RIMENA
Meu marido falava muito sério quando disse que a cidade é longe. Mas exagerou para me assustar. Ficamos na carroça por quase um dia — não três —, parando para descansar e comer.
Não reclamei em nenhum momento. Ele já não queria me levar. Se eu abrisse a boca era capaz de Nicolai dar meia volta.
Sinto falta de um banho. Mesmo estando no inverno me acostumei a ter um banho todos os dias no mesmo horário. Essa é uma vantagem por ter um rio perto da nossa casa.
Apesar do desconforto por não conseguir seguir minha rotina, eu me sentia eufórica, queria olhar tudo que via, principalmente porque pelo caminho, vez ou outra, surgia uma casa ou pessoas. Cheguei a ver crianças brincando, um garotinho... vários. Eu nunca tinha visto um garoto. O único homem que conheço é meu marido. Até quis um filho, mas sem a ajuda de Nicolai seria impossível.
As mulheres que me criaram diziam que para ter um filho, bastava o casal desejar muito que ele surgia. A magia do nascimento, era assim que chamavam. Eu desejei muito, mas não foi o suficiente. E quando eu pedia a Nicolai para desejar comigo ele ria e dizia que nunca teríamos um filho, que era impossível por sermos quem éramos. Só que ele nunca disse o que isso significava.
Enquanto vejo as crianças pelo caminho, me vem a mente nossa última conversa sobre filhos.
— Por que você não quer desejar? — gritei com ele de repente. Ele acabou de voltar. Havia ficado dias longe de casa. Tive medo da sua reação ao meu grito, mas me mantive firme.
— Desejar o que? Ficou louca? — me encara com impaciência.
— Uma criança, Nicolai. Eu fico sozinha nessa casa quando você viaja. E mesmo quando você está aqui é como se eu estivesse sozinha. Eu sinto falta de companhia.
— Quer um filho apenas para ter companhia? Que mesquinho! — debocha.
— Eu quero uma criança para amar, ensinar. Quero ser mãe.
O jeito como Nicolai ri de mim machuca muito.
— Duvido que teria algo para ensinar a uma criança. Sem contar que falta a ferramenta necessária para fazer um filho.
— Ferramenta? — questiono confusa. — A minha mãe Luma disse que basta desejar.
Ele nega com a cabeça e começa a se afastar, dizendo:
— Você está cada dia mais insuportável. Esquece essa história de filhos. Você nunca vai saber o que é ser mãe.
E como sempre a nossa conversa terminou assim. Ele foi para o banho e eu fiquei me perguntando se havia uma vida diferente fora do meu pequeno mundo. Mas na verdade eu sabia que tinha, pois era muito feliz com as mulheres que me criaram.
— Chegamos. — Nicolai diz me tirando dos pensamentos. — Não faça ou diga nada sem meu consentimento. Eu nem devia ter cedido a essa loucura. Só o fiz porque estava cansado da sua ladainha.
Ignoro suas palavras duras.
Já tinha percebido um número assustador de casas e pessoas de todos os tipos. Mulheres e homens voando com asas quase translúcidas, crianças de orelhas pontudas correndo para todos os lados. São elfos e fadas. Aprendi sobre eles quando criança. Além de elfos vejo centauros, um ciclope e até uma vampira que mostra os seus dentes para um ser que eu não saberia identificar. Na verdade vi muitos assim, por ter forma humana nem todos são fáceis de identificar.
Aprendi muito sobre eles na Cidade das Mulheres.
— O que é aquilo? — apontei várias coisas grandes e rápidas que carregavam pessoas. Já tinha visto alguns pelo caminho.
— Chama-se veículo. Tem vários modelos e tamanhos diferentes. Aquele é um carro. — Aponta a coisa prateada que parou perto da nossa carroça. É incrível.
— Parece ser bem mais rápido e confortável que nossa carroça — digo impressionada.
— E é. Mas não temos como pagar por um desses. Já vai chegar aqui reclamando? — resmunga.
— Não reclamei, Nicolai. Só fiz um comentário.
— Guarde seus comentários para você.
Foi o que fiz, me calei pelo resto do caminho. Nicolai às vezes me magoava muito com seu jeito estupido.
*
Fomos até um lugar cheio de pessoas barulhentas.
Meu marido me orientou a ficar na carroça. Eu obedeci.
Observei um senhor entregando uma sacola para ele cheia de coisas brilhantes e redondas. Depois disso, ele me arrastou pela cidade enquanto trocava aquelas coisas brilhantes por comida, e as coisas que costumava levar para casa.
Era dinheiro, a moeda de troca de Estrela. Ouvi por alto sobre isso quando era mais nova. Se me lembro bem tem moedas de ouro, prata, bronze e algumas notas em papel.
Sempre as mesmas coisas. Percebi que tem muita variedade e ele sempre escolhe o mesmo.
— Podemos levar aquilo? — apontei algumas frutas que nunca havia visto. As pessoas no lugar comiam tão satisfeitas que me deixou com fome.
— Não temos dinheiro.
— Dinheiro é isso que você está trocando pelas coisas, não é?
— Sim. Agora fique calada. Não quero que saibam que sou casado com uma mulher ignorante.
Me calei outra vez. Odeio quando ele fala assim comigo. Só queria confirmar. Custa simplesmente responder?
Continuei sendo arrastada e já estava anoitecendo quando ele levou a carroça até um lugar cheio e barulhento, pior do que onde pegou o dinheiro.
Dessa vez ele guardou a carroça em um canto e soltou o cavalo para comer e descansar em um espaço onde havia outros dois cavalos.
Eu também queria muito comer e descansar. Mas se dissesse era capaz de Nicolai usar como desculpa para nunca mais me trazer, e eu quero voltar aqui sempre. É tão cheio de vida. Tantas coisas que nunca vi.
Eu sabia, não foi um erro vir até a cidade.
RIMENA— Nicolai, achei que não viria. O jogo já vai começar. — Um homem baixinho e barrigudo diz assim que nós entramos no lugar.É um grande espaço com várias mesas e cadeiras, todas ocupadas, além de ter pessoas andando de um lado para o outro e música alta envolvendo todo o lugar.Meu marido aperta a mão que o homem lhe estende e depois de cumprimentar diz:— Pode emprestar um quarto para minha mulher? Ela precisar descansar.— Claro — responde sorridente. — Carmem, leve a mulher do Nicolai até um dos quartos com banheiro. Ajude-a no que precisar, pelo nosso melhor cliente.— Vamos, querida. — A mulher me chama. Ela é meio que parecida com o homem. Também é baixinha e carrega uma barriga saliente. Ainda não consegui identificar o que eles são.Confesso que estou acanhada. Viver tanto tempo sozinha com Nicolai ou com as mulheres que me criaram me deixou meio que sem saber como reagir diante de outras pessoas... Meio nada, completamente sem saber como agir.Sigo a mulher corpulenta
NICOLAINão sei o que é pior; a minha vida no castelo ou nesse casamento falso com Rimena.Não, eu sei. A vida no casamento.No castelo eu podia ter minhas escapadas, agora só posso uma vez por mês no máximo. Quanto mais venho a cidade mais ela passa a ter interesse em vir também. É uma garota curiosa. Fica cada dia mais difícil afastá-la do mundo.O rei é um ser covarde. Deixar sua própria filha em uma situação assim. A garota nem pode ler, passa o dia com plantas e galinhas naquele lugar, naquele fim de mundo.Às vezes me pergunto porque ele me contou quem é essa menina. Poderia ter inventado qualquer desculpa, mas simplesmente disse: “Você vai morar com a minha filha, afastados de tudo e de todos. Meu conselheiro dará maiores detalhes”.E foi assim que eu soube que o rei tinha uma filha que ninguém suspeita.Tenho pena dela, mas não o bastante para mostrar o mundo que ela está perdendo. O que quero mesmo é um jeito de manter esse casamento que me rende uma grana e ter mais tempo pa
Acordei com o corpo um pouco dolorido por estar em uma cama diferente da minha. Apesar de que as duas são parecidas em questão de conforto. A minha só é menor.Estava sozinha no quarto, nem sinal de Nicolai.Estranho, ele costuma acordar depois de mim. Será que dormiu em um quarto separado da mesma forma que em casa? Eu devia esperar por isso, nunca dividimos o mesmo quarto.Saio do quarto e ando pelos corredores. Está tudo silencioso, muito diferente de durante a noite.Espero que aquelas pessoas que estavam pedindo socorro estejam bem.Encontro as escadas por onde passei ontem e desço. O movimento de ontem não existe mais, poucas pessoas limpando o lugar.— Com licença — chamo uma moça loira que está com uma vassoura varrendo vidros do chão debaixo de uma mesa.Ela me olha, vejo seus belos olhos cinza e pergunto:— Onde encontro a senhora Carmen?— Ela está dormindo. Só depois das onze da manhã.O tom da sua voz é meio cantado. Não sei explicar. Sua voz é linda.— Obrigada!
O tempo passa comigo aqui nesse lugar.Sinceramente, não demorou muito para que eu gostasse e começasse a desejar que Nicolai demorasse ou que nunca voltasse. É um sentimento feio, sei, porém não posso evitar.Aprendi tantas coisas, coisas absurdas, outras tão legais. Quero aprender mais, muito mais.Não posso ir embora, por vários motivos. Um deles, e o maior, é que não sei como voltar para casa. Ai vem o fato de que Nicolai meio que me vendeu por um mês.Quando eu o encontrar ele terá que me explicar muito bem essa história.Por falar em histórias... Aqui tem muitos livros. Eu nunca tinha visto um livro que não fosse o de regras das mulheres do Oeste. O que não faz muita diferença já que não sei ler. Ou melhor, não sabia.A senhora Carmen me ajuda muito, ela e Lilica estão me ensinando a ler e fazer os trabalhos do local onde terei que viver pelos próximos dias. Ela que seleciona os livros que posso ler, segundo ela, eu tenho que ir por partes. Já percebi que alguns livros com homen
SAYMON— Você achou que era brincadeira? — pergunto rindo dos seus olhos arregalado ao me ver desenrolando a corda.Quando ela entrou no quarto de motel, eu esperava só de roupão e com o sorriso de menino sapeca que sempre surgia em sua presença.— Achei — responde engolindo em seco.— E eu achei que já tivesse entendido que não brinco com coisa séria — falo de um jeito sarcástico. — Quer beber?— Preciso.Vou até ela sem o vinho. Ela acompanha meus movimentos com olhos curiosos e assustados. Me posiciono atrás dela e beijo seu pescoço, primeiro devagar, depois sugando com certa força e mordendo. Não resisto, sua pele clama pelos meus dentes. Ela geme e perde as forças das pernas. Está perto de gozar apenas com minhas mordidas. Isso nela é o que me deixa louco. É tão sensível.Desço lambendo e sugando suas costas nuas. Ela vai ficar cheia de chupões e marcas dos meus dentes, do jeito que gosto.A distraio com seus lábios até ela sentir a laçada firme em seus pulsos. A amarro com os br
— O que é isso? — acordo e a primeira coisa que vejo é Diana colocando roupa em uma mala em cima da cama. Ela está usando calça preta e jaqueta de couro por cima da blusa branca que cobrem seus fartos seios. Linda, mas prefiro como antes, nua, sentada na minha virilha e uivando de prazer.Ao ouvir a minha voz, ela vira, com um sorriso de empolgação, onde tem uma mensagem que não me dou ao trabalho de ler.— O rei me chama para uma missão. — Mostra seu celular.— Sem seu companheiro? — Sento na cama. E seu olhar fixa no meu pau ereto.Um sorriso maldoso desponta em meus lábios. Essa minha mulher é safada.Diana passa a língua pelos lábios. Chego a sentir sua boca engolindo tudo.Ela percebe e passa sua atenção para a mala.— Me desculpe, mas meu companheiro vai ter que morrer de saudade por alguns dias. Ele não mencionou você.— Impossível me afastar de você agora. A lua cheia é daqui a três dias, sabe como ficamos.Dane-se o rei. Não o considere meu rei. Aliás não considero ninguém su
RIMENAAntes...Odete me disse que meu futuro marido vem me buscar em poucos dias. Não sei muito bem o que sentir a esse respeito. Só conheço as mulheres do Oeste. Nunca vi um homem na minha vida.Ela me disse que não vai mudar muita coisa na minha vida, apenas que esse homem vai cuidar de mim, que devo obedecer assim como obedeço a ela. Ela cuida de mim desde sempre.Na verdade não obedeço tanto assim. Agora mesmo estou na beira do rio, nua e sentindo o sol em minha pele. Ela já me proibiu de fazer isso.Um movimento e meio seio direito roça minha roupa, que serve de manta no chão. A sensação é diferente, como se houvesse uma conexão com essa parte do meu corpo e entre minhas pernas.De olhos fechados, repito o movimento, e quando dou por mim estou tocando meus seios e entre minhas pernas. A sensação é tão boa, não tenho vontade de parar. Continuo esfregando até sentir meu corpo languido.Não sei o que é isso, mas gostei.Depois do meu passeio clandestino, volto para casa e encontro
SAYMONA menina que mandaram é pequena e lenta. Quando a vi sua beleza natural me agradou. Cabelos negros e ondulados, até o meio das costas. Estão soltos e perfeitos para puxar. E os olhos azuis como duas safiras me analisam sem pudor. O vestido não é como o das outras, é mais como da dona do lugar. Se for um papel que ela interpreta é o momento errado. Eu preciso de alguém com fogo e disposição. Não quero uma personagem tímida e inexperiente.— Por que ainda está vestida? — questiono. Quero que ela entenda o que desejo. Sem joguinhos, sem fantasias, apensas o puro e cru sexo.— O que? — Pelo jeito que se faz de sonsa, a mulher quer ficar no personagem. Droga! Onde estão as profissionais dispostas apenas a satisfazer?— Eu te ajudo. — Como ela não entendeu, um vestido rasgado deve ajudar.— O que está fazendo? — se afasta bruscamente.Nem ligo, volto ao seu vestido. Chego a sentir espasmos pelo tesão que a lua causa.— Te deixando nua. — Acabo de rasgar até o vestido cair.O Uau fica