaria se não entendesse o que acontecia ao seu redor. Afastou-se um pouco, mesmo que sua vontade fosse agarrá-lo ali mesmo. Christopher não esticou a mão para trazê-la como antes e reclamaria com certeza, se não entendesse a situação atual. — Como você está?

— Péssimo. - Respondeu levando os olhos outra vez para o rosto que dormia tranquilamente. — Achei que me afastando delas esse tipo de coisa nunca iria acontecer. Enganei-me completamente. - Mordeu os lábios sabendo o quanto aquilo estava doendo. — Sempre soube que envolver família nesse tipo de coisa é morte na certa.

— Nós estamos juntos há quase dois anos Christopher e nunca nada de ruim aconteceu comigo. Embora não saia muito dessa casa, todas as vezes que eu saio, volto ilesa e sem ninguém me perseguir. - Ele a encarou — Acho que se elas vivessem aqui desde o começo nada teria acontecido. Sua mãe não teria morrido e nem sua irmã... - Ela olhou para a garota — Eu ainda não sei o que aconteceu com a sua irmã direito.

— Gabriel disse que ela apanhou, mas não a tocaram. Se é que me entende. - Sierra assentiu — Ela é uma menina frágil, virgem, na sua cabeça só existem flores e corações e trabalhos da faculdade, cafés fortes com um coração no meio e flores de cerejas. Eu me sinto péssimo por ter acontecido algo assim com ela por minha culpa.

— Como você sabe tanto dela se nunca viveu com ela de verdade? - O ciúme era notório em cada silaba que saia da sua boca.

— Grace me contava. - Sierra tocou outra vez no rosto do namorado que acabou sorrindo com a lembrança. — Ela não é a minha mãe, mas passei a trata-la como tal assim que descobri que traria ao mundo a minha irmãzinha. Ligava quando podia, claro que, de maneiras diferentes. Tentei dar a vida que ela queria, lhe ajudei com o que podia, eu mantive a distância para que pudessem viver. Acho que fiz tudo errado.

— Tudo que você faz tem um sentido incomum, mas não acredite que de fato, você fez algo errado. Manteve sua família longe de todas essas desgraças, mas tudo tem uma primeira vez. - Christopher assentiu. — O que fez para o Gael ir tão longe assim?

— Ah, isso. - Christopher sorriu dando um longo suspiro — Eu vendi uma balsa dele com mais de duzentos milhões em drogas, pelo dobro da carga. Os piratas modernos são ricos até de mais, e facilitaram o roubo e deve ter vendido tudo aquilo em outro lugar, enquanto eu fiquei mais milionário. - Perdeu o sorriso ao voltar os olhos para a irmã deitada na cama — E fodido.

— Não precisa falar isso. - A mão pequena da mulher vagou pelos fios loiros da cabeça do garoto o levando para um novo mundo. O sono pareceu querer o pegar, contudo, escutou levemente um gemido abafado e esse gemido não vinha de Sierra. Os olhos dele se abriram dando atenção a Madeline que fora abrindo os seus devagar. Saltou da cama trazendo a namorada e juntos puderam ver a garota acordar piscando inúmeras vezes tentando reconhecer onde se encontrava. — Ela acordou. - Sierra sussurrou e o mínimo de sua voz chamou os olhos de Madeline em sua direção.

— Madeline... - Christopher se aproximou de novo, mas dessa vez sentou perto lhe ajudando a sentar na cama, puxou os travesseiros ao redor colocando atrás para que pudesse se sustentar. Tudo com uma delicadeza sem fim. A falta de força nos braços de Madeline era notável, e assim que lhe ajustou na cama, encarou seu rosto fino que entreabriu os lábios. — Sierra, peça a Wal para trazer água e qualquer coisa para ela comer. - A namorada logo correu para fazer o que foi pedido e Christopher olhou novamente para a irmã — Está tudo bem?

— A minha mãe morreu - repetiu a mesma coisa desde que lhe encontrou e Christopher assentiu desviando o olhar — Ela morreu por sua causa. Acredite ou não, ela não queria trair você. - Christopher voltou a lhe encarar — Eu sei que não é filho dela, e que ela não era sua mãe de verdade. Talvez não sentisse o mesmo amor que eu por ela, mas ela sentia o mesmo por você. Foi difícil para ela... - Falava tudo devagar, quase sem voz, mas não deixaria de contar tudo.

— Madeline, está tudo bem. - Ele segurou as mãos dela colocando uma em cima da outra enquanto fazia um carinho mínimo. — Eu vou cuidar de você, me perdoa por tudo.

— Não tenho nada para perdoar - arfou olhando ao redor até mirar no loiro outra vez. — Ela não falava muito de você, mas eu entendia que no seu coração ela faria qualquer coisa para te proteger. Mas além de querer te proteger, ela pensou em mim primeiro. Porque se não tivesse dito onde estava, eu nesse momento estaria... - Parou de falar quando uma mulher adentrou o quarto trazendo uma bandeja com um copo de água que logo foi dado a Madeline que tomou com presa.

Todos do quarto observaram seus movimentos dóceis, ela parecia simples e delicada e todos que percebiam isso, sentiam a raiva de Christopher por terem a tocado de qualquer forma.

— O que irá querer comer? - A mulher perguntou ao se abaixar um pouco e focar no rosto machucado. Recebeu um sorriso terno, envergonhado. — Pode falar o que vai querer qualquer coisa, eu trago.

— Eu... Eu não sei.

— Traga algo leve. Faz alguns dias que ela não come. - Christopher perguntou e ganhou os olhos de Madeline outra vez. — Nós te achamos naquele beco tem dois dias e você dorme desde então.

— Ah, uma semana? - Perguntou para si mesma fechando os olhos para pensar um pouco. — Depois de passar na mão de todos daqueles homens tendo cinco minutos cada para me bater e depois ser jogada num beco cheio de rato e barata e bêbados e alguns drogados no meio do escuro com o corpo da minha mãe algemado em mim a fome foi a ultima coisa que eu senti. - Christopher desviou o olhar, ela parecia mais sã do que realmente aparentava. — A chuva pelo menos me deu o que beber.

— Eu prometo que todos esses homens que fizeram mal a você, irão pagar caro. Muito caro. - Madeline riu de canto e concordou, deixando o copo de volta na bandeja. Havia seriedade e até deboche em algum canto no olhar, o que deixou os outros confusos, mas Christopher não. Ele sabia que o sangue de seu pai corria nas veias daquela garota e nenhuma gota de sangue de James Macallister era boa.

— Eu vou esperar isso acontecer. - Avisou desviando o olhar para a cama — E será uma grande vitória assistir cada um morrer depois de uma faca abrir suas gargantas, tudo bem? - Olhou para o irmão. — É errado pedir isso?

Christopher riu, desviando o olhar para a janela aberta, a brisa fria ainda entrava deixando o quarto mais gostoso de estarem, as cortinas continuava a voar por todo canto.

— Não. Afinal, você mesma pode fazer isso. Não parece ser tão frágil. Não é uma surpresa isso.

— Talvez eu tenha puxado aos genes do nosso pai. - Christopher ficou sério e ela também, ambos se encararam friamente e pareciam se entender perfeitamente com aquele olhar duro.

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