Sentimentos - 8

— Alguns homens do norte da Sicília... me contrataram para receber informações e repassar para eles. Eu aceitei pois precisava do dinheiro para sustentar minha filha e por alguns meses repassei todas as informações que eu recebia por mensagem para um número desconhecido.— a mulher disse entre soluços.— Eu não sei mais de nada... Só isso.

— E você tem o número que repassava essas informações?— Matteo perguntou seriamente.

— Os homens me entregaram um celular e eu só podia usar ele para passar essas informações.— a moça disse quase que em um sussurro.

— E como você foi contratada?— Gabriel perguntou para a moça que o encarou.

— Eu trabalhei por alguns meses numa boate para conseguir mais dinheiro e eles fizeram essa proposta, a única condição era não contar nada para ninguém.— ela respondeu.

— E você aceitou assim, tão facilmente?— Gabriel perguntou novamente.

— Preciso sustentar minha filha... Eles disseram que era um trabalho fácil, que eu só ia repassar algumas informações, o que eu tinha a perder?— a mulher perguntou para Gabriel, que não disse nada.

— Está com o celular aí?— Matteo perguntou.

A mulher levantou e foi até uma cômoda, ela abriu rapidamente uma pequena gaveta e pegou o celular, logo entregou para Matteo.

— Sabe o endereço da boate?— Matteo perguntou.

— Sim...

A mulher pegou uma folha de caderno e anotou o endereço, em seguida entregou para Matteo. Ele sentou na cadeira novamente e olhou para Matteo.

— Perfeito.— Matteo sussurrou.

Em um movimento rápido, Matteo sacou a arma da sua cintura e apontou para a mulher.

— Não, não, por favor!— a mulher implorou.

Olhei para Matteo, não acreditando que ele iria realmente atirar.

— Não, Matteo!— gritei.

— Sinto muito.— Matteo sussurrou olhando para a moça, atirou.

O som ocasionou um estrondo e inconscientemente eu fechei os olhos assustada. Quando os abri, olhei em choque para a mulher que estava com a cabeça inclinada para a esquerda apoiada no seu próprio ombro com os olhos abertos e com um tiro na cabeça que jorrava sangue.

— Por que você fez isso? Por que matou ela?— perguntei olhando para Matteo sem acreditar no que aconteceu, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.

— Vamos embora!— Matteo disse pegando pelo meu pulso.

— Me solta!— gritei, tirando minha mão bruscamente.

Matteo me encarou, enquanto Gabriel observava o que Matteo iria fazer.

— Yhelena, vai para o carro. Agora!— Matteo disse firmemente, o que me causou calafrios.

Encarei Matteo, mas em um choque de realidade saí correndo da casa da mulher, em direção ao carro. Matteo e Gabriel saíram logo depois e enquanto nos dirigíamos para o carro, ouvimos a voz de uma criança gritando.

— Mamãe? Mãe?— a criança chorava.

Eu só conseguia imaginar como aquela criança estava sofrendo vendo sua mãe sangrando daquela maneira, mas em algum momento os vizinhos ouviriam e iriam regatá-la.

Entrei no carro e fomos embora dali. Quando chegamos na casa recém comprada, subi diretamente para o meu quarto, eu mal conseguia olhar para Gabriel e Matteo. Entrei no meu quarto e deitei na cama, só conseguia lembrar dos olhos arregalados da garotinha e da sua mãe apavorada. Como meu pai e Gabriel puderam envolver essa mulher nisso?

Ninguém veio ao meu quarto, somente a noite, quando o empregado veio me trazer uma bandeja com o jantar.

— O senhor Matteo pediu para que eu lhe entregasse.— o empregado disse me entregando a bandeja.

Peguei a bandeja e me sentei na cama, comecei a comer com os gritos da criança perturbando a minha mente.

— Yhelena?— ouvi alguém chamar.

Olhei para a porta e vi Matteo, ele se aproximou e se sentou na minha cama.

— Por favor, me deixa sozinha.— pedi.

— Eu tinha que matar ela, Yhelena... Se eu não matasse, ela poderia informar aquelas pessoas para quem ela estava trabalhando que estávamos investigando. Além do mais, se eu não matasse, eles iriam a torturar, ou pior. Fiz um favor.— Matteo disse seriamente.

Sorri sarcasticamente.

— Você? Fez um favor?

— Sim.— Matteo afirmou.

— Você é um hipócrita Matteo, é isso que você é! Do mesmo jeito que você ama a sua filha e está fazendo tudo isso por ela, aquela mulher fez aquilo para proteger e cuidar da filha dela. Provavelmente foi uma vítima de um cara muito filha da puta, que engravidou ela e a deixou com a filha pra cuidar. Você viu o semblante de medo da mulher? E da criança?— perguntei gritando com Matteo.

— Yhelena, tenha calma.— Matteo pediu.

Me levantei da cama e joguei a bandeja do jantar no chão. Os pratos e copos rapidamente quebraram e fez um barulho estrondoso, então Matteo me encarou sem dizer nada.

— Calma? Como você me pede calma?— gritei.

Em alguns segundos, alguns homens apareceram na porta armados, provavelmente vieram ver o que estava acontecendo. Matteo os encarou e levantou a mão como um sinal de que estava tudo bem.

— O que foi Matteo? Vai mandar eles me matarem também?— perguntei.

Matteo se levantou e me olhou nos olhos. Andei para trás para me afastar dele e sem querer pisei nos cacos de vidro que estavam espalhados pelo chão.

— Que merda!— exclamei enquanto sentia o corte arder.

Matteo olhou para o chão e notou que eu havia me machucado. Rapidamente ele se aproximou e me pegou no colo, enquanto eu me debatia. Contra a minha vontade, ele me levou em direção a cama.

— Me solta!— gritei, enquanto me debatia nos braços de Matteo.

Matteo me pôs na cama e ajoelhou no chão. Ele desabotoou a sua blusa social branca e a retirou. Logo rasgou um pedaço da blusa e se aproximou para colocar no meu pé.

— Já mandei me soltar!— gritei com Matteo.

— Que porra Yhelena, só cala essa boca!— Matteo esbravejou.

Fiquei quieta e ele enrolou a blusa no meu machucado. Logo ele se pôs de pé e em olhou nos olhos.

— Eu disse para você não se envolver.— Matteo disse firmemente.

— Me envolver? E como eu posso não me envolver? Eu fui sequestrada Matteo, estou presa nessa merda! E tenho certeza que não vai me soltar até achar sua filha.— esbravejei.

Matteo me encarou, os seus olhos verdes admitiam que eu tinha razão, ele não iria me deixar ir.

— Vou chamar um médico.— Matteo disse e se retirou rapidamente do quarto.

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