Verdades - 18

— E o que você vai fazer?— perguntei.

Matteo me pegou pelo pulso e andou entre a multidão disfarçadamente, até encontrar um longo corredor que dava para uma segunda sala. Aquele era o caminho mais longo para o segundo andar, contando que o caminho mais rápido, estava impedido por causa do palco.

Andamos pelo longo corredor, onde dava para a minha sala de estar e lá estava a escada. Não havia ninguém vigiando e tudo na medida do possível, estava em silêncio, apenas uns ruídos ao fundo vindos do hall, onde estava acontecendo a festa.

— Não tem ninguém... Todos estão na festa agora, para quê colocar um vigia, se estão entre família?! Esse é o erro de Marco.— Matteo sussurrou, como se estivesse conversando com ele mesmo.

Subimos as escadas rapidamente e andamos pelo corredor, abrindo porta por porta atrás de Milena. Quando chegamos no último corredor, vimos um guarda na porta e rapidamente Matteo me fez escorar na parede para o guarda não nos ver. O guarda olhou em volta, a procura de alguém, mas ao não ver ninguém, permaneceu parado. Em segundos ele colocou a mão no ouvido, aparentemente alguém estava falando com ele e em segundos ele saiu correndo para o lado ao contrário do nosso.

— Ela está ali...— Matteo disse se aproximando devagar.

Matteo me olhou com receio ao chegar em frente a porta, ele estendeu a sua mão sobre a maçaneta e ao abrir, estranhamente a porta estava destrancada. Ele abriu a porta cuidadosamente, mas foi surpreendido por três homens a sua espera. Matteo rapidamente sacou a arma que estava em sua cintura e os outros homens fizeram o mesmo, logo abriram caminho para um outro homem.

— Matteo...— o homem sussurrou ainda de costas.

Matteo olhou para o senhor de costas, com a arma apontada em sua direção. Em alguns segundos o homem se virou com um sorriso sarcástico, era papai.

Matteo arregalou os olhos, provavelmente estava se perguntando como papai havia chegado primeiro do que ele no quarto.

— Sério que você achou que só houvesse um caminho para o segundo andar?— papai perguntou com um sorriso nos lábios.

Matteo não respondeu e Marco continuou sorridente.

— Matteo... Chega ser engraçado a sua ingenuidade.— Marco suspirou satisfeito.— Sinto lhe informar, mas sua querida filha não está aqui. Ela está em outro lugar, mas lhe garanto que está segura, e ... viva.

— Filho da puta!— Matteo bateu os punhos na mesa que estava ao seu lado, enquanto os três homens permaneciam apontando a arma para Matteo.

— Não fique zangado Matteo... o trato é o seguinte, — papai fez uma pausa.— não é segredo para ninguém que a sua família é uma das mais poderosas da Itália e com isso você consegue facilmente transportar seus produtos e fazer os seus negócios sujos, pois tem gente em todo lugar. Eu entrego a sua filha, mas em troca, quero esses mesmos privilégios. Quero que coloque meus homens em todos os lugares, para que assim eu não tenha problema com as autoridades.

— Eu vou te matar seu desgraçado!— Matteo gritou.

— Me matar?— Marco riu alto.

Matteo se aproximou com a arma e os três capangas de Marco puxaram o gatilho, logo Matteo se afastou ainda com a arma apontada para papai.

— Para de ser idiota, não esqueça que sua filha está comigo! Eu te mato e a mato logo em seguida.— Marco gritou e Matteo o olhou com ódio.

— Se eu lhe entregar Milena, sei que vai procurar um jeito de se vingar depois, então me escute bem... Minha família é tão grande quanto a sua, se tentar algo contra mim, estará iniciando uma guerra e eu lhe garanto Matteo, que vou atrás de Milena e a mato na sua frente. Vou fazer ela sangrar e gritar alto, para que você me implore para parar, e eu não vou parar, pois você que estará procurando por isso. Logo depois de matar sua preciosa filha, eu acabo com você. É uma promessa.

Matteo me olhou nervoso, os seus olhos transmitiam ódio, mas a ameaça contra Milena havia mexido com ele, ela era tudo para ele.

— O tempo passa Matteo e a minha paciência é curta...— papai resmungou.

Matteo encarou Marco ainda o apontando a arma, mas logo desviou o olhar para algo atrás de Marco. Em seguida ele me olhou confuso e em um movimento rápido me puxou pelo braço e me prendendo em um “mata leão”, apontou a arma para a minha cabeça.

— Porra!— Matteo gritou.— Quem é você?

Senti minha respiração ofegante.

— O que você está fazendo?— perguntei, sentindo meu corpo arrepiar de medo.

— Qual é seu sobrenome?— ele perguntou gritando, enquanto os homens de papai apontavam a arma para ele.

Olhei para papai, que me encarava apavorado, como se soubesse que poderia me perder naquele instante.

— Dujaf.— disse o primeiro sobrenome que lembrei.

Matteo riu sarcasticamente e forçando a arma contra a minha cabeça gritou.

— FILHA DA PUTA! Você está no quadro da parede, está com Marco, você é uma Mikazia, não é?

Olhei para a foto atrás de papai, tinha um quadro nosso. Aquele era meu quarto de infância, provavelmente Milena estivera ali, pois era o único quarto infantil da casa. No quarto não haviam fotos, somente aquela da parede, era eu e papai, quando eu tinha careca de 13 anos.

— Me desculpa...— sussurrei.

A voz de Matteo sumiu e por mais que eu não conseguisse ver seu rosto, aquela era uma evidência de seu desapontamento.

Os homens de papai se aproximaram e forçando a arma contra a minha cabeça Matteo gritou:

— Não se aproximem! Eu a mato, se vocês se aproximarem, eu a mato!— Matteo gritou.

Marco levantou a mão e os homens se afastaram.

— Eu vou sair daqui com ela e a troca vai ser o seguinte, Yhelena por Milena, amanhã. Meus homens vão passar as informações...— Matteo disse seriamente, ainda apontando a arma para minha cabeça.

Marco não disse nada e Matteo saiu do quarto lentamente com a arma apontada para a minha cabeça, enquanto papai nos encarava. Matteo me guiou pelo mesmo caminho de onde viemos e quando os capangas de papai apareciam, eles recebiam ordem pelos seus comunicadores para não atacar.

Em alguns minutos estávamos no hall, onde estava acontecendo a festa. Os convidados nos encaravam e abriam caminho para Matteo, que passou pela multidão com a arma apontada para mim, enquanto tímidas lágrimas escapavam de meus olhos. Logo Gabriel se aproximou e sacou a arma para a multidão que se afastou ainda mais rápido, nos deixando chegar a porta de saída. Atravessamos a porta e corremos para o carro. Ao entrar no carro, Matteo mandou Gabriel apontar a arma para mim enquanto ele dirigia e assim Gabriel fez.

— O que houve meu irmão?— Gabriel perguntou.

Matteo ligou o carro e em alguns segundos ele deu partida, enquanto Gabriel encarava o irmão pelo retrovisor.

— Era uma emboscada! Me queriam aqui, queriam que eu chegasse até Milena, era um jogo!— Matteo gritou dando um soco no volante.

Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu sentia a arma fria roçando na minha testa.

— Me perdoa...— sussurrei.

— Cala a boca sua vadia de merda!— Matteo gritou.— Isso é culpa sua.

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