– Como assim um acordo? – Bernardo estava quase se sentando.
– Você precisa continuar deitado até o médico dizer que pode se levantar – tentei convence-lo.
Passei a noite em claro depois de falar com Soares, assim que Bernardo acordou comecei a contar para ele sobre o telefonema e, obviamente, ele ficou fora de si ao saber que meu sequestrador falou comigo mais uma vez.
– Ok, eu fico deitado – Be concordou enquanto eu me sentava na lateral da cama. – Me diz que tipo de acordo esse cara quer fazer?
– É simples, ele vai nos contar quem é o responsável pelo meu sequestro e pelo ataque a você, depois disso vamos à polícia e entregamos a pessoa.
– E o que ele ganha com isso?
– É algum tipo de vingança por não terem cumprido
No dia seguinte saímos de casa cedo, avisei meus pais que acompanharia Bernardo em uma visita para a mãe dele que estava preocupada com o que tinha acontecido. Não era de todo mentira, Guilhermina realmente estava aflita querendo ver o filho, mas também combinamos com Osvaldo de conversarmos a respeito de uma possível nova fonte de investigação, essa parte não informamos aos meus pais.A cidadezinha onde morava a família do Be ficava a mais ou menos 2h de viagem, dois seguranças nos acompanhavam por precaução, mas dessa vez era eu quem dirigia a camionete de Bernardo com ele no banco do carona me guiando pelo caminho já que eu estava indo pela primeira vez e os guarda–costas sentados no banco de trás.Chegamos a um condomínio bem na entrada da cidade, paramos na guarita e Bernardo se identificou para o vigilante de plantão pa
Soares começou a ligação explicando a Bernardo e Osvaldo o porquê de estar nos ajudando, repetiu o motivo que me deu na última ligação: tentaram mata-lo na cadeia e ele queria se livrar da quadrilha. Enquanto ele falava meu celular vibrou dentro do meu bolso, resolvi ignorar por hora e continuei prestando atenção no homem de cabelos descoloridos na tela do celular de Bernardo.– Pois bem – Soares disse após as explicações iniciais. – Eu não sei muita coisa, afinal a maior parte das conversas que tive com os caras foi por telefone, mas posso dizer o que sei se concordarem em me deixarem fora disso.Be e o pai se entreolharam e Osvaldo assentiu.– Tudo bem, a gente repassa as informações para a polícia, mas não entregamos você – Bernardo concordou.An
Yago:Tentei abrir meus olhos, mas a luz ofuscava minha visão tornando uma coisa simples em algo muito difícil, percebi que estava deitado e arrisquei me mexer sentindo um pouco de dor no corpo. Ainda de olhos fechados busquei na memória as últimas coisas das quais conseguia me lembrar: o escritório. Yuri. Pai. Meu carro. Yuri novamente. Acelero. Furo sinal vermelho. Jonas.– Jonas! – Falei abrindo os olhos num impulso.– Yago… – senti mãos quentes sobre mim. – Filho, tenta não se mexer, meu bem.– Mãe?!– Sou eu, to aqui.Minha mãe sorria ao meu lado, ela voltou da Europa para me ver? Os olhos dela estavam avermelhados e notei um terço em suas mãos, ela estava rezando e chorando. Olhei em volt
Bernardo:Antes de anoitecer me despedi da minha família e voltamos para a casa da Cami, no caminho ela falava algo sobre minha mãe e a conversa que tiveram antes do almoço, mas eu não estava realmente prestando atenção. Vez ou outra concordava ou sorria enquanto meus pensamentos vagavam em outra direção. Foram dois anos investigando sem notar que os culpados estavam muito próximos a nós, sabendo agora do envolvimento dos Fernandes tudo parecia tão obvio eu me sentia burro em não ter compreendido antes.– Be? Tá me ouvindo? – Cami perguntou me fazendo olhar para ela.– Não, amor. Me desculpa – confessei. – Pode repetir, por favor?– Eu só perguntei se você quer passar no teu apartamento pegar alguma coisa antes de ir para m
Meses depois, era sexta a tarde e eu estava na faculdade para a pré-banca do meu TCC, Bernardo me aguardava em frente ao bloco segurando um girassol, tamborilando os dedos inquietos na lataria do carro. Ao me ver caminhou até mim sorridente, me abraçou e rodou no ar enquanto eu devolvia o abraço animada.– E então, meu amor? Como foi? – Be perguntou ansioso.– Foi ótimo – exclamei! – Tenho poucas correções a fazer e tudo indica que vou ser aprovada com êxito na banca final.– Que maravilha! – Ele me puxou para mais um abraço. – Já podemos ir ou tem algo mais a fazer?– Aqui não tenho nada, mas o Jonas me pediu para buscar os salgadinhos para hoje anoite. Eu só não sei o endereço.– Ele passou para mim, é caminho
Noite de sexta-feira, era fevereiro, dia da formatura de Jonas e Heitor marcada para uma semana antes da minha. Eu estava pronta com um vestido cor goiaba acima dos joelhos e salto alto, cabelos levemente presos para não me incomodar durante a noite, em frente ao espelho eu olhava os detalhes da maquiagem quando notei Bernardo parado na soleira da porta como sempre fazia. Girei meu corpo de frente para ele fazendo o vestido se armar com o movimento e pare com as mãos na cintura vendo meu namorado abrir seu lindo sorriso. – É um fato, você é a mulher mais linda do mundo – ele disse caminhando devagar até mim. – Ou você é o homem mais apaixonado do mundo – dei de ombros rindo. – Uma coisa não exclui a outra – ele me virou para o espelho novamente. – Tem algo aí que não está combinando muito. – O que? – Franzi o cenho analisando novamente minha produção. – Esse colar, não
Estamos sentados no saguão do aeroporto em Milão esperando um táxi que nos levasse até a casa de Nat, pegamos o primeiro avião que conseguimos para vir ao funeral de Yago. Jonas estava completamente arrasado, os olhos fundos ilustravam o sofrimento pela perda do amigo, Camilla ficou o tempo todo ao lado dele e não poderia ser diferente, eles sempre estariam ali um pelo outro, mesmo que eu também me sentisse quebrado, eu não poderia pedir que ela se dividisse entre nós dois.Jonas era amigo de Yago há anos e eu… a nossa amizade começou há pouco tempo, só depois da nossa conversa no hospital. Eu nem sei se tenho o direito de sentir tanto a morte de um cara que eu cheguei a odiar. Só que mesmo nesse pouco tempo a nossa conexão era inegável, nós tínhamos tanto em comum, éramos tão parecidos em diversos aspectos que eu sen
Parada em pé de frente a porta do mandante do meu sequestro após tocar a campainha eu tinha certeza de que perdi todo o meu juízo. Essa era a única razão para estar ali querendo vê-lo. Os segundos pareciam horas e eu cogitei ir embora, mas meus pés não respondiam. Ouvi passos e a porta se destrancando por dentro, quando ela se abriu os olhos dele exibiam um misto de choque e confusão, obviamente não esperava que eu viesse até aqui. – Posso entrar? – Perguntei em voz tão baixa que eu mal me ouvi. – C-claro – ele gaguejou me dando passagem – fica à vontade... quer tomar alguma coisa? – Água. – Respondi com a garganta seca. – Eu vou pegar. Pode se sentar. Me sentei em uma das confortáveis poltronas de couro claro na sala de estar enquanto ele ia em direção a cozinha. Nem mesmo a bateria de uma escola de samba era mais alta que o meu coração naquele momento, sentia como se eu pudesse vomitar a qu