Pistas - 7

— Conseguiram descobrir quem estava ajudando Theobaldo com essas informações? Claramente alguém daqui de dentro está envolvido com isso, Theobaldo não conseguiria essas informações morando tão longe.— Matteo perguntou seriamente para o irmão.

— Não irmão, não descobrimos quem estava o ajudando, mas o que sabemos é que essa pessoa que estava compartilhando as informações com Theobaldo, é a dona do pen drive. Theobaldo recebia o pen drive com as informações e mandava por e-mail para alguém da Sicília.— Gabriel disse firmemente.

Olhei para Gabriel, como ele conseguia mentir tão bem? Obviamente ele era o aliado de Theobaldo, e Matteo estava confiando na única pessoa em que não podia confiar.

— O que disseram para a imprensa e para a polícia, sobre a morte de Theobaldo?— Matteo perguntou para o irmão.

— Que foi suicídio, recebemos uma ajudinha dos policiais com o caso e tudo foi encoberto. Fique tranquilo.— Gabriel disse suavemente.

— Ótimo, arrumem suas coisas, vamos para Sicília amanhã.— Matteo disse para mim e Gabriel, logo se retirou rapidamente.

Quando Matteo sumiu pelos corredores, puxei Gabriel no canto.

— O que resolveu com meu pai?— perguntei apreenssiva.

— Não importa, o que importa é que já está tudo resolvido. Aliás, o que fazia com Matteo?

— Ele teve que resolver algumas coisas, e não quis me deixar sozinha aqui, pois graças a conversa que escutamos de Theobaldo, ele sabe que tem alguém na família que é um traidor.— disse sarcasticamente.

Gabriel sorriu, acho que nem ele acreditava que o plano estava dando certo e que Matteo de certa forma estava sendo um idiota.

— É bom você se aproximar dele, assim sabemos os seus passos. Bom trabalho.— Gabriel disse e se retirou com um sorriso convencido.

Subi para o meu quarto pensando no que eu estava fazendo, eu parecia só mais uma peça desse joguinho, onde eu era constantemente manipulada para fazer as vontades de meu pai.

No dia seguinte acordei com uma silhueta estranha me observando, Matteo estava apoiado na porta, provavelmente me esperando acordar. Me sentei rapidamente na cama, e ele se aproximou.

— Pedi para alguns dos meus homens comprar algumas roupas para você, e meus empregados já fizeram as suas malas. Se arrume, daqui a pouco vamos ir pegar o trem.— Matteo disse gentilmente.

Olhei para Matteo, ele parecia mais calmo que ontem e estava sendo minimamente gentil.

— Obrigada.— agradeci.

— Sem problemas.— Matteo disse e se retirou do quarto.

Me arrumei e desci para tomar café. Depois do café o carro nos levou até a estação de trem e fomos para Sicília. A viagem durou cerca de 5 horas, e assim que chegamos na Sicília um carro já estava a espera. Entramos no carro, e o motorista nos levou para uma casa muito luxuosa. Provavelmente era uma das propriedades de Matteo. Entramos na casa e alguns empregados surgiram, levando nossas coisas para cima.

— Bela casa!— Gabriel exclamou maravilhado com a propriedade.

Olhei em volta, a casa era muito grande e bonita. Tudo estava perfeitamente decorado em tons pastéis, o que não fazia o estilo de Matteo.

— Comprei ela para termos aonde ficar, pelo jeito vamos passar um tempo aqui.— Matteo disse olhando para o irmão, que deu um sorriso de aprovação.

— Muito bem irmão! Muito bem...— Gabriel disse batendo no ombro do irmão, e subindo as escadas para o andar de cima.

Assim que Gabriel subiu, Matteo se aproximou de mim.

— Tem certeza que quer ajudar a encontrar Milena? É muito perigoso e eu não me responsabilizo caso te aconteça algo.— Matteo disse seriamente.

— Tenho, preciso provar para você que eu não tenho nada haver com o sumiço dela, para que assim você me deixe ir embora.— disse olhando nos olhos de Matteo.

— Certo. Amanhã, iremos até o endereço que Gabriel descobriu, descanse.— Matteo disse seriamente e eu subi para o quarto.

O quarto onde as minhas coisas estavam, era muito chique e ao me deitar na cama, adormeci rapidamente.

No dia seguinte, acordei bem cedo e fiz minhas necessidades. Logo me troquei e desci para o hall. Matteo já estava acordado, e pronto, provavelmente mal dormiu de ansiedade. Gabriel desceu as escadas logo depois, e fomos tomar café.

— Está tudo pronto?— Matteo perguntou, encarando o irmão.

— Sim...

— Perfeito.

O resto do café da manhã foi em total silêncio, e em seguida fomos para o carro que nos aguardava no lado de fora. Gabriel estava dirigindo, e Matteo estava no banco da frente. Eu fui no banco de trás, apenas sentindo o clima tenso do carro. O carro deu partida, e em alguns longos minutos depois, paramos em frente a uma casa. A casa ficava em um bairro humilde da Sicília, e pela janela pudemos ver uma mulher. Ela tinha cabelos negros, e pele branca, seu semblante transmitia calma e serenidade, era difícil acreditar que ela estava envolvida nesse jogo.

— É ela?— Matteo perguntou para o irmão, que confirmou com a cabeça.

Ao ver a confirmação do irmão, Matteo sacou uma arma da cintura e a deixou carregada.

— Vai matar a moça?— perguntei olhando para a arma.

— Se ela decidir falar, eu não mato.— Matteo disse seriamente, colocando a arma na cintura novamente.

— Matteo, vai com calma irmão...— Gabriel disse firmemente.

Matteo olhou para o irmão e desceu do carro sem dizer nada, logo eu e Gabriel o seguimos. Matteo bateu na porta e a moça veio abrir. Ao abrir, a moça abriu um enorme sorriso e olhou para Matteo.

— Pois não?— ela perguntou gentilmente.

— Para o seu bem, é melhor não gritar e nos deixar entrar.— Matteo sussurrou, levantando um pouco sua camisa para mostrar a arma em sua cintura.

A mulher olhou para Matteo e abriu espaço para a gente entrar. A mulher parecia ter cerca de 17 anos, tinha a aparência de uma adolescente ingênua, mas suas olheiras estavam tão fundas, que era perceptível seu cansaço.

A moça fechou a porta, e Matteo sacou a arma apontando para ela.

— Senta.— Matteo disse seriamente.

A mulher sentou na cadeira, e seus olhos se encheram de lágrimas, por um momento eu senti pena.

— O que sabe sobre a Milena?— Matteo perguntou para a moça.

— Não sei de nada...— a mulher sussurrou.

Gabriel se aproximou de Matteo, e encarou a mulher.

— Não sabe de nada? Nem de alguns e-mails que enviavam para você?— Gabriel perguntou.

— Não...— a mulher disse desesperada, enquanto algumas lágrimas percorriam o seu rosto pálido.

— Não me faça atirar em você, pois você é tão linda... seria um desperdício de balas.— Gabriel disse segurando o queixo da garota que chorava.

— Eu não sei de nada.... Eu não sei!— ela gritou em prantos.

Gabriel então levantou suas mãos, e em um movimento rápido deu um tapa na garota.

— Já cansei! Diga o que você sabe... diga agora!— Gabriel gritou.

Matteo olhou para o irmão, enquanto eu ficava recuada no canto do cômodo inconscientemente tremendo. Eu sempre odiei brigas, o que é bem sarcástico, contando que meu pai é o chefe de uma das máfias mais perigosas de toda Itália.

Quando eu era menor, ouvia gritos, murmúrios e tiros de mulheres que eram espancadas, ou até mesmo executadas, por não seguirem os planos da máfia, ou dizerem algo que não deveriam. De certa forma, ouvir o grito delas, ficou impregnando na minha cabeça, e ver Gabriel batendo nessa moça, me trouxe lembranças que eu preferia ter deixado no passado.

— Mamãe?— ouvimos alguém dizer.

Olhamos para o corredor da casa, e vimos uma garotinha que tinha cerca de 2 anos.

— Volta para o quarto meu amor, tá tudo bem.— a mulher disse em prantos.

Matteo olhou para a garotinha, e vi seu semblante mudar. A garotinha nos encarou e voltou para o quarto. A mulher olhou para Matteo ainda em prantos, vi Matteo venerável.

— Por favor, não machuque ela, ela não tem nada haver com isso. Eu conto o que eu sei, mas não machuquem a minha filha.— a mulher implorou.

Matteo abaixou a arma e Gabriel se afastou.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo