Lizandra
A viagem para Amsterdã foi algo mágico e especial. Além de ter a oportunidade de estar ao lado da minha mãe e conhecer um pouco mais sobre a sua vida e as suas histórias, as quais eu fui privada de saber por muitos anos, eu também estava ao lado de Heitor, vivendo dias ainda mais gloriosos.
Fizemos vários passeios em família, mas também tivemos nossos momentos á sós, com jantares românticos e noites de muito amor e sexo, claro. Também pude conhecer Heitor melhor, agora que estávamos apenas nós dois em um lugar completamente diferente de tudo o que estamos acostumados. Pude aprender muita coisa sobre a cultura do povo holândes e me surpreendi com todo o conhecimento de Heitor sobre alguns dos costumes locais.
Lizandra (Lily para os íntimos)Hoje o dia estava bastante movimentado na pousada da minha tia e quase não me sobrou tempo até mesmo para algo simples como uma refeição e eu já estava sentindo os músculos dos braços doendo de tanto esforço repetitivo com a vassoura e outras tantas coisas que já tinha feito desde que acordei pela manhã. Era sempre assim no verão, principalmente quando estamos no último dia do ano e os chalés ficam lotados para o tradicional Réveillon de São Miguel do Gostoso.Foi com grande alívio que vi o meu horário de trabalho chegar ao fim e comecei a sonhar com um bom banho e ir ao encontro do meu namorado, enquanto guardava os utensílios que eu tinha usado para a limpeza dos chalés dos hóspedes, mas, antes mesmo que ela pudesse dizer qualquer coisa, eu senti o cheiro doce e forte do perfume de tia Lucrécia e uma oração se formou em meus lábios.— Lily, querida — ela foi logo dizendo e eu me arrepiando de asco — Eu sei que você já estava encerrando o seu expedien
LizandraEu estava em choque. Será que os meus próprios ouvidos estavam me enganando? A voz feminina que estava gemend0 como uma gata no ci0 e o nome que ela repetia de maneira incessante era o que eu estava pensando ouvir? Talvez fosse melhor ir embora e fingir que nada daquilo estava acontecendo.— Gostos@!Agora foi a vez de uma voz masculina dizer e depois soltar algo muito parecido com um urro, que me deixou completamente en0jada e logo foi se formando em meu interior um sentimento forte de indignação com a situação que estava vivenciando naquele momento. Eu precisava tomar uma atitude, mas os meus pés pareciam estar plantados no chão da extensa varanda.— Vamos levantar, Jú. Estou coberto de suor e preciso tomar um banho.Não havia mais dúvida alguma sobre o dono da voz masculina e eu estava claramente diante de uma dura traição. — Calma, deixa eu arrumar o meu vestido, Sam — Juliana pediu com um sorriso na voz.Consegui ouvir os passos deles e as risadas mais próximas. Eu est
HeitorDepois de muita insistência da Heloísa eu tinha aceitado acompanhá-la para passar o Réveillon em São Miguel do Gostoso e agora eu me questionava porque eu sempre acabava cedendo aos caprichos da minha irmã chata e impulsiva. Logo eu respondia a mim mesmo: Eu a amo, apesar de tudo.— Você deveria tentar se divertir, Heitor! — Heloisa repete a mesma frase pela enésima vez só naquela noite — É sempre tão certinho. — Sou um cara responsável, foi isso que você quis dizer, não? — sugeri de maneira irônica.— Um chato! Foi isso que a Heloisa quis dizer — Bernardo diz, se intrometendo no assunto.— Não lembro de ninguém aqui ter pedido a sua opinião, Bernardo — falei de maneira rude.— Gente, vamos apenas aproveitar o réveillon? — Heloísa tenta mais uma vez — É possível ou não? — A Heloísa tem razão — Catarina diz de maneira cordata — O que acham de descer e nos juntar ao restante dos hóspedes e assistir a queima de fogos?Todos concordaram em seguir a sugestão de Catarina e pedimos
LizandraApós ver o Samuel e a Juliana juntos perante todos os moradores da cidade em pleno Ano Novo, foi impossível continuar firme e fingir que nada estava acontecendo quando eu estava sangrando por dentro.Acabei aceitando um copo de uma bebida qualquer que o Luciano me ofereceu e tomando todo o conteúdo da taça de um único gole, o que me deixou imediatamente tonta e com uma sensação de euforia totalmente estranha diante do que eu estava vivendo naquele momento ao ver os dois traidores sorrindo felizes logo após me fazer de palhaça.Apesar de me sentir zonza e com vontade de rir da minha própria desgraça, eu tentei me controlar a todo custo e consegui me esquivar do Luciano na primeira oportunidade que tive. A bebida não tinha me dominado completamente e eu apenas andei sem rumo pela orla da praia, molhando os pés nas ondas, enquanto desejava a todo custo que aquelas sensações esquisitas sumissem, o que não estava acontecendo realmente.Sem nem mesmo perceber o que estava fazendo,
Heitor Eu deveria apenas seguir meu caminho e voltar a procurar por Catarina, que tinha bebido um tanto quanto além do que o recomendável quando eu a vi pela última vez e por quem eu tenho responsabilidade. Eu pretendia fazer isso, mas ao caminhar apenas alguns poucos metros, notei que alguns homens visivelmente embriagados caminhavam na direção da garota insuportável e aquilo foi suficiente para me deixar apreensivo de uma maneira desconcertante.Eu não tenho que me preocupar com aquela garota, mas foi impossível continuar a andar sem ter certeza de que aqueles indivíduos iriam seguir o seu caminho sem incomodá-la. Acabei diminuindo completamente a velocidade dos meus passos apenas para confirmar que eles realmente não iriam notar a presença da garota solitária sentada à beira mar.— Olha o que temos diante de nós, meus amigos — um deles falou alto o suficiente para que eu conseguisse ouvir — Uma gata dessas sozinha aqui. Deve estar perdida…— Ou está apenas esperando que alguém a e
LizandraToda a adrenalina pelos últimos acontecimentos deve ter interferido em meu emocional e mesmo ciente de que eu estava chorando copiosamente na frente de um completo estranho, eu não consegui evitar.Ao ouvir a sua oferta, no entanto, decidi pôr um basta na minha fraqueza e sequei o meu rosto, ou ao menos tentei fazer isso de alguma forma, mas sabia que deveria estar totalmente descabelada, mas isso realmente não tem importância alguma para mim. Aquela noite estava sendo longa demais e eu cheguei ao meu limite. Então, quando aquele estranho se ofereceu para me acompanhar até um local mais seguro, eu simplesmente aceitei. O fato dele não ter dito que iria me acompanhar até em casa me fez sentir mais tranquila, mesmo que pudesse ser uma grande idiotice da minha parte, pois sei que não deveria confiar em alguém que acabei de encontrar na praia e que com toda certeza é um turista, alguém que está apenas de passagem por Gostoso e pode muito bem se aproveitar da situação, afinal, n
HeitorDepois que deixei a garota em um local bastante movimentado, voltei apressado para o hotel, que ficava a apenas alguns minutos de distância. Estava me sentindo culpado pelo tempo que acabei perdendo por estar com a garota na praia. Para o meu alívio, logo cheguei já encontrei com a Heloísa, que veio ao meu encontro de maneira afobada.— Onde você estava? — perguntou ansiosa — Eu já estava ficando preocupada.— Você conseguiu encontrar Catarina? — perguntei, fugindo da pergunta comprometedora.— Catarina está bem, não se preocupe — contou — Bernardo a encontrou na praia.Algo naquela informação me deixou um pouco incomodado e isso com certeza tem haver com aquilo que a garota insinuou na durante nosso estranho encontro.— E como Bernardo soube que estávamos à procura de Catarina? Ele não estava aqui quando saí… — Eu liguei para o Bernardo e pedi a sua ajuda para localizar a Catarina — Heloísa explicou — Ela parecia bem normal, para falar a verdade. Ainda assim, eu a acompanhei
LizandraEu mal consegui pregar os olhos a noite toda e não poderia realmente dizer que acordei. Em consequência da péssima noite rolando na cama e derramando rios de lágrimas, na manhã seguinte eu me senti horrível. Parecia que um trator tinha passado por cima do meu corpo, me deixando totalmente dolorida. E ainda sem falar na cara inchada e nos olhos vermelhos.Levantei sem ânimo, pensando como faria para enfrentar mais um dia de trabalho na pousada da minha tia depois de tudo o que aconteceu ontem. Não havia outra opção, ao menos não no momento. Mas eu pretendia conversar com Lucrécia logo que as coisas acalmassem e tentar provar a minha inocência e que o dinheiro que estava guardado debaixo do meu colchão é fruto das minhas economias de anos. Depois de tomar um banho demorado e chorar mais um pouco no banheiro, eu decidi ser forte e enfrentar tudo o que aconteceu de cabeça erguida. Chega de chorar! Nada se resolve com lágrimas e eu já tinha derramado muitas desde a hora que entre