— Ela está aqui, daqui a pouco nós vamos embora, estejam preparados.— disse ao telefone.
Vi uma garota dos cabelos castanhos vindo correndo em minha direção, e logo reconheci Milena. — Professora! Você viu aquela obra de arte?— a menina disse, apontando para uma escultura ao ar livre. Eu havia criado um carinho por Milena, antes de colocar o plano da minha família em ação, dei aula para ela por um mês. Mas como o planejado, o dia do passeio havia chegado, e hoje, Milena seria sequestrada. — Linda, né?!— perguntei para a garotinha que sorriu imediatamente. Olhei para meus alunos, e os chamei. — Espero que tenham se divertido no passeio de hoje, mas já está na hora de ir embora. Vão ao banheiro e se dirijam para o ônibus.— disse para a turma, que me obedeceu imediatamente. Milena acompanhou a turma, mas logo a chamei, era o momento perfeito, o momento para sequestrar a filha de Matteo, chefe da máfia Adsa. — Minha princesa, tem como você correr lá no ônibus e avisar o motorista que já estamos indo?— perguntei para Milena. — Claro professora, estou indo. Milena correu e a vi sumir ao entrar no estacionamento, infelizmente senti um pouco de remorso, eu realmente havia criado um carinho por Milena. Os alunos começaram a voltar, e eu os conduzi para o ônibus. Quando cheguei até o motorista, perguntei por Milena. — Cadê Milena? Ela veio te avisar que estávamos vindo. Onde ela está?— perguntei. Eu sabia muito bem que Milena nem havia chegado no ônibus, algum capanga do meu pai já havia sequestrado ela. — Milena? Ela não chegou aqui senhorita Yhelena.— o motorista disse aparentemente preocupado. Olhei para a minha turma que cochichava, e mandei todos entrarem no ônibus. — Entrem no ônibus, eu vou atrás de Milena. Não saiam daqui!— disse seriamente para os meus alunos, que me obedeceram rapidamente.— Por favor, fique de olho neles? Vou procurar Milena.— disse para o motorista e fui atrás da garota. Fui procurar Milena para não levantar suspeitas, mas como o esperado não a encontrei. Fui até a recepção e falei com a recepcionista. — Uma aluna minha sumiu, preciso de ajuda para procurar ela.— disse desesperada. A recepcionista me olhou e logo chamou um dos gerentes do museu, que pediu para os seguranças procurarem Milena. — Já entrou em contato com os pais e a escola da menina?— o gerente me perguntou. — Não...— disse forçando o choro. A recepcionista mexeu no computador e logo achou o número da escola. Ela discou rapidamente e ligou para a escola. De repente o chefe dos seguranças chegou no gerente e cochichou no seu ouvido. Ele me olhou e seriamente perguntou. — Como ela sumiu? — Pedi para ela avisar o motorista que já estávamos indo para o ônibus, mas ao chegar no ônibus o motorista disse que ela não chegou lá. Por favor, me ajudem a encontrá-la! — implorei. — Certo, vamos analisar as câmeras de segurança do estacionamento.— o gerente disse, e o segurança foi averiguar. Meu pai não era um amador, provavelmente havia desabilitado as câmeras. — Alô?— ouvi a recepcionista, e me virei rapidamente, ela estava conversando com a escola.— Houve um problema, uma das alunas da sua escola, desapareceu no passeio. A recepcionista escutou a outra pessoa do outro lado do telefone, e logo me olhou. — Qual o seu nome, e da aluna desaparecida? — Meu nome é Yhelena, e o da aluna é Milena.— respondi rapidamente. — O nome da aluna é Milena, ela estava acompanhada da professora Yhelena.— a recepcionista disse rapidamente, e depois de alguns minutos desligou o telefone. Olhei para a recepcionista esperando respostas. — A escola irá avisar aos pais da menina e ele virá para cá imediatamente.— a recepcionista disse calmamente. De repente o segurança chegou aparentemente preocupado e olhou para o gerente. — As câmeras... Não estavam funcionando, eu não sei como, mas não estão funcionando!— o segurança disse. — Como as câmeras não estavam funcionando?— o gerente perguntou aparentemente furioso. — Por favor, acionem a polícia!— disse em prantos. Era óbvio que os seguranças não haviam encontrado a menina, e claramente não tinha muitos seguranças no estacionamento onde Milena foi sequestrada. A recepcionista me olhou e logo discou para a polícia, enquanto o gerente tentava me acalmar. — Por favor, se acalme.— ele dizia. Alguns minutos depois, uma viatura da polícia e o pai da menina chegaram juntamente com a diretora da escola. Matteo, pai de Milena correu até a recepção preocupado. — Acharam ela?— ele perguntou para mim. Olhei para ele e o encarei com os olhos vermelhos. — Não... Matteo era imponente, tinha cabelos castanhos, eles eram lisos e seus olhos eram em um tom verde vivo. Seu maxilar estava tenso, visivelmente preocupado, mas mesmo assim não deixava de ser charmoso. Matteo tinha barba, que fazia contraste com sua pele morena, bronzeada pelo Sol. Ele estava muito elegante, usava uma blusa social preta, que combinava com seu blazer preto, que compunha seu visual. O blazer estava justo, tão justo que destacavam seus músculos e a cor de sua pele. — Mas como ela sumiu? Você tinha que estar vigiando ela, era a sua responsabilidade.— Matteo gritou, batendo o pulso no balcão da recepção. — Por favor... Se acalme.— a diretora interveio. — Me acalmar? Milena está desaparecida!— Matteo disse com um tom firme e forte, mas ainda sim, desesperado. — Desculpa senhor Matteo, ela foi avisar o motorista que já estávamos indo para o ônibus, mas ela nunca chegou até o ônibus e as câmeras não estão funcionando!— exclamei, demostrando minha preocupação. Matteo levou as mãos ao rosto e respirou fundo. — Que desgraça!— ele disse e se afastou. Em seguida os policiais chegaram e conversaram comigo e com alguns funcionários do museu. Depois de alguns minutos, eles disseram para Matteo comparecer na delegacia e foram embora. — Acho melhor levarmos as crianças de volta para a escola, não vamos conseguir chegar a lugar nenhum se ficarmos aqui.— a diretora disse seriamente. Matteo encarou a diretora e todos os funcionários do local. — Irei na delegacia prestar queixa, e aviso qualquer novidade.— Matteo disse enquanto me encarava nos olhos, como se quisesse ler minha alma. — Obrigada senhor Matteo, estaremos a disposição...— a diretora disse, e fomos de volta para o ônibus, enquanto eu falsamente chorava. Quando chegamos na escola, os pais já estavam a espera, ninguém sabia sobre o ocorrido com Milena, mas provavelmente os filhos iriam contar. Assim que a última criança foi embora a diretora da escola me chamou. — Você sabe que esse desaparecimento vai causar grandes problemas para a escola, não sabe?— ela perguntou. Balancei a cabeça que sim, e ela continuou. — Amanhã, se apresente bem cedo na minha sala.— a diretora disse e se retirou furiosa. Eu podia entender a fúria dela, afinal era uma das melhores escolas de toda Itália, e se a reputação fosse comprometida, as mensalidades da escola também seriam. Peguei minhas coisas e fui para a minha casa alugada que ficava no fim da rua, papai havia pensado em tudo, e como nossa casa ficava na Sicília, ele alugou uma casa para mim perto da escola. Andei pela rua deserta pensando em Milena, ela provavelmente estaria desesperada. De repente um carro preto apareceu na rua em uma velocidade muito alta, tão alta que fazia contrito com o chão causando rangidos. Ele acelerou e eu tentei correr, mas logo me alcançou e vi Matteo sair do carro com mais dois homens. Os dois homens sacaram a arma e apontaram para mim. — Entra no carro agora.Olhei para Matteo e para os homens, senti meu coração acelerar. — Por favor, por favor, não me levem!— implorei. — Entra no carro agora, porra!— Matteo gritou e eu obedeci. Entrei e sentei no banco de trás, e logo os dois capangas de Matteo cobriram meu rosto com um saco preto. Eu estava apavorada, isso não fazia parte do plano. Depois que a minha família sequestrasse Milena, eu voltaria para Sicília e terminaríamos o plano. — Por favor, Matteo... Me deixa sair!— implorei. — Cala a boca!— ele gritou e eu obedeci rapidamente. Eu não sabia para onde ele estava me levando e muito menos o que ele iria fazer comigo, só sabia que provavelmente ele iria me matar. Depois de alguns minutos que mais pareciam horas, senti o carro parar, e fui puxada para fora do carro. Os capangas me guiavam e alguns minutos depois, retiraram o saco da minha cabeça. Eu estava em um quarto, ele não estava muito limpo, provavelmente era onde Matteo matava suas vítimas. Os capangas então me jogaram no
No dia seguinte, como Matteo disse, alguns vestidos chegaram e Gabriel me ajudou a escolher. Quando o vestido já havia sido escolhido, Gabriel mandou que retirassem os que haviam sobrado. Em seguida, uma mulher chegou, ela estava muito entusiasmada. — É ela? Como ela é linda!— a mulher exclamou. Olhei para as mulheres e depois para Gabriel confusa. — Ela irá te aprontar para o baile...— Gabriel disse seriamente. — Hó minha querida, não se preocupe, você ficará linda!— a mulher disse sorridente. Em seguida olhou para a minha perna e vi seu semblante mudar.— O que houve com a sua perna? — Você é paga para trabalhar, não para conversar, se apresse para fazer seu trabalho.— Gabriel interrompeu rapidamente e a mulher ficou quieta. A mulher arrumou uma bancada com algumas maquiagens e pincéis, como eu já havia tomado banho, ela começou a me maquiar. Alguns longos minutos depois, ela terminou e começou a arrumar meu cabelos, enquanto Gabriel me observava do canto da sala. Assim qu
Olhei para Matteo ainda paralisada, como assim mais uma pessoa da família de Matteo estava envolvida com o sequestro de Milena? Infelizmente meu pai não me contava todos os detalhes, será que a pessoa que Theobaldo estava falando ao telefone era meu pai? — Ele falou sobre um pen drive? Será que está nessa sala?— Matteo perguntou para mim. — Não sei... Matteo começou a abrir as gavetas e a vasculhar todo o escritório. Ele parecia nervoso, como se não acreditasse ainda no que havia acontecido. Ajudei a procurar, mas quando estávamos prestes a desistir, Matteo achou um pen drive guardado em uma caixa no armário. Ele me olhou e suspirou fundo, ali poderia conter as informações que ele precisava sobre sua filha. Matteo caminhou até o computador e o conectou com o pen drive, logo abriu algumas pastas e achou uma lista. — Que merda é essa?— Matteo disse enquanto lia a tal lista. Meu coração começou a acelerar, e se tivesse alguma informação sobre mim? Me aproximei do computador
Theobaldo caiu no chão e Matteo olhou para Gabriel. Como se tivesse consciência depois, Gabriel correu para ver o tio, mas ao checar seus batimentos, notou que ele estava morto. Matteo suspirou e olhou o tio ensanguentado no chão, ele parecia distante, como se não acreditasse na traição do tio, por um segundo eu senti pena. — O que vamos fazer agora?— Gabriel perguntou para o irmão. — Vou enviar o pen drive para a equipe de investigação de Milena, talvez consigam descobrir para quem estavam sendo enviadas essas informações.— Matteo disse olhando para o tio caído no chão.— Limpem essa bagunça!— ele ordenou para alguns capangas que o observavam, em seguida se retirou. Assim que Matteo sumiu pelos corredores da mansão, Gabriel me puxou em um canto. — E agora? Isso pode acabar com os nossos planos.— Gabriel sussurrou. — Não... Avise papai, ele vai saber o que fazer.— disse tranquilamente. — Certo. Gabriel se retirou e eu fiquei observando os capangas de Theobaldo o arrasta
Matteo retirou o blazer e a gravata, enquanto eu somente o encarava. Ele desabotoou sua blusa social branca e a retirou, revelando seu abdômen perfeitamente definido. Desviei o olhar e me dirigi para o banheiro. — Esqueci completamente de te mandar trazer uma roupa para dormir, vista minha blusa.— Matteo disse me entregando sua blusa social branca, que havia acabado de tirar. Encarei Matteo e peguei a blusa. Me dirigi ao banheiro e tirei o vestido de cetim, logo coloquei a blusa branca de Matteo, ficando apenas de calcinha e a blusa quase transparente. Saí do quarto e vi Matteo deitado na cama, ele parecia tão sereno e... sexy. Me aproximei da cama, e ele me olhou nos olhos. — O que foi?— ele perguntou. — Não vai me amarrar, ou algo do tipo?— perguntei sarcástica. Matteo me olhou e novamente seus olhos percorrerem meu corpo. — Por que eu te amarraria?— ele perguntou seriamente. — Uma hora você vai dormir, e eu vou poder fugir daqui.— sussurrei em tom de deboche. Eu obvi
— Conseguiram descobrir quem estava ajudando Theobaldo com essas informações? Claramente alguém daqui de dentro está envolvido com isso, Theobaldo não conseguiria essas informações morando tão longe.— Matteo perguntou seriamente para o irmão. — Não irmão, não descobrimos quem estava o ajudando, mas o que sabemos é que essa pessoa que estava compartilhando as informações com Theobaldo, é a dona do pen drive. Theobaldo recebia o pen drive com as informações e mandava por e-mail para alguém da Sicília.— Gabriel disse firmemente. Olhei para Gabriel, como ele conseguia mentir tão bem? Obviamente ele era o aliado de Theobaldo, e Matteo estava confiando na única pessoa em que não podia confiar. — O que disseram para a imprensa e para a polícia, sobre a morte de Theobaldo?— Matteo perguntou para o irmão. — Que foi suicídio, recebemos uma ajudinha dos policiais com o caso e tudo foi encoberto. Fique tranquilo.— Gabriel disse suavemente. — Ótimo, arrumem suas coisas, vamos para Sicília
— Alguns homens do norte da Sicília... me contrataram para receber informações e repassar para eles. Eu aceitei pois precisava do dinheiro para sustentar minha filha e por alguns meses repassei todas as informações que eu recebia por mensagem para um número desconhecido.— a mulher disse entre soluços.— Eu não sei mais de nada... Só isso. — E você tem o número que repassava essas informações?— Matteo perguntou seriamente. — Os homens me entregaram um celular e eu só podia usar ele para passar essas informações.— a moça disse quase que em um sussurro. — E como você foi contratada?— Gabriel perguntou para a moça que o encarou. — Eu trabalhei por alguns meses numa boate para conseguir mais dinheiro e eles fizeram essa proposta, a única condição era não contar nada para ninguém.— ela respondeu. — E você aceitou assim, tão facilmente?— Gabriel perguntou novamente. — Preciso sustentar minha filha... Eles disseram que era um trabal
Olhei para a bagunça no chão, tinha cacos de vidros por todo lado e alguns sujos de sangue. A mulher sobreveio em minha mente, o jeito que ela implorou assombraram meus pensamentos. Alguns minutos depois, Matteo chegou no meu quarto com um doutor. Eles se aproximaram de mim e o doutor abaixou para examinar meu pé. Ele tirou o pano ensanguentado e me examinou. — Vai precisar de alguns pontos...— o doutor sussurrou. — Vou te deixar com ela e chamar algum empregado para limpar essa bagunça.— Matteo disse e se retirou rapidamente. Eu poderia pedir para o doutor avisar alguma autoridade sobre o meu sequestro, mas com certeza era mais um da máfia de Matteo e não iria adiantar de nada. O doutor abriu uma bolsa, preparou seus equipamentos e começou a fazer os pontos no meu pé. Eu gemia de dor cada vez que ele enfiava a agulha no meu pé, mas ele sorria e falava que já estava terminando. Antes do doutor finalizar, dois empregados entraram no quarto e arrumaram tudo rapidamente. Por p