Estamos sentados no saguão do aeroporto em Milão esperando um táxi que nos levasse até a casa de Nat, pegamos o primeiro avião que conseguimos para vir ao funeral de Yago. Jonas estava completamente arrasado, os olhos fundos ilustravam o sofrimento pela perda do amigo, Camilla ficou o tempo todo ao lado dele e não poderia ser diferente, eles sempre estariam ali um pelo outro, mesmo que eu também me sentisse quebrado, eu não poderia pedir que ela se dividisse entre nós dois.
Jonas era amigo de Yago há anos e eu… a nossa amizade começou há pouco tempo, só depois da nossa conversa no hospital. Eu nem sei se tenho o direito de sentir tanto a morte de um cara que eu cheguei a odiar. Só que mesmo nesse pouco tempo a nossa conexão era inegável, nós tínhamos tanto em comum, éramos tão parecidos em diversos aspectos que eu sen
Parada em pé de frente a porta do mandante do meu sequestro após tocar a campainha eu tinha certeza de que perdi todo o meu juízo. Essa era a única razão para estar ali querendo vê-lo. Os segundos pareciam horas e eu cogitei ir embora, mas meus pés não respondiam. Ouvi passos e a porta se destrancando por dentro, quando ela se abriu os olhos dele exibiam um misto de choque e confusão, obviamente não esperava que eu viesse até aqui. – Posso entrar? – Perguntei em voz tão baixa que eu mal me ouvi. – C-claro – ele gaguejou me dando passagem – fica à vontade... quer tomar alguma coisa? – Água. – Respondi com a garganta seca. – Eu vou pegar. Pode se sentar. Me sentei em uma das confortáveis poltronas de couro claro na sala de estar enquanto ele ia em direção a cozinha. Nem mesmo a bateria de uma escola de samba era mais alta que o meu coração naquele momento, sentia como se eu pudesse vomitar a qu
Estávamos na casa do Jonas, sentados nas cadeiras do jardim dos fundos próximo à piscina. Yago e Heitor riam de nós, eu revirava os olhos mandando eles calarem a boca apesar de não estar realmente incomodada. Jonas parecia se divertir com minha expressão incrédula questionando porque ele contou para os meninos, já tinham se passado mais de 5 anos.– Por isso mesmo – ele respondeu divertido. – Agora é engraçado que a gente foi tão idiota.– Nós éramos muito novos! – Protestei.Quando terminamos um namorico adolescente que durou 2 anos, Jonas e eu prometemos que não ficaríamos com ninguém da roda de amizade um do outro. Sim, uma promessa bem sem sentido que acabamos de perceber nunca havia sido quebrada por nenhum outro motivo a não ser termos amizade com as mesmas pessoas e não sentirmos qualquer interesse por
Sua língua explorava minha boca com paciência, eu sentia seu hálito fresco de quem havia acabado de escovar os dentes e me senti mal por provavelmente estar exalando álcool, afastei esse pensamento conforme Bernardo me deitava devagar sobre o colchão e se colocava sobre mim. O beijo se demorava deliciosamente conforme nossas mãos passeavam um pelo outro, ele mantinha uma mão firme nos meus cabelos enquanto a outra percorria o meu corpo, eu tinha as duas em suas costas apertando o contra mim já o abraçando com as pernas.O clima era romântico, alguma música tocava baixo no rádio da camionete, creio que era Somewhere Only We Know – Keane. As luzes, as estrelas, o lugar afastado, como ele se demorava no beijo… tudo isso construía o cenário perfeito para o que ele chamou de encontro de verdade, eu daria outro nome encontro perfeito.&
Dei a volta pelos fundos, passando pela lavanderia para deixar minhas roupas. Notei que a porta estava aberta, o que quer dizer que Glorinha estava em casa. A Glorinha era uma mulher de meia idade, baixinha, cabelos escuros com a raiz grisalha já aparente, sempre de avental. Ela trabalhava para nós desde que meus pais se casaram, o que quer dizer que me conhece desde que eu nasci, nós nos dávamos muito bem, ela era minha confidente e amiga. Quando entrei na cozinha ela me olhou com cara de espanto colocando as duas mãos em seu rosto teatralmente.– Menina, onde estão suas roupas?– Na lavanderia – sorri passando meu braço em torno de seu pescoço – E quem é o homem cheiroso dono dessa camisa?– Dá pra sentir o perfume daí, não da?– Qual o nome dele? – Glorinha e eu somos a personificação da fofoca.<
Os dias passaram rápido, o ponto auge do meu domingo foi acordar ao lado de Bernardo e passar o resto do dia com ele. Na segunda-feira trabalhei pela manhã e durante a tarde troquei mensagens com meu mais novo namorado enquanto fazia os trabalhos da faculdade, anoite aula e mais mensagens, terça e quarta-feira tudo se repetiu, mas ao invés da aula o tal jantar. Pedi para Bernardo passar em minha casa um pouco mais cedo para conhecer meus pais antes de ir ao restaurante, ele chegou com um blazer preto, camisa branca de botões e uma calça caqui, nas mãos mais um girassol, eu poderia me acostumar com isso.Foi impressionante como eles se deram bem, ele e meu pai pareciam amigos de longa data e me senti satisfeita com minha mãe dizendo o quanto ele era “bonitão”. Fomos para o restaurante de um hotel 5 estrelas que possui salas reservadas para reuniões como essa, meus pais em um carro e eu c
O relógio marcava 9h15 quando despertei de um sono turbulento e cheio de pesadelos, caminhei até o banheiro, olhei para o espelho analisando minhas olheiras e os olhos inchados do choro da noite anterior, tentei cobrir com alguma maquiagem e quando decidi que estava satisfeita com o resultado desci para tomar café da manhã. Eu havia recebido uma mensagem de bom dia de Bernardo dizendo que estava no trabalho e pedindo para avisar quando acordasse, respondi enquanto descia as escadas. Já na cozinha, encontrei Glorinha guardando as compras que haviam acabado de entregar, ela abriu um sorriso acolhedor ao me ver.– Soube que tua noite foi difícil, preparei teu café da manhã favorito.– Glorinha, você é a melhor pessoa do mundo.Ela mostrou na mesa um bolo de fubá com goiabada que ainda estava morno e um copo térmico contendo cappuccino. Me sentei e comecei a comer, ela def
Cheguei em casa no fim da tarde, meus pais estavam na cozinha com Glorinha tomando café, aproveitei para sentar com eles e contar como foi o dia com Bernardo. Não quis expor as coisas mais íntimas que ele me disse, então apenas falei que o pai dele estava preso injustamente e que Yago descobriu ⁹por seu pai.– Que bom que tudo se esclareceu – disse Glorinha com a mão no meu ombro.– Mas aquele menino, o Yago, não podia ter feito o que fez – minha mãe ressaltou balançando a cabeça em negação. – Ele nem deveria ter acesso à informações assim sobre os casos do pai dele, muito menos expor para nós, no meio de um jantar.– Sim, foi antiético. – meu pai concordou – Fico feliz que tenha conversado com teu namorado, eu gostei dele. Convida o Bernardo pra jantar conosco no sábado, dessa vez aqui em casa e s
Vários dias se passaram, minha escrivaninha estava cheia de girassóis dados por Bernardo a cada vez que nos encontrávamos, inclusive naquele sábado que meu pai o havia convidado para jantar. Eu resolvi deixá-los secar e ir guardando em uma caixinha, depois poderia colá-los em um livro em branco ou algo assim, ainda estava decidindo essa parte, mas queria guardar de forma especial.– Você esqueceu de um. – Bernardo estava parado na soleira da porta do meu quarto.Ele vestia uma regata cinza, uma calça de tactel na cor preta e um tênis de trilha, em uma das mãos o girassol da vez. Hoje era o dia do acampamento, Bernardo tinha aceitado ir mesmo sabendo que Yago estaria lá, afinal não perderíamos qualquer diversão com meus amigos por causa de ninguém. Ele caminhou até a cama, sentou ao meu lado entregando a flor e eu a coloquei com as outras logo ap&oac