Era inevitável sentir arrepios ao ver que eu estava chegando perto da minha casa, comecei a suar frio e a tremer. Meu peito doía de angústia, mas ao mesmo tempo de alívio, ao lembrar que isso tudo iria terminar. Terminar...
— Não nos chamaremos pelos nomes essa noite, você será Lorenzo.— Gabriel disse firmemente. Olhei para Gabriel, deixando meus pensamentos de lado. Matteo olhou Gabriel, mas logo voltou a atenção para a estrada apenas assentindo com a cabeça. — Você é um vendedor de drogas, então se alguém quiser fechar um acordo, desvia o assunto.— Gabriel continuou seriamente. Olhei para Gabriel pelo retrovisor e ele colocou a sua máscara azul escura. — Se quiserem se comunicar comigo, me chamem de Tomaso. Eles acham que eu sou seu ajudante nos negócios Matteo, então provavelmente irão falar comigo primeiro. — E eu?— perguntei. Matteo me encarou pelo retrovisor, senti meu corpo arrepiar. — Gabrielle.— Gabriel afirmou.— Tu é esposa de Matteo. Encarei Matteo pelo retrovisor e pude sentir a felicidade de Gabriel com a brincadeirinha. — Perfeito.— disse seriamente enquanto olhava Matteo pelo retrovisor, que logo desviou e focou na estrada novamente. Assim que chegamos, vi os diversos carros na frente da minha casa, estava tudo tão lindo. Como o esperado, haviam fotógrafos e paparazzis na frente da mansão tirando fotos de cada pessoa que chegava, admito que era bom estar em casa. Descemos do carro e fomos em direção a mansão, logo nos pararam. — Nomes?— o segurança perguntou. — Tomaso, Lorenzo e Gabrielle.— Gabriel disse arrumando a gravata. O segurança nos encarou uma última vez e abriu a porta. Assim que entramos nos separamos com a grandiosa decoração da mansão, tudo em tons de vermelho e azul, as cores da família. — Eu vou me separar de vocês, tentem achar informações sobre Milena.— Gabriel disse, entrando no meio da multidão. Matteo me olhou e me pegou pelo pulso, logo começou a andar pelo salão até que alguém o parou. — Lorenzo?— um homem perguntou. Matteo olhou para o moço confuso, como se tivesse esquecido do seu nome falso. — Sim, é que meu marido está um pouco tonto por causa da viagem, né amor?— perguntei para Matteo, colocando a mão em seu peito e dando o melhor sorriso que eu tinha. Matteo me encarou e entrou no personagem. — Sim, muito prazer!— Matteo cumprimentou o moço. — Estávamos todos ansiosos para te conhecer, nos contaram que você viria e que é um grande produtor.— o homem disse gentilmente, como se já quisesse saber sobre a venda do produto. — Há sim, agradeço pelo convite.— Matteo disse sorridente. — Há o mérito é de Marco, ele escolheu a dedo os convidados de hoje. É uma baile para fechar negócios e como um amigo disse muito bem de você, ele decidiu fazer esse convite.— o homem disse firmemente, mas com um sorriso enorme. No momento seguinte, um homem passou e de imediato o reconheci. — Marco! — o homem que estava com a gente exclamou. Meu pai se virou e sorriu. — Joseph!— meu pai se aproximou e cumprimentou o homem. Matteo e eu nos olhamos, bingo! — Deixe eu te apresentar, esse é Lorenzo, aquele produtor do qual te falei...— Joseph disse sorridente. Meu pai encarou Matteo e estendeu a mão. — Muito prazer, Lorenzo. Papai era um ótimo ator, devo admitir, ou talvez fosse a máscara que escondesse o seu provável medo. Ele tinha olhos verdes como os meus, mas seus cabelos eram negros, felizmente meus cabelos ruivos eu havia herdado de mamãe. Papai era baixo e gordo, mas muito elegante e sofisticado. — É um prazer Marco Mikazia.— Matteo disse apertando a mão de papai. — Bom, vou deixar vocês conversarem...— Joseph disse e se retirou rapidamente. — E essa? É a sua esposa?— papai perguntou me olhando nos olhos, ele reconheceria meus olhos em qualquer lugar. — Sim... É a minha linda esposa, Gabrielle.— Matteo afirmou. — E como é linda!— meu pai exclamou com um sorrisinho, que eu sabia que era uma evidência que ele havia nos descoberto. — Que linda festa, esses dias eu também compareci a uma ótima festa numa boate que eu soube mais tarde que era sua. Então eu vi que o seu bom gosto, não é só para bailes...— Matteo sussurrou. — Há... Esteve na boate? Antes ou depois do ocorrido?— Meu pai perguntou para Matteo, que se fez de sonso rapidamente. — Ocorrido? Que ocorrido?— Matteo perguntou. — Invadiram a área vip, estavam procurando por uma garota...— Papai disse seriamente. — Que garota? — Milena, filha de Matteo Adsa.— papai respondeu rapidamente. — E por que estaria com os seus homens? — É uma boa pergunta, mas não posso dar a resposta... De qualquer forma, devo admitir que eles estão indo no caminho certo e eu preciso os parar, antes que acabem matando mais dos meus homens.— papai disse aparentemente receoso. — Então... está com a garota?— Matteo perguntou, tentando tirar a informação de papai. Papai riu e se aproximou de Matteo como se fosse o contar um segredo. — Há sim... Ela está lá em cima, mas Matteo e seus homens não conseguiriam entrar aqui, então meu pequeno tesouro está seguro.— papai sussurrou. Vi Matteo cerrando os punhos, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, uma voz soou no microfone. — Senhoras e senhores, sejam muito bem vindos! Vamos agradecer com uma salva de palmas o nosso anfitrião, Marco Mikazia!— o homem no palco disse e todos aplaudiram. Logo Matteo me puxou para longe de papai e me levou a um canto. Matteo me encarou e entre o aplausos, vi sua fúria. Seus punhos estavam cerrados e seus olhos exalavam ódio. — Ela está aqui.— Matteo sussurrou.— E o que você vai fazer?— perguntei.Matteo me pegou pelo pulso e andou entre a multidão disfarçadamente, até encontrar um longo corredor que dava para uma segunda sala. Aquele era o caminho mais longo para o segundo andar, contando que o caminho mais rápido, estava impedido por causa do palco. Andamos pelo longo corredor, onde dava para a minha sala de estar e lá estava a escada. Não havia ninguém vigiando e tudo na medida do possível, estava em silêncio, apenas uns ruídos ao fundo vindos do hall, onde estava acontecendo a festa.— Não tem ninguém... Todos estão na festa agora, para quê colocar um vigia, se estão entre família?! Esse é o erro de Marco.— Matteo sussurrou, como se estivesse conversando com ele mesmo.Subimos as escadas rapidamente e andamos pelo corredor, abrindo porta por porta atrás de Milena. Quando chegamos no último corredor, vimos um guarda na porta e rapidamente Matteo me fez escorar na parede para o guarda não nos ver. O guarda olhou em
Meu coração apertou e as lágrimas que antes eram tímidas, agora eram constantes e geladas.— Tudo isso era uma emboscada?— Gabriel perguntou.Matteo concordou com a cabeça.— Eles querem poder e para isso sequestraram minha filha... Estavam pedindo poder em troca dela. Mas, descobri que eu estava com uma Mikazia, essa filha da puta! MENTIU PARA MIM, ISSO TUDO ERA UM JOGO YHELENA?!— Matteo gritou me olhando pelo retrovisor.— Não! No começo sim, mas eu... Eu me apaixonei por você.— disse em prantos.— Se apaixonou?— Matteo riu.— Eu confiei em você Yhelena, eu cheguei a...— as palavras de Matteo sumiram, eu vi a decepção em seu rosto.— Por isso disse que não podíamos ficar juntos...— Porque você estava mentindo pra mim? Fazia tudo parte do plano, Yhelena?— Matteo gritou.— Então tudo era encenação? Você nunca... Sentiu nada por mim. Nunca se importou de verdade? Nunca...— a voz sumiu em sua garganta.— Matteo...
Matteo não sabia o que dizer, me olhava com tristeza, mas eu o havia salvado. Vi papai se aproximando, mas Matteo sacou a arma e apontou para ele. — Se afaste dela! — Matteo gritou. Matteo me olhou novamente. — Sinto muito por não ter te falado sobre isso, eu não me importava com nada além da minha... — parei para tentar respirar, tudo estava parecendo um sonho distante, mas tentei continuar. — família. Eu sinto muito, Matteo. Sinto muito por acobertar... Seu irmão. — sussurrei. Matteo olhou para mim confuso. Gabriel então se aproximou e apontou a arma para mim. Logo, papai, em um movimento rápido, sacou a arma e apontou para Gabriel. — Não se atreva! — Papai esbravejou com a arma apontada para Gabriel. Matteo olhou para os dois, mas logo sua atenção voltou para mim. — Gabriel planejou tudo isso... Ele sabia de tudo. — sussurrei. — Ele queria que você morresse, para que assim ele fosse o chefe da família. Ele planejou tudo isso. Matteo então olhou para Gabriel, que o es
Acordei com a visão turva, olhando ao redor, tentando entender o que havia acontecido e por que minha cabeça doía tanto. Tudo naquele lugar era em tons pastéis, calmos e quase mortos. Ouvi um som constante e, ao olhar para o lado, percebi que era o batimento do meu coração sendo monitorado na máquina ao lado da cama. Tentei me levantar, mas uma dor intensa me fez permanecer deitada. As cortinas azuis e o vidro que mostrava o lado de fora me diziam que estava em um hospital, mas por que eu estaria ali?Algumas lembranças começaram a ressurgir na minha mente, e os tiros assombraram minha memória, trazendo de volta a imagem do meu pai baleado, fazendo meu peito apertar. Meus olhos começaram a lacrimejar ao reviver aquele momento, mas um alívio misturado com dor me invadiu ao lembrar de Matteo e Milena saindo do tiroteio, eles estavam a salvo.— Você finalmente acordou... — uma voz comentou, quebrando meu devaneio.Olhei para cima e vi uma enfermeira.
Eu encarava Ângelo pelo retrovisor do carro, mas ele estava focado demais na estrada. Notei que ele suava, e seus dedos tremiam enquanto conduzia o volante.— Ângelo? — o chamei.Ele parecia não me ouvir, perdido demais em seus pensamentos.— Ângelo?Seus olhos se voltaram para mim pelo retrovisor, e eu esbocei um sorriso fraco, sentindo a dor no ombro irradiar por todo o meu corpo.— Está tudo bem? — perguntei.— Está... só que eles vão nos matar — respondeu, voltando a atenção para a estrada.Meu coração disparou com a resposta. Não queria, mas o medo me dominava. Ele estava arriscando tudo por mim.— Por que veio me buscar? Você está colocando sua vida em risco — murmurei, a dor no ombro latejando.— Não podia te deixar morrer, Yhelena — disse ele, firme.— E eu não posso deixar você pagar por algo que eu fiz. Seu pai é o chefe agora, Ângelo... e, para manter a imagem, ele vai fazer o que fo
Acordei em um quarto desconhecido. Ao meu lado, vi Ângelo sentado em uma cadeira, com a cabeça apoiada nas mãos.— Ângelo? — o chamei.Ele levantou a cabeça rapidamente e veio em minha direção.— Como você está? — perguntou, a preocupação estampada em seu rosto.Sentei-me na cama, ainda confusa, e olhei ao redor.— Meio tonta... O que aconteceu? — perguntei, tentando compreender a situação.— Você desmaiou. Estou receoso de que ainda esteja debilitada... Não sei o que posso fazer — Ângelo disse, mantendo uma distância cautelosa.As lembranças começaram a voltar e olhei ao redor, inquieta.— E o Matteo? Onde está o Matteo?— Assim que você desmaiou, ele mandou que eu fosse embora. Então te trouxe para este hotel... — Ângelo sussurrou, a tristeza em sua voz.Senti um nó se formando na garganta. Matteo realmente não se importava comigo.— Descanse. Amanhã pensamos no que vamos fazer — Âng
Chegamos à casa de Matteo, e os seguranças liberaram o portão de entrada. Os carros adentraram a enorme mansão e estacionaram em frente à casa. Matteo saiu do carro com Milena, e Ângelo fez o mesmo, me pegando no banco de trás e seguindo o anfitrião.Entramos na mansão, e Matteo chamou alguns empregados, que logo nos conduziram ao quarto onde eu ficaria. Ângelo entrou comigo no quarto e me colocou na cama com cuidado.— Acho melhor você ir, Ângelo... — sussurrei, minha voz saindo fraca.Ângelo me olhou confuso, como se não entendesse o que eu estava tentando dizer.— Ângelo, se você não aparecer, vão começar a desconfiar. Você precisa voltar para casa — continuei, agora mais firme.Ele suspirou profundamente e se sentou aos pés da cama, seus olhos ainda fixos em mim.— E você? Vai ficar aqui com ele? Sozinha? — perguntou, visivelmente apreensivo.— Já lidei com Matteo uma vez, posso lidar outra. Ele não vai me fazer mal.
NARRADO POR CRISTALAdentrei a enorme mansão; ainda era cedo, cerca de sete horas da manhã. Matteo, como de costume, provavelmente estaria sentado à mesa do café da manhã com Milena. Caminhei pelo corredor, o som dos meus saltos ecoando no porcelanato enquanto seguia calmamente em direção à sala de jantar. Ao entrar, vi Milena na mesa. Ela tomava Sucrilhos com leite e me encarou com um semblante nada agradável. Não era segredo para ninguém que a pirralha não gostava de mim, e era mútuo.— Cadê seu pai? — perguntei.— No quarto... — a garota sussurrou.— Ainda?Milena me olhou nos olhos e, sem responder, voltou a comer.Subi para o segundo andar à procura de Matteo; tinha assuntos importantes para resolver com ele sobre alguns produtos. Caminhei pelo corredor até passar por um quarto que sempre ficava com a porta fechada. Dessa vez, estava aberta, e parecia que alguém dormia ali. Adentrei o quarto e vi Matteo deitado ao lado de Yh