Matteo retirou o blazer e a gravata, enquanto eu somente o encarava. Ele desabotoou sua blusa social branca e a retirou, revelando seu abdômen perfeitamente definido. Desviei o olhar e me dirigi para o banheiro.
— Esqueci completamente de te mandar trazer uma roupa para dormir, vista minha blusa.— Matteo disse me entregando sua blusa social branca, que havia acabado de tirar. Encarei Matteo e peguei a blusa. Me dirigi ao banheiro e tirei o vestido de cetim, logo coloquei a blusa branca de Matteo, ficando apenas de calcinha e a blusa quase transparente. Saí do quarto e vi Matteo deitado na cama, ele parecia tão sereno e... sexy. Me aproximei da cama, e ele me olhou nos olhos. — O que foi?— ele perguntou. — Não vai me amarrar, ou algo do tipo?— perguntei sarcástica. Matteo me olhou e novamente seus olhos percorrerem meu corpo. — Por que eu te amarraria?— ele perguntou seriamente. — Uma hora você vai dormir, e eu vou poder fugir daqui.— sussurrei em tom de deboche. Eu obviamente estava brincando com a cara de Matteo, mas ele se levantou rapidamente da cama e rasgou um pedaço do lençol. Se aproximou de mim e me olhando nos olhos me empurrou na cama. Fiquei de bruços e ele colocou minhas mãos nas costas enquanto eu me debatia. Ele encostou a boca no meu ouvido, e me segurando contra a cama sussurrou. — Só por precaução...— ele disse amarrando o lençol em minhas mãos. Ele fez um nó forte, o que me causou um certo incômodo. — Agora sim, você não tem como fugir.— Matteo disse e me largou. Me debati na cama, e me ajeitei para o encarar. — Você só pode estar louco!— disse furiosa. Matteo segurou em meu rosto e me olhou nos olhos. — Não... Só não posso me dar o luxo de te perder agora, contando que... Milena ainda está desaparecida.— Matteo disse quase que em um sussurro. Olhei para Matteo, ele estava tão perto que podia quase sentir o gosto da sua boca. Seus músculos roçavam no meu corpo, e eu sentia o seu calor. Matteo me encarou por alguns segundos e se afastou rapidamente. Logo se dirigiu para a varanda do quarto. O olhei ainda deitada na cama, será que ele realmente era assim, tão frio e distante? Ou era apenas um disfarce, para algo que o machucava? — É melhor você dormir ...— Matteo disse da varanda. — Não estou com sono.— sussurrei. Matteo não disse nada, e eu o encarei ainda deitada na cama. Matteo era forte, e misterioso, não sabia nada da vida dele, e isso de certa forma me perturbava. — Onde está a mãe de Milena?— perguntei. Matteo me olhou, e por um momento o senti ainda mais distante. — Morreu.— ele sussurrou. — Como ela morreu?— perguntei olhando para Matteo curiosa. Matteo me encarou, ele obviamente não queria responder. — Por favor Yhelena, vá dormir.— Matteo sussurrou seriamente. — Fiquei trancada no quarto por dias, e não conversei com ninguém. Acredito que já saiba que eu não tenho nada haver com o sequestro de Milena, então converse comigo.— pedi. Matteo me olhou seriamente, parecia me analisar. — Não tenho certeza de que não está envolvida com o sumiço da minha filha, todas as possibilidades são válidas.— Matteo disse seriamente, enquanto se aproximava da minha cama. Me ajeitei na cama, e o encarei. — Não tenho nada haver com isso, acredite em mim. Eu vou ajudar a encontrar Milena...— menti, mas de certa forma, algo dentro de mim acreditava que as minhas palavras eram verdade. Matteo me encarou por alguns segundos, seus olhos verdes pareciam que haviam feitiço, não conseguia parar de olhá-los. — Ela foi assassinada...— Matteo suspirou, enquanto se perdia em seus pensamentos. — Assassinada por quem?— perguntei surpresa. A expressão de Matteo mudou, sua tristeza e confusão foram substituídas por ódio. — Não sei, a encontrei morta, provavelmente mandaram a matar.— Matteo sussurrou.— Foi um ano depois que Milena nasceu, por isso eu não posso perder minha filha... Não posso falhar com ela, do mesmo jeito que falhei com a minha esposa. Eu senti pena de Matteo, não sabia o que dizer, nem o que sentir, me senti péssima por estar envolvida com o sequestro de Milena, e mais péssima ainda por estar mentindo para Matteo, quando ele estava confiando em mim. — Eu sinto muito.— sussurrei. Matteo me encarou, o senti vulnerável, ele havia confiado em mim. — Não posso perder ela... Não posso perder Milena.— Matteo disse me olhando nos olhos. Senti a sua dor, Matteo estava sofrendo por mais que demonstrasse pouco, ele amava a filha e seria capaz de tudo para a encontrá-la. Matteo se aproximou de mim, e me fez sentar na cama, logo me desamarrou. Eu poderia muito bem tentar fugir dali, mas algo me pediu pra ficar, talvez fosse os olhos verdes de Matteo. Encarei Matteo por alguns segundos, os seus olhos estavam olhando para o nada, ele parecia distante... Perdido. — Nós vamos achar ela.— disse pegando em suas mãos. Matteo me encarou e concordou com a cabeça sem dizer nada. Logo me deitei na cama insinuando que eu não iria fugir, nem tentar nada e Matteo me olhou, desta vez com um pouco mais de confiança e se deitou ao meu lado, logo eu adormeci. No dia seguinte, quando eu acordei, Matteo estava tomando café em uma mesa que ficava na varanda. Me levantei e fui ao banheiro fazer minhas necessidades, logo me ajuntei a ele. — Bom dia.— disse me sentando na mesa. Matteo me olhou e seriamente acenou a cabeça, nem parecia a mesma pessoa de ontem a noite. — Tome seu café logo, precisamos voltar para Florença.— Matteo disse seriamente. O olhei curiosa, não iríamos ficar na cidade para resolvermos os assuntos das mercadorias apreendidas? — O que houve?— perguntei. — Gabriel ligou, conseguiram saber para onde as informações estavam sendo mandadas. Precisamos voltar.— Matteo disse rapidamente. Olhei para Matteo, ele estava sério, provavelmente pensando se sua filha ainda estava viva. Assim que terminamos o café, Matteo ligou para Cristal e avisou que teríamos que voltar para Florença e logo fomos para o topo do edifício pegar o helicóptero que nos levaria de volta. A viagem foi em completo silêncio, Matteo estava sério, como se temesse o pior. Quando chegamos na casa de Matteo, logo descemos e entramos na mansão, onde Gabriel nos esperava. — Oi irmão...— Gabriel cumprimentou Matteo, e logo me olhou confuso, como se não entendesse o porque eu estava com Matteo. — Gabriel?! Vamos direto ao assunto, o que descobriu?— Matteo perguntou rapidamente. Gabriel me olhou e olhou para Matteo, logo Matteo entendeu que Gabriel estava confuso por me deixar ficar. — Não tem problema, pode falar com ela aqui.— Matteo disse seriamente, e Gabriel continuou. — Tio Theobaldo estava passando as informações para alguém da Sicília, foi muito complicado hackear para onde estavam sendo mandado as informações, mas conseguimos. Temos o endereço.— Gabriel disse firmemente.— Conseguiram descobrir quem estava ajudando Theobaldo com essas informações? Claramente alguém daqui de dentro está envolvido com isso, Theobaldo não conseguiria essas informações morando tão longe.— Matteo perguntou seriamente para o irmão. — Não irmão, não descobrimos quem estava o ajudando, mas o que sabemos é que essa pessoa que estava compartilhando as informações com Theobaldo, é a dona do pen drive. Theobaldo recebia o pen drive com as informações e mandava por e-mail para alguém da Sicília.— Gabriel disse firmemente. Olhei para Gabriel, como ele conseguia mentir tão bem? Obviamente ele era o aliado de Theobaldo, e Matteo estava confiando na única pessoa em que não podia confiar. — O que disseram para a imprensa e para a polícia, sobre a morte de Theobaldo?— Matteo perguntou para o irmão. — Que foi suicídio, recebemos uma ajudinha dos policiais com o caso e tudo foi encoberto. Fique tranquilo.— Gabriel disse suavemente. — Ótimo, arrumem suas coisas, vamos para Sicília
— Alguns homens do norte da Sicília... me contrataram para receber informações e repassar para eles. Eu aceitei pois precisava do dinheiro para sustentar minha filha e por alguns meses repassei todas as informações que eu recebia por mensagem para um número desconhecido.— a mulher disse entre soluços.— Eu não sei mais de nada... Só isso. — E você tem o número que repassava essas informações?— Matteo perguntou seriamente. — Os homens me entregaram um celular e eu só podia usar ele para passar essas informações.— a moça disse quase que em um sussurro. — E como você foi contratada?— Gabriel perguntou para a moça que o encarou. — Eu trabalhei por alguns meses numa boate para conseguir mais dinheiro e eles fizeram essa proposta, a única condição era não contar nada para ninguém.— ela respondeu. — E você aceitou assim, tão facilmente?— Gabriel perguntou novamente. — Preciso sustentar minha filha... Eles disseram que era um trabal
Olhei para a bagunça no chão, tinha cacos de vidros por todo lado e alguns sujos de sangue. A mulher sobreveio em minha mente, o jeito que ela implorou assombraram meus pensamentos. Alguns minutos depois, Matteo chegou no meu quarto com um doutor. Eles se aproximaram de mim e o doutor abaixou para examinar meu pé. Ele tirou o pano ensanguentado e me examinou. — Vai precisar de alguns pontos...— o doutor sussurrou. — Vou te deixar com ela e chamar algum empregado para limpar essa bagunça.— Matteo disse e se retirou rapidamente. Eu poderia pedir para o doutor avisar alguma autoridade sobre o meu sequestro, mas com certeza era mais um da máfia de Matteo e não iria adiantar de nada. O doutor abriu uma bolsa, preparou seus equipamentos e começou a fazer os pontos no meu pé. Eu gemia de dor cada vez que ele enfiava a agulha no meu pé, mas ele sorria e falava que já estava terminando. Antes do doutor finalizar, dois empregados entraram no quarto e arrumaram tudo rapidamente. Por p
No dia seguinte acordei com Gabriel na porta do meu quarto, provavelmente queria saber sobre ontem. — Bom dia...— Gabriel disse se aproximando de mim. Me sentei na cama e ele se sentou também. — Bom dia. — Você é esperta, conseguiu seduzir meu irmão, estou impressionado.— Gabriel sussurrou. Olhei para Gabriel confusa, ele provavelmente achava que aquilo fazia parte do plano. — É...— concordei.— você falou com ele? — Falei. — E o que ele disse?— perguntei. — Que foi um erro... Que você estava sensível por causa da morte da moça e que teve um crise de pânico. Ele te ajudou e acabaram se deixando levar pelo momento. Mas não passou disso.— Gabriel disse seriamente, enquanto me olhava nos olhos. Olhei para Gabriel, então tinha sido só um erro? É... Talvez eu tenha me deixado levar pelo momento. Talvez ele não me quisesse tanto como aparentava... — Matteo pediu para eu lhe avisar para estar pronta às 20:00, vamos visitar uma boate.— Gabriel disse calmamente e
O homem me olhou e senti calafrios. Matteo cerrou os punhos e desviou o olhar, logo depois me olhou novamente e balançou a cabeça positivamente, como se fosse um pedido para eu confiar nele. Sorri gentilmente para Matteo e depois olhei o moço, como se estivesse contente com a proposta. — Você vai adorar, ela é muito boa no que faz.— Matteo disse rapidamente. — Que ótimo!— o homem disse me olhando mais uma vez.— me acompanhem. O homem subiu pelas escadas e nós o seguimos, logo a escada levou a uma porta, onde um segurança estava vigiando. Ele a abriu e nós três entramos. Tinha um enorme corredor que dava para uma sala gigantesca e muito luxuosa. Na sala tinha diversas poltronas, onde alguns homens estavam sentados observando três mulheres dançando em barras de pole dance, enquanto os outros observavam o movimento no andar de baixo por um grande vidro que cobria a parede inteira. Algumas moças seminuas passeavam pelo local distribuindo drogas e bebidas, enquanto os homens as apalpava
— Mas?— Matteo disse confuso olhando para mim e depois para o homem caído no chão ensanguentado.— Ele já estava morto de qualquer forma!— disse seriamente, enquanto encarava Luccas caído no chão.Se Luccas tivesse dito alguma coisa, quem estaria morta naquele momento seria eu, numa guerra, os mais fortes sobrevivem.— Temos que sair daqui, agora!— Alguém disse aparentemente aflito.Nos viramos e vimos Gabriel. Ele entrou no quarto e fechou a porta.— Alguns homens estão vindo para ver que barulho foi aquele. Tive que apagar o segurança da entrada, mas são muitos vindo pra cá. Temos que ir, agora!— Gabriel disse rapidamente, aparentemente muito preocupado.Saímos do quarto rapidamente e seguimos pelo corredor, dessa vez não fomos pelo mesmo lado que entramos, mas seguimos até chegar em uma outra escada que dava para um espécie de porão, onde estavam guardadas bebidas e drogas. No canto do cômodo havia uma porta e nos aproximamos dela rapidamente. Matteo tentou abrir a porta, mas
— Que amigo?— perguntei olhando a casa pela janela.— Um doutor que era amigo do meu pai, ele vai ajudar.— Gabriel disse rapidamente saindo do carro.Gabriel me ajudou a tirar Matteo do carro, que estava fraco e fechou na porta. — Quem é?— o doutor perguntou pelo interfone.— Gabriel, Gabriel Adsa.— Gabriel disse me ajudando a segurar o irmão.O portão então se abriu entramos com Matteo. Subimos as escadas e logo um senhor apareceu desconfiado.— Que droga aconteceu com vocês?— o senhor perguntou.Matteo já estava quase inconsciente, seus olhos estavam quase fechando.— Tem como ajudar? Ele precisa de ajuda, por favor!— implorei apavorada.— Tragam ele aqui para cima.— o doutor disse rapidamente entrando em uma sala.Levamos Matteo para a sala e logo vimos uma mulher o ajudando a se preparar para o que seria uma cirurgia de emergência.— O deitem na maca e saiam.— o doutor ordenou e obedecemos.Saímos da sala e uma mulher
— Queria falar comigo?— perguntei me sentando na cama.— Sim, ontem aconteceu algo ontem que me deixou intrigado.— Matteo disse me olhando nos olhos, com sua voz fraca.— O que?— Você atirou em Luccas e ele iria dizer algo ao seu respeito... disse que te conhecia.— Matteo disse seriamente enquanto me encarava.— Atirei pois de qualquer forma ele morreria e poderiam fazer pior. Ele disse sim que me conhecia, mas, de onde ele pode me conhecer Matteo? Eu trabalhava em uma escola como professora e nunca nem se quer vim para Sicília. Ele disse aquilo para nos distrair...— menti.Matteo me encarou por alguns minutos e concordou com a cabeça.— Você tem razão...— Matteo concordou.Me levantei com um sorriso fraco e saí do quarto. Me dirigi ao meu quarto, estava pensando no quanto essas mentiras estavam indo longe demais, mas ao entrar no meu quarto, levei um susto.— Gosta dele?— ouvi um voz me perguntando.O