Kalil
Pedras em meu caminho surgem a todo tempo, é incrível em como eu não consigo ficar tranquilo por um dia. Parei em frente a casa do meu pai e pensei antes de entrar, ele só me liga quando precisa de algo. — Problemas meu filho? — Perguntou ele, assim que me viu entrar. — Você não imagina o quanto! Como está Suzana? Soube o que o quadro dela bem piorando, porque não me disse nada? — Sua irmã está em um estado crítico, logo em breve poderá vê-la. Mas não é isso que me interesse agora e nem por isso que o chamei aqui. Meu filho, Jaz é uma peça chave para os nossos trabalhos, conhece muito bem coisas que não estão sob nossos alcances e por isso não pode descartar ele. Ele não tem culpa de os garotos são burros, mas com certeza ele vai dar um jeito em tudo isso. — Will, eu só estou aqui porque o seu capanga me ligou dizendo que era urgente, portanto, faça-me o favor de ser breve. Com meus problemas eu resolvo depois, não preciso das suas opiniões. — Tudo bem! Quero que você me traga a filha desta mulher. — Sob a mesa havia um envelope de cor parda, ele abriu o mesmo e retirou de dentro uma foto antiga de uma mulher. Estendeu a mão e me entregou a foto em cima do envelope. — Quem é ela? — Perguntei ao abrir o envelope de sua mão, já aberto. — Essa mulher acabou com a minha vida e eu quero a filha dela como uma forma de "pagamento" por tudo que ela me fez. Essa mulher da foto está morta, é a mãe dela, agir no impulso e não pensei duas vezes antes de mata-lá. A filha dela deve ser adulta e isso não é mais nenhum problema para mim. — Onde ela está? — Não era problema meu, mas estava apenas fazendo meu trabalho e dinheiro nunca é demais. — Em um convento na Itália. — Seu maldito sorriso quase me fizeram repensar sobre o que eu estava fazendo, mas como eu disse: não é problema meu. — Eu tenho que me preparar para isso. Daqui há nove dias estarei partindo e vou mata-lá, como o senhor tanto deseja. — O riso cínico que ele dá sempre é algo insuportável. — Eu não quero ela morta, Kalil. Quero ela para mim. Ela vai me pagar com o corpo toda a dívida que a mãe dela me deixou. Ela será apenas uma puta, pode usá-la também, depois de mim é claro! — Você é nojento e eu quero uma ganha alta por essa merda. Me envia tudo por email, não quero mais bater papo contigo. Sair direto para dentro do meu carro e acendi um cigarro enquanto esperava o sinal ficar verde. Cheguei em casa e vi Cristina dormindo na minha cama. Quantas vezes será que eu vou ter que dizer pra ela que eu não quero nada sério? A gente fode gostoso, mas ela não é mulher para ter um relacionamento, não vale a pena. — Por que demorou tanto hoje? — É, me enganei ao pensar que ela poderia estar dormindo. — E você já deveria ter ido embora. Qual é a sua, Cristina? Não sabe o que significa a palavra "casual"? É isso que nós fazemos, sexo casual e nada mais que isso. — Meu dia foi uma merda, como já não bastasse, ela ainda estava aqui. — Você deve estar com outra. Você não reclamava tanto assim antes. Não sei porque, mas sempre que você se encontra com o seu pai você volta muito estranho, e você ainda diz que não se parece com ele. — Vai se foder, Cristina. Eu não tenho nada do Will, se repetir isso outra vez a gente nunca mais vamos nos ver, você morrerá para mim. Enfim... estou cansado, quero ficar sozinho na minha casa, quer que eu chame um táxi? — Vai pro inferno, Kalil. — Ela me apontou o dedo do meu, pegou sua bolsa e bateu a porta ao sair. Ela é um saco! (...) Dois dias depois me ligaram dizendo que havia voou para Itália, não pensei duas vezes e lá estava eu, dentro do avião que estava indo para o meu destino. A chuva forte me fez, pela primeira vez na vida ter medo de alguma coisa. Os raios caindo bem ao lado do avião, da janela que eu estava vendo tudo. Era apavorante. Luiza O desânimo me consome desde ao acordar até o adormecer. Eu sempre acordei antes de nascer do sol, meu quarto fica no terceiro andar e eu adoro ver o sol nascendo. Porém, há alguns dias eu venho pressentindo algo estranho. Acordei não eram nem duas da manhã, suando frio e apavorada. Levantei e fui até a dispensa, nunca me senti assim. Estava passando de frente ao quarto da Madri, quando vi sua porta entreaberta. — Posso saber o que lhe atormenta? Percebi que está assim há alguns, inquieta e impaciente. Quer conversa sobre algo? — Não a vi, mas ouvir sua voz rouca. — Estou tendo sonhos estranhos. Alguns me perseguindo e me matando. Sonho também que estou grávida de um bebê de nove meses que não para de mexer por um segundo, mas eu vejo meu corpo todo ensanguentado em questão de segundos. Eu começo a agonizar e acordo, parece que se passaram horas dentro do sonho, mas não forma nem mesmo cinco minutos. O que é isso, Madri? — Isso saímos seus demônios querendo atormentá-la. Reze minha filha, reze com fé que tudo isso irá acabar logo. — Não ousei lhe responder e seguir meu caminho, quando ouvir sua voz chamar meu nome do corredor. — Luiza, tenho algo para você em seu armário, deve estar sem sono. Qualquer coisa me chame, agora feche a porta, por favor. Estou velha para levantar depois de coberta. E você vá para cama. — Sim, Madri! Após me certificar que ela estava realmente dormindo, assim como todas as outras, eu sair e fui até a casa da Bella, ela sempre estava acordada essas horas. Parei de frente ao seu quarto e joguei pedrinhas em sua janela. — Olha só, vou ganhar serenata? — Ela pôs a cabeça para fora da janela, me olhou e desceu depressa. — Vem, entra logo. Fomos até a vizinha, onde ela preparava um chá para nós duas. — Por que não veio antes? Afinal, o que a margarida tem? Anda tão cabisbaixa. — Essa margarida aqui precisa ser regada, pois está murcha a ponto de morrer. Vou te contar algo, mas peço segredo. — Luiza, quando você me conheceu fofoqueira? — Se ela não tivesse espalhado para o vilarejo inteiro que a filha do seu Hanoar não era mais moça, a moça não teria sido obrigada a casar com aquele má elemento. — Isabella! — Pisquei já irritada, querendo ser levada a sério por ela. — Estou pensando seriamente em fugir. — O café que ela tinha na boca foi cuspido e quase bateu em mim. — Quê? Por que isso agora? Assim do nada? — Porque estou cansada, Bella. E não é assim do nada. Há anos eu sou o fantoche das freiras. Sabe o que eu escutei hoje? Que elas sabem coisas sobre minha mãe, coisas sobre mim que eu não sei. A verdade é que a minha vida é um segredo para mim mesma. — Tá... Mas para onde você pensar em fugir e o que vai fazer depois? Não pode também se precipitar desse jeito, Lu. Você mesma havia dito que bastava arranjar um emprego quando e tudo estaria quase resolvido. Sabe que pode contar comigo para isso, eu posso te ajudar a arranjar um emprego com alguma conhecida da minha mãe. Mas te peço que não faça loucura. É... Na hora eu estava apenas precipitada, pensando apenas com os pensamentos intrusivos e deixando as emoções tomarem conta de mim, algo que nunca aconteceu. — Você tem razão. Eu devo estar ficando louca, apenas isso. — Deve ser somente cansaço. Vamos dormir, daqui a pouco amanhece e nós duas teremos um dia cheio. — Me deitei ao seu lado na cama e ela me abraçou, Aki eu perdi a noção do perigo e apenas adormeci no quentinho de Bella.Kalil A igreja estava próxima, alguns metros andando e eu chegaria lá rápido. As pessoas me olhavam como se eu fosse algo estranho, cidade pequena! As crianças corriam para perto dos seus pais ao me verem, sem dúvidas esse pessoal ainda dão daqueles que acreditam que mulher viraria mula se casasse com o padre! Meu pai me ligava sem parar, mas eu estava na missão que ele me mandou. Havia muitas barracas com bugigangas penduradas e expostas para a venda. Todas elas ocupadas por moças ou pessoas ainda jovens. — Bom dia, Sra. Pode me dizer para que lado fica a igreja? — Perguntei a uma senhora que mais parecia uma cigana. — Para esquerda, lhe aconselho a escolher o lado que mais lhe traga amor, suas vestes e seu tom de voz, não diz nada. — Ela sorriu e foi embora. Continuei andando até chegar na pequena igreja, onde as freiras estavam brincando de ciranda com algumas crianças. — Com licença, vocês conhecem essa moça? — Mostrei a foto de Luíza e ela se entre olharam e responderam que
Luiza Will Ferrari! Então era esse o nome do homem que estava à minha procura? O peruano quarto mal tinha espaços para locomoção, não havia luz e o cheiro estava terrível. Eu queria dormir e acordar disso tudo, mas já não há mais voltas, as freiras não fizeram nada para impedir. Nunca me disseram nada sobre quem era minha mãe,e agora eu terei que descobrir isso sozinha. Eu já não tinha mais nada que me lembrasse dela, agora eu só tinha que lutar pela minha, mas ainda precisava saber como. A porta de ferro estava rangendo e em seguida a porta em que eu estava por dentro também foi aberta. — Tá tudo bem aí? — O mesmo homem que me trouxe perguntava enquanto me via caída no chão, no meio dos insetos e da sujeira em que estava o local. Respondi balançando a cabeça e apoiando as mãos nos joelhos para levantar, mas tive meu corpo arremessado contra a porta de metal por um chute em minha barriga, o que me fez gemer de dor e cuspir sangue. — Você até que aguenta muita coisa! Mas me conta
Luiza Acordei em uma sala cheia de luzes, mas não era um hospital ou algo do tipo e aquilo me deixou aflita, eu já não estava entendendo nada e nem mesmo o porquê do tal Ferrari me querer! — Vejo que acordou consciente! — A voz rouca se fez presente e quando olhei para o lado, ele estava lá, encostado na porta com os braços cruzados. Então eu vi que não havia mais ninguém ali dentro além de mim, era um quarto pequeno e todo branco, com duas luzes no teto e era isso que fazia o lugar ficar tão claro, mas era tão pequeno como um quarto de solteiro. — Eu não entendo… por que a senhora mentiu para mim todos esses anos? Como ela foi capaz? — Me perguntava lembrando da Madri e de todas as outras freiras. — Luiza seu nome, não é? — Assenti quando ele perguntou, mas ainda sem forças para levantar. Seus passos estavam ficando cada vez mais próximos, até que ele sentou ao meu lado e me olhou nos olhos, tirando meu cabelo do rosto e colocando atrás da orelha. — Me perdoe por isso. Eu não sab
Kalil Ligação Ativa"Fui à sua casa e você não estava lá. A gente combinou de irmos à inauguração da boate da Lua, esqueceu? Qual é, Kalil. Vão tá cheio de mulher gostosa." Don era o famoso pau de mel, não sei o que ele tinha, mas as mulheres acabam ele um cara charmoso, eu acho! "Daqui a trinta minutos eu estou aí na sua casa. Precisei resolver alguns problemas hoje, mas agora estou livre.""Perfeito então. Chamei a Maya e ela vai com a gente também, ela terminou o namoro e essa é a sua chance. Vai fundo!""Vai se foder, Don. Maya é muito jovem, virgem e inexperiente. Não vou lhe dar o desprazer de transar comigo." Don era insistente, eu precisava conversar com meu pai o quanto antes sobre Luíza, mas hoje eu já não o acabaria mais em casa e então vou cair na noite com Don. Tentar esquecer um pouco sobre as imagens de Luíza nua, mesmo que toda machucada. “Tá aí ainda? Vou desligar, quando estiver saindo me avisa!”Ligação InativaMeus pensamentos estavam em Luíza. Ela ainda estava
Will FerrariAs coisas estavam indo muito bem, como não era de costume as coisas sempre saírem tão bem assim, porque sempre acontecia um imprevisto. Eu precisava saber onde ela estava, Kallil levou a garota sem me avisar sobre nada, estava a um passo de cometer alguma loucura. Então, liguei para ele, mesmo que já se passasse das duas da manhã. Ligação Ativa“Onde ela está?” Pergunto assim que ele me atende. “Você chega aqui, interrompe meus planos e tira ela daqui sem ao menos me dar uma satisfação? Que merda você tem na cabeça?”“Eu quem a busquei, eu quem a tirei de lá e o senhor ainda acha que tem algum direito sobre ela? Qual é, Will. Você me deu uma missão sem nem mesmo me dizer a verdade, sempre jogamos limpo, mas não quando o assunto é trazer uma freira até aqui e…”“E o quê? Não tem o direito de intervir em nada, Kalil. Eu lhe dei as informações necessárias. Lhe disse que a mãe dela acabou com a minha vida. Tem fotos dela, inclusive da garota também e sabe bem que ela não é f
Luiza Acordei um pouco atordoada. Estava em cima de uma cama dura, em uma sala não tão pequena, com uma poltrona ao meu lado e mais dois perto de uma mesinha de centro. Passei a mão sobre a minha barriga e percebi que não foi um sonho, eu estava realmente muito machucada. Não estava nua, estava com uma roupa de hospital, mas da que cobrirá tudo, tava mais para um pijama. Olhei para cima e vi o soro pingando enquanto meu braço estava ereto na cama. — Você dormiu pra caralho. — A voz grave atravessou a porta de metal e entrou, sendo ninguém menos que Kalil. Fiquei alguns minutos com a cabeça para cima enquanto ele mexia em algumas gavetas, quando o vi se aproximar virei o rosto para a parede e a encarei. — Por que fugiu ontem? Tem noção do perigo que você correu? — Ele sentou na poltrona ao meu lado e me entregou uma foto. — Acho que iria querer isso de volta. — Eu nunca a perdi. Como conseguiu? Você… — Meus olhos se encheram de lágrimas e já imaginando o que eu estava pensando ele
Luiza O lugar era totalmente diferente do que eu já havia pensado que fosse. As luzes piscavam em várias cores, deixando o lugar com um clima de bêbado. Kallil foi recebido por mulheres que lhe passavam a mão por todo seu corpo, beijava seu pescoço e até lhe pegavam em suas partes íntimas. Para ele, isso era normal. — E aí, gata, vai uma bebida? Eu peço alho leve, se você quiser, é claro. — Don já estava com um copo na mão, mas não me trouxe nada. — Posso experimentar o que você está bebendo? — Ele me entregou o copo e sorriu. — Vai com calma, isso aí é forte. Mas, se quiser, pode ficar à vontade pra encher a cara. Eu cuido de você, sem segundas intenções. — Então, não vejo motivos para não aproveitar. — Don me estendeu a mão e me levou até a pista de dança, ele era bonito, cavalheiro e tinha um cheiro muito gostoso. — Eu não sei dançar, Don. Não me faça passar vergonha, por favor. — Ele apenas sorriu e continuou segurando a minha mão. — Só me segue, a gente se solta juntos. Eu
Kalil As escadas que davam até o meu quarto, eram iluminadas por luzes vermelhas e azuis, deixando o celular sempre muito agradável. — Kalil, isso não é área restrita não? — Luíza era inocente em muitas coisas, ela não fazia ideia do que estava prestes a ver. — Relaxa, aqui os vips somos nós dois. — Prendi seu corpo contra a parede e passei o nariz em seu pescoço, deixando nossos lábios muito próximos. Luiza fechou os olhos e eu a beijei sem pensar duas vezes. Ela não facilitava as coisas entre a gente, embora tivesse medo, ela se arriscava. Mas ela bebeu e não era acostumada a isso, portanto já estava digamos bêbada. Soltei seus lábios e segurei sua mão. Se essa mulher soubesse o quanto me enlouquece. — Kalil, eu posso te pedir uma coisa? É só uma mesmo. — Sua voz estava chorosa, ela afrouxou sua mão da minha e deixou que a mesma se soltasse. Me virei pra ela erguendo a sobrancelha e esperando que ela dissesse o que queria, mas ao invés disso, ela me abraçou e começou a chorar,