— E o que você vai fazer?— perguntei.
Matteo me pegou pelo pulso e andou entre a multidão disfarçadamente, até encontrar um longo corredor que dava para uma segunda sala. Aquele era o caminho mais longo para o segundo andar, contando que o caminho mais rápido, estava impedido por causa do palco. Andamos pelo longo corredor, onde dava para a minha sala de estar e lá estava a escada. Não havia ninguém vigiando e tudo na medida do possível, estava em silêncio, apenas uns ruídos ao fundo vindos do hall, onde estava acontecendo a festa. — Não tem ninguém... Todos estão na festa agora, para quê colocar um vigia, se estão entre família?! Esse é o erro de Marco.— Matteo sussurrou, como se estivesse conversando com ele mesmo. Subimos as escadas rapidamente e andamos pelo corredor, abrindo porta por porta atrás de Milena. Quando chegamos no último corredor, vimos um guarda na porta e rapidamente Matteo me fez escorar na parede para o guarda não nos ver. O guarda olhou em volta, a procura de alguém, mas ao não ver ninguém, permaneceu parado. Em segundos ele colocou a mão no ouvido, aparentemente alguém estava falando com ele e em segundos ele saiu correndo para o lado ao contrário do nosso. — Ela está ali...— Matteo disse se aproximando devagar. Matteo me olhou com receio ao chegar em frente a porta, ele estendeu a sua mão sobre a maçaneta e ao abrir, estranhamente a porta estava destrancada. Ele abriu a porta cuidadosamente, mas foi surpreendido por três homens a sua espera. Matteo rapidamente sacou a arma que estava em sua cintura e os outros homens fizeram o mesmo, logo abriram caminho para um outro homem. — Matteo...— o homem sussurrou ainda de costas. Matteo olhou para o senhor de costas, com a arma apontada em sua direção. Em alguns segundos o homem se virou com um sorriso sarcástico, era papai. Matteo arregalou os olhos, provavelmente estava se perguntando como papai havia chegado primeiro do que ele no quarto. — Sério que você achou que só houvesse um caminho para o segundo andar?— papai perguntou com um sorriso nos lábios. Matteo não respondeu e Marco continuou sorridente. — Matteo... Chega ser engraçado a sua ingenuidade.— Marco suspirou satisfeito.— Sinto lhe informar, mas sua querida filha não está aqui. Ela está em outro lugar, mas lhe garanto que está segura, e ... viva. — Filho da puta!— Matteo bateu os punhos na mesa que estava ao seu lado, enquanto os três homens permaneciam apontando a arma para Matteo. — Não fique zangado Matteo... o trato é o seguinte, — papai fez uma pausa.— não é segredo para ninguém que a sua família é uma das mais poderosas da Itália e com isso você consegue facilmente transportar seus produtos e fazer os seus negócios sujos, pois tem gente em todo lugar. Eu entrego a sua filha, mas em troca, quero esses mesmos privilégios. Quero que coloque meus homens em todos os lugares, para que assim eu não tenha problema com as autoridades. — Eu vou te matar seu desgraçado!— Matteo gritou. — Me matar?— Marco riu alto. Matteo se aproximou com a arma e os três capangas de Marco puxaram o gatilho, logo Matteo se afastou ainda com a arma apontada para papai. — Para de ser idiota, não esqueça que sua filha está comigo! Eu te mato e a mato logo em seguida.— Marco gritou e Matteo o olhou com ódio. — Se eu lhe entregar Milena, sei que vai procurar um jeito de se vingar depois, então me escute bem... Minha família é tão grande quanto a sua, se tentar algo contra mim, estará iniciando uma guerra e eu lhe garanto Matteo, que vou atrás de Milena e a mato na sua frente. Vou fazer ela sangrar e gritar alto, para que você me implore para parar, e eu não vou parar, pois você que estará procurando por isso. Logo depois de matar sua preciosa filha, eu acabo com você. É uma promessa. Matteo me olhou nervoso, os seus olhos transmitiam ódio, mas a ameaça contra Milena havia mexido com ele, ela era tudo para ele. — O tempo passa Matteo e a minha paciência é curta...— papai resmungou. Matteo encarou Marco ainda o apontando a arma, mas logo desviou o olhar para algo atrás de Marco. Em seguida ele me olhou confuso e em um movimento rápido me puxou pelo braço e me prendendo em um “mata leão”, apontou a arma para a minha cabeça. — Porra!— Matteo gritou.— Quem é você? Senti minha respiração ofegante. — O que você está fazendo?— perguntei, sentindo meu corpo arrepiar de medo. — Qual é seu sobrenome?— ele perguntou gritando, enquanto os homens de papai apontavam a arma para ele. Olhei para papai, que me encarava apavorado, como se soubesse que poderia me perder naquele instante. — Dujaf.— disse o primeiro sobrenome que lembrei. Matteo riu sarcasticamente e forçando a arma contra a minha cabeça gritou. — FILHA DA PUTA! Você está no quadro da parede, está com Marco, você é uma Mikazia, não é? Olhei para a foto atrás de papai, tinha um quadro nosso. Aquele era meu quarto de infância, provavelmente Milena estivera ali, pois era o único quarto infantil da casa. No quarto não haviam fotos, somente aquela da parede, era eu e papai, quando eu tinha careca de 13 anos. — Me desculpa...— sussurrei. A voz de Matteo sumiu e por mais que eu não conseguisse ver seu rosto, aquela era uma evidência de seu desapontamento. Os homens de papai se aproximaram e forçando a arma contra a minha cabeça Matteo gritou: — Não se aproximem! Eu a mato, se vocês se aproximarem, eu a mato!— Matteo gritou. Marco levantou a mão e os homens se afastaram. — Eu vou sair daqui com ela e a troca vai ser o seguinte, Yhelena por Milena, amanhã. Meus homens vão passar as informações...— Matteo disse seriamente, ainda apontando a arma para minha cabeça. Marco não disse nada e Matteo saiu do quarto lentamente com a arma apontada para a minha cabeça, enquanto papai nos encarava. Matteo me guiou pelo mesmo caminho de onde viemos e quando os capangas de papai apareciam, eles recebiam ordem pelos seus comunicadores para não atacar. Em alguns minutos estávamos no hall, onde estava acontecendo a festa. Os convidados nos encaravam e abriam caminho para Matteo, que passou pela multidão com a arma apontada para mim, enquanto tímidas lágrimas escapavam de meus olhos. Logo Gabriel se aproximou e sacou a arma para a multidão que se afastou ainda mais rápido, nos deixando chegar a porta de saída. Atravessamos a porta e corremos para o carro. Ao entrar no carro, Matteo mandou Gabriel apontar a arma para mim enquanto ele dirigia e assim Gabriel fez. — O que houve meu irmão?— Gabriel perguntou. Matteo ligou o carro e em alguns segundos ele deu partida, enquanto Gabriel encarava o irmão pelo retrovisor. — Era uma emboscada! Me queriam aqui, queriam que eu chegasse até Milena, era um jogo!— Matteo gritou dando um soco no volante. Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu sentia a arma fria roçando na minha testa. — Me perdoa...— sussurrei. — Cala a boca sua vadia de merda!— Matteo gritou.— Isso é culpa sua.Meu coração apertou e as lágrimas que antes eram tímidas, agora eram constantes e geladas.— Tudo isso era uma emboscada?— Gabriel perguntou.Matteo concordou com a cabeça.— Eles querem poder e para isso sequestraram minha filha... Estavam pedindo poder em troca dela. Mas, descobri que eu estava com uma Mikazia, essa filha da puta! MENTIU PARA MIM, ISSO TUDO ERA UM JOGO YHELENA?!— Matteo gritou me olhando pelo retrovisor.— Não! No começo sim, mas eu... Eu me apaixonei por você.— disse em prantos.— Se apaixonou?— Matteo riu.— Eu confiei em você Yhelena, eu cheguei a...— as palavras de Matteo sumiram, eu vi a decepção em seu rosto.— Por isso disse que não podíamos ficar juntos...— Porque você estava mentindo pra mim? Fazia tudo parte do plano, Yhelena?— Matteo gritou.— Então tudo era encenação? Você nunca... Sentiu nada por mim. Nunca se importou de verdade? Nunca...— a voz sumiu em sua garganta.— Matteo...
— Ela está aqui, daqui a pouco nós vamos embora, estejam preparados.— disse ao telefone. Vi uma garota dos cabelos castanhos vindo correndo em minha direção, e logo reconheci Milena. — Professora! Você viu aquela obra de arte?— a menina disse, apontando para uma escultura ao ar livre. Eu havia criado um carinho por Milena, antes de colocar o plano da minha família em ação, dei aula para ela por um mês. Mas como o planejado, o dia do passeio havia chegado, e hoje, Milena seria sequestrada. — Linda, né?!— perguntei para a garotinha que sorriu imediatamente. Olhei para meus alunos, e os chamei. — Espero que tenham se divertido no passeio de hoje, mas já está na hora de ir embora. Vão ao banheiro e se dirijam para o ônibus.— disse para a turma, que me obedeceu imediatamente. Milena acompanhou a turma, mas logo a chamei, era o momento perfeito, o momento para sequestrar a filha de Matteo, chefe da máfia Adsa. — Minha princesa, tem como você correr lá no ônibus e avisar o mot
Olhei para Matteo e para os homens, senti meu coração acelerar. — Por favor, por favor, não me levem!— implorei. — Entra no carro agora, porra!— Matteo gritou e eu obedeci. Entrei e sentei no banco de trás, e logo os dois capangas de Matteo cobriram meu rosto com um saco preto. Eu estava apavorada, isso não fazia parte do plano. Depois que a minha família sequestrasse Milena, eu voltaria para Sicília e terminaríamos o plano. — Por favor, Matteo... Me deixa sair!— implorei. — Cala a boca!— ele gritou e eu obedeci rapidamente. Eu não sabia para onde ele estava me levando e muito menos o que ele iria fazer comigo, só sabia que provavelmente ele iria me matar. Depois de alguns minutos que mais pareciam horas, senti o carro parar, e fui puxada para fora do carro. Os capangas me guiavam e alguns minutos depois, retiraram o saco da minha cabeça. Eu estava em um quarto, ele não estava muito limpo, provavelmente era onde Matteo matava suas vítimas. Os capangas então me jogaram no
No dia seguinte, como Matteo disse, alguns vestidos chegaram e Gabriel me ajudou a escolher. Quando o vestido já havia sido escolhido, Gabriel mandou que retirassem os que haviam sobrado. Em seguida, uma mulher chegou, ela estava muito entusiasmada. — É ela? Como ela é linda!— a mulher exclamou. Olhei para as mulheres e depois para Gabriel confusa. — Ela irá te aprontar para o baile...— Gabriel disse seriamente. — Hó minha querida, não se preocupe, você ficará linda!— a mulher disse sorridente. Em seguida olhou para a minha perna e vi seu semblante mudar.— O que houve com a sua perna? — Você é paga para trabalhar, não para conversar, se apresse para fazer seu trabalho.— Gabriel interrompeu rapidamente e a mulher ficou quieta. A mulher arrumou uma bancada com algumas maquiagens e pincéis, como eu já havia tomado banho, ela começou a me maquiar. Alguns longos minutos depois, ela terminou e começou a arrumar meu cabelos, enquanto Gabriel me observava do canto da sala. Assim qu
Olhei para Matteo ainda paralisada, como assim mais uma pessoa da família de Matteo estava envolvida com o sequestro de Milena? Infelizmente meu pai não me contava todos os detalhes, será que a pessoa que Theobaldo estava falando ao telefone era meu pai? — Ele falou sobre um pen drive? Será que está nessa sala?— Matteo perguntou para mim. — Não sei... Matteo começou a abrir as gavetas e a vasculhar todo o escritório. Ele parecia nervoso, como se não acreditasse ainda no que havia acontecido. Ajudei a procurar, mas quando estávamos prestes a desistir, Matteo achou um pen drive guardado em uma caixa no armário. Ele me olhou e suspirou fundo, ali poderia conter as informações que ele precisava sobre sua filha. Matteo caminhou até o computador e o conectou com o pen drive, logo abriu algumas pastas e achou uma lista. — Que merda é essa?— Matteo disse enquanto lia a tal lista. Meu coração começou a acelerar, e se tivesse alguma informação sobre mim? Me aproximei do computador
Theobaldo caiu no chão e Matteo olhou para Gabriel. Como se tivesse consciência depois, Gabriel correu para ver o tio, mas ao checar seus batimentos, notou que ele estava morto. Matteo suspirou e olhou o tio ensanguentado no chão, ele parecia distante, como se não acreditasse na traição do tio, por um segundo eu senti pena. — O que vamos fazer agora?— Gabriel perguntou para o irmão. — Vou enviar o pen drive para a equipe de investigação de Milena, talvez consigam descobrir para quem estavam sendo enviadas essas informações.— Matteo disse olhando para o tio caído no chão.— Limpem essa bagunça!— ele ordenou para alguns capangas que o observavam, em seguida se retirou. Assim que Matteo sumiu pelos corredores da mansão, Gabriel me puxou em um canto. — E agora? Isso pode acabar com os nossos planos.— Gabriel sussurrou. — Não... Avise papai, ele vai saber o que fazer.— disse tranquilamente. — Certo. Gabriel se retirou e eu fiquei observando os capangas de Theobaldo o arrasta
Matteo retirou o blazer e a gravata, enquanto eu somente o encarava. Ele desabotoou sua blusa social branca e a retirou, revelando seu abdômen perfeitamente definido. Desviei o olhar e me dirigi para o banheiro. — Esqueci completamente de te mandar trazer uma roupa para dormir, vista minha blusa.— Matteo disse me entregando sua blusa social branca, que havia acabado de tirar. Encarei Matteo e peguei a blusa. Me dirigi ao banheiro e tirei o vestido de cetim, logo coloquei a blusa branca de Matteo, ficando apenas de calcinha e a blusa quase transparente. Saí do quarto e vi Matteo deitado na cama, ele parecia tão sereno e... sexy. Me aproximei da cama, e ele me olhou nos olhos. — O que foi?— ele perguntou. — Não vai me amarrar, ou algo do tipo?— perguntei sarcástica. Matteo me olhou e novamente seus olhos percorrerem meu corpo. — Por que eu te amarraria?— ele perguntou seriamente. — Uma hora você vai dormir, e eu vou poder fugir daqui.— sussurrei em tom de deboche. Eu obvi
— Conseguiram descobrir quem estava ajudando Theobaldo com essas informações? Claramente alguém daqui de dentro está envolvido com isso, Theobaldo não conseguiria essas informações morando tão longe.— Matteo perguntou seriamente para o irmão. — Não irmão, não descobrimos quem estava o ajudando, mas o que sabemos é que essa pessoa que estava compartilhando as informações com Theobaldo, é a dona do pen drive. Theobaldo recebia o pen drive com as informações e mandava por e-mail para alguém da Sicília.— Gabriel disse firmemente. Olhei para Gabriel, como ele conseguia mentir tão bem? Obviamente ele era o aliado de Theobaldo, e Matteo estava confiando na única pessoa em que não podia confiar. — O que disseram para a imprensa e para a polícia, sobre a morte de Theobaldo?— Matteo perguntou para o irmão. — Que foi suicídio, recebemos uma ajudinha dos policiais com o caso e tudo foi encoberto. Fique tranquilo.— Gabriel disse suavemente. — Ótimo, arrumem suas coisas, vamos para Sicília