O tempo passa comigo aqui nesse lugar.
Sinceramente, não demorou muito para que eu gostasse e começasse a desejar que Nicolai demorasse ou que nunca voltasse. É um sentimento feio, sei, porém não posso evitar.
Aprendi tantas coisas, coisas absurdas, outras tão legais. Quero aprender mais, muito mais.
Não posso ir embora, por vários motivos. Um deles, e o maior, é que não sei como voltar para casa. Ai vem o fato de que Nicolai meio que me vendeu por um mês.
Quando eu o encontrar ele terá que me explicar muito bem essa história.
Por falar em histórias... Aqui tem muitos livros. Eu nunca tinha visto um livro que não fosse o de regras das mulheres do Oeste. O que não faz muita diferença já que não sei ler. Ou melhor, não sabia.
A senhora Carmen me ajuda muito, ela e Lilica estão me ensinando a ler e fazer os trabalhos do local onde terei que viver pelos próximos dias. Ela que seleciona os livros que posso ler, segundo ela, eu tenho que ir por partes. Já percebi que alguns livros com homens ou casais seminus nas capas ela não permite.
Mais tarde... Primeiro as preliminares... Sempre diz.
Fui atrás de um dicionário saber o que é essa palavra. Ela me deu um dicionário logo que comecei a aprender.
[preliminar]
ADJETIVO
que antecede (o principal); prévio, preambular, introdutório
que antecede o ato sexual.
Pelo significado é como se ela estivesse me introduzindo a algo. E tenho quase certeza que tem a ver com esse tal ato sexual. É o que mais se fala nesse lugar, e sempre se calam e dão risadinhas quando pergunto. Dizem que alguém casada com Nicolai não entenderia. E dizem com puro deboche.
Eu continuo em busca de aprender, entender... Cada pequeno instante que consigo, trato de agarrar um livro e me esforçar para transformar letras em palavras, palavras em frases e frases em histórias.
*— Lilica? Está ai? A Carmen me pediu para trazer o seu vestido novo.
— Pode entrar.
É a primeira vez que entro no quarto da Lilica.
Meus olhos arregalam quando vejo o enorme tanque. O quarto dela é maior que todos os outros, acho que por causa do tanque.
Lilica está apoiada na beira, completamente nua. Seus seios redondos visíveis através do vidro, assim como uma calda incrivelmente dourada que sobe até a cintura.
— Tão linda! — as palavras saem sem que eu perceba.
Ela sorri.
— Obrigada!
Eu já sabia que ela era uma sereia, mas nunca a tinha visto assim. Seu quarto é cheio de coisas da natureza, lindo.
— Deixa o meu vestido ai sobre a cama.
Faço o que ela pede.
— Quer entrar? — aponta a água.
— Ah não... eu... não.
— Não seja boba, menina. Você precisa se libertar. Somos duas mulheres. Você nadou nua na Cidades das Mulheres?
Sim. Eu já tinha feito isso. Sozinha.
— Tá bem. Só um pouco.
Sempre teve algo que Luma não gostava em mim, e isso era a minha curiosidade. Perguntar tudo, querer ver tudo, experimentar tudo. Eu sempre fui assim.
Acredito que tiraram isso de mim de propósito. Só não sei porque.
Agora entendo porque queriam que não fosse curiosa. Afinal se era para esconder a realidade tinham que moldar o meu desejo de conhecimento. Isso é tão cruel.
Pensando nisso me desfaço rápido de vestido e da calcinha, estou sem sutiã.
— Uau! Que gostosa! — Lilica b**e palmas.
Gostosa quer dizer bonita, atraente. Eu aprendi.
Toco a água e penso em desistir.
— Está gelada.
— Você acostuma. Entra logo.
Subo no banquinho e pulo no tanque. É tão grande que dá para nadar um pouco.
— Você sente saudades do mar? — pergunto me aproximando da minha amiga.
Confesso que estou um pouco envergonhada pela nossa nudez, mas engulo a vergonha.
— Nunca conheci o mar. O máximo que consegui em minha vida foi uma banheira velha. A Carmen fez isso para mim. Esse é o meu paraíso particular. A minha casa.
— Também nunca vi o mar — suspiro imaginando como seria. — Mas para mim é diferente.
— Um dia eu irei. Nem é tão longe assim. Dizem que o oceano é lindo no Sul.
Ela ficou pensativa e eu também. Ficamos as duas curtindo o tanque.
Lilica era muito expressiva. Vê-la pensando assim me fez ter vontade de ter o poder de dar a ela o mar.
Realmente espero que a minha amiga tenha a chance de viver isso.
*— Seu marido é um eunuco. Tenho curiosidade. Como é o sexo de vocês? — Carmen questiona durante um dos momentos em que me ensina a ler.
Não disse. Tudo gira em torno dessa palavra. Sexo.
Deixo o livro de lado. Estou lendo Crepúsculo. A senhora Carmen disse que temos feiticeiros que enxergam o outro mundo de onde fomos gerados e que eles transcrevem muitas coisas, entre elas ficções sobre os seres mágicos.
Eu não questionei ainda, mas não pareço ser mágica. Será que sou apenas uma humana que veio parar aqui por acidente?
Paro de pensar em quem eu sou e encaro Carmen.
Ela continua:
— Às vezes tenho quase certeza que você nem sabe o que é isso, mas não é possível... — Ela me encara com dúvida. — Não pode ser possível.
— Não entendi a pergunta.
— Creio que ele bata uma siririca para você. Mas é só? Soube que vendem acessórios para isso. Vocês tem? — ela tem sorrisinho debochado no rosto.
— Eu não estou entendendo nada.
— Ela está falando de foder. — Lilica, a mesma moça que conversei na minha primeira manhã aqui, e que agora é minha grande amiga, entra falando. — Já que seu marido não tem pau.
Me sinto como a primeira vez que encarei um livro e não entendi uma palavra sequer.
— Entendo menos.
— Acho que vamos ter que dar uma aula de sexualidade a nossa pequena humana. — Lilica debocha. — Te falei que ela era virgem e ignorante.
Ei, eu sei o que significa ignorante. Agora sei.
— Querida, você e seu marido dormem juntos?
— Não. Cada um tem seu quarto.
— Você já o viu sem roupa?
— Claro que não. Isso é proibido.
— Quem te disse isso?
— As mulheres do Oeste.
Ela coça a cabeça, confusa.
Eu estou mais ainda. Conversa complicada.
— Juro que eu é que não estou entendendo — Carmen diz.
— Então você não sabe o que é sexo? — Lilica pergunta.
— Claro que sei. — Elas mostraram alivio com a minha resposta, mas só até eu completar. — É aquilo que define se você é homem ou mulher.
— Misericórdia! — Lilica b**e a mão na cabeça.
— Meu marido não pode saber disso. — Carmen murmura, mais para si que qualquer outra coisa.
— Se o senhor Mendonça souber, vamos ter leilão de uma raridade. Ele nem vai pensar no prazo que deu. É muito dinheiro. A última vez que tivemos uma virgem aqui foi há anos e lembro que todos ficaram loucos durante o leilão. Não entendo todo esse tesão em virgens.
Minha expressão não passa de uma interrogação.
Carmen segura minha mão.
— É melhor Nicolai vir te buscar logo.
Também acho. Não que eu vá com ele, quero mesmo é explicações.
— Enquanto isso, vou te explicar direitinho o que precisa saber sobre os desejos dos homens e mulheres — completa. — Mas não hoje. Muita informação. Meu Deus! É pior que ensinar uma criança. Vou te procurar depois e vamos ter “aquela conversa”...
SAYMON— Você achou que era brincadeira? — pergunto rindo dos seus olhos arregalado ao me ver desenrolando a corda.Quando ela entrou no quarto de motel, eu esperava só de roupão e com o sorriso de menino sapeca que sempre surgia em sua presença.— Achei — responde engolindo em seco.— E eu achei que já tivesse entendido que não brinco com coisa séria — falo de um jeito sarcástico. — Quer beber?— Preciso.Vou até ela sem o vinho. Ela acompanha meus movimentos com olhos curiosos e assustados. Me posiciono atrás dela e beijo seu pescoço, primeiro devagar, depois sugando com certa força e mordendo. Não resisto, sua pele clama pelos meus dentes. Ela geme e perde as forças das pernas. Está perto de gozar apenas com minhas mordidas. Isso nela é o que me deixa louco. É tão sensível.Desço lambendo e sugando suas costas nuas. Ela vai ficar cheia de chupões e marcas dos meus dentes, do jeito que gosto.A distraio com seus lábios até ela sentir a laçada firme em seus pulsos. A amarro com os br
— O que é isso? — acordo e a primeira coisa que vejo é Diana colocando roupa em uma mala em cima da cama. Ela está usando calça preta e jaqueta de couro por cima da blusa branca que cobrem seus fartos seios. Linda, mas prefiro como antes, nua, sentada na minha virilha e uivando de prazer.Ao ouvir a minha voz, ela vira, com um sorriso de empolgação, onde tem uma mensagem que não me dou ao trabalho de ler.— O rei me chama para uma missão. — Mostra seu celular.— Sem seu companheiro? — Sento na cama. E seu olhar fixa no meu pau ereto.Um sorriso maldoso desponta em meus lábios. Essa minha mulher é safada.Diana passa a língua pelos lábios. Chego a sentir sua boca engolindo tudo.Ela percebe e passa sua atenção para a mala.— Me desculpe, mas meu companheiro vai ter que morrer de saudade por alguns dias. Ele não mencionou você.— Impossível me afastar de você agora. A lua cheia é daqui a três dias, sabe como ficamos.Dane-se o rei. Não o considere meu rei. Aliás não considero ninguém su
RIMENAAntes...Odete me disse que meu futuro marido vem me buscar em poucos dias. Não sei muito bem o que sentir a esse respeito. Só conheço as mulheres do Oeste. Nunca vi um homem na minha vida.Ela me disse que não vai mudar muita coisa na minha vida, apenas que esse homem vai cuidar de mim, que devo obedecer assim como obedeço a ela. Ela cuida de mim desde sempre.Na verdade não obedeço tanto assim. Agora mesmo estou na beira do rio, nua e sentindo o sol em minha pele. Ela já me proibiu de fazer isso.Um movimento e meio seio direito roça minha roupa, que serve de manta no chão. A sensação é diferente, como se houvesse uma conexão com essa parte do meu corpo e entre minhas pernas.De olhos fechados, repito o movimento, e quando dou por mim estou tocando meus seios e entre minhas pernas. A sensação é tão boa, não tenho vontade de parar. Continuo esfregando até sentir meu corpo languido.Não sei o que é isso, mas gostei.Depois do meu passeio clandestino, volto para casa e encontro
SAYMONA menina que mandaram é pequena e lenta. Quando a vi sua beleza natural me agradou. Cabelos negros e ondulados, até o meio das costas. Estão soltos e perfeitos para puxar. E os olhos azuis como duas safiras me analisam sem pudor. O vestido não é como o das outras, é mais como da dona do lugar. Se for um papel que ela interpreta é o momento errado. Eu preciso de alguém com fogo e disposição. Não quero uma personagem tímida e inexperiente.— Por que ainda está vestida? — questiono. Quero que ela entenda o que desejo. Sem joguinhos, sem fantasias, apensas o puro e cru sexo.— O que? — Pelo jeito que se faz de sonsa, a mulher quer ficar no personagem. Droga! Onde estão as profissionais dispostas apenas a satisfazer?— Eu te ajudo. — Como ela não entendeu, um vestido rasgado deve ajudar.— O que está fazendo? — se afasta bruscamente.Nem ligo, volto ao seu vestido. Chego a sentir espasmos pelo tesão que a lua causa.— Te deixando nua. — Acabo de rasgar até o vestido cair.O Uau fica
RIMENAEu sai correndo do quarto. Porque, apesar do medo e da dor, ainda havia uma parte maluca em mim que cogitou a possibilidade de continuar aquilo. Deve ter algo errado comigo... ou eu devia mesmo gostar daquilo?Tirando algumas poucas palavras eu não fiz nada para colocar um fim naquilo. E eu juro que não sei porque. Nicolai está certo, eu sou uma burra que nem sabe perguntar e discutir. Guardo para mim as perguntas e me torno mais ignorante a cada respirar.Quando finalmente cheguei no andar de baixo, encontro o olhar de Carmen. Parece... horrorizada. Ela vem em minha direção e me puxa com certa grosseria em direção ao escritório.Ainda vejo seu marido balançando a cabeça negativamente. Eu quando tenho certeza que fiz algo errado. Na hora me vem a lembrança de Odete me advertindo sobre o perigo de me sentir bem com tais toques. Ai minha Estrela!Não resisto ao impulso de chorar. Dói entre minhas pernas e nunca estive mais confusa.— O que você fez? — ela pergunta me segurando pe
Havia uma profecia com uma princesa e um homem que se transforma em lobo. Assim o mundo que ruiu foi reconstruído.A profecia data do início de Estrela, que surgiu há milhares de anos de uma separação dos seres místicos dos humanos.Por inveja, os humanos se aproximavam cada vez mais da perfeição no que se referia a armas para destruí-los. A última invenção pretendia retirar de forma cirúrgica os poderes de qualquer ser e usar em humanos geneticamente criados. O que mais agravava a situação era que havia uma raça traidora entre os seres mágicos, essa raça eram os lobos, cujo único poder vinha de se transformar em um animal feroz e poder se comunicar com qualquer outro como ele através da mente. Eles também invejavam seus “iguais” por muitos terem maior poder. Por isso, se uniram aos humanos para roubar poder dos outros seres.Foi uma feiticeira que uniu os líderes dos seres sobrenaturais e cedeu sua vida para a criação desse mundo mágico chamado Estrela, para afastar todos do mal caus
— Nasceu, majestade. É uma menina.O rei fecha os olhos com força ao ouvir o anuncio da serva. Esperava que viesse um menino. Tudo estava seguindo conforme a profecia.“Não posso aceitar que essa piralha tire o meu trono. Muito menos que se una a escória do nosso mundo.”A serva lhe estende o pacote onde a bebê suja descansa em um tecido destinado apenas a realeza.— Ela não chorou? — pergunta ao ver a menina quieta. — Não escutei outro barulho além dos esforços da rainha.— Não senhor. Nenhum choro.“Isso é bom. É um sinal do destino.” Pensa.Em sua cabeça começa a se formar um plano.— Entendo. Leve-a para a parte mais afastada dos meus domínios. No Oeste, naquela cidade de mulheres sozinhas. Não quero nenhum homem perto dela até que comece suas regras. Quando começar, vou enviar um eunuco para que se passe pelo seu marido. Pagarei para que eles fiquem o mais distante possível de qualquer outra pessoa. Ela tem que morrer virgem. Não deve nem saber o significado da palavra sexo.O re
Dezoito anos depois...RIMENALevanto com a disposição de uma criança em seu aniversário. O que é quase fato, já que é meu aniversário, só não sou mais criança.Hoje é o dia. Ele prometeu me levar dessa vez, justamente por ser meu aniversário de dezoito anos.O sol mal nascia e eu já estava com café pronto para quando meu marido acordasse. Essa era a minha obrigação, cuidar da casa e da nossa alimentação, meu marido cuida para que não nos falte nada, indo até a cidade e comprando tudo que é necessário em casa.— Bom dia! — falo animada quando ele entra na cozinha.Meu marido não tem o melhor dos humores, mas já aprendi a lidar com isso. Eu cresci entre mulheres e elas me ensinaram que os homens são diferentes em vários aspectos. Eles são mais rabugentos, gostam de mandar, são mais fortes fisicamente, entre outras coisas.Só posso confirmar pelo que sei do Nicolai, pois é o único homem que já vi em toda minha vida.Luma, a senhora que me criou, dizia que o rei ordenou que nos casássemo