Sua língua explorava minha boca com paciência, eu sentia seu hálito fresco de quem havia acabado de escovar os dentes e me senti mal por provavelmente estar exalando álcool, afastei esse pensamento conforme Bernardo me deitava devagar sobre o colchão e se colocava sobre mim. O beijo se demorava deliciosamente conforme nossas mãos passeavam um pelo outro, ele mantinha uma mão firme nos meus cabelos enquanto a outra percorria o meu corpo, eu tinha as duas em suas costas apertando o contra mim já o abraçando com as pernas.
O clima era romântico, alguma música tocava baixo no rádio da camionete, creio que era Somewhere Only We Know – Keane. As luzes, as estrelas, o lugar afastado, como ele se demorava no beijo… tudo isso construía o cenário perfeito para o que ele chamou de encontro de verdade, eu daria outro nome encontro perfeito.
Não quis apressar nada, me mantive no beijo explorando sua boca com a mesma calma que ele explorava a minha. Quando finalmente se afastou da minha boca parou com as duas mãos na lateral do meu rosto, os olhos negros fixos nos meus, a pupila dilatada e a respiração forte confirmavam o tesão. Com uma voz rouca quase inaudível sussurrou:
– Eu poderia te beijar pelo resto da noite.
Não respondi, apenas me ergui para alcançar novamente sua boca com a minha. Finalmente senti sua mão sob minha blusa que foi arrancada rapidamente seguida do meu sutiã, aproveitei para desabotoar sua camisa de flanela botão por botão conforme ele desabotoava minha calça. Não demorou até que eu estivesse completamente nua e Bernardo estivesse com a cabeça entre minhas pernas, eu não sei dizer se o arrepio que se espalhou pelo meu corpo era da brisa gelada da madrugada ou da língua habilidosa que ele tinha.
Quando achei que não aguentaria mais me segurar, puxei seu cabelo levemente para que ele voltasse a me beijar, em questão de segundos ele desabotoou sua calça, vestiu o preservativo e já estava dentro de mim me fazendo gemer baixo. Eu arfava enquanto nos movimentávamos em sincronia, era quase impossível conter os sons até que ele lembrou no meu ouvido:
– Ninguém vai te ouvir além de mim.
××
Eu vesti sua camisa, ele deitado com o torso nu me encarava paciente, deitei em seu peito e olhei novamente o céu em silêncio. Enquanto encarava a lua cheia percebi pelo canto do olho ele abrindo e fechando a boca algumas vezes, me virei de bruços para poder encará-lo.
– To com fome. – comentei.
– Eu também – ele sentou e puxou a cesta para perto de nós. – Dá uma olhada no que tem aqui.
– Morangos, creme de avelã, snacks, um vinho… – contei conforme eu via.
– Torta de palmito – ele apontou um pote fechado
– Jura? Eu amo torta de palmito!
– Eu sei… por isso eu trouxe.
– Você fez tudo isso sozinho? – perguntei mordendo um pedaço da torta.
– Na verdade, não. Minha mãe estava me visitando e me ajudou com as luzes, a torta é de padaria.
– É deliciosa – comentei sincera.
– Sabe o que mais é deliciosa? A visão de você assim de bruços vestindo só a minha camisa.
– Ah é, xadrez combina muito comigo... – brinquei antes de ele me dar mais um beijo.
Eu tremi com o vento e Bernardo aproveitou para me puxar mais perto colocando o cobertor sobre nós. Ele foi abrir o vinho e percebemos que ele tinha esquecido as taças, puxei a garrafa de sua mão e tomei um gole direto do gargalo arrancando uma gargalhada dele.
A noite seguiu com esse clima divertido, após comermos ele deitou e eu me aconcheguei em seu peito novamente observando as estrelas. Be aproveitou para brincar com meu cabelo. Suas mãos pareciam nervosas, os dedos se enrolavam entre uma mecha e outra das minhas ondas escuras, ele continuava trêmulo, mas não parecia estar com frio. De repente ele soltou um longo suspiro e eu me mexi novamente para poder encara-lo:
– Be, o que tá acontecendo? – ele desviou o olhar e eu insisti – Você sabe que pode se abrir comigo, nós somos amigos acima de tudo.
– Amigos? – ele riu sem achar graça. – E se eu não quiser ser um amigo?
– Como assim? – eu não tinha certeza se era o que eu estava entendendo.
– Camilla, deixa eu te contar porque eu fui embora do pub pouco depois de você chegar. – ele continuou – Eu vi quando um cara se aproximou enquanto você dançava, eu vi vocês conversarem e vi vocês de beijarem. – ele deu uma pausa. – Não sei porque me incomodou tanto, eu simplesmente não conseguia olhar aquela cena de você beijando alguém que não fosse eu e parecia errado eu pensar assim porque nunca prometemos nada um pro outro. Eu não tinha direito nenhum de achar ruim. Então só fui embora.
Ele parou de falar mais uma vez e eu abri a boca para tentar responder, mas não encontrei palavras. Ele respirou fundo e voltou a falar como se escolhesse as palavras cuidadosamente:
– Passei o resto da semana pensando em você, não que eu já não pensasse com frequência há algum tempo. Eu só não queria admitir. Precisei ver você com outro para entender que eu to realmente apaixonado por você.
A essa altura meus olhos já estavam úmidos e eu tentava processar o que tinha acabado de ouvir. Eu não sabia se deveria me justificar ou me desculpar, mesmo que ele não parecesse me acusar de nada. O cara que eu beijei (mal lembro o nome agora) era um chato, passei o resto da noite fugindo ou ignorando ele, mas não sei se saber disso ajudaria ou pioraria para o Bernardo.
– Então… – comecei com a cabeça baixa piscando para conter as lágrimas que se formavam – Então essa é a razão de você ter feito tudo isso? – Olhei mais uma vez para todo o cenário que ele construiu para aquela noite. – É por isso que está tão estranho desde que me buscou?
– Não só por isso. – ele se aproximou ainda mais e eu pude perceber que ele tremia – Eu… eu quero namorar você. Fiz isso aqui para te pedir em namoro.
Eu congelei, o turbilhão de pensamentos não permitia que meu cérebro enviasse qualquer comando para o resto do meu corpo. Eu nunca tinha pensado em mim e no Bernardo como um casal de verdade e jamais me passou pela cabeça que ele pensasse. Já tinha um ano desse nosso caso, ou seja lá como você queira chamar porque nós nunca demos um nome. Sim, eu sabia que era diferente dos outros que eu pegava vez ou outra, só que eu justificava pelo tempo que eu o conhecia e achava que fosse um sentimento de amizade. Acabo de perceber que eu menti para mim mesma!
Pareceu uma eternidade esse meu devaneio, a minha boca estava entreaberta e a garganta tinha secado com um nó enorme. Eu não sabia e nem conseguia responder. Meu coração gritava alguma coisa que eu não entendia, o estomago revirava com mil borboletas e o meu cérebro passava uma reprise de todas as vezes que estive com o Bernardo no quarto dele. Eu me sentia como um navegador de internet travado com mil abas abertas, quando Be voltou a falar eu finalmente reiniciei o sistema.
– Parece egoísmo da minha parte, como se eu quisesse namorar você só pra evitar te ver beijando outro de novo, mas é que… – interrompi ele com um beijo.
Não acredito que ele estava se justificando! Como se precisasse de alguma justificativa depois de ter dito que estava apaixonado e que pensa em mim há dias, como se a sincronia inegável que tínhamos na cama e nas conversas não fosse o suficiente para fazer brotar um sentimento a mais. Não era apenas ciúme ou egoísmo porque eu sentia o mesmo por ele, era claro para mim agora como eu tinha aos poucos se apaixonado por Bernardo Costolli.
Conforme nos beijávamos podia perceber como ele parecia ter tirado um peso enorme das costas, ele me puxou para ele e me abraçou forte enterrando o rosto nos meus cabelos, devolvi o abraço de olhos fechados desejando que ele tivesse entendido que aquele beijo era um sim para o pedido implícito, quando ele me olhou sorrindo com brilho nos olhos eu vi que tinha entendido.
××
– Em que você está pensando? – ele me tirou dos meus devaneios.
– Só estou repassando os acontecimentos da noite – brinquei – Eu saí apenas para beber um pouco com uns amigos e vim parar sei lá onde com um namorado.
– E o que você tá achando disso?
– Não sei dizer ainda. Eu acho que nunca pensei que você sentiria alguma coisa por mim, deve ter mais de um ano que a gente se conhece.
– Acho que eu sempre senti, mas não admitia e quando aceitava isso eu tinha medo de falar.
– Você tinha medo de que?
– Sei lá, medo de você não sentir nada por mim, se afastar e eu perder o que nós já tínhamos.
– E o que te deu coragem essa noite?
– A possibilidade de outro cara conquistar você antes de eu ter qualquer chance de contar que tava apaixonado. – os olhos dele demonstravam a sinceridade das palavras.
Me icei para dar mais um beijo em sua boca e disse olhando para ele:
– O cara que eu beijei sábado não foi importante para mim. – eu precisava me justificar – E a verdade é que eu sempre soube que era diferente com você também.
Ele fez um gesto de comemoração enquanto soltava um “isso aí” como se eu não pudesse ouvir, a cena me fez rir. Bernardo era tão espontâneo que me surpreendia, era uma pessoa leve daquelas que te faz bem apenas estar do lado. A companhia dele era mais do que agradável, ele era engraçado, atencioso, inteligente, podíamos conversar sobre qualquer assunto sério ou banalidades. E o melhor: ele era plenamente capaz de passar horas falando sobre memes!
Aproveitei para admirar sua beleza física (que não era pouca, diga-se de passagem), os braços eram fortes, mas não exatamente musculosos, corri a ponta dos meus dedos do meio do seu peito até o cós da calça jeans analisando o trajeto, vendo ele arrepiar ao toque e sentindo seu perfume amadeirado. Se o paraíso existe, eu estava nele nesse exato momento.
Ainda olhando para ele, percebi o céu começando a clarear, olhei em volta e já era possível perceber detalhes da paisagem que a escuridão ocultou. Me sentei puxando a ponta do cobertor analisando cada detalhe, a vista era linda e eu queria me lembrar de tudo.
– Você tem que ir embora? – Bernardo perguntou.
– Não exatamente, meus pais estão viajando, não vão se preocupar com meu horário.
– Ótimo, ainda não estou pronto pra deixar você ir – ele sentou encostado na lateral da pick-up e nos abraçamos.
Admiramos o Sol nascer e eu já não me aguentava de sono dando pequenas cochiladas. Bernardo me ajudou a voltar para o banco do carona e deu alguma organizada lá atrás, depois entrou na camionete acionando o motor. Ele disse que eu teria que explicar onde eu morava porque ele nunca tinha me deixado em casa, só falei que era a casa da frente onde ele me buscou ontem e peguei no sono.
Acordei percebendo que o carro tinha parado e Bernardo me deu alguns beijinhos enquanto eu abri meus olhos. Sorri para ele retribuindo os beijos. Me ajeitei no banco e olhei pela janela, estávamos na frente da casa de Jonas.
– Qual é a tua casa? – Be perguntou.
– Aquela ali – apontei a casa do outro lado da rua.
– Eu acho melhor eu te deixar dentro da garagem, considerando que você está seminua – ele lançou um olhar para minha coxa enquanto dava um sorriso maldoso.
Só então me toquei que ainda estava vestindo só a camisa dele. Arregalei os olhos e concordei com ele. Busquei minha bolsa embaixo do banco e abri o portão da garagem com o meu controle, Bernardo entrou com a camionete enquanto eu recolhia minha roupa no banco de trás, demos mais alguns beijos para nos despedirmos.
– Quer entrar? – perguntei com os lábios colados no dele.
– Não posso – ele suspirou olhando o relógio. – Entro ao vivo em 3 horas.
– Como assim? – ri assustada.
– Tem uma assembleia extraordinária na Câmara e eu vou cobrir pro Plantão de Notícias. Começa às 10h.
– Eu não acredito! Esses repórteres da concorrência são realmente uns irresponsáveis… – debochei. – Vai aparecer na edição cheio de olheiras.
– Maquiagem tá aí pra isso – deu de ombros.
Desci do carro ainda sorrindo depois de mais uns selinhos de despedida. Esperei ele tirar a camionete da garagem e fechei o portão.
Dei a volta pelos fundos, passando pela lavanderia para deixar minhas roupas. Notei que a porta estava aberta, o que quer dizer que Glorinha estava em casa. A Glorinha era uma mulher de meia idade, baixinha, cabelos escuros com a raiz grisalha já aparente, sempre de avental. Ela trabalhava para nós desde que meus pais se casaram, o que quer dizer que me conhece desde que eu nasci, nós nos dávamos muito bem, ela era minha confidente e amiga. Quando entrei na cozinha ela me olhou com cara de espanto colocando as duas mãos em seu rosto teatralmente.– Menina, onde estão suas roupas?– Na lavanderia – sorri passando meu braço em torno de seu pescoço – E quem é o homem cheiroso dono dessa camisa?– Dá pra sentir o perfume daí, não da?– Qual o nome dele? – Glorinha e eu somos a personificação da fofoca.<
Os dias passaram rápido, o ponto auge do meu domingo foi acordar ao lado de Bernardo e passar o resto do dia com ele. Na segunda-feira trabalhei pela manhã e durante a tarde troquei mensagens com meu mais novo namorado enquanto fazia os trabalhos da faculdade, anoite aula e mais mensagens, terça e quarta-feira tudo se repetiu, mas ao invés da aula o tal jantar. Pedi para Bernardo passar em minha casa um pouco mais cedo para conhecer meus pais antes de ir ao restaurante, ele chegou com um blazer preto, camisa branca de botões e uma calça caqui, nas mãos mais um girassol, eu poderia me acostumar com isso.Foi impressionante como eles se deram bem, ele e meu pai pareciam amigos de longa data e me senti satisfeita com minha mãe dizendo o quanto ele era “bonitão”. Fomos para o restaurante de um hotel 5 estrelas que possui salas reservadas para reuniões como essa, meus pais em um carro e eu c
O relógio marcava 9h15 quando despertei de um sono turbulento e cheio de pesadelos, caminhei até o banheiro, olhei para o espelho analisando minhas olheiras e os olhos inchados do choro da noite anterior, tentei cobrir com alguma maquiagem e quando decidi que estava satisfeita com o resultado desci para tomar café da manhã. Eu havia recebido uma mensagem de bom dia de Bernardo dizendo que estava no trabalho e pedindo para avisar quando acordasse, respondi enquanto descia as escadas. Já na cozinha, encontrei Glorinha guardando as compras que haviam acabado de entregar, ela abriu um sorriso acolhedor ao me ver.– Soube que tua noite foi difícil, preparei teu café da manhã favorito.– Glorinha, você é a melhor pessoa do mundo.Ela mostrou na mesa um bolo de fubá com goiabada que ainda estava morno e um copo térmico contendo cappuccino. Me sentei e comecei a comer, ela def
Cheguei em casa no fim da tarde, meus pais estavam na cozinha com Glorinha tomando café, aproveitei para sentar com eles e contar como foi o dia com Bernardo. Não quis expor as coisas mais íntimas que ele me disse, então apenas falei que o pai dele estava preso injustamente e que Yago descobriu ⁹por seu pai.– Que bom que tudo se esclareceu – disse Glorinha com a mão no meu ombro.– Mas aquele menino, o Yago, não podia ter feito o que fez – minha mãe ressaltou balançando a cabeça em negação. – Ele nem deveria ter acesso à informações assim sobre os casos do pai dele, muito menos expor para nós, no meio de um jantar.– Sim, foi antiético. – meu pai concordou – Fico feliz que tenha conversado com teu namorado, eu gostei dele. Convida o Bernardo pra jantar conosco no sábado, dessa vez aqui em casa e s
Vários dias se passaram, minha escrivaninha estava cheia de girassóis dados por Bernardo a cada vez que nos encontrávamos, inclusive naquele sábado que meu pai o havia convidado para jantar. Eu resolvi deixá-los secar e ir guardando em uma caixinha, depois poderia colá-los em um livro em branco ou algo assim, ainda estava decidindo essa parte, mas queria guardar de forma especial.– Você esqueceu de um. – Bernardo estava parado na soleira da porta do meu quarto.Ele vestia uma regata cinza, uma calça de tactel na cor preta e um tênis de trilha, em uma das mãos o girassol da vez. Hoje era o dia do acampamento, Bernardo tinha aceitado ir mesmo sabendo que Yago estaria lá, afinal não perderíamos qualquer diversão com meus amigos por causa de ninguém. Ele caminhou até a cama, sentou ao meu lado entregando a flor e eu a coloquei com as outras logo ap&oac
O céu ainda tava escuro quando saímos da barraca, Jonas estava passando um café que exalava um cheiro maravilhoso, nos aproximamos dele aguardando o restante do pessoal acordar.– E o Heitor? Tá dormindo ainda? – Bernardo perguntou.Jonas apenas fez um sinal com a cabeça indicando a barraca de Sofia.– Tá brincando – quase gritei.– Um pouco depois que todos dormiram eu percebi ele saindo da barraca, achei que ele ia no banheiro, mas ouvi o barulho de outra barraca abrindo e quis espiar – Jonas fofocou. – Ele não voltou mais, passaram o resto da noite juntos. – fez cara de safado.– Caramba, nunca imaginei... – falei surpresa – Será que é casual ou vai rolar algo a mais?– Você descobre com a Sofia e o Jonas com Heitor, depois me contam tudo. – Bernardo propôs animado.– Meu nam
Bernardo me apresentou sua família em um jantar íntimo em seu apartamento, seus pais foram adoráveis comigo e me senti acolhida com o jeito fraterno de serem. Guilhermina era uma mãe coruja, tratava os filhos com muito amor e estendeu esse carinho para mim ao fazer questão de preparar meu prato favorito – nhoque de batatas à bolonhesa – para aquela noite. Já Osvaldo evidenciava os dias de sofrimento na prisão e o cansaço dominava seu semblante, ainda assim aproveitou todo o tempo possível ao lado dos filhos, Bernardo e Fernando também se dedicaram a matar a saudade do pai.Já faziam 3 semanas desde então e finalmente conseguiram um lugar seguro para Osvaldo se abrigar, eu não tinha detalhes desse lugar, todas as informações ficaram restritas a Bernardo e o pai. Eles viajaram juntos durante a madrugada de sexta-feira e no domingo de manhã eu busque
Acordei com frio, minha garganta ardia não sei se era sede ou se eu estava ficando resfriada pela baixa temperatura, além da dor na cabeça onde fui golpeada. Abri os olhos lentamente tentando enxergar alguma coisa, percebi que estava em movimento, tentei me mexer, mas o espaço era apertado, eu estava no porta-malas de um carro. Meu primeiro instinto foi tentar gritar, porém sabia que ninguém me ouviria.De dentro do carro eu conseguia ouvir uma música, só que de tão baixo eu não reconhecia qual era. Não sei dizer quanto tempo passei trancada ali, o carro fazia curvas em alta velocidade me arremessando de um lado para o outro naquele cubículo escuro e apertado, eu colidia com as paredes e o teto quase o tempo todo o que me rendiam muitas dores. Em determinado momento bati a cabeça e eu tinha certeza de que tinha cortado minha testa.O veículo parou, ouvi as portas abrirem e