Máscaras - 2

Olhei para Matteo e para os homens, senti meu coração acelerar.

— Por favor, por favor, não me levem!— implorei.

— Entra no carro agora, porra!— Matteo gritou e eu obedeci.

Entrei e sentei no banco de trás, e logo os dois capangas de Matteo cobriram meu rosto com um saco preto. Eu estava apavorada, isso não fazia parte do plano. Depois que a minha família sequestrasse Milena, eu voltaria para Sicília e terminaríamos o plano.

— Por favor, Matteo... Me deixa sair!— implorei.

— Cala a boca!— ele gritou e eu obedeci rapidamente.

Eu não sabia para onde ele estava me levando e muito menos o que ele iria fazer comigo, só sabia que provavelmente ele iria me matar. Depois de alguns minutos que mais pareciam horas, senti o carro parar, e fui puxada para fora do carro. Os capangas me guiavam e alguns minutos depois, retiraram o saco da minha cabeça. Eu estava em um quarto, ele não estava muito limpo, provavelmente era onde Matteo matava suas vítimas.

Os capangas então me jogaram no chão e se retiraram enquanto Matteo entrou, portando uma arma nas mãos.

— Sua vadia! Quem armou tudo isso com você? Para onde levaram a minha filha?— ele gritou apontando a arma para mim.

Me recuei no fundo do quarto e olhei para Matteo assustada, se eu contasse a verdade, seria morta.

— Não sei do que está falando... Por favor, me deixe ir!— implorei aos prantos.

— Você foi a última pessoa a ver minha filha, mandou ela ir sozinha até o ônibus, isso não pode ser uma mera coincidência. Você planejou isso com alguém, me diga, ME DIGA AGORA, COM QUEM VOCÊ PLANEJOU!— Matteo gritou novamente.

— Eu... Eu.

De repente ouvi um disparo, e senti uma dor aguda. Matteo havia atirado em minha perna.

— Porra!— gritei enquanto apertava a ferida que jorrava sangue.

De repente a porta atrás de Matteo se abriu e um rosto familiar entrou.

— O que está acontecendo?

Matteo olhou para trás ainda apontando a arma para mim, e viu o homem. O homem me olhou e arregalou os olhos.

— Quem é essa Matteo?— ele perguntou me encarando, enquanto eu apertava o ferimento e gemia de dor.

— Milena desapareceu, e essa vadia foi a última a vê-la! Ela era professora da minha filha.— Matteo exclamou me olhando.

— Calma, Milena desapareceu? Meu deus, minha sobrinha!— o homem exclamou. Como se notasse minha presença de novo, ele me olhou.— Matteo, você não pode matar a professora só porque ela foi a última a ver Milena, ela pode não estar envolvida com isso, sei que está bravo, mas pensa com calma meu irmão.— o homem disse colocando a mão no ombro do irmão.

Matteo me olhou e eu gemi de dor.

— Por favor, eu já disse que eu não tenho nada haver com o sumiço da garota, eu gostava muito dela. Eu te ajudo a procurar, vou fazer de tudo para ajudar a encontrar ela, mas me trás um médico!— implorei apertando o ferimento.

— Que fique claro que eu não confio em você, e você só vai sair daqui, quando a minha filha aparecer.— Matteo disse e se retirou.

Assim que Matteo saiu, o homem se aproximou e me pegou no colo. O nome do homem era Gabriel, era um grande "amigo" do meu pai, ele era irmão de Matteo e sub-chefe da máfia Adsa. O que Matteo não sabia, era que seu próprio irmão estava envolvido com o sumiço de sua filha.

— Que merda você faz aqui Yhelena?— Gabriel perguntou.

— Droga, Gabriel! Ele me sequestrou enquanto eu voltava para casa.— disse para Gabriel, enquanto ele me carregava para a enfermaria que havia na casa.

— Tenho que avisar seu pai...— Gabriel disse correndo comigo nos braços.

Ao chegar na enfermaria, algumas enfermeiras fizeram os primeiros socorros, enquanto os médicos que haviam na casa, preparavam o lugar para fazer a cirurgia para tirar a bala da minha perna. Me deram anestesia, e eu dormi em poucos segundos.

No dia seguinte acordei em um quarto muito bem decorado, era tudo muito luxuoso, o quarto era decorado em tons mais escuros, o que fazia um lindo contraste com o mármore preto da parede.

Olhei para a porta, e vi Matteo encostado na guarnição. Ele me encarou e senti cala frios percorrerem todo o meu corpo. Depois de alguns minutos nesse clima tenso, Matteo se retirou sem dizer uma única palavra. Soltei um suspiro, Matteo me causava medo.

Alguns minutos depois, Gabriel apareceu e se aproximou.

— Bom dia Yhelena, como está se sentindo?— Gabriel perguntou seriamente, enquanto se aproximava para se sentar na cama.

— Bem... Só que, o Matteo, não parece nada feliz comigo aqui.

— E você esperava que ele ficasse como? Ele jura por tudo, que você está envolvida com o sumiço de Milena.— Gabriel disse baixinho, para que só eu escutasse.

— Eu... Não sei.— suspirei.— Me ajuda a sair daqui Gabriel, por favor, se ele descobrir que eu sou filha do chefe da máfia Mikazia, ele vai me matar.

— Fica quieta, e não repita isso novamente! Não tem como você sair daqui, vai ter que entrar no jogo do Matteo, já avisei seu pai, e ele já planejou algo.— Gabriel disse seriamente.

Suspirei frustrada, e um homem apareceu na porta do quarto.

— Senhor Gabriel?— o homem chamou.

Gabriel virou rapidamente, e o homem continuou.

— Você está sendo solicitado na mesa do café da manhã. — O homem disse rapidamente e se retirou.

Gabriel me encarou, e se retirou sem dizer nada. O que será que houve? Por mais que eu quisesse saber, não conseguia levantar da cama, e provavelmente Gabriel iria me contar depois.

Um tempo se passou, e Gabriel voltou com uma bandeja. Ele se aproximou e se sentou em minha cama me entregando a bandeja de café da manhã.

— Matteo reuniu uma equipe para investigar o desaparecimento de Milena, o plano está funcionando...— Gabriel disse com um sorriso no canto da boca.

— Isso quer dizer, que vou poder voltar para casa rápido...

— Sim, mas até lá, você precisa fazer que o Matteo acredite que você não teve nada haver com o desaparecimento de Milena. Como você disse que iria ajudá-lo, você irá fazer isso.— Gabriel disse seriamente, enquanto me olhava nos olhos.

Concordei com a cabeça e comecei a tomar meu café da manhã.

...

2 semanas já haviam se passado, eu já estava conseguindo andar, ainda que mancasse um pouco. Matteo nem falou comigo nessas duas semanas, mas Gabriel sempre me atualizava sobre tudo o que ocorria na casa. A equipe de investigação de Matteo não estava conseguindo avançar, não haviam pistas.

Hoje a noite, o clima estava fresco e eu e Gabriel estávamos jantando juntos na sala de jantar, pois Matteo havia ido em uma reunião para resolver algumas questões.

— Acho que seu pai vai querer prosseguir com o plano, ele vai começar a deixar pistas...— Gabriel sussurrou.

— Já estava na hora!

— Ele só estava esperando você melhorar, ficou preocupado com você.— Gabriel exclamou.

De repente ouvi a porta bater, e em segundos Matteo estava na sala de jantar.

— O que ela está fazendo aqui?— Matteo perguntou.

Gabriel me olhou, e eu olhei para Matteo.

— Eu... A retirei do quarto para jantar.— Gabriel disse rapidamente.

— Porque não deixou ela jantar no quarto?— Matteo perguntou novamente, ele parecia furioso.

— Os médicos pediram para ela sair um pouco do quarto, para ela caminhar, por causa da perna.— Gabriel respondeu rapidamente.

Matteo me encarou, e eu abaixei a cabeça.

— E como você está se sentindo?— ele perguntou me encarando.

Encarei Matteo, e me surpreendi com a pergunta, contando que ele mal falava comigo.

— Estou melhor.

Matteo encarou Gabriel e disse rapidamente.

— Amanhã, nós iremos para Veneza para um baile beneficente da máfia. É um grande negócio que a nossa família está fechando, e tio Theobaldo está na direção do baile. Não podemos faltar.— Matteo disse seriamente.

— Mas, você vai conseguir ir? Porque, vamos ser sinceros meu irmão, essas duas semanas, você mal está dormindo ou comendo.— Gabriel disse aparentemente preocupado.

— Preciso fazer algo para... Distrair minha mente.— Matteo disse com a voz triste, seus pensamentos pareciam distantes. Mas se recompondo rapidamente, ele me olhou e continuou a falar.— Preciso que ajude ela a escolher um vestido.

— Yhelena vai?— Gabriel perguntou surpreso.

— Vai. Não vou deixar a única pista do paradeiro da minha filha, aqui. Amanhã, vão trazer alguns vestidos para ela, e preciso que ajude ela a escolher.— Matteo disse firmemente.

Olhei para Matteo, e ele se aproximou de mim me olhando nos olhos.

— Me escute com atenção, amanhã você vai estar entre a minha família, e não adianta tentar fugir, a casa vai estar totalmente vigiada. E se por acaso você conseguir fugir, eu vou atrás de você até no inferno se for preciso.— Matteo disse quase em um sussurro e se retirou rapidamente.

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