Rumo a Morte - 16

Assim que Matteo saiu, olhei para o quarto, ele estava tão quieto, a não ser pelos meus pensamentos ecoando pela dimensão das paredes. Me levantei ainda em prantos, eu não acreditava no que Matteo havia acabado de falar. Me troquei rapidamente e Gabriel bateu na porta novamente. Limpei as lágrimas e tentei disfarçar o máximo que pude.

— Entre.— disse quase que em um sussurro.

— Só informando que o vestido que irá usar no baile já está pronto, comprei nos tons da sua família, para nos misturarmos. Seu pai colocou nosso nome na lista e está tudo conforme o plano. Ele queria que soubesse.— Gabriel disse seriamente.

Olhei para Gabriel e assenti com a cabeça.

— Obrigada, você...

— Não Yhelena, não disse nada sobre Matteo.— Gabriel disse firmemente.

Em seguida Gabriel se retirou rapidamente e eu voltei a deitar na cama, perdida nos meus pensamentos, enquanto minhas lágrimas molhavam o travesseiro.

...

Dias já haviam se passado e hoje era finalmente o dia do baile, tudo provavelmente iria acabar hoje, Matteo iria descobrir o paradeiro de Milena e seria morto por papai, para que Gabriel assumisse a máfia Adsa. Tudo conforme o plano.

A cabelereira puxou meus cabelos e eu me despertei dos meus pensamentos. Me olhei no espelho, ela estava elaborando um coque baixo mais para o lado. Ele tinha algumas mechas sobre meu rosto, mas estava belíssimo. Olhei meu reflexo, minha maquiagem já estava pronta, era em tons quentes e com um esfumado marrom, tudo combinando perfeitamente com as cores da minha família.

As cores da minha família são um vermelho puxado para o marsala e azul, ambos significavam força e seriedade. As festas normalmente usavam essas cores e hoje especificamente, seria um baile de máscaras, planejado especialmente para Matteo, mas papai provavelmente fecharia vários acordos. Poderia apostar que somente algumas pessoas sabiam desse acordo com Gabriel e que o restante da família nem desconfiava. Mas de certa forma, se aliar com os Adsa era um bom negócio, eles tinham rotas melhores e fornecedores que valiam a pena. Tomavam conta quase da Itália inteira, tinham gente infiltrada em todos os lugares, política, polícia, imprensa... Eles estavam em toda parte. Por isso era fácil transportar a mercadoria e receber também. Os negócios da família Adsa são grandes, eles tem empresas, boates e restaurantes, tudo para encobrir as drogas e a corrupção. Meu pai não perderia a oportunidade de fazer parte disso, de ajudar a família Mikazia crescer. De ter mais rotas e aliados.

Assim que a cabelereira terminou, ela se retirou e fui me trocar. Gabriel havia trago o vestido de manhã, ele era marsala, longo e tinha o estilo sereia. Suas costas eram nuas e tinha um fenda em sua lateral que vinha até minha coxa. Ele era trabalhado em pequenas pedrarias e rendas, tudo o deixava precisamente perfeito.

Coloquei o vestido e me olhei no espelho, eu estava linda, nem acreditava o quanto aquela cor destacava meus cabelos ruivos e ornavam perfeitamente com minha pele. Coloquei a máscara que combinava com o vestido, ela tinha diversos detalhes e pedrarias, provavelmente haviam sido confeccionados para essa ocasião. Saí do quarto e desci para a sala. Eu havia chegado primeiro, lá estava o doutor me olhando escorado na porta.

— Você está linda...— ele sussurrou.

Eu sorri.

Logo fomos interrompidos por uma outra figura imponente descendo as escadas, era Matteo. Ele estava com um terno preto, assim como sua máscara, que destacam seus olhos verdes. Ele desceu as escadas seriamente, me encarando a cada passo seu. Eu não havia falado com Matteo, desde a noite em que eu me entreguei para ele e era melhor assim.

Matteo terminou de descer as escadas, mas seus olhos continuavam nos meus e eu não conseguia tirar os meus olhos dos dele. Ele estava tão lindo, senti meu coração apertar, como eu poderia estar participando disso? Estar armando algo para matar... o homem que eu amo?! Desviei o olhar e logo olhei para as escadas, lá estava Gabriel, descendo com seu terno azul marinho, perfeitamente alinhado.

Gabriel nos olhou, provavelmente notou o clima que estava entre eu e Matteo e não evitou em dar um leve sorrisinho.

— Vamos?— ele perguntou.

Matteo assentiu com a cabeça e nos despedimos do doutor, saindo da casa e entrando no carro. Matteo ligou o carro e logo partiu rumo a minha casa.

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