NICOLAI
Não sei o que é pior; a minha vida no castelo ou nesse casamento falso com Rimena.
Não, eu sei. A vida no casamento.
No castelo eu podia ter minhas escapadas, agora só posso uma vez por mês no máximo. Quanto mais venho a cidade mais ela passa a ter interesse em vir também. É uma garota curiosa. Fica cada dia mais difícil afastá-la do mundo.
O rei é um ser covarde. Deixar sua própria filha em uma situação assim. A garota nem pode ler, passa o dia com plantas e galinhas naquele lugar, naquele fim de mundo.
Às vezes me pergunto porque ele me contou quem é essa menina. Poderia ter inventado qualquer desculpa, mas simplesmente disse: “Você vai morar com a minha filha, afastados de tudo e de todos. Meu conselheiro dará maiores detalhes”.
E foi assim que eu soube que o rei tinha uma filha que ninguém suspeita.
Tenho pena dela, mas não o bastante para mostrar o mundo que ela está perdendo. O que quero mesmo é um jeito de manter esse casamento que me rende uma grana e ter mais tempo para meus caprichos. Talvez uma casa mais próxima e protegida seja o ideal.
Perco muito tempo nesse casamento ridículo.
— Cubro a oferta — coloco as moedas de ouro sobre a mesa e afasto os pensamentos com a possibilidade de vitória.
Comigo só j**a quem tem dinheiro. Por isso as coisas para a casa são de qualidade inferior. Precisa sobrar para o jogo e para Matt, meu amante.
Eu o conheci aqui mesmo, na Casa da Madame Carmen.
Apesar do nome, quem manda é o marido dela, Mendonça.
Aqui tem de tudo; jogos com apostas, mulheres para uma noite de sexo, homens para noite de sexo.
Matt é o meu garoto aqui. Ele me faz sentir completo. Quando estou com ele esqueço que o maldito do meu pai me vendeu como eunuco para o rei em troca de terras, me esqueço que o desgraçado cortou uma parte de mim por terras.
Matt ainda atende outros homens. Não posso exigir que seja exclusivo, ainda não. Ele é ambicioso. Nunca deixaria a vida na Casa da Madame Carmen por uma vidinha medíocre onde teria que contar moedas.
O jogo continua. Soube que a minha esposa dormiu, e pedi para trancar a porta do quarto dela por fora e me entregar a chave. A doida da Carmen entregou a chave a ela. Mandei buscar. Não quero ela vendo muita coisa. Se ela soubesse que está em um bordel. Se ela soubesse o que é um bordel...
O jogo continua. Só paro para me aliviar. Depois passarei em um dos quartos com meu amante. Primeiro, ganhar mais dinheiro para deixá-lo bem feliz.
— O que? — levanto de sopetão ao ver que perdi tudo.
— Dia de azar, meu amigo — Mendonça, dono do lugar, diz com um sorriso amarelo.
Ele raramente j**a com os clientes, só quando quer ganhar, pois sempre ganha. Só que eu estava muito confiante depois de ganhar rapidamente várias rodadas.
— Foi só um pequeno azar, aposto que vai ganhar na próxima. — Matt atiça. Ele está atrás de mim, massageando meus ombros.
Me viro e encaro seus olhos puxados. Ele me mostra as presas de um jeito bem sexy. Se eu tivesse um pau ele ficaria duro com o sorriso do meu vampiro.
— O dinheiro acabou — digo derrotado.
O mês vai ser apertado se eu não conseguir mais dinheiro do rei.
— Aposta sua esposa — Matt diz no meu ouvido com sua voz macia. E não parece estar brincando.
Não posso apostar minha esposa. Ela é de onde tiro o dinheiro. Ele não sabe. Além disso, a perder significa que ela se tornaria uma das meninas da casa. E isso significa estar em contato com muitos paus, coisa que o rei mataria para não acontecer. Nesse caso o cadáver seria eu.
— Está maluco? Como apostaria isso? — digo só para ele.
— Maluco não, confiante.
— Não seria o primeiro — Mendonça ri, apesar de falar perto do meu ouvido, o sussurro de Matt foi alto para os outros jogadores ouvirem também. E pelo jeito o que eu disse também. — Muitas das garotas que trabalham aqui começaram por causa de maridos ou irmãos que jogam, até mesmo pais. Jogadores não deviam ter famílias. — Balança a cabeça em negativo.
— Vai sair?
— Desistiu?
Os outros jogadores me apressam a decidir.
Eu não costumo perder. Por causa disso estou somando uma pequena fortuna em um lugar secreto no meu quarto. O mês seria apertado simplesmente porque esse dinheiro tem outro propósito que não tem nada a ver com bancar minha vida de marido.
Eu não vou perder.
— Aposto a minha mulher — digo confiante da vitória.
— Se apostar ela vai ficar com quem ganhar até que pague a quantia. — Mendonça avisa.
— Eu sei. Não vou perder.
Talvez eu tenha bebido um pouco além e esteja confiante demais, porém sinto nos ossos que dessa vez eu vou ganhar. Eu preciso de mais dinheiro, quero mais. Esse que eu perdi é pouco perto do que está em jogo nessa rodada.
A partida começa. E na metade já estou suando frio. Minhas cartas estão péssimas. Preciso de um milagre para vencer.
O milagre não vem.
— Caralho! — levanto da mesa, um misto de desespero e raiva.
Mendonça ganha outra vez.
— Pois é. Acontece sempre. — Mendonça se levanta. — Vamos encerrar por hoje antes que perca sua alma. E sugiro que me siga para vermos os termos da sua mulher vendida.
Puta que pariu! Eu não posso deixar Rimena nas mãos do Mendonça.
Ele me espera com uma expressão que diz “eu te avisei”.
É o que faço. O sigo até sua sala particular.
— Já que você ganhou, meu amigo. Pode deixá-la só com tarefas de limpeza? Te imploro — peço com meu melhor tom de desespero.
Mendonça é um homem justo. Eu tenho meu dinheiro escondido, mas de jeito nenhum que vou usar nisso. Rimena aguenta um pouco. Só preciso evitar que o rei descubra onde ela está e evitar que ela caia sentada no pau de alguém.
Ele me olha com pena. Até parece que preciso de pena.
— Você tem um mês. Acho que é o suficiente para conseguir a grana. Após isso ela vai atender aos clientes.
— Obrigado. O pagarei o quanto antes.
— Assim espero. A sua esposa depende disso.
Saio do lugar e vou para o quarto de Matt. Ele já me espera. Diz que vai me compensar por ter dado uma péssima sugestão.
Matt é tudo para mim. E eu quero que ele não precise ser de mais ninguém, só meu. Por isso decido: Vou dizer ao rei que fui assaltado e preciso de mais dinheiro, direi que encontraram a casa onde estamos e que vamos precisar mudar para um local mais isolado. Ele vai acreditar.
Não posso deixar meu garoto sem seus mimos. Muito menos perder o que ganho do rei.
Acordei com o corpo um pouco dolorido por estar em uma cama diferente da minha. Apesar de que as duas são parecidas em questão de conforto. A minha só é menor.Estava sozinha no quarto, nem sinal de Nicolai.Estranho, ele costuma acordar depois de mim. Será que dormiu em um quarto separado da mesma forma que em casa? Eu devia esperar por isso, nunca dividimos o mesmo quarto.Saio do quarto e ando pelos corredores. Está tudo silencioso, muito diferente de durante a noite.Espero que aquelas pessoas que estavam pedindo socorro estejam bem.Encontro as escadas por onde passei ontem e desço. O movimento de ontem não existe mais, poucas pessoas limpando o lugar.— Com licença — chamo uma moça loira que está com uma vassoura varrendo vidros do chão debaixo de uma mesa.Ela me olha, vejo seus belos olhos cinza e pergunto:— Onde encontro a senhora Carmen?— Ela está dormindo. Só depois das onze da manhã.O tom da sua voz é meio cantado. Não sei explicar. Sua voz é linda.— Obrigada!
O tempo passa comigo aqui nesse lugar.Sinceramente, não demorou muito para que eu gostasse e começasse a desejar que Nicolai demorasse ou que nunca voltasse. É um sentimento feio, sei, porém não posso evitar.Aprendi tantas coisas, coisas absurdas, outras tão legais. Quero aprender mais, muito mais.Não posso ir embora, por vários motivos. Um deles, e o maior, é que não sei como voltar para casa. Ai vem o fato de que Nicolai meio que me vendeu por um mês.Quando eu o encontrar ele terá que me explicar muito bem essa história.Por falar em histórias... Aqui tem muitos livros. Eu nunca tinha visto um livro que não fosse o de regras das mulheres do Oeste. O que não faz muita diferença já que não sei ler. Ou melhor, não sabia.A senhora Carmen me ajuda muito, ela e Lilica estão me ensinando a ler e fazer os trabalhos do local onde terei que viver pelos próximos dias. Ela que seleciona os livros que posso ler, segundo ela, eu tenho que ir por partes. Já percebi que alguns livros com homen
SAYMON— Você achou que era brincadeira? — pergunto rindo dos seus olhos arregalado ao me ver desenrolando a corda.Quando ela entrou no quarto de motel, eu esperava só de roupão e com o sorriso de menino sapeca que sempre surgia em sua presença.— Achei — responde engolindo em seco.— E eu achei que já tivesse entendido que não brinco com coisa séria — falo de um jeito sarcástico. — Quer beber?— Preciso.Vou até ela sem o vinho. Ela acompanha meus movimentos com olhos curiosos e assustados. Me posiciono atrás dela e beijo seu pescoço, primeiro devagar, depois sugando com certa força e mordendo. Não resisto, sua pele clama pelos meus dentes. Ela geme e perde as forças das pernas. Está perto de gozar apenas com minhas mordidas. Isso nela é o que me deixa louco. É tão sensível.Desço lambendo e sugando suas costas nuas. Ela vai ficar cheia de chupões e marcas dos meus dentes, do jeito que gosto.A distraio com seus lábios até ela sentir a laçada firme em seus pulsos. A amarro com os br
— O que é isso? — acordo e a primeira coisa que vejo é Diana colocando roupa em uma mala em cima da cama. Ela está usando calça preta e jaqueta de couro por cima da blusa branca que cobrem seus fartos seios. Linda, mas prefiro como antes, nua, sentada na minha virilha e uivando de prazer.Ao ouvir a minha voz, ela vira, com um sorriso de empolgação, onde tem uma mensagem que não me dou ao trabalho de ler.— O rei me chama para uma missão. — Mostra seu celular.— Sem seu companheiro? — Sento na cama. E seu olhar fixa no meu pau ereto.Um sorriso maldoso desponta em meus lábios. Essa minha mulher é safada.Diana passa a língua pelos lábios. Chego a sentir sua boca engolindo tudo.Ela percebe e passa sua atenção para a mala.— Me desculpe, mas meu companheiro vai ter que morrer de saudade por alguns dias. Ele não mencionou você.— Impossível me afastar de você agora. A lua cheia é daqui a três dias, sabe como ficamos.Dane-se o rei. Não o considere meu rei. Aliás não considero ninguém su
RIMENAAntes...Odete me disse que meu futuro marido vem me buscar em poucos dias. Não sei muito bem o que sentir a esse respeito. Só conheço as mulheres do Oeste. Nunca vi um homem na minha vida.Ela me disse que não vai mudar muita coisa na minha vida, apenas que esse homem vai cuidar de mim, que devo obedecer assim como obedeço a ela. Ela cuida de mim desde sempre.Na verdade não obedeço tanto assim. Agora mesmo estou na beira do rio, nua e sentindo o sol em minha pele. Ela já me proibiu de fazer isso.Um movimento e meio seio direito roça minha roupa, que serve de manta no chão. A sensação é diferente, como se houvesse uma conexão com essa parte do meu corpo e entre minhas pernas.De olhos fechados, repito o movimento, e quando dou por mim estou tocando meus seios e entre minhas pernas. A sensação é tão boa, não tenho vontade de parar. Continuo esfregando até sentir meu corpo languido.Não sei o que é isso, mas gostei.Depois do meu passeio clandestino, volto para casa e encontro
SAYMONA menina que mandaram é pequena e lenta. Quando a vi sua beleza natural me agradou. Cabelos negros e ondulados, até o meio das costas. Estão soltos e perfeitos para puxar. E os olhos azuis como duas safiras me analisam sem pudor. O vestido não é como o das outras, é mais como da dona do lugar. Se for um papel que ela interpreta é o momento errado. Eu preciso de alguém com fogo e disposição. Não quero uma personagem tímida e inexperiente.— Por que ainda está vestida? — questiono. Quero que ela entenda o que desejo. Sem joguinhos, sem fantasias, apensas o puro e cru sexo.— O que? — Pelo jeito que se faz de sonsa, a mulher quer ficar no personagem. Droga! Onde estão as profissionais dispostas apenas a satisfazer?— Eu te ajudo. — Como ela não entendeu, um vestido rasgado deve ajudar.— O que está fazendo? — se afasta bruscamente.Nem ligo, volto ao seu vestido. Chego a sentir espasmos pelo tesão que a lua causa.— Te deixando nua. — Acabo de rasgar até o vestido cair.O Uau fica
RIMENAEu sai correndo do quarto. Porque, apesar do medo e da dor, ainda havia uma parte maluca em mim que cogitou a possibilidade de continuar aquilo. Deve ter algo errado comigo... ou eu devia mesmo gostar daquilo?Tirando algumas poucas palavras eu não fiz nada para colocar um fim naquilo. E eu juro que não sei porque. Nicolai está certo, eu sou uma burra que nem sabe perguntar e discutir. Guardo para mim as perguntas e me torno mais ignorante a cada respirar.Quando finalmente cheguei no andar de baixo, encontro o olhar de Carmen. Parece... horrorizada. Ela vem em minha direção e me puxa com certa grosseria em direção ao escritório.Ainda vejo seu marido balançando a cabeça negativamente. Eu quando tenho certeza que fiz algo errado. Na hora me vem a lembrança de Odete me advertindo sobre o perigo de me sentir bem com tais toques. Ai minha Estrela!Não resisto ao impulso de chorar. Dói entre minhas pernas e nunca estive mais confusa.— O que você fez? — ela pergunta me segurando pe
Havia uma profecia com uma princesa e um homem que se transforma em lobo. Assim o mundo que ruiu foi reconstruído.A profecia data do início de Estrela, que surgiu há milhares de anos de uma separação dos seres místicos dos humanos.Por inveja, os humanos se aproximavam cada vez mais da perfeição no que se referia a armas para destruí-los. A última invenção pretendia retirar de forma cirúrgica os poderes de qualquer ser e usar em humanos geneticamente criados. O que mais agravava a situação era que havia uma raça traidora entre os seres mágicos, essa raça eram os lobos, cujo único poder vinha de se transformar em um animal feroz e poder se comunicar com qualquer outro como ele através da mente. Eles também invejavam seus “iguais” por muitos terem maior poder. Por isso, se uniram aos humanos para roubar poder dos outros seres.Foi uma feiticeira que uniu os líderes dos seres sobrenaturais e cedeu sua vida para a criação desse mundo mágico chamado Estrela, para afastar todos do mal caus