Amo Você - 19

Meu coração apertou e as lágrimas que antes eram tímidas, agora eram constantes e geladas.

— Tudo isso era uma emboscada?— Gabriel perguntou.

Matteo concordou com a cabeça.

— Eles querem poder e para isso sequestraram minha filha... Estavam pedindo poder em troca dela. Mas, descobri que eu estava com uma Mikazia, essa filha da puta! MENTIU PARA MIM, ISSO TUDO ERA UM JOGO YHELENA?!— Matteo gritou me olhando pelo retrovisor.

— Não! No começo sim, mas eu... Eu me apaixonei por você.— disse em prantos.

— Se apaixonou?— Matteo riu.—  Eu confiei em você Yhelena, eu cheguei a...— as palavras de Matteo sumiram, eu vi a decepção em seu rosto.

— Por isso disse que não podíamos ficar juntos...

— Porque você estava mentindo pra mim? Fazia tudo parte do plano, Yhelena?— Matteo gritou.— Então tudo era encenação? Você nunca... Sentiu nada por mim. Nunca se importou de verdade? Nunca...— a voz sumiu em sua garganta.

— Matteo...— sussurrei.

— Eu contei sobre minha ex mulher, eu vi você me salvando... por que me salvou então? Por que não me deixou morrer?— ele perguntou.

— Porque eu te amo...

— Me ama? Você me ama? Como pode me amar?— ele perguntou.

— Quer realmente discutir isso? Você disse que aquilo foi um erro!

— Porque eu achei que não me queria, pois depois daquela noite, você disse que não podia ter se entregado a mim. Não queria te forçar a nada, e além do mais, eu havia te sequestrado, era a única pista da minha filha, mas deixei isso de lado... eu me entreguei a você. Eu te amei.— Matteo sussurrou.— Confiei em você! COMO EU FUI BURRO EM CONFIAR EM VOCÊ!

O olhei pelo retrovisor, seus olhos estavam cheios de lágrimas. Era estranho ver Matteo daquele jeito... Venerável. Nunca tinha visto ele perder o controle de uma situação, por mais que sua filha estivesse desaparecida, ele nunca demonstrou estar perdido, mas naquele momento, eu via em seus olhos, através do espelho, sua decepção e vulnerabilidade.

— Por favor Matteo, me deixa explicar.

— Se explicar? Explicar o que Yhelena? Você poderia ter me contado...

— Não... Não podia, você teria me matado.— disse em prantos.

— Yhelena... Você é filha de Marco Mikazia?— ele perguntou.

Balancei a cabeça que sim, e Matteo socou o volante novamente.

O restante da viagem foi em total silêncio, e eu só sabia encarar Matteo pelo retrovisor, que chorava silenciosamente.

Voltamos para casa de Henrico, e ao chegar lá, logo Matteo me pegou pelo braço e apontando sua arma para mim, me fez entrar na casa.

— O que está havendo?— Henrico perguntou, olhando a situação.

— Traga uma corda, AGORA!— ele gritou me empurrando no pequeno sofá da sala.

A mulher de Henrico logo foi buscar e trouxe a grande corda. Matteo pediu para Gabriel apontar para Yhelena, que obedeceu imediatamente, enquanto ele me amarrava com força.

Ele nem me olhava nos olhos, era como se me desconhecesse, como se eu fosse uma estranha. Quando terminou de me amarrar, me pegou pelo braço e me conduziu para meu antigo quarto. Ele me jogou na cama e se sentou em uma poltrona distante. Ele colocou a arma sobre a mesinha e me encarou de longe.

— Pode dormir, amanhã você irá voltar para a sua casa.— Matteo disse seriamente.

Me concertei na cama e encarei Matteo.

— Me escuta Matteo...— implorei.

Matteo me olhou nos olhos.

— Eu só não te mato, porque seu pai está com a minha filha.— Matteo sussurrou.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas, o que eu mais temia, havia de tornado um fato, Matteo me odiava.

Não disse nada a Matteo, nada do que eu dissesse iria importar. Ele estava tão decepcionado, que era impossível dizer que a alguns dias ele parecia estar perdidamente apaixonado por mim.

Me acomodei na cama, e senti as lágrimas geladas escorrerem pelo meu rosto pálido. Não notei exatamente o momento em que eu adormeci, mas pareciam longas horas.

No dia seguinte acordei com Matteo me puxando pelo braço para que eu me levantasse da cama. Acordei um pouco atordoada, mas Matteo não se importava, só queria me tirar dali o mais rápido possível.

— Levanta, porra!— Matteo esbravejou.

Me levantei e olhei em volta com a visão ainda turva, logo Matteo me conduziu até o andar de baixo, onde Gabriel já esperava.

Matteo olhou para Gabriel e ele confirmou com a cabeça, não sabia exatamente do que eles estavam falando, mas sabia que Gabriel provavelmente havia cuidado de tudo. Foi quando me sobreveio o acordo de papai com Gabriel, iriam matar Matteo... 

Olhei para Gabriel, e depois para Matteo, que me conduzia para fora da casa. Se eu contasse para Matteo ele não iria acreditar em mim, poderia até me matar por estar acusando o próprio irmão.

Matteo me empurrou no banco do carro e se sentou ao meu lado com sua arma apontada para mim, Gabriel entrou no carro, e em alguns segundos ligou o carro. Encarei Gabriel pelo retrovisor, meu coração estava acelerado, Matteo iria morrer, o amor da minha vida iria morrer.

Gabriel sorriu pelo retrovisor, provavelmente sabia no que eu estava pensando. Olhei para Matteo e ele me olhou de volta. Seus olhos esverdeados estavam pouco vermelhos, provavelmente bebeu muito na noite anterior, assim que eu adormeci. Seu semblante misturava ódio com tristeza, e impressionantemente, seus cabelos não estavam perfeitamente arrumados como de costume. Ele estava com os cabelos bagunçados, a roupa estava amassada, e a mão com que segurava a arma tremia ao apontar para mim.

De repente o carro parou, estávamos em um tipo de campo. Não haviam casas perto, somente árvores e uma enorme área verde. Ao lado havia algumas construções destruídas, estávamos perto da cidade, mas não perto suficiente para que pudessem nos ver. Olhei pela janela, tinham três carros pretos. Papai estava de pé, e cinco atiradores estavam ao seu lado. O restante do grupo estava dentro dos carros.

Matteo saiu do carro e deu alguns passos a frente.

— Vejo que trouxe seus amigos...— Matteo disse seriamente.

Marco sorriu, com um charuto entre os dedos.

— Me admira, você, inteligente como é, achar que eu viria sozinho.

Matteo olhou para os carros e depois voltou a olhar Marco.

— Cadê, Milena?— Matteo perguntou.

Marco sorriu e levantou uma das mãos, o que fez seus capangas abrirem a porta do carro. Milena saiu de lá com um homem que a apontava uma arma. A garota chorava, parecia apavorada. Ao ver a cena, Matteo deu um passo adiante, mas os homens de meu pai o apontaram a arma e ele recuou.

— Cadê, Yhelena?— papai perguntou.

Gabriel então saiu do banco do motorista e abriu a porta de trás me puxando pelo braço. Saí do carro e encarei papai. Gabriel me levou até Matteo e ele me segurou pelo braço.

— Aqui está ela...— Matteo disse alto.

Marco sorriu e pediu para que trouxessem Milena até ele, e assim seus homens obedeceram.

— Traga ela até aqui Matteo... Devagar.— Marco disse com um sorriso.

Gabriel se afastou, e Matteo começou a andar lentamente me segurando pelo braço.

— Sabe de uma coisa Matteo, acho lindo o que fez por Milena, tem meu respeito, uma pena que não seja o suficiente para viver. Não é pessoas Matteo, são só... Negócios.— Papai sussurrou enquanto Matteo caminhava.

De repente um dos homens de papai sacou a arma e em um impulso eu abracei Matteo. Logo ouviu-se um estrondo, e senti uma dor aguda. Matteo me olhou confuso, e em uma fração de segundos senti minhas pernas falharem, mas antes que eu pudesse cair, Matteo me segurou.

— Yhelena?— ele me chamou.

Sua voz foi ficando distante. Olhei para o meu ombro, o meu vestido estava sujo de sangue.

— YHELENA!— ouvi papai gritar, mas meus olhos estavam fixos nos de Matteo.

— Não...— ele sussurrou pressionando o machucado em meu ombro.

Olhei para Matteo mais uma vez, minha visão estava turva, ele me apoiou no chão e senti uma forte dor, diria que era quase que insuportável.

— Eu amo você, Matteo...

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