Lizandra
Olhei para a mulher deitada sobre a cama de hospital, sem saber o que fazer ou dizer quando nos deixaram a sós. Apesar de parecer bastante debilitada entre os lençóis brancos, ela ainda continuava extremamente bela e o seu sorriso dava um brilho diferente ao seu rosto.
— Minha filha querida — Lourdes disse, quebrando o silêncio — Estou tão feliz que tenha vindo me ver.
— Eu… sinto muito — Foi o máximo que consegui dizer.
Apesar da minha falta de jeito, Lourdes continuou sorrindo e estendeu os braços em um pedido silencioso por um abraço, o qual eu atendi, mesmo que sem estar realmente preparada para fazer isso. No entanto, ao sentir os braços da minha mãe em t
HeitorPara alegria de todos, Lourdes Heeren saiu do hospital no dia seguinte, mas com várias recomendações médicas para seguir. Diante dessa condição, Lizandra concordou plenamente com o seu padrasto sobre resguardar de Lourdes a notícia de que Lucrécia tinha sido presa por participação em uma quadrilha internacional de tráfico de mulheres, para evitar que ela acabasse voltando ao hospital.Decidimos então ficar em Gostoso até para o feriado do carnaval, dessa forma, Lizandra teria mais tempo com a sua mãe e poderiam aproveitar para se conhecerem melhor.Porém, para evitar que Lizandra precisasse ter qualquer contato com Juliana e Samuel, algo que eu suspeito que não deve ser nada fácil, tendo em vista a m
HeitorOs dias em Gostoso tinham passado muito rápido e na quarta-feira de cinzas estávamos de malas prontas para voltar ao Rio e animados após aqueles dias maravilhosos. Ao menos foi o que pensei, até ir ao quarto de Lizandra e perceber que ela ainda estava arrumado as suas, e parecia até mesmo um pouco triste— Todos já estão prontos. Logo sairemos — Comentei e logo em seguida me ofereci para ajudá-la na tarefa — Precisa de ajuda para arrumar as suas malas?— Na verdade, eu… — Lizandra não concluiu o que pretendia dizer e senti o meu coração ficar apertado, um calor e frio estranho tomando conta do meu corpo.Ao perceber a sua insegurança em continuar a fala
LizandraA volta para o Rio de Janeiro foi como uma volta para casa. Por mais que eu tenha vivido toda a minha vida em Gostoso, lá nunca foi para mim como um verdadeiro lar, como a casa dos Bragança se tornou nos pouco tempo em que estou morando com eles. Tudo isso é bem estranho, considerando-se que não é realmente uma casa, e sim uma mansão enorme e luxuosa e que os Bragança são muito ricos e como sempre tive uma vida bastante simples, eu não deveria ter me acostumado tão rápido com todos eles.Mas não se pode mandar nos sentimentos e mesmo com todas as diferenças entre nós, eu gosto muito de todos eles e até mesmo o Heitor tinha conquistado um cantinho em meu coração mesmo depois de ter sido por algum tempo um grande idiota comigo. E aquele foi o as
LizandraA viagem para Amsterdã foi algo mágico e especial. Além de ter a oportunidade de estar ao lado da minha mãe e conhecer um pouco mais sobre a sua vida e as suas histórias, as quais eu fui privada de saber por muitos anos, eu também estava ao lado de Heitor, vivendo dias ainda mais gloriosos.Fizemos vários passeios em família, mas também tivemos nossos momentos á sós, com jantares românticos e noites de muito amor e sexo, claro. Também pude conhecer Heitor melhor, agora que estávamos apenas nós dois em um lugar completamente diferente de tudo o que estamos acostumados. Pude aprender muita coisa sobre a cultura do povo holândes e me surpreendi com todo o conhecimento de Heitor sobre alguns dos costumes locais. Lizandra (Lily para os íntimos)Hoje o dia estava bastante movimentado na pousada da minha tia e quase não me sobrou tempo até mesmo para algo simples como uma refeição e eu já estava sentindo os músculos dos braços doendo de tanto esforço repetitivo com a vassoura e outras tantas coisas que já tinha feito desde que acordei pela manhã. Era sempre assim no verão, principalmente quando estamos no último dia do ano e os chalés ficam lotados para o tradicional Réveillon de São Miguel do Gostoso.Foi com grande alívio que vi o meu horário de trabalho chegar ao fim e comecei a sonhar com um bom banho e ir ao encontro do meu namorado, enquanto guardava os utensílios que eu tinha usado para a limpeza dos chalés dos hóspedes, mas, antes mesmo que ela pudesse dizer qualquer coisa, eu senti o cheiro doce e forte do perfume de tia Lucrécia e uma oração se formou em meus lábios.— Lily, querida — ela foi logo dizendo e eu me arrepiando de asco — Eu sei que você já estava encerrando o seu expedienDifícil Acreditar
LizandraEu estava em choque. Será que os meus próprios ouvidos estavam me enganando? A voz feminina que estava gemend0 como uma gata no ci0 e o nome que ela repetia de maneira incessante era o que eu estava pensando ouvir? Talvez fosse melhor ir embora e fingir que nada daquilo estava acontecendo.— Gostos@!Agora foi a vez de uma voz masculina dizer e depois soltar algo muito parecido com um urro, que me deixou completamente en0jada e logo foi se formando em meu interior um sentimento forte de indignação com a situação que estava vivenciando naquele momento. Eu precisava tomar uma atitude, mas os meus pés pareciam estar plantados no chão da extensa varanda.— Vamos levantar, Jú. Estou coberto de suor e preciso tomar um banho.Não havia mais dúvida alguma sobre o dono da voz masculina e eu estava claramente diante de uma dura traição. — Calma, deixa eu arrumar o meu vestido, Sam — Juliana pediu com um sorriso na voz.Consegui ouvir os passos deles e as risadas mais próximas. Eu est
HeitorDepois de muita insistência da Heloísa eu tinha aceitado acompanhá-la para passar o Réveillon em São Miguel do Gostoso e agora eu me questionava porque eu sempre acabava cedendo aos caprichos da minha irmã chata e impulsiva. Logo eu respondia a mim mesmo: Eu a amo, apesar de tudo.— Você deveria tentar se divertir, Heitor! — Heloisa repete a mesma frase pela enésima vez só naquela noite — É sempre tão certinho. — Sou um cara responsável, foi isso que você quis dizer, não? — sugeri de maneira irônica.— Um chato! Foi isso que a Heloisa quis dizer — Bernardo diz, se intrometendo no assunto.— Não lembro de ninguém aqui ter pedido a sua opinião, Bernardo — falei de maneira rude.— Gente, vamos apenas aproveitar o réveillon? — Heloísa tenta mais uma vez — É possível ou não? — A Heloísa tem razão — Catarina diz de maneira cordata — O que acham de descer e nos juntar ao restante dos hóspedes e assistir a queima de fogos?Todos concordaram em seguir a sugestão de Catarina e pedimos
LizandraApós ver o Samuel e a Juliana juntos perante todos os moradores da cidade em pleno Ano Novo, foi impossível continuar firme e fingir que nada estava acontecendo quando eu estava sangrando por dentro.Acabei aceitando um copo de uma bebida qualquer que o Luciano me ofereceu e tomando todo o conteúdo da taça de um único gole, o que me deixou imediatamente tonta e com uma sensação de euforia totalmente estranha diante do que eu estava vivendo naquele momento ao ver os dois traidores sorrindo felizes logo após me fazer de palhaça.Apesar de me sentir zonza e com vontade de rir da minha própria desgraça, eu tentei me controlar a todo custo e consegui me esquivar do Luciano na primeira oportunidade que tive. A bebida não tinha me dominado completamente e eu apenas andei sem rumo pela orla da praia, molhando os pés nas ondas, enquanto desejava a todo custo que aquelas sensações esquisitas sumissem, o que não estava acontecendo realmente.Sem nem mesmo perceber o que estava fazendo,