Esse é o fim - 20

Matteo não sabia o que dizer, me olhava com tristeza, mas eu o havia salvado. Vi papai se aproximando, mas Matteo sacou a arma e apontou para ele.

— Se afaste dela! — Matteo gritou.

Matteo me olhou novamente.

— Sinto muito por não ter te falado sobre isso, eu não me importava com nada além da minha... — parei para tentar respirar, tudo estava parecendo um sonho distante, mas tentei continuar. — família. Eu sinto muito, Matteo. Sinto muito por acobertar... Seu irmão. — sussurrei.

Matteo olhou para mim confuso. Gabriel então se aproximou e apontou a arma para mim. Logo, papai, em um movimento rápido, sacou a arma e apontou para Gabriel.

— Não se atreva! — Papai esbravejou com a arma apontada para Gabriel.

Matteo olhou para os dois, mas logo sua atenção voltou para mim.

— Gabriel planejou tudo isso... Ele sabia de tudo. — sussurrei. — Ele queria que você morresse, para que assim ele fosse o chefe da família. Ele planejou tudo isso.

Matteo então olhou para Gabriel, que o estava encarando seriamente. Matteo me deitou no chão e se levantou para encarar Gabriel.

Papai correu até mim e gritou para seus homens por um médico, mas como não havia nenhum, papai pressionou o machucado com força, enquanto um de seus homens saía com o carro para buscar um. Era óbvio que não iriam me levar de carro; se me movessem, poderiam piorar minha situação, então era mais fácil trazerem um médico até mim.

— Não me diga que tudo o que ela me disse é verdade, irmão... — Matteo sussurrou.

Gabriel sorriu.

— Irmão? — Gabriel perguntou. — Matteo... Eu nunca entendi muito bem o porquê de você ter sido escolhido “chefe” da família. Papai morreu, e eu sou o mais velho, não acha que é injusto?

Matteo encarou o irmão, como se não acreditasse no que ele havia falado.

— Eu não escolhi isso, Gabriel, você sabe que depois que meu pai morreu, a família tinha que escolher um de nós dois. Não tenho culpa de ter sido escolhido. — Matteo disse firmemente.

— Era para ser eu... Era eu que tinha que ser o chefe. Eu trabalhei junto com o nosso pai desde a infância. Matei pessoas, cobri mentiras... tudo para o crescimento da nossa família. Sem mim, você não seria nada, Matteo. Eu trabalhei para chegar onde estou, eu estudei cada rota, cada negócio, cada produto, para que hoje fôssemos quem somos. Mas tinha que me contentar em ser sua sombra... Não, Matteo, não era o suficiente, nunca foi o suficiente. — Gabriel disse encarando Matteo.

— Você ajudou a sequestrar sua sobrinha, você traiu esta família, não é digno de ser chamado de Adsa. Não é digno de ter esse sobrenome! — Matteo esbravejou.

— Eu não sou digno? Por favor, Matteo... E você acha que é?

Matteo não respondeu, e Gabriel continuou.

— Aquela bala era para ter atingido você, esse era o plano, mas a Yhelena se apaixonou... — Gabriel riu, enquanto passava seus olhos por mim. — Tudo foi planejado para que você não desconfiasse que era um plano. Tudo para te matar... Tinha que haver uma boa desculpa para a família, se não fosse assim, já teria o deixado morrer na noite da boate. Mas não podia, pois teria que recuperar sua filha sozinho, e como eu explicaria para a família onde Milena estava? Tive que inventar o problema da rota dos Mikazia e combinar tudo com Marco, para que, quando ele te encontrasse, dissesse que sequestrou minha querida sobrinha por causa de poder. Mas não... tudo isso foi para que eu assumisse a família, e assim os Mikazia seriam beneficiados com dinheiro e produtos. Prático, não?! — Gabriel disse suavemente, enquanto olhava nos olhos do irmão. — Na noite da boate, Yhelena ainda estava comigo. Não podia simplesmente te deixar morrer, sem ao menos fingir que tinha tentado te salvar, pois a família iria investigar... Então, eu tive que seguir com o plano, pois só assim poderia dizer que você e Milena morreram enquanto tentava resgatá-la... E eu teria escapado por pouco.

Matteo balançou a cabeça, como se não acreditasse no que tinha escutado.

— Não me leve a mal, irmão, é tudo por um bem maior. Você iria morrer, e eu iria ajudar os Mikazia com as rotas... Todos sairiam ganhando. — Gabriel disse com a arma apontada para Matteo, que parecia não acreditar no que ouvia.

— Fui eu que entreguei as pistas para Theobaldo... Não era para ele ter morrido, somente para ter entregue a garota que você matou. Foi uma ocasião do destino... O restante foi planejado, cada passo, para que chegasse até Milena, para que assim você fosse morto com ela. A questão é que descobriu sobre Yhelena, mas mesmo assim, nessa entrega, já estava combinado que atirariam em você antes da entrega de Milena, mas olhe só, sua amada Yhelena entrou no meio para te salvar... — Gabriel disse suavemente, enquanto me olhava no chão.

— Filho da puta! — Matteo gritou.

De repente, ouvimos sirenes, e em alguns segundos dois carros de policiais chegaram. Eles saíram do carro, mas antes que pudessem dizer alguma coisa, os homens de papai começaram a disparar, e um tiroteio intenso começou.

Em alguns instantes, Matteo empurrou Gabriel, que caiu e deixou a arma escapar de sua mão. Matteo começou a deferir socos constantes em Gabriel, que rapidamente reagiu, pegando uma pedra ao seu lado e batendo na cabeça de Matteo, que caiu desnorteado. Gabriel se levantou jogando o irmão no chão, mas, em uma fração de segundos, Matteo se levantou um pouco atordoado e encarou o irmão.

— Eu vou te matar, e quero que o último rosto que se lembre seja o meu... — Matteo sussurrou.

Gabriel sorriu, e Matteo avançou para cima de Gabriel com um soco, que fez seu nariz sangrar. Gabriel agarrou o irmão pela cintura e o jogou no chão, desferindo um soco em seu rosto. Mas Matteo se recompôs rapidamente, e, vasculhando um escombro ao seu lado, pegou uma barra de ferro e colocou em volta do pescoço do seu irmão, que havia caído no chão. Ele apertava a barra de ferro contra a garganta de Gabriel, que se contorcia e batia nos braços de Matteo para que o soltasse, mas Matteo apertou mais forte, e, em alguns segundos, Gabriel parou de se debater. Ele estava morto.

Matteo largou o irmão e o olhou uma última vez. Matteo parecia desconsolado. Olhando para o lado, viu Milena ao longe. Milena estava abaixada no chão, enquanto tampava os ouvidos por causa do tiroteio. Matteo foi rodeando os carros até chegar na garotinha, que ao ver o pai o abraçou fortemente.

— Yhelena... Eu vou ter que te tirar daqui. Vou contar até três e vou te levantar, preciso que precione o machucado.— papai disse suavemente.

O olhei, e ele passou seus braços por baixo do meu pescoço, mas antes que pudesse começar a contar, ele foi atingido por um tiro na testa, e caiu em segundos ao meu lado.

— PAI!— gritei.

Não conseguia me mover, apenas o olhei caído ao meu lado todo ensanguentado.

— Não!— meus olhos lacrimejaram.

Comecei a sentir minhas forças indo embora, minha visão estava escurecendo. Olhei para o lado e vi Matteo entrando com Milena no carro, em alguns minutos ele deu partida, Matteo estava salvo...

Virei para o lado, e senti a luz abandonando minhas pupilas, vi papai... Seus olhos verdes estavam abertos e ele estava caído ao meu lado. Em segundos, tudo escureceu.

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