LuizaA gravidez de Helena já não era uma novidade para mim, mas, mesmo assim, a maneira como ela estava usando isso para se colocar no centro de tudo me irritava profundamente. Ela sabia como jogar, sabia onde pressionar para nos fazer duvidar de tudo. Kalil, por outro lado, parecia estar preso entre o passado e o presente, entre o que Helena exigia e o que nós estávamos tentando construir.Eu já sabia que, em algum momento, ela usaria essa gravidez como uma arma, mas não estava preparada para o impacto que isso teria em nós. Ela não queria apenas proteção. Queria garantir que Kalil não teria outra escolha senão se submeter às suas demandas.Quando a encontrei naquela tarde, estava claro que Helena não tinha mais nada a esconder. Ela estava pronta para jogar sujo.— Você sabe o que está em jogo aqui, Luiza — disse ela, com aquela expressão fria e calculista. — Eu não estou pedindo nada. Estou exigindo. O Kalil vai me proteger, quer você goste ou não.Eu ri de sua tentativa de soar im
Luiza Eu tentava manter minha mente focada no que realmente importava: salvar minha família do controle de Will e manter o pouco de normalidade que ainda nos restava. Mas, toda vez que Helena aparecia, algo me parecia errado. Não era só o jeito como ela agia ou a forma calculista com que nos manipulava. Era algo mais profundo, algo que eu não conseguia nomear, mas que me fazia desconfiar. As últimas semanas foram um teste constante para mim e Kalil. Helena sabia exatamente como provocar e forçar uma reação. E agora, com a gravidez no centro de tudo, ela parecia ter todas as cartas nas mãos. Ou pelo menos era o que ela queria que acreditássemos. Kalil estava tenso. Eu via isso em seus olhos, no jeito como ele evitava falar abertamente sobre Helena. Ele estava cansado, e eu entendia por quê. Era como se estivéssemos caminhando em um campo minado, sem saber qual seria o próximo passo que nos faria explodir. — Ela está exigindo mais tempo — ele murmurou, sentado à beira da cama, esfreg
Kalil Eu sabia que algo estava errado. Desde a última vez que vi Helena, suas desculpas tinham se tornado cada vez mais desesperadas. A promessa de que me mostraria os exames nunca se concretizava. E, embora ela mantivesse a máscara de controle, seus olhos vacilavam. Era como se estivesse prestes a desmoronar, mas se segurando com todas as forças. Eu não podia mais ignorar. Algo dentro de mim gritava que era uma farsa. Enquanto eu dirigia para a casa de Helena, minha mente girava com perguntas. Luiza estava certa desde o início. Eu sentia isso. Precisava de respostas antes que Helena destruísse mais da minha vida. Quando estacionei em frente ao prédio dela, me dei conta de que havia preparado mentalmente todas as possíveis reações dela, mas nenhuma delas parecia ser o suficiente para o que estava por vir. Helena abriu a porta com um sorriso forçado. Era claro que ela não esperava me ver ali, sem aviso. — Kalil, o que faz aqui a essa hora? — a voz dela era um disfarce para o nervo
Kalil A verdade estava próxima, eu sentia isso. Desde aquela última conversa com Helena, não consegui tirar da cabeça a ideia de que tudo não passava de uma mentira bem elaborada. Precisava de provas, algo concreto para desmascará-la de uma vez por todas. Luiza estava ao meu lado, como sempre, me ajudando a organizar meus pensamentos, me dando a força que eu precisava. — Você já pensou em falar com o médico dela? — sugeriu Luiza, enquanto estávamos sentados à mesa da cozinha, tomando café. — Ele deve saber de algo. — Não sei se é uma boa ideia — respondi, pensativo. — Ela pode ter manipulado tudo, até o próprio médico. Luiza me olhou com seriedade, os olhos cheios de determinação. — Kalil, você precisa parar de pensar no que Helena pode ter feito. Se ela realmente está mentindo, temos que descobrir. O médico pode ser a chave para isso. Respirei fundo. Ela estava certa. Eu já tinha chegado longe demais para parar agora. — Ok — disse, finalmente decidido. — Vou atrás do médico. Pe
Kalil Eu saí do apartamento de Helena, mas o silêncio que me envolveu era pesado. Luiza estava esperando por mim no carro, seu olhar cheio de perguntas e preocupação. — E então? — ela perguntou assim que eu entrei no carro. — O que aconteceu lá dentro? Respirei fundo, soltando todo o ar preso em meus pulmões. — Ela mentiu, Luiza — respondi, minha voz carregada de frustração. — Helena nunca esteve grávida. Ela tentou segurar essa farsa até o fim. Os olhos de Luiza se arregalaram, mas ao mesmo tempo, parecia que ela já esperava por isso. Ela tocou minha mão, um gesto de conforto. — Sinto muito, Kalil. Eu sei que isso não foi fácil. Eu olhei para ela, tentando processar tudo o que havia acontecido. — Eu não sei o que me deixa mais irritado, se é o fato de ela ter mentido ou o fato de eu ter sido ingênuo o suficiente para acreditar. Luiza suspirou, ainda segurando minha mão. — Não foi ingenuidade, Kalil. Você só quis acreditar que ela poderia estar dizendo a verdade. Qualquer um te
KalilEu sabia que não podia seguir em frente até resolver tudo com Will. Ele ainda estava lá, à espreita, como uma sombra sobre nossas vidas. Mesmo que a verdade sobre Helena tivesse sido revelada, Will ainda era o verdadeiro inimigo. Ele não só tinha manipulado a vida de Luiza como estava envolvido em negócios sujos que nos ameaçavam a qualquer momento.Eu precisava dar um fim nisso. Era hora de encarar Will, de homem para homem, e resolver as coisas de uma vez por todas.Cheguei ao galpão onde ele operava seus negócios ilegais. O local era sombrio, e a tensão no ar era quase palpável. Homens armados estavam por toda parte, mas eu havia marcado essa reunião. Will sabia que eu estava vindo, e ele estava esperando.Quando entrei no escritório improvisado, lá estava ele. Will estava sentado à mesa, um sorriso frio e calculista no rosto, como se já tivesse planejado tudo.— Finalmente, Kalil. Achei que você nunca apareceria — ele disse, acendendo um charuto. — O que te traz aqui? Veio p
KalilOs últimos meses foram os mais intensos da minha vida. Enfrentar Will, lidar com o sequestro de Luiza, desmascarar Helena, e finalmente colocar um fim em todo o controle que o passado tinha sobre nós... Parecia que, a cada passo, a vida nos testava, nos desafiava a sermos mais fortes, mais resilientes. Mas agora, enquanto eu caminhava pela praia ao lado de Luiza, o vento tocando nossos rostos e o sol lentamente se pondo no horizonte, pela primeira vez eu sentia que tudo estava onde deveria estar.Eu olhei para ela, andando ao meu lado, a pele dela brilhando à luz do pôr do sol. O sorriso que eu tanto amava estava ali, genuíno, sem a sombra de medo ou incerteza que carregamos por tanto tempo. Nós havíamos vencido.— Parece que faz uma eternidade, não é? — ela perguntou, interrompendo o silêncio pacífico entre nós. Sua voz estava suave, mas carregava aquele tom reflexivo que sempre me encantou.— Sim, parece — eu respondi, parando e virando para encará-la completamente. — Mas, ao
Luiza Mal acordei e já estava sendo obrigada ouvir o que iria fazer ao decorrer do dia. O silêncio é divino, mas os olhares invejosos e julgadores das freiras me deixa nervosa e com vontade de retribuir os pensamentos intrusos. Madri ditava o que eu deveria fazer, mas eu só tinha cabeça para pensar em um dia após o outro. — Bom dia, Luiza. Vejo que acordou disposta hoje! — Madri discorre, me observando sentada a mesa, enquanto fazia meu desjejum. — Bom dia, Madri. Um pouco exausta pela note de ontem, mas sim, estou disposta. — Enfiei um pedaço de pão na boca, encharcado com pasta de amendoim, bebendo um copo de leite em seguida. — Ótimo! Preciso que vá comprar tecidos, amanhã haverá um casamento de última hora e preciso que nós auxilie com os afazeres. Ela faça de uma forma como se eu não fosse útil para nada. Eu vivo excluída pelo fato de não querer ter me tornado freia e ter entregue meu corpo a Cristo, mas eu estou farta de tantos segredos sobre mim mesma. A única recordaç