Acordei com o corpo um pouco dolorido por estar em uma cama diferente da minha. Apesar de que as duas são parecidas em questão de conforto. A minha só é menor.
Estava sozinha no quarto, nem sinal de Nicolai.
Estranho, ele costuma acordar depois de mim. Será que dormiu em um quarto separado da mesma forma que em casa?
Eu devia esperar por isso, nunca dividimos o mesmo quarto.
Saio do quarto e ando pelos corredores. Está tudo silencioso, muito diferente de durante a noite.
Espero que aquelas pessoas que estavam pedindo socorro estejam bem.
Encontro as escadas por onde passei ontem e desço. O movimento de ontem não existe mais, poucas pessoas limpando o lugar.
— Com licença — chamo uma moça loira que está com uma vassoura varrendo vidros do chão debaixo de uma mesa.
Ela me olha, vejo seus belos olhos cinza e pergunto:
— Onde encontro a senhora Carmen?
— Ela está dormindo. Só depois das onze da manhã.
O tom da sua voz é meio cantado. Não sei explicar. Sua voz é linda.
— Obrigada! — me viro para ir, mas volto. — A senhorita conhece o Nicolai?
— O eunuco? Sim, todos aqui conhecem ele por causa do Matt. Ele saiu há pouco. Acho que foi embora.
Embora sem mim? Não. Ele deve estar em algum lugar.
Eunuco? Abro a boca para questionar o que significa, mas desisto. Não deve ser importante. Talvez apenas uma forma como o chamam.
Agradeço novamente e fico vagando pelo lugar, depois decido vagar pelos arredores.
Tudo é tão estranho. Mais de uma vez vi pessoas penduradas uma na outra, com os lábios colados. Não entendi nada. Como parecia normal para todos, tratei de ignorar essas cenas hilarias.
Um rapaz tocava flauta em um canto e fui até ele.
A melodia era linda.
Fiquei um bom tempo ouvindo. Fazia tempo que não escutava música assim ao vivo, desde que fui morar com meu marido, apenas ouvia no aparelho som que Nicolai me deu depois de muito insistir. Quando morava na Cidade das Mulheres sempre havia fogueira e música à noite.
Ouvindo esse homem tocar, pensando nas músicas e suas letras, senti como se uma peça de um quebra cabeça se encaixasse em minha mente.
Um beijo... Aquilo de pessoas com lábios colados era chamado de beijo e significava que as pessoas se amavam. As músicas diziam isso, mas nunca entendi.
Nicolai mentiu para mim. Quando questionei sobre o que as músicas diziam sobre o amor ele afirmou que aquilo era fantasia e que se fosse para eu ficar impressionada com essas mentiras tiraria a música de mim.
— Gostou? — o rapaz pergunta após parar. Ele tem o cabelo grande e castanho, amarrado em um rabo de cavalo que destacam suas orelhas pontudas de elfo. É bem magro, mas acho bonito.
Olho o chapéu com algumas notas como as que Nicolai usou ontem e respondo:
— Sim. Mas não tenho dinheiro. Tem problema? — percebi que as pessoas colocavam moedas no chapéu que ele deixou no chão.
— Claro que não. Uma bela mulher como você paga simplesmente por estar na minha frente — ele sorri mostrando dentes alinhados e covinhas no rosto magro.
Devolvo o sorriso. Gosto de sorrir. Gosto de como se formam duas covinhas no meu rosto, parecidas com as que se formam no rosto dele.
— Meu nome é Higor. Qual o seu? — Ele pergunta enquanto guarda suas coisas.
— Rimena.
— Lindo como a dona. Eu vou almoçar agora, mas se quiser um pouco mais de show pode me encontrar aqui em algumas horas.
Almoçar? Nossa! Nem vi o tempo passar.
— Se ainda estiver na cidade. Aproveito e vejo se meu marido tem dinheiro.
Não sei por que, mas sinto uma certa obrigação de dar dinheiro a ele.
— Marido? — não vi mais o sorriso do rapaz. Seu rosto perde um pouco do brilho e alegria.
— Sim. Ele se chama Nicolai.
Ele dá de ombros.
E assim acaba a conversa. Me despeço do rapaz e me perco duas vezes antes de achar o local onde dormi. Já estava entrando em desespero.
— Olá! — cumprimento a senhora Carmen. Ela está atrás de um balcão lendo um pequeno caderno.
— Pensei que tinha fugido — ela diz com seu jeito tranquilo que vi ontem.
Hoje ela está com um vestido verde brilhante. Eu ainda uso o que me emprestou. Está um pouco sujo da minha volta pela cidade.
— Desculpe. Fui dar uma volta para esperar o horário que a senhora acorda e acabei demorando mais do que previa.
— Você nunca veio para o Norte, não é? Nicolai falou algo a respeito.
— Eu vivi com as mulheres do Oeste e depois que me casei nunca sai de casa.
— Agora vai ter muito tempo para conhecer o Norte.
Duvido que Nicolai me traga aqui com facilidade. Se ela soubesse o quanto foi difícil o convencer dessa vez.
— Por que diz isso? — questiono.
Ela faz uma careta.
— Pelo jeito seu marido não lhe contou. Imaginei que o covarde não faria isso. Para apostar a própria mulher...
— Não estou entendendo. — A interrompo confusa.
— Vou ser o mais clara possível. Seu marido apostou e perdeu a senhora.
— Como assim? — Sei que estou parecendo tola questionando a mesma coisa sem parar, mas realmente não entendo.
— Jogos de cartas. Ele costuma ganhar, mas ontem o azar estava ao seu lado. Você vai trabalhar me ajudando na limpeza e cozinha, além de servir as mesas. Se ele pagar, você volta para casa em menos de um mês. Se não pagar... — ela faz uma pausa, me olhando com... com pena. — É melhor que pague. Você não duraria nessa vida.
Me sinto perdida. Eu agora pertenço a essas pessoas? Onde está Nicolai?
O tempo passa comigo aqui nesse lugar.Sinceramente, não demorou muito para que eu gostasse e começasse a desejar que Nicolai demorasse ou que nunca voltasse. É um sentimento feio, sei, porém não posso evitar.Aprendi tantas coisas, coisas absurdas, outras tão legais. Quero aprender mais, muito mais.Não posso ir embora, por vários motivos. Um deles, e o maior, é que não sei como voltar para casa. Ai vem o fato de que Nicolai meio que me vendeu por um mês.Quando eu o encontrar ele terá que me explicar muito bem essa história.Por falar em histórias... Aqui tem muitos livros. Eu nunca tinha visto um livro que não fosse o de regras das mulheres do Oeste. O que não faz muita diferença já que não sei ler. Ou melhor, não sabia.A senhora Carmen me ajuda muito, ela e Lilica estão me ensinando a ler e fazer os trabalhos do local onde terei que viver pelos próximos dias. Ela que seleciona os livros que posso ler, segundo ela, eu tenho que ir por partes. Já percebi que alguns livros com homen
SAYMON— Você achou que era brincadeira? — pergunto rindo dos seus olhos arregalado ao me ver desenrolando a corda.Quando ela entrou no quarto de motel, eu esperava só de roupão e com o sorriso de menino sapeca que sempre surgia em sua presença.— Achei — responde engolindo em seco.— E eu achei que já tivesse entendido que não brinco com coisa séria — falo de um jeito sarcástico. — Quer beber?— Preciso.Vou até ela sem o vinho. Ela acompanha meus movimentos com olhos curiosos e assustados. Me posiciono atrás dela e beijo seu pescoço, primeiro devagar, depois sugando com certa força e mordendo. Não resisto, sua pele clama pelos meus dentes. Ela geme e perde as forças das pernas. Está perto de gozar apenas com minhas mordidas. Isso nela é o que me deixa louco. É tão sensível.Desço lambendo e sugando suas costas nuas. Ela vai ficar cheia de chupões e marcas dos meus dentes, do jeito que gosto.A distraio com seus lábios até ela sentir a laçada firme em seus pulsos. A amarro com os br
— O que é isso? — acordo e a primeira coisa que vejo é Diana colocando roupa em uma mala em cima da cama. Ela está usando calça preta e jaqueta de couro por cima da blusa branca que cobrem seus fartos seios. Linda, mas prefiro como antes, nua, sentada na minha virilha e uivando de prazer.Ao ouvir a minha voz, ela vira, com um sorriso de empolgação, onde tem uma mensagem que não me dou ao trabalho de ler.— O rei me chama para uma missão. — Mostra seu celular.— Sem seu companheiro? — Sento na cama. E seu olhar fixa no meu pau ereto.Um sorriso maldoso desponta em meus lábios. Essa minha mulher é safada.Diana passa a língua pelos lábios. Chego a sentir sua boca engolindo tudo.Ela percebe e passa sua atenção para a mala.— Me desculpe, mas meu companheiro vai ter que morrer de saudade por alguns dias. Ele não mencionou você.— Impossível me afastar de você agora. A lua cheia é daqui a três dias, sabe como ficamos.Dane-se o rei. Não o considere meu rei. Aliás não considero ninguém su
RIMENAAntes...Odete me disse que meu futuro marido vem me buscar em poucos dias. Não sei muito bem o que sentir a esse respeito. Só conheço as mulheres do Oeste. Nunca vi um homem na minha vida.Ela me disse que não vai mudar muita coisa na minha vida, apenas que esse homem vai cuidar de mim, que devo obedecer assim como obedeço a ela. Ela cuida de mim desde sempre.Na verdade não obedeço tanto assim. Agora mesmo estou na beira do rio, nua e sentindo o sol em minha pele. Ela já me proibiu de fazer isso.Um movimento e meio seio direito roça minha roupa, que serve de manta no chão. A sensação é diferente, como se houvesse uma conexão com essa parte do meu corpo e entre minhas pernas.De olhos fechados, repito o movimento, e quando dou por mim estou tocando meus seios e entre minhas pernas. A sensação é tão boa, não tenho vontade de parar. Continuo esfregando até sentir meu corpo languido.Não sei o que é isso, mas gostei.Depois do meu passeio clandestino, volto para casa e encontro
SAYMONA menina que mandaram é pequena e lenta. Quando a vi sua beleza natural me agradou. Cabelos negros e ondulados, até o meio das costas. Estão soltos e perfeitos para puxar. E os olhos azuis como duas safiras me analisam sem pudor. O vestido não é como o das outras, é mais como da dona do lugar. Se for um papel que ela interpreta é o momento errado. Eu preciso de alguém com fogo e disposição. Não quero uma personagem tímida e inexperiente.— Por que ainda está vestida? — questiono. Quero que ela entenda o que desejo. Sem joguinhos, sem fantasias, apensas o puro e cru sexo.— O que? — Pelo jeito que se faz de sonsa, a mulher quer ficar no personagem. Droga! Onde estão as profissionais dispostas apenas a satisfazer?— Eu te ajudo. — Como ela não entendeu, um vestido rasgado deve ajudar.— O que está fazendo? — se afasta bruscamente.Nem ligo, volto ao seu vestido. Chego a sentir espasmos pelo tesão que a lua causa.— Te deixando nua. — Acabo de rasgar até o vestido cair.O Uau fica
RIMENAEu sai correndo do quarto. Porque, apesar do medo e da dor, ainda havia uma parte maluca em mim que cogitou a possibilidade de continuar aquilo. Deve ter algo errado comigo... ou eu devia mesmo gostar daquilo?Tirando algumas poucas palavras eu não fiz nada para colocar um fim naquilo. E eu juro que não sei porque. Nicolai está certo, eu sou uma burra que nem sabe perguntar e discutir. Guardo para mim as perguntas e me torno mais ignorante a cada respirar.Quando finalmente cheguei no andar de baixo, encontro o olhar de Carmen. Parece... horrorizada. Ela vem em minha direção e me puxa com certa grosseria em direção ao escritório.Ainda vejo seu marido balançando a cabeça negativamente. Eu quando tenho certeza que fiz algo errado. Na hora me vem a lembrança de Odete me advertindo sobre o perigo de me sentir bem com tais toques. Ai minha Estrela!Não resisto ao impulso de chorar. Dói entre minhas pernas e nunca estive mais confusa.— O que você fez? — ela pergunta me segurando pe
Havia uma profecia com uma princesa e um homem que se transforma em lobo. Assim o mundo que ruiu foi reconstruído.A profecia data do início de Estrela, que surgiu há milhares de anos de uma separação dos seres místicos dos humanos.Por inveja, os humanos se aproximavam cada vez mais da perfeição no que se referia a armas para destruí-los. A última invenção pretendia retirar de forma cirúrgica os poderes de qualquer ser e usar em humanos geneticamente criados. O que mais agravava a situação era que havia uma raça traidora entre os seres mágicos, essa raça eram os lobos, cujo único poder vinha de se transformar em um animal feroz e poder se comunicar com qualquer outro como ele através da mente. Eles também invejavam seus “iguais” por muitos terem maior poder. Por isso, se uniram aos humanos para roubar poder dos outros seres.Foi uma feiticeira que uniu os líderes dos seres sobrenaturais e cedeu sua vida para a criação desse mundo mágico chamado Estrela, para afastar todos do mal caus
— Nasceu, majestade. É uma menina.O rei fecha os olhos com força ao ouvir o anuncio da serva. Esperava que viesse um menino. Tudo estava seguindo conforme a profecia.“Não posso aceitar que essa piralha tire o meu trono. Muito menos que se una a escória do nosso mundo.”A serva lhe estende o pacote onde a bebê suja descansa em um tecido destinado apenas a realeza.— Ela não chorou? — pergunta ao ver a menina quieta. — Não escutei outro barulho além dos esforços da rainha.— Não senhor. Nenhum choro.“Isso é bom. É um sinal do destino.” Pensa.Em sua cabeça começa a se formar um plano.— Entendo. Leve-a para a parte mais afastada dos meus domínios. No Oeste, naquela cidade de mulheres sozinhas. Não quero nenhum homem perto dela até que comece suas regras. Quando começar, vou enviar um eunuco para que se passe pelo seu marido. Pagarei para que eles fiquem o mais distante possível de qualquer outra pessoa. Ela tem que morrer virgem. Não deve nem saber o significado da palavra sexo.O re