NARRADO POR YHELENA
Acordei um pouco atordoada. Olhei para a janela, cujas cortinas abertas deixavam o Sol entrar e me dar bom dia.Olhei para o lado e vi Matteo; ele ainda dormia. O Sol iluminava seu rosto bronzeado e seu cabelo bagunçado. Ele estava sereno. Em segundos, como se pudesse sentir que eu o observava, ele despertou. Confuso, olhou para o teto, como se não soubesse onde estava, até olhar para o lado e me ver.— Yhelena?! — ele exclamou, me olhando nos olhos.— Sim...Matteo se sentou na cama e apoiou a cabeça nas mãos. Eu me sentei na cama e fiquei em silêncio, sem saber o que dizer depois da noite passada.— Transamos? — ele perguntou.O olhei, incrédula. Ele não se lembrava de nada da noite passada?— Não.Ouvi um suspiro. Ele realmente não queria se envolver comigo ao ponto de ficar aliviado por não ter passado a noite comigo?— Acho melhor eu ir. — ele disse, quase em um sussurrNo dia seguinte, Matteo e Milena saíram cedo, e eu fiquei sozinha na enorme mansão, protegida pelos funcionários e capangas de Matteo. Admito que foi essencial para minha recuperação, embora eu tenha tido crises de pânico quase todas as vezes que me lembrei de papai.Dias se passaram desde que eles viajaram. Ângelo tinha me visitado algumas vezes, apenas o necessário para garantir que eu estava bem. Eu sabia que ele queria ficar comigo, mas estava tentando descobrir mais sobre as investigações do meu paradeiro. Para não levantar suspeitas, ele vinha poucas vezes. Matteo havia mandado um recado, dizendo que as coisas em Paris haviam se complicado e que ele precisaria ficar lá por mais tempo. Isso já fazia três semanas. Em geral, eu estava bem, apenas estranhamente enjoada e com dores de cabeça. O médico disse que era por causa do tiro que levei. Enquanto isso, eu esperava ansiosamente pela volta de Matteo.Caminhei pelo quarto e me sentei na cama. De repente, a port
— Eu não acredito que você pôde viajar e deixar ela sozinha aqui, mesmo sabendo de tudo o que estava acontecendo com a nossa família! — Uma voz irrompeu, cortando o silêncio. — Eu não a deixei sozinha, ela estava cercada pelos meus homens — uma outra voz, mais intensa, ressoou no ar, fazendo meu corpo estremecer. — Então você precisa treinar mais os seus homens, porque eles estão se espelhando no homem covarde que é o chefe deles. Acordei de um pesadelo, olhando em volta. Matteo e Ângelo se encaravam, o olhar de Matteo carregado de sombras, enquanto Ângelo mantinha os punhos cerrados, como se estivesse prestes a explodir. O impulso de me levantar e ficar sentada na cama me dominou. Ao me ver, Ângelo correu até mim, seguido por Matteo, que soltou um suspiro aliviado. — Como você está, Yhelena? — Ângelo perguntou, a preocupação evidente em seu tom. Foi então que percebi o colar de
Dias se passaram, e o médico me visitava todos os dias. Após a primeira semana, ele retirou a contenção do meu pescoço. Meu corpo ainda doía, e o ferimento da bala estava quase cicatrizado. Ângelo não apareceu desde o incidente com nossa família, o que me deixava preocupada. Matteo, no entanto, vinha ao meu quarto uma vez por dia. Ele parava na porta e me observava em silêncio, como se nossas almas conversassem sem precisar de palavras.— Yhelena? — alguém chamou.Olhei para frente e vi o meu médico.— Sim?— Você está pálida. Faz dias que não sai do quarto... — ele disse enquanto media minha pressão. — Precisa de sol.Olhei para as janelas que deixavam os raios da manhã entrarem no quarto.— Eu levo ela.Virei-me e vi Matteo na porta, de mãos dadas com Milena. Ela sorriu docemente e correu até mim.— Professora! — ela exclamou, me abraçando.Olhei para Matteo e retribuí o abraço da garotinha.
— Arrumem as malas, partiremos esta noite. — Matteo disse ao entrar em casa.Seus empregados começaram a se movimentar ao ouvir as ordens, enquanto Matteo, comigo em seus braços, subia as escadas. Ele me levou até meu quarto e me colocou na cama, caminhando em seguida até a porta.— Matteo? — o chamei.Matteo parou e se virou para me olhar. Ele estava aflito, sua testa franzida e os punhos levemente cerrados.— Sim, Yhelena?Suspirei. Toda aquela informação havia apertado meu coração. E se algo acontecesse a Matteo? Ou até mesmo a Milena? Agora eles estavam em perigo por minha causa, especialmente Ângelo...— Me desculpa. — disse quase em um sussurro.Matteo ficou parado, me olhando, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.— Isso tudo é minha culpa. Eu não devia ter aceitado as ordens do meu pai, não devia ter ajudado a sequestrar sua filha e... não devia ter me apaixonado. — Fiz uma pausa, sentindo as lágri
— Ela está aqui, daqui a pouco nós vamos embora, estejam preparados.— disse ao telefone. Vi uma garota dos cabelos castanhos vindo correndo em minha direção, e logo reconheci Milena. — Professora! Você viu aquela obra de arte?— a menina disse, apontando para uma escultura ao ar livre. Eu havia criado um carinho por Milena, antes de colocar o plano da minha família em ação, dei aula para ela por um mês. Mas como o planejado, o dia do passeio havia chegado, e hoje, Milena seria sequestrada. — Linda, né?!— perguntei para a garotinha que sorriu imediatamente. Olhei para meus alunos, e os chamei. — Espero que tenham se divertido no passeio de hoje, mas já está na hora de ir embora. Vão ao banheiro e se dirijam para o ônibus.— disse para a turma, que me obedeceu imediatamente. Milena acompanhou a turma, mas logo a chamei, era o momento perfeito, o momento para sequestrar a filha de Matteo, chefe da máfia Adsa. — Minha princesa, tem como você correr lá no ônibus e avisar o mot
Olhei para Matteo e para os homens, senti meu coração acelerar. — Por favor, por favor, não me levem!— implorei. — Entra no carro agora, porra!— Matteo gritou e eu obedeci. Entrei e sentei no banco de trás, e logo os dois capangas de Matteo cobriram meu rosto com um saco preto. Eu estava apavorada, isso não fazia parte do plano. Depois que a minha família sequestrasse Milena, eu voltaria para Sicília e terminaríamos o plano. — Por favor, Matteo... Me deixa sair!— implorei. — Cala a boca!— ele gritou e eu obedeci rapidamente. Eu não sabia para onde ele estava me levando e muito menos o que ele iria fazer comigo, só sabia que provavelmente ele iria me matar. Depois de alguns minutos que mais pareciam horas, senti o carro parar, e fui puxada para fora do carro. Os capangas me guiavam e alguns minutos depois, retiraram o saco da minha cabeça. Eu estava em um quarto, ele não estava muito limpo, provavelmente era onde Matteo matava suas vítimas. Os capangas então me jogaram no
No dia seguinte, como Matteo disse, alguns vestidos chegaram e Gabriel me ajudou a escolher. Quando o vestido já havia sido escolhido, Gabriel mandou que retirassem os que haviam sobrado. Em seguida, uma mulher chegou, ela estava muito entusiasmada. — É ela? Como ela é linda!— a mulher exclamou. Olhei para as mulheres e depois para Gabriel confusa. — Ela irá te aprontar para o baile...— Gabriel disse seriamente. — Hó minha querida, não se preocupe, você ficará linda!— a mulher disse sorridente. Em seguida olhou para a minha perna e vi seu semblante mudar.— O que houve com a sua perna? — Você é paga para trabalhar, não para conversar, se apresse para fazer seu trabalho.— Gabriel interrompeu rapidamente e a mulher ficou quieta. A mulher arrumou uma bancada com algumas maquiagens e pincéis, como eu já havia tomado banho, ela começou a me maquiar. Alguns longos minutos depois, ela terminou e começou a arrumar meu cabelos, enquanto Gabriel me observava do canto da sala. Assim qu
Olhei para Matteo ainda paralisada, como assim mais uma pessoa da família de Matteo estava envolvida com o sequestro de Milena? Infelizmente meu pai não me contava todos os detalhes, será que a pessoa que Theobaldo estava falando ao telefone era meu pai? — Ele falou sobre um pen drive? Será que está nessa sala?— Matteo perguntou para mim. — Não sei... Matteo começou a abrir as gavetas e a vasculhar todo o escritório. Ele parecia nervoso, como se não acreditasse ainda no que havia acontecido. Ajudei a procurar, mas quando estávamos prestes a desistir, Matteo achou um pen drive guardado em uma caixa no armário. Ele me olhou e suspirou fundo, ali poderia conter as informações que ele precisava sobre sua filha. Matteo caminhou até o computador e o conectou com o pen drive, logo abriu algumas pastas e achou uma lista. — Que merda é essa?— Matteo disse enquanto lia a tal lista. Meu coração começou a acelerar, e se tivesse alguma informação sobre mim? Me aproximei do computador